Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Buba > CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74 > 27 de Junho de 1974> O pessoal "instalado" na LDG batizada com o nome do nosso capitão, Vasco da Gama, a caminho de Bissau... “Tudo ao molho e Fé em Deus”... Nada de euforias!
Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74 > 25 de Junho de 1974 > Aqui vamos nós… sem euforias... a caminho de casa
Fotos (e legendas): © Carlos Machado / Joaquim Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto 3 > Guiné > Bissau > c. 1960/70 > Vista aérea de Bissau. Ao centro, o Palácio do Governo e a Praça do Império. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 118". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL). (Cortesia do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
Entretanto, lá chega o dia, há muito desejado, de deixarmos o Cumbijã, com destino a Bissau (riscando o último “pau” na caserna), em trânsito para a peluda.
Coisa estranha!, na partida não se sentia o entusiasmo normal destas situações. Compreensível, tendo em conta o fim (ainda que tacitamente) das hostilidades.
Deixamos o Cumbijã à guarda da companhia que havia abandonado Guileje, a CCAV 8350. Um reencontro, fraterno, mas estranho, depois de Estremoz. O normal seria a nossa substituição por periquitos e não por alguém tão velhinhos quanto nós, como era o caso da CCav 8350. Estava, obviamente, em curso algo de injusto para uma companhia que passou por um dos momentos mais dramáticos da guerra na Guiné.
Ao passarmos o cavalo de frisa, abandonando definitivamente Cumbijã, uma lágrima senti ao canto do olho. Não sei se de alegria pela partida, se de tristeza pelas perdas e sofrimento de tantos camaradas e elementos nativos, questionando-me: porquê?
Afinal tudo se resolveu da noite para o dia (de 24 para 25 de Abril de 1974)!? Eu, só sei que não sei! Alguém que me explique, que eu estou muito cansado...
Ao fazermos o caminho de Cumbijã para Buba (Foto nº 1) para apanharmos a LDG para Bissau, junto à bolanha das “Touradas”, um grupo de elementos do PAIGC emerge da mata, armados até aos dentes e nós já completamente desarmados (senti arrepios na espinha), acenando com as mãos e as armas.
Vivi com alguma perplexidade, a forma como gerimos o fim das hostilidades. Esta feliz fotografia publicada no Blogue (paradigma do momento) fala por si!
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Julho de 1974: visita de Bunca Dabó e do seu bigrupo, fortemente armado... Ao centro, o nosso amigo e camarada Jorge Pinto, então alf mil, em farda nº 2, desarmado, fazendo as "honras da casa" (*). O aquartelamento e a povoação foram ocupados pelo PAIGC apenas em 2 de setembro de 1974. (Natural de Turquel, Alcobaça, o Jorge Pinto é professor do ensino secundário, reformado.)
Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Um dos beligerantes sempre se apresentando armado até aos dentes enquanto o outro, completamente desarmado, de mãos nos bolsos e de palito ao canto da boca.
Muita... muita negligência, muita descontração e muita “fé...zada” que o Natal é todos os dias…
Nunca a companhia se encontrou ou falou com grupos do PAIGC, nem nunca fomos contactados para os receber (talvez porque não tínhamos população?). Soubemos que passados uns dias depois da nossa saída, estes entraram, a seu pedido, em Cumbijã.
Em Bissau foi descanso, muitos bifes com batatas fritas, muita...muita ostra, com cerveja e ás vezes, imaginem! vinho verde branco fresquinho.
A minha perceção, chegado a Bissau, era o de um clima de “fim de guerra” e ao mesmo tempo tenso.
Só conheci Bissau, fugazmente, nos momentos de partida e regresso de férias, pelo que não dava para comparar. Contudo, era evidente um ambiente de descompressão, que sempre acontece com o fim da guerra, por parte dos militares, mas, ao mesmo tempo, de um nervosismos indisfarçável dos europeus aí residentes: quadros de empresas, funcionários públicos e principalmente comerciantes. O semblante do proprietário da escola de condução, meu instrutor, onde tirei a carta, gritava através do seu silêncio ensurdecedor em cada aula.
Quanto à população em geral a vida continuava, nas suas rotinas de sempre, como se nada tivesse acontecido… ou estivesse para acontecer.
Deu para comprar um terço de um carocha (o carro pertencia a 3), onde o Gouveia me ensinou a conduzir, e um relógio “Citizen” (excelente relógio que ainda hoje funciona) para gastar os últimos pesos
Deu ainda para tirar a carta de condução, em tempo recorde, graças às lições do Gouveia (no meu ⅓ de carocha), com exame no dia anterior ao embarque para Portugal. Incumbi o camarada Mourato, furriel periquito do meu pelotão, para me enviar a dita carta logo que estivesse pronta.
Já em Bissau (a conhecer e a viver um pouco do seu dia dia), éramos chamados a fazer proteção à cidade.
Bissau, em grande parte do seu perímetro, tinha uma proteção de arame farpado com vários pontos de vigia ao longo do seu percurso.
Quando entrava de serviço, uma das funções era fazer a ronda, de jipe com um condutor, por todos os postos de vigia assegurando que todos os soldados estavam nos seus postos e em alerta. Era evidente o desleixo nos postos de vigia dado que se tinha já interiorizado que a guerra tinha acabado.
Num dos postos de vigia, da responsabilidade de soldados da companhia, parei para conversar um pouco. Logo me arrependi porque de imediato vem na minha direção uma mulher esbaforida, a queixar-se de não sei do quê, não conseguindo perceber absolutamente nada do que dizia dada a pressa com que falava. Apercebo-me que os soldados, em vez de ficarem comigo para me protegerem daquele “ataque” de fúria da mulher, todos se afastam, com um sorriso entre dentes.
Percebi logo que havia história. A mulher, um pouco mais calma, vai ao chão e pega numa pena de galinha e aponta para os soldados. Mistério fácil de desvendar, para este “Sherlock Holmes” do Cumbijã. Estamos perante um crime cheio de rabos de palha: o rancho do almoço estava intacto e junto ao posto de vigia uma fogueira ainda mal apagada.
Exerci a minha autoridade (?) fazendo uma acareação entre as partes. Dizia a mulher: "Estes militares foram à minha tabanca, roubaram, mataram e comeram a minha galinha".
Os soldados afirmaram: "Concordamos com tudo o que a mulher disse menos o rouba da galinha já que foi a mesma (a galinha) que entrou, sem autorização, no nosso posto de vigia, pondo em risco a nossa segurança"…
Assim se chegou à reconstituição do “crime”: Um soldado, que já tinha feito ali serviço, tomou de ponta aquela galinha. Trouxe umas sementes da caserna para a aliciar a entrar na guarita seguindo o carreiro de sementes, deixadas por ele, da tabanca até à guarita, acabando aqui por a matar. Perante a galinha morta, depois de conferenciarem, tomaram a decisão mais sensata de assá-la e comê-la.
Todos assumiram o pecado da “gula” ao afirmarem: "Assámos a galinha e todos a comemos. Soube-nos também como se fosse roubada... mas não foi!"
Afinal não foi nada fácil atribuir culpas, pelo que fui colocando pesos (dinheiro) na mão da mulher até ela se calar. Ou seja: Paguei, mas não comi… mas também não pequei de gula!
O livro, saído neste último Natal de 2021, aguarda a melhor oportunidade para a sua apresentação ao público.
Os pedidos devem ser feitos para o e-mail: jscosta68@gmail.com, indicando o endereço postal.
(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22861: Notas de leitura (1404): Joaquim Costa, "Memórias de guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina. Guiné: 1972/74", Rio Tinto, Gondomar, Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp. - Parte I: "E tudo isto, a guerra, para quê ? Não sei"...
Postes anteriores (faz agiora um ano que começámos a publicar esta série, que já deu um livro):
20 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22824: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXI: A "marcha louca" na véspera do Natal de 1973
2 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22682: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XVIII: A ração de combate
11 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22621: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XVII: a minha "bigodaça”... que tanto incomodou os senhores da guerra
22 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22561: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XVI: O regresso de férias e o terceiro murro no estômago
25 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22482: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XIV: " Bora lá... para a nova casa, Nhacobá" (Op Balanço Final)
23 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22308: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XI: Op Balanço Final: Assalto a Nhacobá ou o dia mais longo
7 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22261: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X: a segunda "visita dos vizinhos" (com novo ataque ao arame)
26 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22225: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte IX: O primeiro murro no estômago
1 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22159: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte VIII: A primeira visita... dos "vizinhos", com ataque ao arame!
23 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22028: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte V: As nossas lavadeiras... e o furriel 'Pequenina'
12 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21996: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte IV: O embarque, as 'hospedeiras'… e África Minha
10 comentários:
Joaquim, espantosa a foto do Carlos Machado, com os "tigres do Cumbijã" amontoados na LDG que vos levou de Buba a Bissau... É muito apropriada a legenda: "Todos ao molhe e fé em Deus"... Já cheirava à "peluda" e o merecido "descanso do guerreiro"... Só faltavam, na bagagem, os "despojos de guerra": o cabrito, a galinha, o macaquinho, o periquito...
Estamos a chegar ao fim com pena minha... Começámos a 3/2/2021, já lá vai um ano... Publicámos 23 postes, dois em média por mês... Mas ainda queremos saber como é que foi a tua (re)adaptação à dita vida normal... Ab, Luís
É pena que a malta, na ressaca das eleições legisativas de 2022, não esteja com tempo, pachorra e motivação para comentar este teu poste que dá pano para mangas...
Aqui vai um excerto do teu poste que eu gostaria que a malta,do teu tempo,comentasse:
(...) "Nunca a companhia se encontrou ou falou com grupos do PAIGC, nem nunca fomos contactados para os receber (talvez porque não tínhamos população?). Soubemos que passados uns dias depois da nossa saída, estes entraram, a seu pedido, em Cumbijã.
Em Bissau foi descanso, muitos bifes com batatas fritas, muita...muita ostra, com cerveja e ás vezes, imaginem!, vinho verde branco fresquinho.
A minha perceção, chegado a Bissau, era o de um clima de “fim de guerra” e ao mesmo tempo tenso. (...)
Joaquim, a LDG com aquelas duas peças Bofors de 40 mm, a bombordo e a estibordo, davam alguma tranquilidade... Mais o morteirte 60!... Fiz o rio Geba, várias vezes, Xime-Bissau, para cima e para baixo... O PAIGC não se metia com as LDG... Mas estas viagens eram inesquecíveis... Mas "melhor ainda" era ir no "barco turra"...
Olá Camaradas
O Barco-turra sozinho era uma aventura, mas de "braço dado" e a andar de lado é que era obra. E o Sol que "castigava mais" pois não havia sítio onde o pessoal se abrigasse dele. Nunca experimentem, mas vi-os chegar a Cacine após vários dias de viagem com várias escalas em alguns "portos". Já no tempo do Gen. Spínola e depois de alguns cagaços passou a ser utilizado o "Comboio do Sul", mas mesmo assim a viagem era uma a aventura e uma incomodidade extrema...
Um Ab.
António J. P. Costa
PS: Já li o livro do Joaquim Costa. Era bom que houvesse mais gente a lê-lo e num testemunho simples, claro e despretensioso se ensinasse tanto aos "mestrados" que por aí pululam.
Costa, realmente o sentir do fim da guerra não mereceu festejos em toda a linha.
Aquele ambiente na LDG da viagem para Bissau bem podia transparecer de grande paródia.
Vendo novamente a foto dos elementos do bigrupo do PAIGC, verificamos que embora armados não dão ideia de guerrilheiros, pessoal o mato como diziam os soldados fulas da minha CART11, e então o que parece ser o comandante até parece estar mascarado de cowboy da treta.
A sensação do im da guerra de mais de uma década parece que se limitou a uns bifes com batatas fritas.
Caraças tinha acabado a merda da guerra, aquilo mereceria um dia de buzinadelas e uns grandes bioxenes à mistura.
A cena da galinha, fez-me lembrar dos meus tempos de campismo selvagem em Troia e uma galinha ter entrada na nossa tenda e ter morte imediata e as penas enterradas na areia junta da tenda. Do 'viram alguma galinha' pelaa dona até as penas começarem a a aparecer com o vento foi rápida a descoberta. Pensava-mos que era uma galinha brava, foi a nossa desculpa.
esqueci-me
Ainda não comecei a ler o teu livro.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Amigo e camarada Joaquim Costa.
Gostei muito do teu livro. Não imaginas como ele complementou as minhas memórias daquela época em que fomos contemporâneos, chegando a partilhar as instalações de Cumbijã. Há sempre coisas que nos escapam numa vida tão agitada como foi aquela, e é sempre bom essas coisas nos serem lembradas por alguém de confiança porque as viveu connosco.
Pena que ainda não tenhas feito o lançamento deste livro, porque eu já anseio pelo outro...
Grande abraço.
António Murta.
Olá Camaradas
O fim da guerra visto pelos "Tigres do Cumbijã" faz-me lembrar o levantamento da última mina do nosso campo de Mamboncó. Nessa altura, eu e o Ramos cumprimentámo-nos e nada mais. O Ramos tinha avisado que, no dia em que o campo fosse levantado "apanhava cá uma bêbeda" e eu talvez também me habilitasse com uma. Mas nada disto sucedeu. Ao fim do dia, jantámos, bebemos o café possível e conversou-se e jogou-se uma cartada como de costume. Hoje penso que seria sempre assim. Não havia nada para celebrar... A resolução de um problema intrincado não é motivo para bebedeiras ou sequer para grandes festejos. É estranho, mas é assim.
Um Ab.
António J. P. Costa
Caro amigo e camarada Joaquim
Na altura da partida, dos seus preparativos, da sua antevisão, da ansiedade por isso produzida e muitas outras coisas mais, não posso dizer o que se passava, ou passou, com todos, mas, pelo menos para mim, gerou vários sentimentos contraditórios.
Recordo que ao despedir-me do meu substituto na função, em 10 de Novembro de 1972, lhe ter dito: "é pá, estou muito contente por chegar ao fim disto, da minha comissão, mas tenho pena que tenhas vindo para a "liquidatária" (e foi, pois o 25 de Abril apanhou-o ainda sem fazer os habituais 24 meses...) e não ser eu a fazer o espólio disto (o material da Escuta) pois ainda havia de ficar com um destes gravadores".
Premonição? Bravata? Simples brincadeira? Análise fria da situação?
Também recordo (e acho que já referi isso por aqui) que consegui influenciar os meus camaradas com os quais regressaria (todos individuais), a fazer a marcação do voo no quadrimotor em vez do Boieng, alegando que seria mais demorado mas deixava mais tempo para a habituação à nova realidade.
Além disso ser verdade, também era sustentado por ter já uma nostalgia (não assumida, é verdade) do que ia deixar para trás e a grande incógnita de como iria viver daí para a frente.
E, já agora, devo dizer que o acaso também se encarregou de mostrar ter sido uma decisão acertada, pois no voo do Boieng desse dia houve (segundo o "ouvi dizer") necessidade de anular uns quantos passageiros para fazer transportar (transferir) para o Hospital Militar de Lisboa vários feridos e a esses que ficaram apeados só foi garantido transporte já só depois em Janeiro porque os outros voos do Boieng militar estavam completos e não esquecer que pelo meio havia o Natal.
Portanto, alegria, contida, por um lado face às incertezas do futuro próximo, mas também pelas expectativas relativas à família, aos amigos, aos empregos, aos estudos a retomar.
Também sentimentos de perda, pelos amigos, pelos camaradas, pela vida autónoma (mais ou menos), pelo crescimento entretanto ocorrido em nós mesmos, pela fauna e flora, pelos cheiros e sons, afinal aquilo que nos tem feito recordar aqueles tempos.
Sendo assim, não se me afigura nada estranho os vossos comportamentos.
Hélder Sousa
Olá Camaradas
Tudo o que deixei para trás em AGO73 (amigos e camaradas) vim recuperá-lo ao blog: as experiências e o sofrimento de cada um. Recordo a fauna, flora, cheiros e sons, mas nada mais me resta aqueles tempos e terras. Talvez por isso também não celebrei as duas partidas da Guiné. Na primeira, até quando das rodas do avião ficaram pingando da fuselagem, comentei com o meu vizinho de cadeira: "Já cá não voltamos!" Voltámos os dois ("malhas que o império tece"), mas não senti que tivesse motivos para celebrar.
Deixar "aquilo" e voltar ao convívio dos nossos era uma alegria, mas nada que se celebrasse, na verdadeira acepção da palavra.
Um Ab.
António J. P. Costa
Enviar um comentário