
1. Henrique Pereira Rosa: nasceu em Bafatá, em 18 de janeiro de 1946, e morreu no Porto, a 15 de maio de 2013. Foi um comhecido (e bem sucedido) empresário no seu tempo. Mas também político, tendo exercido as funções de Presidente da República, interino, da Guiné-Bissau de 2003 a 2005. Tinha a dupla nacionalidade, guineense e portuguesa.
Poucos sabem, na Guiné-Bissau, no entanto, que "no tempo da outra senhora" foi furriel miliciano de operações especiais (EA), do exército portuguès, na CCAÇ 2614 / BCAÇ 2892 (Nhala e Aldeia Formosa / Quebo, 1969/71) (*)
Infelizmente só temos meia-dúzia de referências a esta subnunidade. a CCAÇ 2614,. "Os Resistentes de Nhala"
2. Com base nas informações dos nossos camaradas Francisco Barroqueiro e Manuel Amaro (MA) (este, ex-fur mil enf, CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971), sabemos mais o seguinte sobre o Henrique Rosa e a sua vida (**):
(i) o Henrique Rosa, falecido no dia 15 de maio de 2013, no Hospital de S. João, no Porto, era um cidadão guineense, de origem portuguesa;
(ii) foi furriel miliciano de infantaria, com a especialidade de Operações Especiais, da CCAÇ 2614 / BCAÇ 2892 (Nhala e Aldeia Formosa / Quebo, 1969/71);
(iii) "conheci-o em Évora, antes do embarque [do batalhão]; e aí começamos a construir uma relação de amizade, que se manteve ao longo de toda a comissão de serviço" (MA);
(iv) "era um jovem desportista, com uma cultura política e social muito acima da média, no nosso escalão etário; gerador de consensos, coisa tão necessária, naquele tempo, tal como hoje" (MA).
Uma vez terminado o serviço militar,
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Kumba Yalá (1953-2014) |
empresarial, na Guiné. Residia em Bissau. Em 2003, os autores do golpe de Estado, de 14 de setembro, liderado pelo Veríssimo Correia Seabra, que derrubou Kumba Ialá, convidaram-no (e ele aceitou) a desempenhar o cargo de Presidente da República, a título interino, e como independente, no período de transição até às eleições de 2005 (de 24 de setembro de 2003 a 1 de outrubro de 2005).
Desempenhou esta missão, com nobreza e sentido cívico, para mais sendo um católico praticante. Ajudou o país nessa fase difícil de transição. Tinha a vantagem de ser independente, não pertencer ao PAIGC nem a nenhum outro partido.
Sucedeu-lhe o 'Nino' Vieira (2005-2009) (independente). Contra a sua vontade, e por insistência de amigos, candidatou-se, ainda por duas vezes (2009 e 2012), ao cargo de presidente da república, mas não foi eleito.
Um problema grave de saúde (cancro no pulmão), que tratava em Portugal, no Hospital de São João, levou-lhe a vida, no dia 15 de maio de 2013. O corpo foi trasladado para a Guiné-Bissau.
3. Da Internet Archive, recuperámos mais a seguinte informação sobre o Henrique Rosa
O Comité militar que liderou o golpe de Estado de 14 de setembro de 2003, criou um comité "ad-hoc" entre personalidades civis e militares que indicasse um nome para ocupar o cargo de Presidente da República de Transição até à realização de eleições Presidenciais, sugeridas, em princípio, para Março de 2005.
Coube ao Bispo de Bissau, D. José Câmnate Na Bissign, liderar este comité que, escolheu e propôs o nome de Henrique Pereira Rosa para o cargo solicitado.
A escolha de Henrique Pereira Rosa foi consensual no seio do Comité Militar bem como na sociedade civil guineense, tendo tomado posse como Presidente da República de Transição a 28 de setembro de 2003.
Biografia apresentada no acto do anúncio público da candidatura:
Henrique Pereira Rosa nasceu a 18 de janeiro de 1946, em Bafatá, leste da Guiné-Bissau, é casado com a senhora eng.ª agrónoma Maria Rosa Robalo e pai de 5 (cinco) filhos. Concluiu o 3º ciclo do ensino liceal (antigo 7º ano dos liceus) em Bissau, com elevadas classificações.
Domina a Língua Portuguesa, exprime-se fluentemente em Francês e razoavelmente em Inglês.
Começou a trabalhar muito cedo e foi na vida activa que foi consolidando a sua formação profissional. Foi funcionário público - serviços de fazenda, de 1965 a 1971.
É empresário do sector de seguros marítimos (agente das seguradoras: Lloyd’s of London, da Grã-Bretanha, e Cesam, da França), comércio internacional e agropecuária.
Para além de frequentar diversas formações e estágios em matéria de gestão e de comércio internacional, tem uma larga e diversificada experiência política, empresarial, desportiva e social.
- Foi Presidente da República de Transição de 28 de setembro de 2003 a 1 de outubro de 2005;
- É Presidente do Conselho da Aliança para a Refundação da Governação em África – 2006;
- É Presidente da Assembleia-Geral da Associação Empresarial da Zona Industrial de Brá - AEZIBRA;
- É Presidente da Assembleia-Geral da Companhia Guineense de Seguros (Guinebis), desde 2000;
- É Presidente da Assembleia-Geral do Sport Bissau e Benfica;
- É Membro Fundador do Fórum dos Antigos Chefes de Estado e Governos Africanos (Fórum África);
- É Membro Fundador da Rotary Club de Bissau, sendo Paul Harris Fellow e Past President;
- É Membro Honorário da Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau;
- É Membro do Conselho de Administração da Caritas Guiné-Bissau;
- Foi Presidente do Conselho de Administração da FUNDEI (Fundação Sueca e Guineense para o Desenvolvimento Industrial) de 1995 a 2003;
- É Cônsul Honorário da República da Costa do Marfim;
- Foi Presidente da Direcção do Sport Bissau e Benfica de 1986 a 1997;
- Foi Vice-Presidente da Associação Industrial da Guiné-Bissau (AIGB);
- Foi Cônsul Honorário da Bélgica de 1980 a 1992;
- Foi Director Executivo da Comissão Nacional de Eleições, nas primeiras eleições presidenciais e legislativas realizadas no país em 1994;
- Foi Coordenador, a partir de outubro de 1998, do CAPAZ (Comité Ad-hoc da Sociedade Civil para a Paz), o primeiro Movimento da Sociedade Civil guineense encarregado de restabelecer a paz na Guiné-Bissau em consequência da crise político-militar que atingiu o país de 1997 a 1998;
- Foi um dos Governadores da Fundação Rural da África Ocidental (FRAO), com sede em Dacar, Senegal;
- Foi Membro do Conselho Inter-Diocesano de Projectos;
- Foi Membro do Conselho dos Assuntos Económicos da Diocese de Bissau;
- Foi distinguido pela República da Costa do Marfim com as Insígnias de Comendador da Ordem Nacional da Costa do Marfim;
- Foi distinguido pela República da França com as Insígnias da Legião de Honra
Fonte: Henrique Rosa para Presidente (eleições de 28 de junho de 2009)
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