Queridos amigos,
Aqui se completa a visita à Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, um deslumbramento de um tempo de grande dimensão e com um acervo azulejar fora de série. Tentei preparar-me para esta visita, saber um pouco mais sobre Santo Quintino, foi sede de freguesia porventura de 1385 e até 1836, a partir desta data foi integrada no concelho de Sobral de Monte Agraço. A freguesia era denominada por Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino e há referências em 1529 de que era uso e costume dizer-se "Igreja de Santo Quintino do Monte Agraço". Vem da noite dos séculos a crença piedosa do milagroso patrono da igreja, em especial para a cura de doenças dos ouvidos e dores de cabeça. O seu barretinho de seda vermelha colocada sobre a parte dorida tem aliviado muitos pacientes no decurso dos séculos, escreve Maria Micaela Soares no seu estudo "A Freguesia de Santo Quintino no Século XVIII". Um templo religioso excecional num concelho da região oeste que oferece muito ao visitante.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (169):
Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, não há mostruário de azulejo como este – 2
Mário Beja Santos
Dando sequência à visita deste belíssimo tempo religioso que é a Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, importa recordar que logo o pórtico é uma conjugação feliz entre os estilos manuelino e renascentista, guardando vestígios da igreja do século XIII; aliás, há sucessivas intervenções, já se chamou a atenção que a azulejaria ao fundo da capela-mor data do século XX (cópia do século XVII). No essencial, a igreja foi azulejada no século XVII, pode ver-se na parte superior da parede da entrada azulejos com o padrão de ponta de diamante. Quando se diz que o acervo azulejar se situa entre os séculos XVI e XVIII é para dizer que há sinais de azulejaria do século XVI, caso dos azulejos hispano-mouriscos na capela-mor e o silhar inferior é do século XVIII. Convém ao visitante que se detenha na capela-mor, nos azulejos do século XVIII figuram a Anunciação e a Visitação, sobre o altar encontra-se uma bela escultura de Nossa Senhora da Piedade.
Nas paredes laterais, duas das cinco tábuas quinhentistas estão atribuídas a Gregório Lopes ou ao chamado Mestre de Santo Quintino.
É merecedor de toda a nossa atenção o púlpito, situado do lado esquerdo da nave central, a decoração pictural representa os Evangelistas. No texto anterior falou-se do belo conjunto azulejar em que Cristo entrega as chaves a S. Pedro. Imprescindível é a visita ao batistério, o seu formato é inusual e no interior tem um painel de azulejos do século XVIII.
Circundar este templo religioso permite-nos ver uma porta lateral tardo-gótica e todo o conjunto que inclui a torre sineira e a abside. Vejamos agora alguns pormenores.
Temos aqui um mostruário de diferente azulejaria, o silhar inferior é do século XVIII e avista-se do lado direito o altar lateral
A Virgem e o Menino, uma extrema delicadeza do tardo-gótico
Na capela-mor temos esta entrada com enorme graciosidade
Nossa Senhora da Piedade, belíssima estatuária, mas ainda não chegámos ao Renascimento
O estilo manuelino sem equívocos
O singular púlpito da Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, estão ali representados os quatro evangelistasVista da nave central
De novo o belo pórtico e os vestígios da igreja do século XIII
Porta lateral da igreja, não deixa de nos tocar a singeleza
Vista lateral exterior da igreja
Ali perto temos a Quinta da Piedade, há casas recuperadas e muitas outras para recuperar, é o testemunho de que Santo Quintino foi terra de muita gente, ainda no século XVIII._____________
Nota do editor
Último post da série de 31 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25898: Os nossos seres, saberes e lazeres (643): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (168): Igreja de Nossa Senhora da Piedade e Santo Quintino, não há mostruário de azulejo como este (1) (Mário Beja Santos)