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quarta-feira, 26 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26618: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (8): Grande coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade, a da Rosa Exposto!..


As enfermeiras paraquedistas, da esquerda para a direita, Maria Rosa Exposto  (*) e Maria La Salette. Imagem obtida a partir de foto de grupo, da autoria de Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). O Fernando Miranda é membro da União Portuguesa dos Paraquedistas (grupo público no Facebook, entretanto suspenso desde 16/1/2023). 


Edição do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025), com a devida vénia..


 
1. Os riscos que corriam as nossas enfermeiras paraquedistas não eram poucos nem pequenos.  Riscos para a sua saúde e segurança no palco de guerra... Riscos físicos e psicológicos (e, em menor grau, químicos e biológicos, já que lidavam com sangue, derivados do sangue e produtos de primeiros socorros usados a bordo)...  Riscos não só por andarem de avião, de serem atingidas pelo fogo do IN ou de sofrerem um acidente em terra ou no ar, como sobretudo devido à  exposição a situações de grande stress, durante as evacuações de doentes e de feridos graves,  tendo que saber lidar com a vida e a morte, a dor e o sofrimento, a violência e o descontrolo emocional dos evacuados,  etc.

Este relato da Maria Exposto, transmontana de Bragança, ex-alf grad enf pqdt, do 4º Curso (1964), é bem revelador das situações mais insólitas e imprevistas que podiam ocorrer... Era preciso muita coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade ...

 Grande mulher e grande profissional, a Rosa Exposto,  que soube salvar uma vida ou mais do que uma... na situação a seguir descrita.

Este caso devia fazer parte da "casoteca" das nossas escolas que formam profissionais que têm de lidar com distúrbios emocionais, crises e outros conflitos podendo pôr a risco a vida do próprio e de terceiros: polícias, militares, bombeiros, médicos, enfermeiros, psicólogos, etc.

A situação descrita (um distúrbio emocional, ou "transtorno de ansiedade",   frequente e muitas vezes associado ao álcool nos quartéis do mato)  podia ter redundado em tragédia como aconteceu noutros sítios. É pena não podermos identificar o local e a subunidade. 

A Rosa  diz-nos apenas que foi "algures na Guiné",  e o quartel  (talvez provavelmente um destacamento) era tão pequeno que nem tinha um pista de aterragem para uma avioneta, nem talvez sequer um heliporto. (**)

No fim "tudo acabou em bem", mas ela confessa, com toda a humildade, que sentiu muito medo e suores frios quando se apercebeu do que estava em jogo... Um homem perturbado e com uma arma na mão é sempre imprevisível...



Fonte: Excerto de "IX. Os riscos que corríamos". In: "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp.  302-302 (com a devida vénia).

(Seleção, digitalização, edição da foto, título do poste: LG)


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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

25 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26614: Desaparecido do nosso radar (3): Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista, do 4º curso (1964)... Tudo indica que tenha ficado, como enfermeira civil, na FAP.

15 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26392: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (2): O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ?... "Nunca vos esqueci nem esquecerei", escreveu ela em depoimento para o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed., 2014, pág. 403)

(**) Último poste série > 13 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26578: Nunca tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (7): Cristina Silva, ten grad enf pqdt, a única das 46 que foi ferida em combate

quinta-feira, 13 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26578: Nunca tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (7): Cristina Silva, ten grad enf pqdt, a única das 46 que foi ferida em combate

Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > No hall do Grande Auditório, a realizadora, Marta Pessoa, e a uma das participantes, a ex-enfermeira paraquedista, tenente graduada, Cristina Silva, ferida em combate em Moçambique.

 Foto (e legenda): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. A Maria Cristina Silva, tenente graduada enfermeira pqdt, foi a única, das 46 que prestaram serviço na guerra do ultramar / guerra colonial, que foi ferida em combate (em 1973, durante uma evacuação, no TO de Moçambique, na região de Mueda, alvejada com um tiro na cabeça que, felizmente, não foi fatal) (*). 

É uma história de guerra que, apesar de tudo, tem um feliz como ela já cá nos contou, quer no filme de Marta Pessoa, "Quem Vai à Guerra" (Portugal, 2011), quer no depoimento para o livro "Nós, as Enfermeiras" (coord ed. Rosa Serra, Porto, Fronteira do Caos, 2014).

Vale a pena dar a conhecer, para um público mais vasto, esse testemunho na 1ª pessoa. Ainda hoje ela guarda a bala que os médicos lhe extrairam da cabeça. Aliás, mostrou-o no filme. É agora um talismã. 

O cartaz do filme reproduz uma das fotos do seu ãlbum.





Quem Vai à Gerra (Portugal, 2011) > Ficha Técnica: Realização > Marta Pessoa
| Direcção de Fotografia > Inês Carvalho | Cenografia > Rui Francisco | Montagem > Rita Palma | Direcção de Som > Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia | Maquilhagem > | Eva Silva Graça | Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe | Direcção de Produção > Jacinta Barros | Produtor > Rui Simões | Produção > Real Ficção



Moçambique > c. 1973 > Cristina Silva > A única enfermeira paraquedista que foi ferida em combate...



Foto (e legenda): Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzido com a devida vénia)... Legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné










Excerto de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 289-2901 (com a devida vénia). 
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Nota do editor:

(*) Último poste da série >  12 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26575: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (6): Homenagem às enfermeiras paraquedistas em livro recente sobre a "História da Enfermagem em Portugal"... Por sua vez, reproduzimos excerto de um depoimento de Aura Teles sobre a morte da fur grad enfermeira pqdt Maria Celeste Ferreira da Costa (Tarouca, 1945 - Bissalanca, 1973)

quarta-feira, 12 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26575: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (6): Homenagem às enfermeiras paraquedistas em livro recente sobre a "História da Enfermagem em Portugal"... Por sua vez, reproduzimos excerto de um depoimento de Aura Teles sobre a morte da fur grad enfermeira pqdt Maria Celeste Ferreira da Costa (Tarouca, 1945 - Bissalanca, 1973)




Capa  de "História da Enfermagem em Portugal (1143 - 1988). Ed lit: Ana Pires, Ana Paula Gato, Analisa Candeias, Carlos Subtil, Constança Festas, Lucília Nunes,  Paulo Queirós, Rui Costa. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2025, 301 pp. 


1. Com a contribuição de duas dezenas de autores  (quase todos enfermeiros, doutores e mestres em enfermagem ou outras áreas da saúde), publica-se a primeira história da enfermagem portuguesa, abarcando oito séculos. 

Independentemente de uma posterior nota de leitura mais extensa e aprofundada, registe-se aqui o evento editorial e a estrutura da obra, dividida em duas partes: 

(i)  a "história de longa duração" (Parte I: dos primórdios da nacionalidade até ao 25 de Abril de 1974k pp. 19-143);  

(ii) a historiografia focada nos espaços de prestação de cuidados e  de formação, nas questões de géneros, na assistência a populações específicas e na assistência em cenários de guerra e de catástrofe (Parte II, pp. 1147-292).

É nesta Parte II que vamos encontrar um pequeno capítulo (todos eles são sintéticos) dedicado  às enfermeiras paraquedistas, da autoria de Ana Paulo Gato (pp. 210-215) (que é doutorada em saúde pública pela Universidade NOVA de Lisboa  e professora coordenadora da Escola Superior de Saúde / IP Setúbal). 

O artigo  não traz nada de novo, é uma compilação de várias fontes, em todo o caso dá-se o devido destaque ao pioneirismo das 46 enfermeiras que não só saltaram em paraquedas e cumpriram missões em teatros de guerra, como também "saltaram" para a história das mulheres portugueses.

Cite-se apenas este parágrafo: 

"Enfrentando a desconfiança do meio militar, as convençóes sociais sobre o papel da mulher, os preconceitos em relação as mulheres trabalhadores e independentes e até a oposição  e/ou preocupação das suas famílias e amigos, várias mulheres enfermeiras enfrentaram o desconmhecido e os múltiplos riscos associados à vida militar em tempo de guerra com um grande sentido de dever" (op. cit., pág. 212).


Moçambique > Vila Cabral> 1967 > A Cristina Silva (seria ferida em 1973, na sua segunda passagem por Moçambique)



Não é demais lembrar aqui as duas vítimas entre as 46 enfermeiras paraquedistas que passaram pelos diferentes teatros de operações: 

(i)  a Maria Cristina Silva (que foi ferida em combate, em 1973, durante uma evacuação, no TO de Moçambique, na região de Mueda,  alvejada com um tiro na cabeça que, felizmente, não foi fatal) (*);

(ii) a  Maria Celeste Ferreira da Costa (ferida mortalmente pela hélice de uma DO-27, em Bissalanca, em 10/2/1973) (**) 



Furriel graduada enfermeira paraquedista Maria Celeste Ferreira da Costa 
(Tarouca, 1945 - Bissalanca, Guiné, 1973)


No Cap IX ("Os riscos que corríamos"), do livro coletivo "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed.  (ed. Rosa Serra, Porto, Fronteira do Caos, 2014), há uma  descrição, sintética mas notável, da nossa camarada Aura Rico Teles, membro da Tabanca Grande, sobre o fatídico acidente que vitimou mortalmente a Celeste, na BA 12, Bissalanca, em 10 de fevereiro de 1973. 

É uma pequena história, intensa, de dor, solidariedade e camaradagem entre mulheres e enfermeiras paraquedistas.  Repare-se na sua derradeira preocupação: (...) "decidimos as duas (eu e a Eugénia) começar a reconstruir-lhe a face e o ombro para que (...) partisse bonita como ela era.  Durante três horas foi esse o nosso trabalho" (...)

Publicamos um excerto, com a devida vénia. É também o contributo da Aura Teles para o blogue, para o qual entrou pela mão da Maria Arminda Santos. Tem 7 referências no blogue. (Além da Arminda e da Aura, sentam-se também à sombra do nosso poilão a Giselda e a Rosa Serra; a Ivone Reis, essa, infelizmente já faleceu em 2022).



A Maria Arminda (Setúbal) e a Aura Teles (Vendas NOvas), em visita ao navio-escola Sagres. S/d. Fonte:  Cortesia de Rui Manuel Soares, ex-paraquedista (Maia)


A morte da minha colega Celeste

por Aura Teles




Fonte: Excerto de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 304-305 (com a devida vénia). (***)

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Notas do editor:



sábado, 15 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26497: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (5): Em Mueda, no planalto dos Macondes, num dos piores cenários da guerra em Moçambique - Parte I (enf pqdt Maria de Lourdes Gomes)

Moçambique > Cabo Delgado > Mueda > Aeródromo de Manobra nº 51 (AM51) > s/d (c.1971/73)> "Casa onde morávamos, mesmo junto ao hospital, que é no local de onde foi tirada a foto e para onde o ferido está a ser transportado"  (pág.  199).



Moçambique > Cabo Delgado > Mueda > Aeródromo de Manobra nº 51 (AM51) > s/d (c.1971/73) > "Mueda, terra de guerra...bem no centro do planalto dos Macondes: era ali o centro da guerra no Norte de Moçambique... Era para o "hospital" militar de Mueda ("Enfermaria do Sector B") que eram evacuados todos os doentes e feridos em combate daquela região" (pág. 186).


Moçambique > Cabo Delgado > Mueda > Aeródromo de Manobra n- 51 (AM51) > s/d (c.1971/73) > "Vivíamos limitadas e em permanente contacto com o arame farpado" (...) "No AM51 era constante o movimento de aviões e helicópteros descolando e aterrando, a caminho ou no regresso  de missões (...). Assistíamos  também frequentemente , porque passavam perto de nós,  à partida ou à chegada de colunas militares que transportavam reabastecimentos ou que faziam o lançamento de unidades em operações de contraguerrilha em todo o planalto dos Macondes" (pág. 187).

(...) De todos os locais em que trabalhámos durante a guerra do Ultramar, foi aqui, sem dúvida, em Mueda, que nós mais sentimos a guerra, onde estivemos mais isoladas e pior instaladas, em que tivemos as piores condições de trabalho, e onde os riscos que corríamos eram permanentes, quer em terra quer no ar" (pág. 188).

Por Mueda passaram, entre outras, as  enfermeiras paraquedistas Rosa Serra (em 1973), a Maria de Lourdes (Gomes) (c. 1971/72), a Mariana Gomes (1973),  a Ana Gertrudes Ramalho (c.1972/72 ?), a Maria Cristina Silva (c. 1972/73 ?) (ferida por uma bala do IN, que se alojou na cabeça sem gravidade, felizmente)...  (Lamentavelmente não há fichas biográficas destas nossas camaradas; mas de um modo geral, passaram por mais de um TO: a Rosa Serra  e a Maria Arminda, por exemplo, passaram pelos três).

No entanto, a maior parte das histórias que as nossas camaradas enfermeiras paraquedistas  contam, e as mais intensas, são as passadas no TO da Guiné. De Mueda, parece ser a Maria de Lourdes Gomes quem tem mais memórias:  foi lá que conheceu o seu futuro marido, alferes piloto, hoje médico, cirurgião. Para já reproduzimos aqui o  seu depoimento ""Olhando para trás..." (pp. 425/426).





Maria de Lourdes Gomes, 2ª srgt grad, enfermeira paraquedista: é do 7º curso (1970),     que formou  8 enfermeiras... A sua primeira comissão foi em Angola (c. 1971).







Fonte: Texto e fotos: Excertos de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014) (com a devida vénia).

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Nota do editor:

Último poste da série > 


7 de fevereiro de 2025 > 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26470: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (4): "Meu amor, se depender de mim não morres aqui"... Palavras que me ficaram para a vida (Carlos Parente, natural de Viana do Castelo, ex-sold at inf, CCAÇ 1787)


Guiné > s/l (Bula ?) > 1968 > "De pé, o alferes Alberto,  municiador Azevedo (não sei o que é feito deste moço) e eu, apontador do morteiro 60".




Guiné > S/l > S/d > CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada, Quinhamel, 1967/69)... ) > O Carlos Parente.

Fotos da sua página do Facebook

Fotos (e legendas): © Carlos Parente (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Finalmente apanhamos, no Facebook da Tabanca Grande, um comentário, sincero, espontâneo, singelo, de agradecimento às nossas enfermeiras paraquedistas (*), por parte de um camarada nosso que foi helievacuado em 17 de janeiro de 1968, na zona de Portogole. 

Estamos a falar do Carlos Parente (**). nosso grão-tabanqueiro nº 889 (portanto, de entrada recente). Foi sold at inf, CCAÇ 1787 (1967/69),   foi gravemente ferido no decurso da Op Escudo Negro, a norte de Porto Gole, já na região do Oio, cerca de dois meses e meio depois de chegar ao CTIG..


Em louvor dos nossos anjos do céu


Olá,  boa gente, quando falamos em condecoração isso é para quem dá uns chutos numa bola ou canta umas cantilenas. Isto  com o devido respeito, claro, mas lembar aqueles que tombaram pela Pátria, melhor é esquecer... 

Tal como aquelas heroínas,  que ao lado de pilotos, paraquedistas,  vinham do céu como de verdadeiros anjos se tratasse para socorrer os soldados que rastejavam no mato. Tudo isto é gente de quem não se fala!

Aproveito para dar um abraço muito mas muito forte aquela que no dia 17 de janeiro de 1968 me socorria no mato entre Portogole e Mansoa,  depois de ter passado a noite ali única e simplesmente com o carinho possível dos meus irmãos de guerra que não esqueço nunca.... 

Quem sabe se essa linda jovem tem um diário e porventura venha a ler isto, eu fui apanhado por uma detonação de uma armadilha que me deixou desventrado com fraturas várias,  mas como de noite não haavia socorro aéreo,  fiquei toda a noite a pedir a Deus que não me deixasse morrer ali tão longe de todos que amava. E essa enfermeira,  como que adivinhasse,  a primeira coisa que me disse foi: "Meu amor,  se depender de mim não morres aqui"...  

Sei que já não conseguia falar mas estava lúcido e estas palavras ficaram para a vida. Depois de mais de um ano de internamento e muito sofrimento,  ainda vou estando por cá, por vezes com limitações mas estou cá. 

Abraço grande para todos que me estão a aturar e não esqueço essas lindas jovens que em condições tão difíceis nos ajudavam e que ninguém fala nelas, perdoai este chato. 

Fonte: Facebook da Tabanca Grande Luís Graça, 6 de fevereiro de 2025, 10:37

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Notas do editor:


14 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26388: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (1): Uma portuguesa, mulher de um furriel, perdida num aquartelamento do Nordeste... (Giselda Pessoa)

(**) 21 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25667: Tabanca Grande (559): Carlos Parente, ex-sold at inf, CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada e Quinhamel, 1967/69). vive em Viana do Castelo e senta-se agora à sombra do no nosso poilão, no lugar nº 889

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26420: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (3): Estimativa: podemos apontar para 2,6 evacuações, em média, por dia, só de militares gravement feridos, entre princípios de 1963 e meados de 1974 ?


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1 de janeiro de 1970 > Quem seria a enfermeira paraquedista que, nessa manhã, a do primeiro dia do novo ano de 1970, veio de DO 27 para tentar salvar o Sambu, do Pel Caç Nat 52 ?  Tanto pode ter sido a Maria Ivone como a Rosa Serra, que nesse dia estava de serviço mas, que nos informou, nunca usou pulseira (para mais na mão esquerda).



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1 de janeiro de 1970 > O fotógrafo, o Jaime Machado,  estava lá!... Uma enfermeira paraquedista prepara o moribundo Uam Sambu para a evacuação para o HM 241...  O camarada, de costas, com o camuflado todo ensanguentado é o Mário Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat  52,   À saída da Missão do Sono, em Bambadincazinho, reordenamento a  escassas centenas de metros do quartel de Bambadinca, o Sambu foi vítima de um grave acidente com arma de fogo que lhe custou a vida.  Apesar da evaciação Y, ele irá morrer na viagem, tal a gravidade do do seu estado. (`De pé, em tronco, por detrás da enfermeira que está debruçada sobre o ferido, reconheço o Fernando Sousa, o 1º cabo aux enf, fa CCAÇ 12).

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  1 de janeiro de 1970 >  Outro pormenor dos primeiros socorros que foram prestados ao Sambu antes de ser evacuado. Era médico do batalhão o Vidal Saraiva, já falecido. À esquerda do Beja Santos, de camuflado ensanguentado (pelo transporte, às costas, do gferido), sob a asa do DO 27, com a mão direita à cintura, em pose expectante, o fur mil enf da CCAÇ 12, o João Carreiro Martins. Ao fundo estão camaradas do infortunado Sambu, do Pel Caç Nat 52.

Fotos: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Queridas senhoras enfermeiras paraquedistas, boas amigas, camaradas e grã-tabanqueiras Giselda, Arminda, Rosa, Aura:

Não importa que um deus menor tenha ordenado a vossa extinção, há 40 anos atrás...Ou que a tropa vos tenha maltratado... Uma vez enfermeiras pqdt, enfermeiras pqdt para a vida...

Ninguém ficará com ciúmes com este título antológico aplicado a vocês... Se pensarem nas vidas que ajudaram a salvar (nos 3 TO), não é nenhuma "boutade", ou enormidade, dizer-que, no vosso caso, "Nunca tantos ficaram a dever tanto a tão poucas", parafraseando o grande estadista inglês Winston Churchill...

Vocês foram 46, e agora são bem menos... Há saberes que se perderam irremediavelmente com a extinção do corpo de enfermeiras paraquedistas... Saber-ser, saber-fazer, saber-estar...Na guerra, nos cuidados de saúde aos feridos,  militares e civis, a bordo do AL III ou da DO-27, no hospital, no quartel, na base, no mato, na cidade...

No vosso livro coletivo (que faz inveja a outros "corpos" que não conseguiram fazer nada parecido, por exemplo, os médicos, os capelães...), vêm ao de cima muitas dessas competências cognitivas, técnicas, relacionais, humanas, psicossociais... imprescindíveis a um profissional de saúde, na paz e na guerra,,,

Vocês ainda "não fecharam o livro", e até aos 100 (!) ainda irão surgir, bem "espremidinhas", outras histórias, memórias, "cenas"... Penso que faltam sobretudo histórias "sobre" vocês, contadas por nós...Daí o duplo desafio desta série, que tem um título que até pode parecer provocatório...

Andamos todos a "rapar" os baús da memória...Mas a questão não é tanto a falta de material como a "mudança de perspetiva"...Os acontecimentos, os factos, as situações, os lugares, as pessoas, etc. não têm uma única e definitiva leitura...Por isso, "não deitem nada fora", por enquanto...Tudo pode ser "reciclado"...

Será que vamos conseguir material para uma boa dúzia de postes ? O blogue precisa, e vocês merecem o palco (e a nossa gratidão)...

Boa continuação da caminhada pela "picada da vida", agora mais minada e armadilhada... Sobretudo, saudinha.


2. Quantas evacuações terão feito as nossas enfermeiras paraquedistas no TO da Guiné, entre 1962 e 1974 ? (1962 foi o primeiro ano em que se regista a presença de uma enfermeira paraquedista, a Maria Arminda,  no CTIG, aonde chegou em julho,  e a Eugénia, a seguir, quinze dias depois: foram elas que assistiram aos primeiros feridos da guerra, evacuados em Tite, em 23 de janeiro de 1963).

Impossível saber o número de evacuações sanitárias realizadas por elas, embora se possa tentar estimar, com a ajuda delas (enfermeiras) e deles (pilotos e especialistas  da FAP)...

É uma pena que a FAP não tenha esses registos. Ou se tenham perdido. Ou não possam ser discriminadas as evacuações sanitárias dos restantes transportes de pessoal. (E se calhar até tem, é uma questão de ir procurar...)

Sabemos que o HM 241, em Bissau, tinha uma razoável capacidade de internamento: 320 camas.  Sabemos que no TO da Guiné,  se terão registado (só entre as NT)

  • 2854 mortos (dos quais 1717 em combate);
  • 9400 feridos graves (7200 em combate e 2200 em acidentes)
O Pedro Marquês dos Santos, no seu livro "Os números da guerra dce África" (Lisboa, Guerra e Paz Editores, 2021), que estamos a citar,  diz que  rácio na Guiné foi de 1 morto para 3,6 feridos graves (superior ao rácio de Angola, 3,2, e de Moçambique, 1,4) (pág. 143).
  • e perto de 20 mil feridos ligeiros, segundo rácio 1 morto / 3 feridos graves e 1 morto / 10 feridos ligeiros: no entanto, para a Guiné, estimam-se em 34 mil o número de feridos.
Em teoria poderíamos apontar para cerca de 10 mil evacuações, ao longo de 11 anos e meio de guerra  (princípios de  1963 / meados de 1974) (c. 3800 dias), o que daria, grosso modo, 2,6 evacuações de militares feridos gravemente durante o conflito...Os mortos em princípio não podiam "roubar" lugar aos vivos, no heli ou na DO-27, mas também eram evacuados nalguns casos.

Mas faltam também aqui as evacuações de feridos e doentes da população civil bem como dos guerrilheiros do PAIGC, aprisionados pelas NT e feridos... Impossível saber quantas foram.

Por outro lado,  também não sabemos quantas enfermeiras paraquedistas (46 ao todo, de 1961 a 1974, nos 3 TO) poderiam  estar em média na BA 12, em cada ano...

Num recente poste que publicámos com dados sobre transportes (aéreos e marítimos) do BCAÇ 1860 (Tite, abril 65/ abril 67), ficámos a saber que houve as seguintes evacuações sanitárias (no setor S1, neste período de tempo):

A = 6
B= 28
Y = 10

Achamos pouco para um batalhão que teve 16 mortos e 6 "desaparecidos em combate" (**)... 16 mortos a multiplicar pelo rácio 3,6, daria cerca de 58 feridos graves... Ora durante a comissão só terá havido 10 evacuações Y... (podendo o heli ou a DO-27 levar duas macas).

Recorde-se que havia três tipos de códigos para as evacuações sanitárias

  •  Tipo A;  militares ou civis  com necessidade de serem evacuado para o hospital: (i) no mesmo dia do pedido; (ii) ou no dia seguinte; (iii) para consulta urgente; (iv) não exigindo a presença de enfermeira;
  • Tipo B: (i)  transporte para consultas ou tratamentos programados (anteriormente, pelo próprio hospital), de modo a dar continuidade à vigilância ou tratamento em curso;  (ii) não exigia a presença de enfermeira;
  • Tipo Y (ou "Zero Horas", em Moçambique): (i) a mais urgente; (ii) de execução imediata; (iii) feita em helicóptero ou avioneta, passível de aterrar em pequenas pistas de mato; (iv) o ferido precisava logo de levar soro e/ou sangue; e (v) era  obrigatório uma enfermeira a bordo.

Na carlinga do pequeno Dornier DO-27  e na caixa (acanhada) do heli AL III as enfermeiras só tinham espaço para colocarem duas macas sobrepostas. Como equipamenmto dispunham ainda de um gancho ou argola no teto onde se pendurava o frasco de soro.

O essencial da tarefa da enfermeira podia resumir-se ao controlo de três parâmetros:

 (i) conseguir combater o choque, repondo a volémia (aumento de líquidos circulantes), e tentando ao máximo  mantê-la estável;

 (ii) aliviar a dor; 

e (iii)  manter as vias aéreas respiratória permeáveis. 

Mantendo estes 3 parâmetros sob controlo, havia maiores probabibilidades dos feridos ou doentes chegarem com vida ao HM 241 e serem de imediato intervencionados  no hospital e no bloco operatório. 

Claro que havia outros casos, em que era  preciso muito cuidado no manuseamento e posicionamento dos feridos,muitos deles com hemorragias muito ativas e graves traumatismos músculo-esqueléticos. (Fonte:  adapt. de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira; Porto: Fronteira do Caos, 2014,   pág. 214).

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(***) Último poste da série > 15 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26392: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (2): O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ?... "Nunca vos esqueci nem esquecerei", escreveu ela em depoimento para o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed., 2014, pág. 403)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26392: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (2): O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ?... "Nunca vos esqueci nem esquecerei", escreveu ela em depoimento para o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed., 2014, pág. 403)


Guiné > Região do Oio > 
Jumbembem > CART 730 (1964/66) e CCAÇ 1565 (1966/68) > Domingo, 10 de julho de 1966 > Um dia trágico: pormenor da evacuação do cap mil inf Rui Romero, na foto a ser transferido para a maca do helicóptero Alouette II... A enfermeira paraquedista é (pou parece ser)  a alf Maria Rosa Exposto. (*)

Em primeiro plano, de costas, e quico na mão, o 1.º cabo operador cripto Florival Fernandes Pires, natural de Portalegre, que foi, com o Artur Conceição, sold trms, uma das primeiras testemunhas das circunstâncias trágicas em que morreu o cap mil inf Rui Anónio Nuno Romero, cmdt da CCAÇ 1565, de 32 anos, casado, pai de 2 filhas menores, natural de Portalegre, residente em Lisboa, filho de pai militar, desenhador de construção civil a frequentar o curso de arquitetura quando foi chamado para o curso de capitães.

O Artur Conceição estava a 2 metros do local da tragédia. Embora já cadáver, o corpo do malogrado oficial foi levado de helicóptero para o Hospital Militar de Bissau  e o funeral realizou-se um mês e tal depois em Lisboa, no cemitério do Alto de São João. A enfermeira na foto parece ser a Rosa Exposto, do curso de 1964, segundo apurámos junto do nosso camarada Miguel Pessoa e das nossas camaradas enfermeiras paraquedistas Giselda Pessoa e Maria Arminda.

A CCAÇ 1565 foi mobilizada pelo RI 1, partiu para o TO da Guiné em 20/4/1966, e regressou a 22/1/1968. Esteve em Bissau, Jumbembem, Canjambari e Bissau. Comandantes, além do cap mil inf Rui António Nuno Romero: cap inf José Lopes e cap mil inf José Alberto de Sá Barros e Silva (vivia em Lisboa em 2007).

Por sua vez, a CART 730 / BART 733, foi mobilizada pelo RAL 1, partiu para o TO da Guiné em 8/10/1964, e regressou a 14/8/1966. Pasou por Bironque, Biossorã, Jumbembem e Farim, Foi seu comandante o cap art Amaro Rodrigues Garcia. O BART 733 esteve em Bissau e Farim.

Foto ( e legenda): © Artur Conceição (2007). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).

Maria Arminda Santos: (...) "A partir daí a guerra na Guiné estava instalada e assim que foi possível fomos colocadas na Base de Bissalanca, para o início das evacuações aéreas com enfermeiras. Havia os aviões Auster e os helicópteros Alouette II; nestes não nos era possível acompanhar de perto os feridos, os quais eram transportados fora do helicóptero, numa espécie de caixas colocadas por cima dos patins do heli, uma de cada lado. Nos Auster a maca quase entrava pela cadeira ao lado do piloto e na cauda do avião.

"Felizmente mais tarde chegaram os DO-27 e os Alouette III, onde passámos a fazer inúmeras evacuações, adaptando e modificando os meios sanitários e a nossa actuação, com a finalidade de uma mais eficaz prestação de cuidados aos feridos, os quais iam sendo cada vez em maior número. Infelizmente tivemos que chegar a fazer evacuações no Dakota, quando havia ao mesmo tempo muitos feridos e a pista era adequada para a sua aterragem." (...)  (**)

Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista

Brevet nº 2846, 26-4º enf nov 64




1. O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ? Há tempos correu, por aí,  pelos "mentideros" das redes sociais, a notícia da tua morte... O que nos deixou sobressaltados... Boato ? Mentira ? Verdade ? Quem desejaria a tua morte, a ti, que salvaste tantas vidas ?!... 

Mas nenhuma das tuas antigas camaradas (a Rosa Serra, a Maria Arminda, a Giselda...) puderam confirmar ou infirmar essa infeliz notícia, que esperamos, de todo o coração, seja falsa.

Infelizmente, não temos dados biográficos detalhados sobre ti, Rosa. Não sabemos onde vives. E o que é feito de ti... Havia três enfermeiras paraquedistas com o nome ou apelido Rosa: 

  • a Rosa Serra (que é membro da nossa Tabanca Grande, minhota de V. N. Famalicão);
  • Maria Rosa Mota (com o casamento, Maria Rosa Mendes) (que vive em Faro, presumindo nós que é algarvia);
  • e tu, Maria Rosa Exposto (transmontana de Bragança, dizem-nos).
Sabemos que fizeste  a tua primeira comissão na Guiné. Como alferes graduada. Estiveste com a Maria Arminda. Republicamos acima  uma foto em que tu apareces na evacuação do cap mil inf Rui Romero, "vítima de acidente com arma de fogo", em 10 de julho de 1966. 

É muito provável que depois da Guiné tenhas passado também pelos TO de Angola e Moçambique. E, tudo indica, pelos dois ou três teus escritos (no vosso livro, "Nós, enfermeiras paarquedistas", 2ª ed., 2014) que tenhas voltado à Guiné em 1969.

Não sabemos a que curso pertenceste mas deverá ter sido o 4º curso (1964) (o 5º Curso é já de 1966). Segundo tu própria nos contas, no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas", a tua "primeira comissão foi na Guiné, após um pequeno 'estágio' nos Açores" (pág, 175). Não dizes o ano, mas terá sido em 1966, a avaliar pela foto que nos mandou o nosso camarada Artur Conceição (que vive na Amadora, ex-sold trms, CCAÇ  730, 1964/66).

Sabemos que és transmontana de Bragança. E estudaste enfermagem em Coimbra (pág. 175), na então Escola de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca (hoje integrada, desde 2004, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra).

A Rosa Serra (que foi a corrdenador do vosso livro) não também não me soube responder a algumas questões que lhe pus a teu respeito. Sabe que tu eras mais velha (a Rosa Serra nasceu en 1946, tu provavelmente em 1942). E, há uns anos atrás, quando te telefonou, ficou a saber que já eras viúva e tinhas um filho. A Maria Arminda não falava  contigo  há um ano. Sabia que vivias para os lados de Portalegre. 

Também não sabemos qual era o teu apelido de casada. Mas tudo indica que o teu nome completo seja Maria Rosa Exposto Olivença.  Encontrei-o no "Diário da República" (II Série, nº 168, de 24/7/1986): foste promovida, por progressão na carreira, desde 1/1/1986, à categoria de enfermeira de grau 1, 3º escalão, do quadro geral do pessoal civil da Força Aérea... Terás lá ficado até quando ? 

Participaste  no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2014). Desse livro vamos destacar o seu testemunho de vida (pág. 403).

Não te conhecemos pessoalmente. Mas queremos que te juntes a nós, com os amigos e camaradas da Guiné, queremos que se sentes à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, ao lado da Giselda, da Rosa Serra, da Maria Arminda, da Aura Teles e da Ivone Reis (que infelizmente já morreu em 2022).

Recordemos que terminas o teu depoimento, para o vosso livro coletivo, com um agradecimento à FAP pela oportunidade que te deu de te realizares como ser humano e como enfermeira, e com palavras de grande nobreza para com aqueles com quem trabalhaste e conviveste: "Nunca vos esqueci nem esquecerei!"...

Não nos cansamos de lembrar, no nosso blogue, que  vocês, as ex-enfermeiras paraquedistas, são as únicas mulheres a quem, "de jure" e "de facto", podemos chamar camaradas de armas, no sentido puro e duro da etimologia da palavra...  




Fonte: "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pág. 4032 (com a devida vénia)  (***)

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Notas do editor:



(**) Vd. postes de