sábado, 25 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17082: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte I: "O bom viajante não sabe para onde vai, o viajante perfeito não sabe de onde vem" (Lin Yutang 1895-1976)



Espanha > Catalunha > Barcelona > 1 de setembro de 2016 


Texto, fotos e legendas: © António Graça de Abreu  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].











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(Continua)


1. Mensagem, com data de 19 d corrente,  de António Graca de Abreu, António Graça de Abreu, escritor, poeta, sinólogo, nosso camarada, ex-alf mil, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com 175 referências:


Luís, caríssimo


Conforme dombinado, envio-te, em texto definitivo, a primeira parte, a menos interessante, das Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo, Setembro, Dezembro de 2016. Vai em PDF com fotografias no correr do texto.

Tenho muitas mais fotografias de cada lugar, que te posso enviar em separado, a inserir em cada texto.

Diz-me o que achas. Não valerá pena publicar tudo, mas apenas os textos que considerares mais interessantes.

Como texto introdutório, sugeria estas minhas palavras:

Companheiros e camaradas da Guiné

Depois daqueles anos de fogo, nas décadas de sessenta e setenta do século passado em que, meninos e moços, fizemos uma guerra em terras da Guiné e depois, pelo bem e pelo mal, regressámos marcados para todo o sempre, continuámos as nossas sinuosas vidas, filhos, netos, casamentos, divórcios, trabalhos e lazeres, emigração, viagens de espantar, a atravessarmos o mundo e o mundo a atravessar-nos a nós.

Com sete décadas de complexa vida, tive a sorte de viver quase nove anos fora de Portugal, derramando-me por quatro continentes. Sou dono de coisa nenhuma, mas o mundo não me é estranho.

Acabei de concretizar uma Volta ao Mundo, por alguns dos muitos mares "nunca dantes navegados", três meses e nove dias de viagem num navio ao encontro do mundo, ao encontro de mim. Fui escrevendo uns textos curtos, de lugar em lugar, simples notícias às vezes extravagantes e, por certo, inéditas.

Se tiverem paciência, leiam, acompanhem-me na viagem. Prometo não vos desiludir. Em San Diego, EUA, em Melbourne, Austrália, na Tailândia, em Cochim, Índia, em Muscate, Omã, lá encontrarão também a referência aos combatentes de outras, ou as mesmas, guerras, e a essa fantástica, exaltante e estuporada expansão dos portugueses pelo vasto mundo.

Abraço a todos,


António Graça de Abreu

Guiné 61/74 - P17081: Parabéns a você (1213): Gumerzindo da Silva, ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CART 3331 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17078: Parabéns a você (1212): António Cunha (ex-1.º Cabo da CCAÇ 763 (Guiné, 1963/65) e Manuel Henrique Quintas de Pinho, ex-Marinheiro Radiotelegrafista das LDMs 301 e 107 (Guiné, 1971/73)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17080: Agenda cultural (541): Hoje, 6ª feira, 24 de fevereiro, às 18h30, no auditório da Santa Casa da Miisericórdia da Amadora, em Alfragide: apresentação do livro de Jorge Humberto Ramos Fernandes, "Cova da Moura nos títulos de imprensa"




Convite do autor aos leitores do nosso blogue


1. O Jorge Humberto Ramos Fernandes apresenta, na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, o seu livro intitulado “Bairro Cova da Moura nos títulos de imprensa”,  no auditório da Santa Casa de Misericórdia da Amadora. A obra resulta da dissertação de mestrado, em Comunicação Organizacional, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias realizado em 2011. (*)

O autor é filho de pais cabo-verdianos (, de mãe de Santo Antão e de pai do Fogo). Nasceu em Angola, em 1970, foi criado em Portugal, e tem  sempre sabido manter  a ligação ao país de origem dos pais.

Licenciado em Ciências da Comunicação e especialista em Marketing e Relações Públicas, é uma figura de destaque na Amadora, onde reside e onde é conhecido por ser um ativista social: tem nomeadamente lutado pela melhoria das condições de vida da comunidade cabo-verdiana que vive na Amadora, incluindo o bairro da Cova da Moura, a "10.ª ilha de Cabo Verde", infelizmente ainda muito estigmatizado pela comunicação social... ou por alguma comunicação social... No bairro da Cova da Moura também há uma pequena comunidade de guineenses. (**)
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(**) Rerferências no nosso blogue ao bairro da Cova da Moura:

16 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6604: Agenda Cultural (81): Kola San Jon, na Cova da Moura, a 10ª Ilha de Cabo Verde, na Buraca, Amadora, 19 de Junho de 2010: Manga di sabi... (Luís Graça)

21 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6204: Agenda cultural (72): Documentário, de Diana Andringa, Tarrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta, no IndieLisboa '10, na Culturgest, a 23 (Grande Auditório, 21h30) e 25 (Pequeno Auditório, 18h30)

Guiné 61/74 - P17079: Notas de leitura (931): “Baía dos Tigres”, por Pedro Rosa Mendes, Publicações Dom Quixote, 1999 (2) (Mário Beja Santos)



Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Dezembro de 2015:

Queridos amigos,
Tinha para mim que o livro "Kaputt", de Curzio Mallaparte, era a última palavra sobre os horrores da guerra. Mallaparte viaja por pontos críticos, durante a II Guerra Mundial, presencia guerra na Finlândia, URSS, em Itália, percorre países ocupados.
Buscando uma linguagem neutra, magoa-nos até ao tutano no gueto de Varsóvia, nos pogrons na Roménia, põe a falar pilotos soviéticos que julgam que foi a Finlândia que agrediu a URSS, entre tantíssimas situações.
A questão nevrálgica da "peregrinação" de Pedro Rosa Mendes é a guerra civil angolana, socorrendo-se de uma linguagem sóbria, somos confrontados com a demência, a maldade pura, a degradação ao extremo da condição humana, a quase impossibilidade da fé no futuro, vale a pena ler e reler este documento primorosamente escrito, falando por mim é o documento maior sobre os demónios à solta naquela guerra civil de Angola que só deixou de existir quando acabou o confronto entre superpotências.

Um abraço do
Mário


Baía dos Tigres, por Pedro Rosa Mendes: 
uma obra-prima na descida aos infernos (2)

Beja Santos

Falamos repetidamente daqueles livros que nos exigem uma leitura compulsiva, a necessidade de nos grudarmos a uma prosa exigente, infatigável, com todas as cambiantes da amargura aos sentidos da sobrevivência. Pois bem, “Baía dos Tigres”, por Pedro Rosa Mendes, Publicações Dom Quixote, é um diamante da literatura de viagens, às vezes sentimos a toada poderosa de um grande romance, mas o escritor na pele de um repórter não engana ninguém, meteu o prego a fundo na guerra civil de Angola, andará por outras paragens mas é nesta terra mártir que seremos induzidos, até à repugnância e ao sufoco, sobre os mais absurdos casos que imaginar se possa do teatro de horrores.

Estamos no Planalto, numa região controlada pela UNITA, somos brindados por prosa de primeiríssima água:
“Lutaram pela sua terra, muito e tanto, até fazerem dela uma terra de guerreiros, e de nenhum outro cultivo. Começaram então a nascer dela, homens com raízes aéreas, raízes da terra, até ao osso do caule, até à seiva do nervo. Raízes no lugar das pernas, férteis na terra que as mutilou.
Aparecem, altos, sem espessura, de dentro da neblina do Planalto, do interior do perfume fresco do eucalipto. É de manhã que saem. E vêm. Aparecem, testemunhando o pesadelo e o milagre, agarrados à silhueta das árvores, confundindo-se com elas, caminhando no alto das suas raízes-ossos-troncos-madeiras-andas-próteses: muletas: uma nova espécie, meio-homem, meio-planta, metade-vida e metade-fingida. Os vegetais da terra que se tornou esta.
É de manhã e é para mim que avançam. O cheiro das folhas pica as narinas: aproveito, choro e disfarço, sucumbo. A primeira árvore de madeira-carne alcançou o sítio de onde o choque não me deixa mexer. Aperto, nessas mãos mesmo, o tesouro vivo que lhe resta: as mãos”. E, mais adiante: “Um ex-combatente com dupla amputação de pernas está erguido no alto das raízes que lhe enchem as calças. Um dos pés é um bocado de pneu, com a marca Michelin ainda visível no relevo do “peito”. Mostra-me as suas próteses com orgulho, porque eu não acreditava que as usasse: tinha-o visto chegar de bicicleta”.

Temos novas peripécias em terras do Galo Negro, já se saiu de Caiundo, segue-se um interrogatório burlesco feito por um administrador da UNITA, em Calai. Na continuação, ocorre uma reflexão ao escritor:
“Angola elaborou de forma perversa o conceito de que informação é poder. O que é visto por ser contado, o que é dito já não pode ser retirado. Para uma população em guerra, condenada a servir dois totalitarismos siameses, a informação pode regressar como arma nas mãos do inimigo”. E segue-se uma exposição espantosa sobre a cultura da mentira. A viagem tem altos e baixos, acidentes de percurso, entremeiam-se relatos pavorosos, histórias que até podiam ser pícaras, não tivessem como pano de fundo a destruição, a maldade mais velhaca, e por vezes ocorrem aparecer pontos de heroísmo, vale a pena ler e reler a odisseia de Daniel Libermann, um hino à tenacidade. Há histórias de gente muito antiga, descreve-se a pescaria do Mucuio, falemos então de peixe: “Pode ser uma mulamba de espada, mulamba de corvina, mulamba de carapau. É a forma de abrir o peixe antes de mais. O peixe é aberto pelas costas, pela espinha, e geralmente tira-se a cabeça se é para mulamba de corvina ou de carapau. Depois faz-se uma moura muito leve, com pouco sal, de maneira a não ficar com muito sabor. Deixa-se algumas horas: põe-se a secar um ou dois dias, é rápido. Aqui comemos o peixe grelhado, que é o mufete – o carapau grelhado sem tirar as vísceras, vai para a brasa todo ele, completo. A cabeça é a melhor parte do peixe – o mesmo para o kalulu, com óleo de palma”.

Volta-se a cenários de destruição, estamos de novo no Cuíto:
“O Cuíto é uma vala comum. Há gente enterrada em todo o lado. No adro, na igreja, naqueles jardins, na avenida, nas casas, nos quintais, nos prédios (…) Disparava-se blindados com os canos na horizontal. Disparava-se de uma casa para a outra, a 20 metros do alvo. Tiro à vista, o ódio em cheio no branco dos olhos. Um oficial francês, em operações de desminagem e formação no Cuíto, contou-me que até aí, Julho de 1997, tinham encontrado 71 tipos diferentes de explosivos.
- Costumamos gozar e dizer que, com um pouco de trabalho, acabaremos por encontrar os 700 que faltam – existem cerca de 800 tipos de munições referenciadas em todo o mundo. Aqui a guerra foi diferente de todas as que conheço, Camboja, Afeganistão, Bósnia. Nesses sítios as munições estão dentro do convencional. Minas, aqui, são de todo o tipo. Não há sequer, minas artesanais. O material aqui é do mais sofisticado que há. Israelitas, sul-africanos, chineses, coreanos, franceses, russos, americanos, tudo. É uma espécie de universidade para nós. E ninguém ouviu falar do Cuíto.
As crianças aqui brincam com projéteis ar-terra, que têm um palmo e pouco de comprimento e lhes podem explodir nas mãos a qualquer momento porque não detonaram na queda. Uma ficou em bocados com uma coisa dessas há pouco tempo. Não sei como vão reconstruir isto”.

E a viagem prossegue até Bibala, no sopé da chela, depois Lobito. O viajante telefona para Lisboa, informam-no que morreu Al Berto. Temos mar e linha férrea, avistam-se desmobilizados, mutilados e desempregados. Temos seguidamente uma descrição em Lubumbashi, Congo, vive-se no caos, falam portugueses, contam histórias, andam tropas ruandesas por ali. Mais histórias desta vez em Elizabethville. E a trama regressa a Angola, a Caiundo, entram novas personagens, desta feita os sul-africanos como John Van Der Merwe, comandou os Flechas Negras que, juntamente com o batalhão Búfalo puseram em retirada as tropas de Agostinho Neto e Fidel Castro, do Cuando Cubango até ao Cuanza Norte, este soldado excecional veio da base ómega, Faixa de Caprivi, Sudeste Africano, é uma das histórias mais surpreendentes e galvanizantes deste livro. John Van Der Merwe confessa-se ao escritor:
“Não estou a dizer que fui um assassino: somos treinados para isso, faz parte da vida de um gajo. Fui um indivíduo que em combate carregou muitos homens neste ombro, pretos inimigos, para os salvar. Salvei muita gente. Nunca tive tendência para eliminar pessoas. E foi por isso que não aguentei muito mais tempo. Tenho passagens tristes. Mas matar por prazer não”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17065: Notas de leitura (931): “Baía dos Tigres”, por Pedro Rosa Mendes, Publicações Dom Quixote, 1999 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17078: Parabéns a você (1212): António Cunha (ex-1.º Cabo da CCAÇ 763 (Guiné, 1963/65) e Manuel Henrique Quintas de Pinho, ex-Marinheiro Radiotelegrafista das LDMs 301 e 107 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17075: Parabéns a você (1211): José Carlos Gabriel, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2401 (Guiné, 1968 / 70); José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 (Guiné, 1967 / 69) e José Maria Claro (DFA), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17077: Convívios (779): Convívio do pessoal do BART 1913 (Guiné, 1967/69), a levar a efeito no próximo dia 27 de Maio de 2017, em Viana do Castelo (Fernando Cepa)



Pede o nosso camarada Fernando Cepa, (ex-Fur Mil Art da CART 1689/BART 1913, Catió, Cabedú, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), para divulgarmos o Convívio do seu Batalhão, a levar a efeito no próximo dia 27 de Maio de 2017 em Viana do Castelo, este ano coincidente com o 50.º aniversário da partida para a Guiné.


CONVÍVIO DO PESSOAL DO
BART 1913 
 CCS, CART 1687, CART 1688 e CART 1689

27 DE MAIO DE 2017 - VIANA DO CASTELO 

CINQUENTENÁRIO DA PARTIDA PARA A GUINÉ EM 25.04.1967 

PROGRAMA:

10.00 H - Recepção no Forte de S. Julião da Barra 
11.00 H - Missa na Igreja de S. Domingos 
13.00 H - Almoço no Restaurante Camelo em Santa Marta de Portuzelo 
16.00 H - Queimada Galega 
Animação - Música, Baile e Folclore 

Presenças já confirmadas. 
Senhor General Manuel Moreira Maia 
Senhor Tenente Coronel Alves da Silva 

Contactos:
Teotónio Barreto (Ex-Alf Mil da CCS) - 963 037 234 
Fernando Cepa (Ex-Fur Mil da Cart 1689) - 964 056 889 
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17070: Convívios (778): XI Encontro dos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos, a realizar-se no próximo dia 11 de Março de 2017, em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P17076: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IV: por castigo ("falta de brio e aprumo" de alguns militares no desfile de embarque!...) , o 1.º Batalhão do Onze é impedido de ostentar a Bandeira do Exército Português... (O cmdt do Onze era o cor inf Florentino Coelho Martins, um português da "escola de Mouzinho")... Na ilha do Sal, "a vida e a morte lá iam decorrendo"...


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 19943 > "Pesca de um grande tubarão". Foto nº 26 do álbum fotográfico de Feliciano Delofim Santos (1922-1989), ex-1º cabo expediionário, 1ª compangia, 1º batalhão, RI 11 (Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, 1941/43), pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

[20]


"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)

Parte IV (pp. 19-20)



[19]



[20]

(Continua)


Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
 do RI 11
A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do Onze partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

No texto acima há referência a um castigo ao RI 11, impedido de usar a Bandeira do Exército Português, por alegada falta de aprumo, disciplina e brio de alguns militares durante o desfile de embarque a que a um ministro (não se diz qual) assistiu... O autor da brochura, o Cap  SGE José Rebelo, sugere que a punição também seria devida ao facto de o comandante do Onze, "um homem com H", não jogar no mesmo clube (sic) do ministro... Ou seja, devia ser um militar republicano (, era alferes em 1911 no BCAÇ 5), que não devia morrer de amores pelo  Estado Novo...

Na altura, o ministro do exército (ou da guerra) era o próprio Salazar, que acumulava, interinamente (1936-1944),  com o cargo de Presidente do Conselho... mas que não é crível que estivesse presente da cerimónia de despedida...

O comandante do Onze era o Coronel de Infantaria Florentino Coelho Martins, "que era daqueles portugueses da 'Escola de Mouzinho' " (sic) (página, inumerada, 1). O Comandante do Batalhão Expedicionário era o Major Abel Alfredo da Costa.

Na comunicação social (ou, pelo menos, no "Diário de Lisboa") não há notícia deste embarque de tropas para Cabo Verde.
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17062: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte III: Mobilização do batalhão e composição das companhias (3)

Guiné 61/74 - P17075: Parabéns a você (1211): José Carlos Gabriel, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2401 (Guiné, 1968 / 70); José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 (Guiné, 1967 / 69) e José Maria Claro (DFA), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969)



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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17066: Parabéns a você (1210): Veríssimo Ferreira, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1422 (Guiné, 1965/67)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17074: Consultório militar do José Martins (20): Pelotão de Reconhecimento AML/Panhard 1106 (Guiné, 1966/68)



1. Em mensagem do dia 3 de Fevereiro de 2017, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), responde a mais uma solicitação ao seu consultório militar, a propósito da busca de elementos sobre o malogrado Soldado Atirador Explorador António Dias Simão, por parte da sua sobrinha Cristina Carvalho, conforme a mensagem que se publica:

Data 2 de Fevereiro de 2017
Assunto: Combatentes da Guiné

Saudações cordiais. 
Estou neste momento a tentar fazer um memorial acerca do meu tio António Dias Simão que morreu na Guiné em 15 de janeiro de 1967. 
Se puderem ajudar-me com algumas informações ficaria muito grata. Da família já só vive a minha mãe, irmã mais nova dele e as recordações são poucas para além de algumas fotos. 
Não queria que o nome do meu tio caísse no esquecimento e por isso vou tentar escrever um pequeno livro. 

Grata pela atenção 
Maria Cristina Pereira


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16451: Consultório militar do José Martins (19): Notícia da criação da "Agência de Leiria" da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, em 12 de abril de 1924, sendo seu presidente o cor inf Francisco de Lacerda e Oliveira, comandante do RI 7

Guiné 61/74 - P17073: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (12): Bambadinca (a "cova do lagarto", em mandinga) e algumas das suas gentes


Foto nº  1 > Tabanca mandinga


Foto nº 2 > Na messe de Bambadinca, o Luís Oliveira, à direita, fardado


Foto nº 3 > Na ação psicossocial, ou "psico", simplesmente 


Foto nº 4 > Ferreiro


Foto nº 4 A> As ferramentas do ferreiro


Foto nº 5 > Ajudante de ferreiro


Foto nº 5 A > A forja

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > c. 1973/74 > Fotos várias

Fotos (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1.  Continuação da publicação do extenso e valioso álbum fotográfico do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/73) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)

Foi o último comandante do Pel Caç Nat 52. Irá terminar a sua comissão em Missirá, depois de Mato Cão, e extinguir o pelotão em agosto de 1974.

De vez em quando ia a Bambadinca, sede do setor L1, Para isso tinha de cambar o Rio Geba. Levava sempre a sua máquina fotográfica.
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 21 de fevereiro de  2017 > Guiné 61/74 - P17068: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (11): Bambadinca, o porto fluvial, onde atracavam os heróicos e lendários "barcos turras"

Guiné 61/74 - P17072: Os nossos seres, saberes e lazeres (200): Central London, em viagem low-cost (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 17 de Outubro de 2016:

Queridos amigos,
O viandante sente a alma libertária, Londres está com bom tempo e alguns dos melhores museus do mundo podem acolhê-lo a custo zero. Escreveu na lista: Tate Britain, Tate Modern, Museu Alberto e Victória, Museu Britânico, National Gallery, National Portrait Gallery, Wallace Collection, Royal Academy of Arts... Impossível dar vazão a tantos empreendimentos.
Seja o que Deus quiser, começa o passeio de Old Street para Liverpool de Street Station, compra de um passe para o centro. Aqui, houve hesitações e depois decisões categóricas. Voltar à National Gallery e seguir os princípios de José Saramago: ver de manhã o que já se viu à tarde, assombrar-se com os Girassóis de Van Gogh, cumprimentar Miguel Ângelo, e por aí fora. Foi um dia e peras, até deu para comer Fish and Chips e à noite salsichas Cumberland, puré de batata e legumes com uma boa cerveja.
Amanhã vou para o mundo das guerras, daquelas que trucidaram milhões, em trincheiras, desembarques e batalhas.

Um abraço do
Mário


Central London, em viagem low-cost (2)

Beja Santos

A National Gallery é sinónimo de pintura, ninguém que goste de arte pode fugir a este poderoso espaço onde nos aguardam obras, entre outros, de Botticelli, Leonardo, Rafael, Bruegel, Michelangelo, Rembrandt, Velázquez, Cézanne, Goya, Turner e Van Gogh. A entrada é sumptuosa e tem história, o que estamos a ver era a entrada de um palácio concebido por Jorge IV, que delapidou uma fortuna em construções e obras de arte. O Parlamento secou-lhe a teta, ficou esta entrada, e depois surgiu o projeto da Galeria Nacional, uma das mais ricas do mundo.


O chão da entrada é uma obra de arte. Estão aqui os famosos mosaicos de Boris Anrep (1885-1969) que nasceu na Rússia mas deixou o seu trabalho em Inglaterra. Nos anos 1920 começou a trabalhar na Tate Gallery e depois veio para a National Gallery onde durante décadas foi compondo uma série de trabalhos que desafiam a imaginação: encontramos musas e outros temas clássicos, em que Virginia Wolf é Clio, Greta Garbo aparece como a musa da tragédia. O viajante está pronto a regressar só para aqui passar calmamente uns bons pares de horas a deleitar-se com este génio do mosaico. Não se esqueçam de ver atentamente Churchill a enfrentar o monstro, já sabem quem.




Depois da pintura segue-se o retrato em diferentes formas no museu ao lado, a National Portrait Gallery, há aqui retratos de tudo e de todos do Reino Unido: os Tudor, os Stuart, o século XVIII em peso, os vitorianos, muita profusão do século XX. Andava o viandante a deliciar-se com escultura e pintura dos contemporâneos quando encontrou o busto de um escritor a todos os títulos famoso, John Buchan (1875-1940), é o autor de uma prodigiosa história de espionagem "Os 39 Degraus" que Hitchcock passou a cinema em 1935. Acontece que o viajante levava consigo uma destas edições para aprendizes de inglês, ele fala um inglês de sobrevivência e nestas viagens tem a manifesta ilusão de que está mais protegido quando lê romances condensados e num inglês facilitado. O importante foi a coincidência. Olha John Buchan, obrigado pela boa companhia que me dás!


Em frente à National Portrait Gallery temos St Martin-in-the-Fields, é um lugar de culto e um santuário da música, entra-se gratuitamente para visitar o templo e pode dar-se a circunstância da assistir a um ensaio-geral, e foi isso que aconteceu, o viandante descansava as pernas, contemplava a cúpula da igreja, ouvia Hendel, Pergolesi e Vivaldi. Em low-cost mais é impossível.



Esta é a fachada do famoso Coliseu, noite de estreia de ópera. Benevolentes, os empregados deixaram entrar o viandante enquanto saíam de carros luxuosos a clientela da estreia. Entrada sumptuosa, temos aqui um dos indicadores da Londres feérica.


Estamos agora no segundo dia, o viandante vai para a outra margem do Tamisa, para Barbican, é aqui que se situa o Imperial War Museum, casa impressionante. Anos atrás, o viandante apanhou uma exposição sobre a I Guerra Mundial, ficou paralisado a ler cartas de militares aos seus familiares, cartas que foram as últimas comunicações de quem em breve morreria nas trincheiras ou fora delas. Aqui encontrou substância para um trecho que faz parte de um dos seus trabalhos A mulher grande. Vamos adiante. Sai-se do metro e como é habitual anda-se uns quilómetros até chegar ao destino. Eis se não quando se dá de frente com um dos mais míticos teatros do mundo, o Old Vic. Para quem gosta de teatro, estamos em Roma, em Meca ou no Ganges, nesta casa representaram figuras lendárias e neste momento Glenda Jackson faz de Rei Lear. Vamos adiante.



Ameaça chuva pelo que à cautela se fotografa a opulenta fachada com canhões de meter medo. O viandante sabe o que lhe espera: aviões, bombas voadoras, carros de combate, cenas estarrecedoras de guerra. Neste momento em que acaba de fotografar a fachada a que se seguirá um café servido num quiosque por uma brasileira de Campinas, ele ainda não sabe que lá dentro o espera uma fotografia que lhe lembrará, como ferrete em brasa, os seus tempos de combatente.

Lá chegaremos.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de fevereiro de 2017 Guiné 61/74 - P17058: Os nossos seres, saberes e lazeres (199): Central London, em viagem low-cost (1) (Mário Beja Santos)