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quarta-feira, 26 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26617: História de vida (55): José Álvaro Carvalho (ex-alf mil art, BAC, Bissau, Olossato, Catió, 1963/65), fadista e guitarrista, e depois da "peluda",... "doutorado em metalomecânica pesada"


Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > 1964 > Ilustração, in "Tridente - Memórias de um Veterano", de António Manuel Constantino Vassalo Miranda @ 12Fev2007, 29 pp. (Disponível em formato pdf, no Portal UTW - Dos Veternos da Guerra do Ultramar: https://ultramar.terraweb.biz/Livros/AntonioVassalo/OpTridenteAntonioVassalo.pdf) (com a devida védia...)


1. Nota biográfica do nosso camarada José Álvaro Carvalho, grão-tabanqueiro nº 890:

(i) nasceu há 85 anos, em Reguengo Grande, Lourinhã;

(ii) com 26 meses de tropa, acabou por ser moblizado para o CTIG por volta da primavera de 1963 (não conseguimos ainda apurar a data);

(iii) foi render um alferes de uma companhia de intervenção, de infantaria, sediada em Bissau (QG/CTIG) (não conseguimos ainda identificar qual);

(iv) irá cumprir mais uns 26 ou 27 meses, no TO da Guiné, entre o primeiro trimestre de 1963 e o início do segundo semestre de 1965;

(v) passou por Bissau, Olossato, Catió e a ilha do Como, aqui já a comandar um Pel Art, obus 8.8 (a duas bocas de fogo), com que participou, entre outras, na Op Tridente (jan-mar 1964);

(vi) em Catió esteve adido ao BCAÇ 619 (14 meses);

(vii) Cruz de Guerra, 3ª Classe, por no"período de catorze meses em que esteve destacado no Batalhão de Caçadores nº 619, foi sempre um Oficial zeloso, dedicado e muito competente, salientado-se a sua acção, principalmente, no campo operacional, em que foi utilíssimo o apoio, sempre eficaz, que soube dar com o seu pelotão em todas as operações em que interveio, nomeadamente, nas "Tridente", "Broca", "Macaco", "Tornado" e "Remate", contribuindo assim, dentro do seu âmbito, para o prestígio da Arma a que pertence";

(viii) no CTIG era popularmente conhecido pelo seu nome artístico, "Carvalhinho" (cantava o fado de Lisboa e tocava guitarra no "Cantinho da Saudade"); em Bissau, chegou a fazer espetáculos com o alf médico Luís Goes (que cantaca e tocava o "fado de Coimbra"); 

(ix) depois do regresso à vida civil, trabalhou na empresa metalomecânica 
L. Dargent Lda (onde foi diretor do departamento de trabalhos exteriores, e sócio minoritário), empresa q1ue fez, por exemplo, a montagem da superestrutura metálica e cabos de suspensão da ponte na foz do Rio Cuanza em Angola);

(x) depois do 25 de Abril, também conheceu a Sorefame e outras;

(xi) em 2019 publicou, na Chiado Book, um livro misto de autobiografia, e ficção histórica, de em prosa e em veros, mais de 700 pp. ("Livro de C.") (tem em mãos, uma nova versão, revista):

(xii) é nosso grão-tabanqueiro, desde 26/6/2024;

(xiii) autor da série "Memórias de um artilheiro" de que se publicarm 10 postes, entre julho e setembro de 2024;

(xiv) é também autor de 26 fados,  cantor e guitarrista (

(xv) autorizou-nos a publicar no blogue diversos excertos da versão difital, em revisão,   do "Livro de C", incluindo este que se segue com parte da sua vida profissional.




Angola > Ponte do rio Cuanza (em contrução), projeta pelo prof Edgar Cardoso > c. 1970/73 > O José Àlvaro Almeida de Carvalho, diretor do departamento de trabalhos externos da empresa L. Dargent Lda. Aqui ainda no início da montagem do tabuleiro da ponte...


Foto (e legenda): © José Álvaro Carvalho (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Memórias de trabalho e outras

por José Álvaro Almeida de Carvalho



Capa do "Livro de C",  de
 José Álvaro
Almeida de Carvalho (Lisboa
Chiado Books, 2019, 707 pp.)

(i) L. Dargent Lda


Tenho 78 anos de idade. Estou na reta final.

Depois de sair do serviço militar, entrei na empresa L. Dargent, Lda. uma das mais antigas da metalomecânica pesada, primeiro nos Serviços Administrativos, passando mais tarde para os Serviços Técnicos onde cheguei a director do Departamento de Trabalhos Exteriores.

Esta empresa montou o elevador de Stª. Justa, os guindastes do Porto de Leixões, a Ponte Elevatória de Alcácer do Sal, e construiu dragas de grande dimensão, várias pontes metálicas de caminho de ferro, assim como outras obras grandes e pequenas da sua especialidade. 

Era uma sociedade por quotas inteiramente privada, cheia de crédito 
no sistema bancário que nunca usou.

Tinha em média 150 operários, uma boa sala de desenho apoiada em
 técnicos competentes e uma excelente secção de serralharia mecânica de suporte à oficina.

Ainda nos serviços administrativos, interessei-me pelo que se passava nesta oficina. Em primeiro lugar pela soldadura no que me especializei com a ajuda da Welding Researche Assotiation de Londres a que a empresa se associou e o contacto assíduo com empresas como a multinacional sueca ESAB de Gotengourgo, e outras.

No fabrico e montagem de reservatórios e tubagens aprendi muito com os operários que iam trabalhar para a Chicago Bridge and Iron Company , quando regressavam e entravam de novo no anterior serviço, porque já iam nessa condição, ou com os que não regressavam mas quando vinham de férias visitavam a fábrica.

Deles recebi preciosos conhecimentos através de informações, desenhos de pequenas peças para acerto de montagem, mais evoluídas que as nossas etc.

A empresa americana de que falo, tinha um escritório em Lisboa, onde recrutava pessoal para os seus estaleiros, principalmente soldadores. Tínhamos excelentes soldadores.

Até aquela altura todas as refinarias europeias eram feitas por empresas americanas principalmente por esta, que conheci melhor. Cheguei a deslocar-me a Huelva para ver o trabalho que alguns dos nossos operários faziam na construção da sua refinaria.

Quanto ao trabalho de metalomecânica em geral, adquiri o conhecimento que acabei por ter, com os experientes e conhecedores operários encarregados e técnicos da L. Dargent Lda. que recordo com amizade e agradecimento, principalmente quanto aos trabalhos de caldeiraria, por ser impossível haver escolas para esta arte. As chapas mais pequenas com que se trabalham em caldeiraria têm geralmente 6 m, por 2 e os produtos finais podem ter a dimensão dum porta contentores, dos guindastes que os manuseiam ou dum petroleiro. Mesmo as suas componentes que se trabalham normalmente ao ar livre já são muito grandes.

A minha formação académica levou-me a frequentar a faculdade de economia, donde saí para o serviço militar. Tinha portanto conhecimentos de matemática suficientes para estudar Resistência de Materiais, que entretanto comecei a fazer nos livros do mundialmente conhecido engenheiro Timoshenko e me foi de grande utilidade, principalmente no último trabalho, que mais à frente refiro, para me entender com o sr. Professor Edgar Cardoso que o projetou e tinha um profundo conhecimento de engenharia.

Como diretor do departamento de trabalhos exteriores, dirigia no local a montagem das obras importantes como a cobertura da segunda fase da Siderurgia Nacional ou a montagem duma parte do parque de tanques de stocagem da refinaria de Leixões. No que se refere às mais pequenas, visitava semanalmente os respetivos estaleiros.

O último trabalho importante de que falo acima, foi a montagem da superestrutura metálica e cabos de suspensão da ponte na foz do Rio Cuanza em Angola. Tendo estado a residir com a família em Luanda cinco anos por este motivo.

Antes de ir para Angola ensinei a soldar com máquinas semiautomáticas 6 soldadores que já eram bons profissionais em soldadura clássica. Depois de um período de prática fi-los examinar pela Loyd’s Register of Shipping que com o Bureau Vertitas constituíam na altura as mais importantes entidades fiscalizadoras dos trabalhos da nossa especialidade na Europa. Apesar da dificuldade destes exames todos foram aprovados.

Não sabia o nível da fiscalização que ia ter e mais vale prevenir do que remediar. Levei também para Angola uma máquina de Raios X pela mesma razão. Mas a fiscalização era fraca e esta máquina nunca trabalhou. Por outro lado o Professor Edgar Cardoso tinha muita confiança na minha empresa que conhecia de longa data.

Quanto a estes soldadores, com a carta da Loyd’s na mão, começaram a ser solicitados para trabalharem nos estaleiros do Médio Oriente. De quando em quando vinha um pedir para o fazer. Nunca tive coragem para lhes dificultar a vida. Iam ganhar muito mais e possivelmente obter know how diferente do que estavam habituados. Só um ficou, o mais velho, que me fez companhia até ao fim.

Esta situação originou a que já depois de executado um pouco mais de metade do trabalho, sempre que se montava uma viga principal (14 m de comprimento e 14 tons de peso), entregava o estaleiro ao encarregado e passava 3 dias a soldá-la dum lado, com o soldador que ficou no outro. Eram soldadas ainda suspensas do guindaste que as levantava do rio. Assim se fez o trabalho até ao fim.

O encarregado de que falo, era um soldador que em tempos tinha pedido para trabalhar num estaleiro do Médio Oriente, que passados alguns anos regressou e foi promovido a encarregado. Quando fui para Angola acompanhou-me nessa qualidade e foi o meu braço direito durante toda a obra.

As vigas a que atrás me refiro foram fabricadas em Lisboa nas oficinas da empresa a partir de chapa importada da Alemanha.

Este trabalho foi no geral concluído em março de 1974, tendo entrado em acabamentos a partir dessa altura.

(ii) Construtora Moderna

Passei dia 25 de Abril desse ano aí e regressei algum tempo depois.

Andei a ir e vir a Angola até deixar de ser necessário, após o que ingressei na empresa Construtora Moderna,  situada na margem Sul perto da povoação do Fogueteiro.

A empresa a que eu pertencia tinha sido extinta e os seus operários integrados nesta, a qual fora construída e equipada pela Sacor, a grande gasolineira da época, de grande capacidade financeira e que Marcelo Caetano obrigou a vender, por não ter comprovada capacidade para a sua gestão, ficando a Sorefame com a maioria do capital e L. Dargent, Lda. com uma pequena parte.

Fiquei orgulhoso e entusiasmado quando entrei para a equipa de direção desta oficina, que tinha 400 operários incluindo mais de 100 que eu bem conhecia. Mas foi sol de pouca dura.

Tinha 3 halls com 30 metros de elevação e mais de 200 metros de comprimento cada. Havia em cada um, duas pontes rolantes bem dimensionadas, para movimentarem materiais e peças do armazém para os postos de trabalho e entre estes. 

Estava equipada com o que de melhor havia na época para oficinas de caldeiraria (para quem não sabe, caldeiraria deriva do verbo caldear que significa aquecer duas partes de ferro ao rubro e juntá-las uma à outra, batendo-lhes com força a formar uma. Refere-se há muito a todos os trabalhos em aço de espessura superior a 3mm. O trabalho em espessuras inferiores chama-se de serralharia).

As principais obras a decorrer consistiam a primeira, no fabrico de pernas tubulares com 60 metros de comprimento e três de diâmetro em chapa com 30mm de espessura para duas torres de petróleo da Mobil, uma subempreitada da Sorefame.

Esta obra começou a sofrer da particularidade de todas as semanas diminuir o ritmo de produção. Chamava-se a Comissão de Trabalhadores que,  depois de explicada a gravidade do assunto, a importância que a obra tinha para a indústria e para o país, respondia sempre: “Estamos aqui para defender os trabalhadores e não para os atacar”. Nunca entendi este raciocínio.

Quanto à outra obra grande em execução, a construção de vigas em T com 16 m de comprimento de 40 x 20 cm a partir de chapa de 12 mm de espessura, para a reparação dum navio sueco que se encontrava no porto, acontecia o seguinte:

No primeiro dia, vi uma chapa de 16 m x 2.5 m x 0.012 m com o peso aproximado de 5000 kg suspensa de duas pontes rolantes, que a transportavam perigosamente, por cima de vários postos de trabalho.

Conclui que a preparação devia estar mal feita.

Em caldeiraria a preparação é constituída pelas fichas e instruções entregues nos postos de trabalho, onde se descreve o trabalho a fazer. Estas fichas eram feitas nos departamentos de Preparação e Traçagem. Antigamente chamavam-se simplesmente de Traçagem, por ser esse o seu objectivo principal, já que os desenhos provenientes das salas de desenho, não indicam como executar as peças.

Os desenhadores em geral não sabem fazer o trabalho de traçagem, que tem muitas características próprias e métodos empíricos, alguns antigos, como por exemplo a marcação em plano da chapa que depois de enrolada irá formar um tubo que intercepta outro em determinado angulo. O corte dum dos seus lados tem percurso sinusoidal surpreendente.

O primeiro traçador que houve em Portugal veio da Bélgica e foi mais tarde o fundador da empresa onde trabalhei a maior parte da minha vida. Penso que viveu duas gerações antes da minha e o seu nome era Lambert Dargent.

A primeira ficha da obra a que pertencia a chapa referida, indicava que este posto de trabalho traria do armazém uma chapa standard de 12 m x 2,5 m x 0.012 m e uma de 4 m x 2,5 m x 0.012 m , soldava-as uma à outra formando uma que enviava para a máquina de corte.

Se a preparação estivesse bem feita estas duas chapas deveriam ser cortadas em barras primeiro e soldadas depois no sentido longitudinal para atingirem os 16 m. Acresce que o caminho de rolamento da máquina de corte só tinha 14 m e para cortar uma chapa de 16 m , até aos 14 m o trabalho fazia-se com rapidez mas depois era feito com métodos ancestrais do que resultava que a máquina em vez de cortar 20 chapas por dia, só cortava duas ou três.

(iii) Sorefame

Eu dependia do diretor de produção da Sorefame. Pouco depois, este senhor, acusou-me numa assembleia da direção de não acompanhar devidamente esta obra, já ameaçada com multas de incumprimento pelo cliente.

Esclareci a situação e o que havia a fazer era substituir a preparação existente por uma nova bem feita. Ele afirmou que ou as coisas eram executadas como eu dissesse, ou não punha lá mais os pés.

Isto originou a que fosse chamado a uma assembleia de trabalhadores onde me foi perguntado porque queria alterar coisas que estavam bem feitas. Respondi a esta pergunta anunciando a minha saída da empresa.

Em pouco tempo já tinham acontecido alguns factos que,  somados, me fizeram pensar que ela iria soçobrar a curto ou médio prazo, como aconteceu.

(iv) Mague, Lisnave, Setenave... e tudo o vento levou

Mas, estava longe de saber que iria acontecer o mesmo a toda a indústria metalomecânica, incluindo os grandes estaleiros navais, a Sorefame na Amadora , e várias outras, como a Mague em Alverca, - especializada em aparelhos de elevação, que fez a maior parte dos guindastes para contentores do porto de Lisboa, o enorme pórtico de 300 toneladas da Lisnave, e muitos aparelhos desta especialidade para outros países. Nesta altura, fabricava guindastes de contentores para o Porto de Estocolmo, mas já tinha começado a ter problemas.

Beneficiando destas empresas maiores, havia outras médias e pequenas ligadas por subempreitadas e acordos de trabalho, por terem custos de estrutura menores e praticando preços para obras pequenas ou partes de obra, convidativos.

Desaparecidas as primeiras, começaram pouco depois a desaparecer as segundas. Um castelo de cartas.

A Mague de que falei acima, nasceu da necessidade duma oficina de reparação de equipamentos de construção civil para trabalhos de grande dimensão como a construção de barragens, na empresa “Moniz da Maia & Vaz Guedes”, que construiu a Barragem de Castelo de Bode.

Terminada esta construção, já tinha equipamentos e know how suficientes para se tornar independente e concorrer em construções de engenharia mecânica pesada, como aparelhos de elevação e turbinas, que veio a fabricar para todo o mundo como já disse. Adotou o nome de Mague formado por carateres dos nomes Moniz da Maia e Vaz Guedes.

Chegou a ter milhares de operários e em subempreitadas e ligações de trabalho a ocupar outros tantos.

A soldadura foi descoberta em 1911, passado tempo viu-se que um pingo de soldadura resistia tanto como um rebite e era muito mais barato. A pouco e pouco a construção em aço incluindo a naval deixou de ser rebitada, e passou a ser soldada, ao mesmo tempo as siderurgias começaram a produzir aços mais homogéneos com menos carbono e inclusões de produtos nocivos, como o enxofre, e portanto mais resistentes e soldáveis.

Mas a soldadura não fica capaz se efetuada a 0º C de temperatura e no Norte da Europa esta temperatura é frequente. Em Lisboa solda-se todo o ano.

Foi este motivo, somado à excelente posição estratégica do seu Porto e ótimas condições naturais, que fez com que três estaleiros suecos e dois holandeses se aliassem a três nacionais e a um banco, para construírem o grande estaleiro de reparações navais da Margueira, a Lisnave, que chegou a ser o mais importante do mundo no seu tampo nessa área de atividade. A sua maior doca a doca13 podia por em seco navios com que deslocassem 1 milhão de toneladas.

Foi também o mesmo principio que esteve na origem da instalação no porto de Setúbal da Setenave para a construção naval de petroleiros ou navios de grande dimensão.

A Lisnave foi oficialmente constituída a 11 de Setembro de 1961.

Em 1969 já detinha 39% da reparação mundial de navios até 300 000 toneladas.

Em 1970, 96% dos navios reparados pertenciam a armadores estrangeiros.

Neste ano iniciou um novo tipo de actividades, com a construção de grandes secções, proas e partes centrais de navios.

Entra assim num campo mais elevado de tecnologia, que lhe irá permitir efectuar reparações mais complexas, assim como Jumboizing (termo aplicado ao aumento de capacidade de carga dos navios, por acrescento de uma nova secção).

Ainda neste ano, o estaleiro da Margueira aumentou a sua produção 41% relativamente ao ano anterior.

No ano de 1973, a empresa tinha 7700 trabalhadores. Em 1974 teve inicio a sua decadência até à extinção.

A construção do estaleiro da Setenave começou nos inícios de 1972 e um dos seus administradores, afirmou à imprensa que seria um investimento de 2,5 milhões de contos, para 6.000 trabalhadores na fase plena.

Efectivamente a construção naval arrancou em 1973. Mas no ano seguinte aconteceu o 25 de Abril de 74 e, a partir dessa data, a Setenave passou a ser uma caldeirada politica laboral.

A empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, S. A. R. L., foi uma sociedade anónima de responsabilidade limitada portuguesa, especializada na construção de componentes eléctricos e mecânicos pesados. Foi fundada em 1943 e dedicou-se, inicialmente, ao fabrico de equipamentos hidromecânicos, cuja procura era elevada devido ao programa de construção de barragens hidroelétricas no âmbito da industrialização do país.

Afirmou-se mais tarde quando essa atividade deixou de ser necessária, como um importante construtor de material circulante ferroviário, em parceria com várias empresas internacionais.

Nos princípios da década de 50, a CP afirmou a sua intenção de adquirir carruagens metálicas de aço inoxidável canelado.

Para responder a tal necessidade, a Sorefame  associou-se à empresa americana Budd Company, que detinha a patente para a construção deste material, tendo recebido uma licença de fabrico e os conhecimentos técnicos necessários. Era a única empresa a fazê-lo na Europa.

Fabricou importantes encomendas de automotoras de vários tipos, normais e triplas, assim como locotratoras, carruagens e locomotivas eléctricas para a CP e mais tarde para o Metro e Carris.

Forneceu também equipamentos destes para a África do Sul.

Chegou a ter, no início dos anos 80, mais de 4.100 trabalhadores e uma base tecnológica e de engenharia própria, conceituada.

Fabricou também 200 carruagens para o material circulante do Metropolitano de Chicago, encomendadas pela Boeing em 1974.

Neste ano, recebeu também uma encomenda da Alsthom para o fabrico de 30 locomotivas, de 2800 CV, para a Rodésia. Tendo realizado a sua montagem com os motores e restantes equipamentos enviados por essa empresa.

A Revolução de 25 de Abril de 1974 veio trazer um clima de instabilidade social e política, que a atingiu fortemente. Começaram a realizar-se greves consecutivas que deram inicio ao seu declínio.

Foi totalmente extinta em 2001.

(v) Listrafego

Algum tempo após sair da metalomecânica pesada,  fui trabalhar para uma pequena empresa que operava no porto de Lisboa especializada na reparação de contentores.

Nessa altura o trafego portuário era intenso e não havia mãos a medir. A empresa embora só com trinta operários faturava mensalmente um valor muito elevado para a sua dimensão.

Tinha o seu escritório principal numa rua perto do Saldanha e um estaleiro com escritório, armazém de peças e ferramentas no grande parque de contentores do porto, a Listrafego, onde passei a trabalhar. Todos os dias o pessoal partia daqui numa carrinha para as zonas de trabalho do porto e por vezes para parques dos arredores da cidade, em Camarate, em Loures, em Sacavém e outros, uma vez que o trafego era muito intenso e estava esgotada a capacidade necessária de armazenamento.

Parecia ser esta a altura de executar finalmente o projecto antigo de ligar o porto de Lisboa ao de Setúbal fazendo um canal entre o Tejo e o Sado. Este canal já se encontrava assinalado nas cartas de navegação e podia ser feito com o dinheiro gasto a construir um troço de autoestrada, formando-se assim a infraestrutura portuária mais importante da Europa.

Mas não foi o que aconteceu. O que aconteceu foi que uma vez por semana havia um plenário de trabalhadores e o porto parava. Os custos aumentaram e obrigaram os navios a procurarem outras paragens.

O espaço começou a ser excedentário. O trabalho a ser reduzido. A empresa para a qual trabalhava ia ficando mais pequena à medida que os trabalhadores pensaram com razão, já não estar ali o seu futuro. Eu disse no escritório do Saldanha que quando houvesse tantos gerentes como operários me vinha embora. Saí quando havia quatro e quatro gerentes.

Foi no meu local de trabalho e de muita outra gente que nasceu a Expo 98, um barrete bonito.

A metalomecânica pesada e uma importante parte da média e ligeira frequentemente suas subempreiteiras, associadas ou subalternas, assim como o Porto de Lisboa, contribuíam com uma quota elevadíssima para a riqueza do país, sendo os seus serviços principalmente pagos em divisas. Sustentavam milhares de famílias.

Quando se despreza o know how como foi desprezado ultimamente no nosso país que não nos pôs na miséria por termos a ajuda da CEE,  não se conhecem situações como a que passei nos meus primeiros anos de metalomecânico quando me interessei por acompanhar as primeiras obras da oficina. 

A primeira foi o fabrico de 3 caldeiras de 600 cv cada para a Sociedade Central de Cervejas de Via Longa. Estas caldeiras como julgo que todas as que se fabricaram foram feitas sob licença duma empresa Norte Americana da especialidade á qual se pagaram os necessários royalties.

Juntamente com os desenhos de fabrico que se receberam, vinham também as necessárias instruções e o tempo em horas necessário para a execução de cada tarefa. O exame destes documentos provocou-me a genial ideia de que como pagávamos 5 vezes menos que os americanos, quando fizéssemos em 5 horas o que eles faziam numa poderíamos colaborar com eles em pé de igualdade, parceria, subempreitada etc.

Por este motivo acompanhei atentamente esta obra. Tínhamos operários muito competentes e experientes, as máquinas principais eram as mesmas, uma calandra boa e um engenho de furar de precisão para furos de 50mm em chapa de 40mm de espessura o qual tínhamos adquirido havia pouco tempo.

No final da obra conclui que tínhamos feito em 16 horas o que eles faziam numa e por qualquer razão não tinham concorrido ao seu fabrico, ou porque consideravam sermos o seu parceiro cá e lhes compensava só os royalties, ou qualquer outra.

Foi este o meu primeiro balde de água fria na metalomecânica. Houve depois muitos outros que me escuso de contar.

É por isso que depois de assistir a ser ignorado e despezado, o know how pacientemente adquirido ao longo de dezenas de anos e a ligeireza com que um tão grande volume de postos de trabalho e correspondente riqueza foi tratado, peço desculpa aos meus amigos socialistas, mas tenho a maior dificuldade em não concordar com as palavras da srª Tatcher quando discursou na greve dos mineiros em Manchester:- “ Os sindicatos em vez de defenderem os postos de trabalho, destroem-nos. Nunca mais nos livramos do maldito socialismo.”

Definir como objectivo acabar com os patrões foi trágico porque havia patrões maus, bons, justos, injustos, que corrompiam e que não, que sobreviviam ou estavam em sério risco, etc. , mas tinham todos duas coisas em comum. A primeira é a de que arriscavam na actividade o seu património, a sobrevivência da família e a segunda é que criavam a parte mais importante da riqueza do país.

Muito do que nós perdíamos era ganho por outros. Penso que houve influências discretas neste processo, que obtiveram os ganhos correspondentes. A história o dirá.

Julgo assim que depois do que se passou nos temos que habituar à escassez generalizada e a praticar níveis de vida mais modestos. Só espero que sejam dignos.

Embora simpatizasse com as ideias socialistas, toda a minha vida lutei pela produção, por isso entendo que quando um posto de trabalho é eliminado leva com ele know how difícil de se voltar a obter.

Um dia, a minha filha mais nova, sabendo-me um mau socialista, perguntou-me com malandrice:

- Ó pai, porque será que a maior parte dos homens cultos são de esquerda?

Ao que respondi no mesmo tom :

- Sabes porquê? Porque são esses que depois de nela caírem, conseguem dar a volta aos erros de que padece.

Fazem falta para a manter viva.

Pensei e penso que acabar com a exploração do homem pelo homem é um objectivo nobre a cumprir.

Mas a inevitabilidade da vida, que obriga a termos que comer, vestir, ter cuidados de saúde, educação, etc., tornou também inevitável a existência de meios de produção. O seu desaparecimento pode pôr-nos a pão e laranjas e ser considerado uma ameaça à sobrevivência. Não ponho aqui a questão de a quem devem pertencer, se aos particulares ou ao Estado, mas no geral, não tenho conhecimento de qualquer Estado capaz de geri-los com eficácia, sendo a meu ver, esta a razão da existência da sociedade de consumo com todas as suas monstruosidades. Posso estar enganado.

Então e agora? Agora é murmurar, gritar espernear, barafustar, etc. Pode ser que resulte, mas um caldeireiro ou um serralheiro mecânico não se fazem numa semana, nem num mês, nem num ano, nem longe duma oficina e uma oficina de caldeiraria ou serralharia mecânica idem idem, aspas aspas a multiplicar por 10.

Para quem for crente e queira ultrapassar dificuldades recomendo uma ida a Fátima a pé.

A destruição irreversível dos meios produtivos não foi só da responsabilidade das esquerdas,  como parece.

Não se pode deixar de falar na política de terra queimada que a direita praticou ou quem por ela se fez passar, alheando-se propositadamente, de tudo e de todos, não explicando que o resultado do processo em curso iria descambar onde estamos agora e no que ainda está para vir.

Podemos portanto dizer adeus aos trabalhos de construção naval, de guindastes , de pontes, de comboios, etc., assim como de fazer da infraestrutura portuária dos Portos de Lisboa e Setúbal a maior e melhor da europa.

Esta promissora e comprovada competência da nossa terra e da nossa gente é já só o sonho duma noite de Verão, chão que deu uvas.

(vi) O regresso às origens


Finalmente acabei por vir prá região onde nasci e dediquei-me algum tempo a elaborar projetos de construções pecuárias e depois turísticas que me ocuparam alguns anos.

Mais tarde comecei a elaborar projetos técnicos de betão armado para vivendas e pequenos prédios, ao serviço dum gabinete de engenharia.

Entretanto pouco depois reformei-me, mas continuei a trabalhar no mesmo durante anos. Elaborava em média a estrutura de betão armado de duas vivendas ou um pequeno prédio por semana.

A certa altura comecei a achar estranho que se construíssem tantas casas e o preço das mesmas aumentasse exponencialmente de ano para ano. Parecia-me que isto contrariava as velhas leis económicas da oferta e da procura, mas como tinha poucos conhecimentos da matéria e a vida me corria bem, fiz aquilo que os ingleses recomendam nestes casos, “wait and see”.

Mais tarde, refletindo melhor conclui que as bolhas imobiliárias tinham sido originadas pelas promessas dos políticos antes de ascenderem ao poder que depois não cumpriam na totalidade mas só em parte a qual já era suficiente para, com a constante subida de impostos e outros malefícios,  pôr as economias em derrapagem, as receitas dos governos inferiores às despesas. 

Na nossa terra houve ainda a preciosa ajuda dos sindicatos com a rápida destruição do tecido económico.

Os bancos cuja atividade começou a ser fortemente afetada, para se defenderem e manterem as altas regalias que tinham, começaram a investir com abundância no sector imobiliário, o mais fácil, garantidos pela 1ª hipoteca dos imóveis,  mais tarde também pela 2ª e até pela 3ª. Como investiam com a mesma facilidade tanto na construção como na aquisição, o valor das casas não descia. 

Nas bolsas de valores começaram a aparecer produtos tóxicos com base nestes comportamentos até que os credores em presença dos elevados encargos com que acabaram por ficar, deixaram de cumprir no todo ou em parte e as bolhas rebentaram com as muitas consequências negativas conhecidas

O milionário George Soros que se formou em economia na Inglaterra e fez fortuna na bolsa de Nova Yorque, num dos livros que escreveu (2008), criticou fortemente a atuação dos governos do Senhor Bush e da Senhora Tatcher e seus conselheiros, que recomendavam a não intervenção nos mercados, porque estes se autorregulavam de acordo com as leis da teoria económica clássica.

Na opinião deste senhor, ou os governos intervinham, ou a economia global dava uma cambalhota. Parece que está aí.

Aqui na minha terra tenho tido mais tempo para meditar. Lembro-me dum amigo do meu pai lhe dizer que quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro.

Acho que o atual generalizado desprezo pelo trabalho se fundamenta nesta máxima.

Não era preciso que atualmente existissem junto do poder conselheiros tão bons como houve junto do rei D. João II, mas há mínimos a atingir seja no que for.

Também nunca mais soube nada do enorme tesouro que existia no Banco de Portugal em depósito ou crédito, que constava no relatório mensal do Banco Português do Atlântico de Março de 74 e era constituído por 800.000 barras de ouro de 1 kg e mais o equivalente em divisas.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26509: As nossas geografias emocionais (46): Bocana Nova, na margem esquerda do rio Tombali... (E onde também se fala na ONGD, com sede em Matosinhos, "Na Rota dos Povos")





Guiné > Região de Tombali > Catió > Bocana > Carta de Catió (1956) (Escala 1/50 mil) >  Posição relativa do rio Tombali, e as povoações de Tombali, Bocana Nalu, Bocana Balanta e Catió (sede de circunscrição, quando a região foi cartografada em 1956).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


1. A atual tabanca de Bocana Nova, referida no poste P26508 (*),  deve ficar na margem esquerda do Rio Tombali (carta de Catió), a sul da foz do rio Pobreza (afluente do rio Tombali) e a sul da foz do rio Cobade (outro afluente do Tombali). 

Havia, amtes da guerra, duas pequenas tabanas, a Bocana Nalu e mais acima a Bocana Balanta. Depois da independència deve-se ter construído a Bocana Nova. Pertence ao setor de Catió: em 2009, não tinha uma centena de habitantes.


A tabanca (e porto fluvial) de Impungueda, a sul de Cufar e a nordeste de Cantone e  Mato Farroba fica na margem direita do rio Cumbijã, mais a leste (carta de Bedanda, da mesma época).

Para lá se chegar, por estrada (até Catió), são 300 km bem difícieis de pecorrer. 

2. A  ONGD "Na Rota dos Povos", com sede em Matosinhos, tem feito desde 2010 um belo trabalho lá, na regiáo de Tombali, na área da educação, saúde e solidariedade social.

 Ver aqui a sua página oficial, bem como a página no Facebook.


(...) Quem somos

A “Na Rota dos Povos” é uma Organização não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) com foco de atuação na educação, solidariedade social e saúde na região de Tombali, na Guiné-Bissau.

A sede da ONGD é em Matosinhos e, todas as tarefas, tais como angariações, gestão de recursos, comunicação, e organização de missões, são realizadas por voluntários.

Temos sede de delegação local na cidade de Catió, a cerca de 300 km da capital Bissau, onde damos emprego a 35 habitantes que colaboram nos diferentes projetos. A integração da ONGD na comunidade Cationense gera também uma onda de participação num país em que a solidariedade é característica deste povo sempre pronto a ajudar o vizinho.

A nossa motivação

Em Catió, no ano de 2010, o professor Braima Sambu fez um pedido. Quando se esperaria que seria algo para ele, o que Braima pediu foi capacitação para a população da sua terra. Capacitar é tornar capaz, mas também permitir acreditar. A capacitação que falava era ajuda para os professores de Catió.

Sensibilizados com tal pedido, no regresso a Portugal, começaram a reunir-se esforços para responder a este apelo.

Desde esse momento, sempre com o lema “A Educação é o Único Caminho” um longo percurso tem sido trilhado. O projeto que começou com o objetivo de ajudar a melhorar as condições dos professores de Catió tem vindo a crescer atingido agora muitas outras áreas para além das escolas como o orfanato da “Casa da Mamé”, o “Centro de Educação Especial e Terapêutica”, o apoio ao hospital regional da região, entre muitas outras contribuições para o sector de Tombali. (...)
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Guiné 61/74 - P26508: As nossas geografias emocionais (45): Regresso em 2007, a Bocana Nova, e a Impungueda, no rio Cumbijã, na região de Tombali (Henk Eggens, médico holandês cooperante, em Fulacunda e Bissau, 1980/84)


Foto nº 1 > "O Nhinte-Camatchol, escultura nalu, que tenho na minha casa em Santa Comba Dão".



Foto nº 2 > Guiné- Bissau  > Regiáo de Tombali > Catió > Tabanca de Bocana Nova > s/d (2007 ?) > "Centro dc saúde construído nos anos 80, pelo holandês Steven van den Berg", companheiro do nosso Henk Eggens.



Foto nº 3 _ Guiné- Bissau  > Região de Tombali > Catió > Tabanca de Bocana Nova > 2007 > "Foi no final de 2007 que visitámos Bocana Nova. A população reconheceu o meu amigo Steven e a esposa e passámos bons momentos no 'jumbai' ".



Foto nº 4 > Guiné- Bissau  > Regiáo de Tombali > Catió > Tabanca de Bocana Nova > 2007 >  "O Steven e o régulo de Tombali". Acrescentou o Steven, na sua língua materna (aqui traduzida para português): "O Rei de Tombali sente-se extremamente honrado por agora até os maiores inimigos do passado terem podido tomar nota dos feitos inesquecíveis na forma de desenvolvimento da economia local, da saúde e da educação. Obrigado, S.".




Foto nº 5 > Guiné- Bissau  > Região de Tombali > Catió > Tabanca de Bocana Nova > 2007 >  Avenida Holanda... As palmeiras   foram plantadas por meu amigo quase 30 anos antes e cresceram bem!"


Foto nº 6 > Guiné- Bissau  > Região de Tombali > Catió > Impungueda > 2007 > "Em Tombali, no extremo sul da Guiné-Bissau, com as águas presentes sempre, como no porto de Impungueda, no rio Cumbijã" (vd. carta de Bedanda, 1956, escala 1/50 mil).

 

Fotos (e legendas): © Henk Eggens (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo, Henk Eggens (foto atual a seguir),   grande amigo da Guiné-Bissau, meu colega holandês (ou neerlandês), especialista em medicina tropical e saúde pública, que vive, aposentado, em Portugal, em Santa Comba Dão, e é o administrador e editor de Portugal Portal (em neerlandês ou holan
dês) (*). 

Já há tempos o convidei para integrar a nossa Tabanca Grande. Esteve em Fulacunda e Bissau, na primeira década de 80, como médico. Tem um grande conhecimento e carinho por aquela terra e suas gentes. É casado em segundas núpcias com uma luso-brasileira, sua colega da saúde pública global, Tem um excelente domínio do português, escrito e falado (sua primeira língua estrangeira, a par do inglês). 



Assunto - Nhinte-Camatchol

Data - 17/02/2025, 16:07 (há 1 dia)
 
 
Olá,  Luís,

Gostei da publicação do poema (teu?) "Quem disse que a Guiné-Bissau não tem futuro?", publicado no blogue de 16-2-2025 (*). 

É um poema tipo 'verso livre' no estilo dos poetas americanos Walt Whitman e Allen Ginsberg. Cheio de otimismo, esperança e valorização do povo guineense. É bem preciso este encorajamento num momento de crise política profunda. Dia 28 de fevereiro terminará o mandato do atual presidente da Guiné-Bissau, Sissoco. Parece que não tem nenhuma ideia para sair do poder e convocou eleições para novembro de 2025!

Gosto da fotografia da obra de arte nalu no blogue. Tenho uma escultura igual em casa (foto nº 1), junto com um flamingo de Moçambique. 

Meu companheiro Steven (holandês) trabalhou na região de Tombali nos anos oitenta. Construiu centros de saúde na província, um deles na aldeia de Bocana Nova (Foto nº 2). 

Conhecia o escultor destas estátuas, o Sr. Nfalde Câmara naquela aldeia. O artista produziu várias cópias destes pássaros mágicos em madeira. Imagina minha surpresa quando vi uma cópia no museu Aliança Underground Museum de Berardo, em Sangalhos! E percebi, pelo  blogue, que funcionou como símbolo no Simpósio  Internacional de  Guiledje em 2008.

Foi no final de 2007 que visitámos Bocana Nova. A população reconheceu o meu amigo e esposa e passámos bons momentos no 'jumbai' (Fotos nºs 3 e 4) . As palmeiras nas imagens foram plantadas por meu amigo quase 30 anos antes e cresceram bem! (Foto nº 5) Tudo no Tombali, no extremo sul da Guiné-Bissau, com as águas presentes sempre, como no porto de Impugueda.(Foto nº 6)

Os números correspondem aos títulos das fotografias em anexo.

Se achas oportuno, podes publicar o texto e as fotografias.(**)


AB Henk

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  16 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26501: Manuscrito(s) (Luís Graça) (265): Que o Nhinte-Camatchol, o Grande Irã, te proteja, Guiné-Bissau!

(**) Último poste da série > 16 de fevereiro de 2025 > 
Guiné 61/74 - P26500: As nossas geografias emocionais (44): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte III

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26394: Humor de caserna (97): O anedotário da Spinolândia (XV): O comandante do destacamento de Cabedu... a quem Spínola perguntou pelo plano de defesa (Rui A. Ferreira, 1943-2022)



1. Mais uma história (daquelas "rocambolescas da guerra"...) contada pelo nosso saudoso camarada Rui Alexandrino Ferreira (1943-2022), ten cor inf ref, que fez duas comissões no CTIG, a última como cmdt da CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, jan 71 / set 72): além de ter sido um grande operacional, foi também um talentoso escritor, tendo-nos deixado três livros de memórias; natural de Angola (antiga Sá da Bandeira, hoje Lubango), viveu parte da sua vida em Viseu, cidade que muito amava, onde tinha muitos amigos  (como o protagonista desta história) e onde faleceu.


O comandante do destacamento de Cabedu... a quem Spínola perguntou pelo plano de defesa (*)

por Rui A. Ferreira (1943-2022)



O meu amigo Manuel Cerdeira (**), atualmente coronel reformado da administração militar, cumpriu uma comissão na Guiné, como alferes miliciano atirador de infantaria.

Tendo saído do barco que o transportou até Bissau, diretamente para uma lancha da marinha, que o foi depositar, a si e ao seu grupo de combate, no aquartelamento de Cabedu, cuja guarnição era então composta por dois pelotões de atiradores e, sendo que, como era o mais antigo, passou nestes termos a ser o comandante militar de Cabedu.

Passados uns tempos, recebeu a visita do próprio general Spínola, que a certa altura lhe perguntou:

− Então, e o plano de defesa ?

Ao que o bom do Cerdeira respondeu:

− Não sei o que é isso.

− Então, quando são atacados o que é que fazem ?

− Fazemos fogo.

− Para onde ?

− Para onde pensamos que eles estão.

− Então, e não veio cá ninguém ajudá-lo a fazer um plano de defesa ?

− Não, senhor, o meu general foi o único até agora.

Spínola voltou para o helicóptero, foi à sede do batalhão (***), fez subir para o mesmo o comandante e foi largá-lo em Cabedu  e deixou-lhe TPC (trabalho de casa):

− Daqui a 15 dias volto cá a buscá-lo,quando o plano de defesa estiver pronto.

Para concluir a história, foi o comandante punido com uns quantos dias de prisão e devolvido à metrópole.


Fonte: Excerto de Rui Alexandrino Ferreira - "Quebo: nos confins da Guiné". Coimbra: Palimage, 2014, pág. 348.

( Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, itálicos, título: LG)


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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 15 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26391: Humor de caserna (96): "O mê Zé disse isso ?!"... O epílogo engraçado da história do impaludado (Alberto Branquinho)

Vd. poste de 4 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26348: Humor de caserna (91): O anedotário da Spinolândia (XIV): "Vão-se todos vestir com a roupa que tinham quando viram o helicóptero!"... (Mário Gaspar, ex-fur mil art, MA, CART 1659, Gandembel e Ganturé, 1967/69)


Cor SAM ref Manuel C. A. G. Cerdeira 
(1946-2023)

(**) Trata-se do cor SAM Manuel Carlos de Almeida Guerra Cerdeira, natural de Viseu (1946- 2023)(Curso de Saída da AM: 1974); foi alf mil at inf, OE, tendo cumprido uma comissão de serviço no CTIG, em Cabedu,  no subsetor de Catió (1969/70), comandando dois Gr Com da CART 2476  (Catió e Cabedu, 1969/70), setor S3 (Catió, BART 2865).

Ingressou depois  na Academia Militar em outubro de 1970 (Patrono do Curso: “Major Neutel Simões de Abreu”), concluindo a parte curricular do Curso de Administração Militar (AdMil) em 1973, sendo, após frequência do tirocínio na Escola Prática de Administração Militar (EPAM/Lisboa - 1973/1974), promovido a alferes.

Elemento da primeira hora do MFA, integrou o grupo de oficiais que assumiu o comando da Escola Prática de Administração Militar (EPAM/Lisboa) na madrugada de 25Abril74 bem como o grupo de comando que  garantiu a  ocupação e a defesa dos Estúdios da RTP no Lumiar, no âmbito na “Operação Fim de Regime”.

Fez depois a sua normal carreira militar: tenente (1974), capitão (1977), major (1986), tenente-coronel (1994) e coronel (1996). Destaque para uma Comissão de Serviço na Bósnia e Herzegovina, integrado no Destacamento de Apoio de Serviços (DAS) da Força Nacional Destacada “FND-IFOR/BÓSNIA” (1996).

(***) Catió, sector S3, englobando 3 subsetores, Catió, Cufar e Bedanda, e posteriormente (em out69) mais 3, Cacine, Gadamael e Guileje. Nesta altura, a responsabilidade do setor S3 era do BART 2865 (fev 69 / dez 70), que teve dois comandantes: TCor Art Mário Belo de Carvalho e TCor Art António José de Melo Machado.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26208: Tabanca Grande (565): Jorge Fernando Ferreira Pedro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251/72 (Catió e Cabedú, 1972/74), que se senta no lugar 896 do nosso poilão

1. Mensagem de Jorge Fernando Ferreira Pedro, dirigida em 23 de Fevereiro passado ao nosso Blogue através do Formulário de Contacto do Blogger:

Quero fazer parte do vosso blog.

Fui combatente na Guiné. 72/74. Cart 6251.

Eu pessoalmente fiz toda a comissão em Cabedú, Especialidade de radiotelegrafista, 1.º Cabo.

Cumprimentos,
Jorge Pedro


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2. No dia 7 de Março foi enviada mensagem ao camarada Jorge Pedro:

Caro camarada Jorge Pedro:

Muito obrigado pelo teu contacto e por quereres fazer parte da tertúlia do nosso Blogue.

A fim de que sejas apresentado com o maior número de dados possível, por favor manda-nos uma foto actual e outra, fardado, do tempo de Guiné. Se não foste com a tua Companhia, diz-nos em que data foste e vieste da Guiné.

Se quiseres, podes contar-nos uma pequena história passada contigo ou a que tenhas assistido, na Guiné, acompanhada de algumas fotos que tenhas aí por casa.

Sabemos que te chamas Jorge Pedro, que foste 1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251 e que estiveste em Cabedú. Se quiseres fala mais de ti na vida civil, onde vives (só a localidade, claro) a tua ocupação, etc.

Ficamos à espera do teu contacto para te apresentarmos à tertúlia.

Recebe um abraço do teu camarada e amigo
Carlos


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3. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Jorge Fernando Ferreira Pedro que foi 1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 6251/72 (Catió e Cabedú, 1972/74), com data de 24 de Novembro de 2024:

Boa tarde caros amigos,

Por algum desmazelo da minha parte só agora respondo ao vosso email que me foi enviado após o meu contacto. Vou enviar duas fotos do tempo da Guiné e outra atual.

Agora sou reformado.

Depois do regresso da Guiné comecei a estudar como Estudante/Trabalhador e frequentei a Universidade de Coimbra, em Direito, tendo feito várias cadeiras mas não acabei a licenciatura.

Fiz um Mini MBA na Universidade Católica do Porto, Leadership Challenge - Liderança de Grupos com excelente aproveitamento.

Trabalhei no setor Bancário durante 35 anos, sendo 25 como gerente e 3 como Director de Departamento.

Tenho várias "estórias de guerra", algumas que me envergonho só de pensar que tal aconteceu.
Um dia destes vou tentar escrever as mesmas e enviarei para o blog.

Algumas atividades que fui exercendo:

- Treinador de Futebol entre várias equipas a de maior destaque foi o Lourosa na 3.ª e 2.ª Divisão Nacional.

- Fui Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira durante 8 anos.

- Fui Representante da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira na CPCJ de Santa Maria da Feira onde exerci a função de comissário durante 8 anos e gestor de processos durante 5 anos, estes já depois de reformado.

- Dedico-me à fotografia e já fiz várias exposições, sendo que vou expor novamente a partir de 7 de dezembro, na casa da cultura de Avintes integrada nas propostas fotográficas da Associação Instantes.

- Pinto a Óleo e tenho vários trabalhos em diversas instituições de carácter Social.

- Toco Guitarra, Saxofone e Clarinete.

- Sou membro do Grupo Coral da Universidade Sénior de Espinho, onde resido atualmente.

Por hoje chega. Apenas atividades após o regresso da Guiné.

O antes da Guiné é tão rico como o pós Guiné.

Abraço.
Jorge Pedro


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4. Comentário do editor:

Caro Jorge Pedro,

Bem-vindo à tertúlia da nossa Tabanca Grande, um blogue onde os antigos Combatentes da Guiné, e não só, convivem em sã camaradagem, quer publicando as suas memórias escritas e em fotos, quer comentando os postes publicados por terceiros.

Os nossos propósitos, enquando depositório da história contada na primeira pessoa pelos combatentes da Guiné, estão patentes na aba lateral da nossa página. Contamos por isso com a tua colaboração, sendo que pelo que referes, tens muito para nos contar. Os antigos militares que por aqui convivem há largos anos, assim o podemos afirmar já que o blogue tem a bonita idade de quase 25 anos, disseram praticamente tudo o que tinham para dizer. Os camaradas que chegam de novo são, por isso, a esperança de novas estórias, experiências e fotografias.

O tempo que lá viveste foi já o do "fim do império", em contraponto com a maioria da tertúlia, composta por combatentes dos anos 60.

Muito obrigado pela tua apresentação "civil", muito completa, que transparece uma personalidade multifacetada. És um homem dos sete instrumentos, embora só toques três musicais, porque fizeste e fazes de tudo, como profissional e nas artes. A propósito, ficamos ao teu dispor para publicitar as tuas actividades culturais.

O nosso editor vai com certeza dedicar-te algumas palavras de boas-vindas, eu serei o teu "padrinho" já que te recebi.

"Administrativamente" ficas com o lugar nº 96 da nossa tertúlia, como os anteriores, também à sombra deste frondoso poilão.

Ficamos por aqui, nos endereços que te indiquei, para qualquer dúvida que te possa surgir. Os teus trabalhos para publicação devem ser enviados simultaneamente para o editor Luis Graça e para mim, para que tenhas a certeza de que um de nós te vai ler.

Aproveito para te pedir, que dentro dos possíveis, as tuas fotos venham com um pouco mais de resolação para que as possamos editar com a melhor qualidade possível. E também pedir para não te esqueceres de mandar à parte as legendas para as mesmas, indicando, pelo menos, o local, a data, a circunstância e os retratados

Termino, enviando-te um abraço colectivo de toda a tertúlia, incluindo os editores.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26189: Fotos à procura de... uma legenda (188): é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização, diz o fotógrafo, Morais Silva, cap art, cmdt da CCAÇ 2796, Gadamael, em finais de 1971

 

Foto nº 20


Foto nº 20A


Foto nº 20B


Foto nº 20C

Guiné > Região de Tombali > s/l > 1971 > Vista aérea de um reordenamento, talvez entre Catió e Cufar.



Foto s/n (1)


Foto s/n (2)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1971 > Vista aérea do reordenamento de Gadamel e da pista de aviação (em 1), e com maior detalhe (em 2).

Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Carta de Bedanda (1956) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bedanda, rio Cumbijã e, a sudoeste, Cufar, Mato Farroba, Ilhéu de Infandre e Príame (Catió).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Cor art ref Morais da Silva: (i) cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas); (ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga;  adjunto do COP 6, em Mansabá;  (iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974; (iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.



1. A foto nº 20 é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização.  jlJá vimos que:

(i)  a nº 30 diz respeito a Cacine; 
(ii) as nºs 23 e 25 são de Catió; 
(iii) e a nº 29 é referente a Cabedu (*)...

O fotógrafo diz que a foto nº 20 pode ter sido tirada a um reordenamento dos arredores de Catió. As fotos nºs 23 e 25 não mostram a pista de aviação de Catió (que ficava a noroeste da vila e quartel de Catió).

Recorde-se que o cor art ref Morais Silva andava a "rearrumar" fotos do seu álbum da Guiné. Mas tinha umas tantas, sem legendas... E pediu-nos "ajuda"...

São vistas aéreas, tiradas de avioneta quando um dia, em finais de 1971, foi fazer uma visita de cortesia, camaradagem e amizade ao Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), cmdt da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (precocemente falecido, com o posto de maj gen ref).

Na altura, ele comandava, desde janeiro de 1971, a CCAÇ 2796, os "Gaviões", em Gafamael. Deixou ao cuidado dos seus homens o aquartelamento de Gadamael. A caminho de Catió tirou umas tantas fotos ("slides"), incluindo umas quatro ou cinco do quartel e reordenamento de Gadamael.

Reconstituindo o seu percurso de avioneta (DO 27 da FAP ou Cessna dos TAGP), já vimos que:

  • ele seguiu para sul, ao longo do rio Cacine;
  • sobrevoou Cacine (foto nº 30);
  • atravessou a península de Cubucaré (que é delimitada pelos rios Cacine e Cumbijã);
  •  tirou uma foto ao destacamento de Cabedu (nº 29);
  • e chegou finalmente a Catió (fotos nºs 23 e 25).

Recorde-se que, na altura, em finais de 1971, o PAIGC ainda estava fortemente implantado no Cantanhez. A reocupação da península de Cubucaré começa só em finais de 1972 (Op Grande Empresa), não havendo aqui, até então, reordenamentos feitos pela NT.

Onde terá sido, pois, tirada esta última foto (nº 20) ? Catió, Príame, ilhéu de Infandre, Mato Farroba, Cufar, na margem direita do rio Cumbijã ?

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 20 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26171: Fotos à procura de... uma legenda (187): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cabedu... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

Vd. postes anteriores:

18 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26163: Fotos à procura de... uma legenda (186): O "gavião" que perdeu, não a "pena", mas... as legendas das fotos nº 23 e 25 do seu álbum... Ele pergunta se será Catió (...falamos do cor art ref Morais Silva)

17 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26161: Fotos à procura de... uma legenda (185): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cacine... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

16 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26159: Fotos à procura de... uma legenda (184): Vistas aéreas de guarnições militares, povoações, tabancas e reordenamentos da Região de Tombali (Morais Silva, cor art ref, ex-cmdt, CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)