Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quarta-feira, 16 de julho de 2025
Guiné 61/74 - P27023: Agenda cultural (893): Lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes - Na Encruzilhada de uma Carreira", de Lina Alves Madeira, a levar a efeito no próximo dia 19 de Julho de 2025, pelas 16 horas, na Biblioteca Pública Municipal João Brandão, Rua Dr. Francisco Beirão, 3 - Tábua. O livro será apresentado pelo Doutor Luís Reis Torgal
1. Mensagem de Luís Reis Torgal, Historiador e Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra (ex-Alf Mil TRMS do CMD AGR 2952 e COMBIS, Mansoa e Bissau, 1968/69), com data de 15 de Julho de 2025:
Caros Amigos
O envio de um convite tem para mim um duplo significado: exprime um desejo que estejam presentes (no caso de poderem e quiserem) ou simplesmente quer informar sobre a saída de um livro. É nesse duplo sentido que envio este convite, que acaba de me chegar. Não é, pois, pelo facto de eu ir dizer duas palavras informais sobre a obra, mas sim pela obra em si e pela sua autora.
Como sabem, sempre entendi a História como uma Ciência e não como um Tribunal ou uma Hagiografia. Desta forma, a indiscutivelmente notável figura de Aristides de Sousa Mendes passa a ficar apresentada de uma forma mais completa. De resto, a temática do livro foi retirada de uma tese de doutoramento apresentada na Universidade de Coimbra no já longínquo ano de 2014, intitulada O mecanismo de (des)promoção do MNE. O caso paradigmático de Aristides de Sousa Mendes. Só agora vem a público de forma impressa pela editora Âncora, apresentada em Tábua (concelho natal da mãe do Cônsul de Bordéus) e em 19 de Julho, em dia do 140.º aniversário do seu nascimento, porque a autora (a quem se deve também um trabalho importante sobre Veiga Simões) manifestou sempre um cuidado extremo em apresentar o seu estudo de forma rigorosa, com base num amplo trabalho baseado em documentos que se encontram sobretudo no Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Numa palavra, com defeitos e qualidades (como todas as obras), tem origem na única tese de doutoramento apresentada numa Universidade pública portuguesa.
Figueira de Lorvão, 15 de Julho de 2025
Luís Reis Torgal
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Nota do editor
Último post da série de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Guiné 61/74 - P26992: Notas de leitura (1817): “Os Caminhos da Morte”, por Manuel da Costa; Nimba Edições, 2023 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Junho de 2024:
Queridos amigos,
Manuel da Costa não é um nome desconhecido, revelou a sua qualidade literária e inegável bravura ao escrever Maré Branca em Bulínia, o tema já era o narcotráfico. Recorde-se que o autor é engenheiro, tenente-coronel e alto funcionário na Guiné-Bissau, colaborando em programas internacionais. Dá-nos agora um espetacular e turbilhonante romance negro, gente degolada, com homicidios disfarçados de acidentes rodoviários, conexões entre o peixe graúdo e o peixe miúdo, veteranos da guerra e gangsters, mandantes que estão bem na vida, inevitavelmente há impolutos na polícia e na Justiça, mas no final o crime compensa ou fica impune. E o autor não esconde ao que vem: "Com a maior reverência pela verdade e por um diálogo franco que pelo uso excessivo da força. Pelo saber e pela valentia de quem se entrega nessa luta em defesa da honra e por amor à pátria. Eis um policial para chamar à razão os falcões da tabanca e, com toda a modéstia, civilizadamente, calar a boca de quem pisa e manda calar o zé-ninguém que vive sem voz." É um consolo ver a literatura guineense com sangue na guelra.
Um abraço do
Mário
Ninguém o supera nas denúncias do lamaçal guineense
Mário Beja Santos
Há uns anos, conheci este escritor corajoso graças ao livro “Maré branca em Bulínia”, uma quase metáfora muito bem engendrada e com subtil arquitetura da escrita, a revelação nua e crua do narcotráfico na Guiné-Bissau.
Manuel da Costa é um engenheiro-escritor que tem um percurso imparável, formou-se no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa, é mecânico de eletricidade e instrumentos de aviões, tenente-coronel, Diretor Geral de Modernização da Produção das Forças Armadas, tem outras altas incumbências, é relator de documentos do maior relevo, é comentador radiofónico, poeta e romancista.
“Os Caminhos da Morte”, Nimba Edições, 2023, será porventura a sua obra mais recente, apresentando como um romance policial, do tipo do “romance negro” (investigação detectivesca com casos macabros, mafiosos, tiroteios e ciladas) e o autor esclarece-nos quanto aos seus propósitos, não esconde que a alegoria ficcional é inferior à realidade:
“Bulínia é um país fictício e tudo o que escrevo sobre ele é produto da minha imaginação. As boas criaturas e os grandes monstros que criei são cidadãos de Bulínia e não pertencem a mais nenhuma nação. Assim, se os nomes que dei às personagens e aos crimes investigados tiverem alguma semelhança com uma ou outra qualquer realidade, tenham a certeza que se trata de mera coincidência. Os Caminhos da Morte aborda o problema do narcotráfico na vertente do combate e consumo de drogas em Bulínia.” E despede-se desafrontadamente: eis um policial para chamar à razão os falcões da tabanca e, com toda a modéstia, civilizadamente, calar a boca de quem pisa e manda calar o “zé-ninguém” que vive sem voz.
Numa completa inversão da clássica trama policial, logo saberemos quem dirige a batuta da rede criminosa, e vão desfilando: a canalha cúmplice dos narcotraficantes, os gangsters, saberemos muito cedo que há ramos das Forças Armadas que desobedecem à Justiça, e há um detetive herói, um inspetor da Polícia Judiciária, Mário Baticã Ferreira. Tudo começa com um homem morto no Bairro dos Veteranos da Revolução, degolado e cortado à catana. Comparecem a Polícia de Intervenção Rápida e o pessoal da Brigada de Investigação Criminal da Polícia de Ordem Pública. A médica forense é mulher do Dr. Marcelino, o mandante do crime, associado ao Patrão Lino, outra figura sinistra.
Fora um crime cometido por profissionais, não deixaram indícios, com exceção de uma beata de cigarro (revelar-se-á de grande importância). O assassinado tinha um pé em Portugal e outro em Bulínia, vivia dos negócios de empresários de construção civil e era patrão de cocaína. A médica forense entregou o relatório da autópsia ao inspetor Baticã Ferreira. Apurou-se as escoriações, o que bebera e comera, começava a investigação por identificar os últimos passos. Baticã trabalha em parceria com o investigador Lona Dafa, procuram saber quem é quem nesses bandos que faziam assaltos, mas havia o aspeto surpreendente de que aquele crime não fora praticado por delinquentes inexperientes. Começam a interrogar gente ligada a toda a espécie de crimes, começaram por um mandante de assaltantes, depois foram a uma discoteca por onde passou o assassinado com uma rapariga; Baticã recebe a visita da namorada do assassinado, ela dá informações, estava na discoteca e apareceram três rapazes, o assassinado, de nome Aliu Candé, partiu com eles. A mulher portuguesa daquele denunciou alegadamente o mandante do crime, alguém a quem Aliu devia dinheiro em Lisboa, ela sabia que o marido era traficante.
Tudo leva a crer que o romance enveredara por um processo investigativo bem convencional, não é o caso, vamos descobrir que existem informadores dos narcotraficantes dentro das polícias, que há generais dedicados ao crime que exercem o seu poder de influência junto de decisores políticos. Procura-se junto de outro suspeito, Quintino Diague, aparece uma pistola, uma nova pista de investigação. Temos novo assassinato, é inegável que por detrás dos crimes anda o Patrão Lino. Há também uma rapariga que foi degolada, temos aqui um emaranhado de pistas. Nesta teia de situações em que o leitor sabe que a realidade supera a ficção, são reveladas as conivências entre militares, forças de segurança e políticos. Mário Baticã é incansável, estão identificados os jovens que mataram Aliu Candé, o negócio da cocaína vai produzindo mais vítimas, Tio Caló é degolado.
Manuel da Costa é primoroso na formulação dos enredos e na simplicidade empolgante com que vai capturando o leitor:
“O Coronel Besna Na Rembe desconfiou de Busnassum. Ameaçou matá-lo com makarov apontando contra a cabeça dele para lhe destruir os neurónios. Sem demoras, ele confessou o crime e o pecado que fizera. Traição. Porém, disse-lhe que foi a mando do Senhor Marcelino. O Coronel Besna não perdeu mais tempo com ele. Foi para o Patrão Lino no escritório. Disse-lhe que não lhe pagava a dívida porque a droga era do antigo Grupo Águia que a Polícia desmantelou. Exigiu ainda que lhe pagassem o carro que mandou incendiar. Deu-lhe apenas três dias para se desenrascar. Nem uma hora a mais senão, iriam fazer ajuste de contas.”
O mandante Dr. Marcelino tem uma espia junto da polícia, vai ficando aterrado com as informações que ela lhe traz, há um general, uma figura lendária do tempo revolucionário, também anda metido no negócio. O autor desloca-se agora para outra zona purulenta, a justiça, os políticos afastam os incorruptíveis, aparece agora um magistrado que vem substituir o impoluto Procurador-Geral da República. Entra em cena o famoso juiz Crisóstomo Alvarenga que quando abriu o dossiê encontrou os nomes do general, do capitão, o Dr. Marcelino, os três rapazinhos carrascos, e mais outros nomes sonantes do mundo do mal, gente dos Grupos Hipopótamo e Manduku, pediu licença para ir gozar férias de inverno em Portugal.
O incorruptível Dr. Augusto Correia dos Reis volta a pegar no caso, faz-se justiça formal, e assim se vai desfechar a tragicomédia:
“De repente, quando os condenados estavam a ser conduzidos para a prisão pela Polícia, a fim de irem cumprir a ordem do meritíssimo juiz, chegou uma carrinha de dupla cabine cheia de tropas fortemente armadas. O objetivo dessa incursão rompante no Tribunal era apenas para resgatar o Capitão Busnassum sob o pretexto que era oficial das Forças Armadas e não podia ser levado para uma prisão de alta segurança. Portanto, tinha de ser preso nas instalações militares para cumprir a sua pena de acordo com a antiga lei da era colonial que ainda estava em vigor.
Gerou-se uma grande confusão entre magistrado, polícias e militares. Não se entenderam. A bem ou a mal, os soldados aplicaram a lei da força para ver se cumpriam a missão. Então, deu-se pânico geral no Tribunal quando soaram rajadas de kalashnikov para o ar e chicoteadas com cinturões. Houve fuga em debandada e ninguém mais parou para defender o que quer que fosse.”
A literatura guineense tem sangue na guelra, e não só bons escritores, são destemidos a pôr a nu o lamaçal que não se confina ao narcotráfico.
De leitura obrigatória.
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Nota do editor
Último post da série de 4 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26984: Notas de leitura (1816): "A Expansão Quatrocentista Portuguesa", de Vitorino Magalhães Godinho; Publicações Dom Quixote, última edição em 2018 – 1 (Mário Beja Santos)
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26924: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Adenda: Kalú de Nhô Roque e a sua "circunstância"
Autor: Carlos Filipe Gonçalves
Editora : LPC – Livraria Pedro Cardoso – Bairro da Fazenda, Cidade da Praia, Cabo Verde.
Teve início então uma avalanche de «comunicados revolucionários» depois das reuniões do comités do PAIGC, que eram enviados à rádio! Surgiu então esta frase jocosa, a criticar esta situação… Começou deste modo o «regime de Partido Único»…
I. O Carlos Filipe Gonçalves, nosso antigo camarada na Guiné (foi fur mil amanuense, CefInt/QG/CTIG, Bissau, 1973/74), é uma figura pública no seu país, Cabo Verde (ver aqui entrada na Wikipedia).
Fez questão de partilhar connosco, em 9 (+5) postes, as suas recordações desse tempo (**). Por dever e direito de memória, que assiste a qualquer um de nós, antigos combatentes.
Temos trocado com ele algumas mensagens, e ele tem gentilmente respondido a perguntas nossas ou comentários dos nossos leitores.
Os excertos que aqui publicámos fazem parte de um livro que ele tem em mãos, mas, para efeitos de publicação no nosso blogue, ele omitiu as notas de rodapé e outras informações mais detalhadas. Daí fazer sentido publicar uma "adenda" à sua série, "Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74)".
II. Mensagem de Carlos Filipe Gonçalves, com data de 10 de junho último:
Antes de mais, desejos de vida e saúde.
Sobre a tua pergunta, o conteúdo dos pontos 1 e 2 é público; são dados conhecidos de biografias dessas pessoas.
O ponto 3 é a minha resposta a alguns comentários que foram feitos, nos meus postes. Logo é público.
Sobre o teu comentário, em que dizes que passaste a conhecer melhor as minhas origens e ligações - afinal o mundo é pequeno!... Devo chamar a tua atenção, no meu texto já publicado (Despedida e Partida para a Guiné, poste P26819, de 20 de maio de 2025), faço uma referência à minha tia Orlanda Amarílis (1924-2014), que foi se despedir de mim no cais da Alcântara.
Outro dado, que devo indicar é que Manuel Ferreira conheceu e namorou a Orlanda na mesma casa de família onde eu cresci, em Mindelo, onde vivia o meu avô, Roque da Silva Gonçalves, pai de António Aurélio Gonçalves, o escritor, um dos fundadores com Baltazar da revista Claridade em 1936.
Agora, referencias num poste e comentário, sobre o Grémio Recreativo Mindelo, alguém escreveu sobre Rafael Torres e outros a tocarem naquele clube... pois, é, esse conjunto era do meu pai, Arnaldo Gonçalves (Naldinho) pianista, muito conhecido.
O livro sobre a Rádio Barlavento, está esgotado, mas, vou te enviar uma cópia em PDF, para teu consumo privado, agradecia que não fosse divulgada, devido aos direitos editoriais e de autor.
- Júlio de Carvalho ("Julinho"). S. Vicente, Cabo Verde, 1943 – 2024. Eis um link sobre a Bio Morreu o combatente Júlio Carvalho – A Nação – Jornal Independente;
- Eduardo Silva Santos ("Tchifon"). Mindelo, S. Vicente 1942 – 22 de Janeiro de 1997. Depois de uma comissão na tropa em Moçambique, integrou o PAIGC;
- Claúdio Duarte, vive desde 1975 na Praia, foi estudante em Louvain na Bélgica (não tenho a data de nascimento, mas se conseguir envio;
- Valdemar Lopes da Silva ("Val de Nhô Balta"), músico, violão – Mindelo, S. Vicente, 1943 – 2000. Filho do célebre escrito Baltazar Lopes da Silva. Organizou o grupo musical que gravou o disco de música revolucionária, em 1973 intitulado “Música Cabo Verdiana Proteso e Luta” que marca uma época depois do 25 de Abril.
2. JJ não consta da foto – Dados, resumidos: João José Lopes da Silva, mais conhecido por JJ, Ilha do Fogo, 26 de Dezembro de 1947 – Praia, Janeiro de 2015. Abandonou em 1969 o curso de engenharia na Universidade de Coimbra para integrar o PAIGC.
Li os comentários no Blog. Como já esperava, surgem questões sempre relacionadas com a ausência dos rodapés que explicam pormenores no texto, neste caso, as biografias do JJ e Tchifon.
A segunda parte do livro, que pode parecer apenas do interesse de guineenses e cabo-verdianos…, conta como vivi e vi o início de uma «repressão» violenta que foram vítimas, antigos militares e pessoal civil guineense… assisti à purga de Março de 1975…. Apresento biografias e dados sobre os cabo-verdianos envolvidos nessas prisões, felizmente, não foram fuzilados…
3. Como, sou o sobrinho e fui educado por António Aurélio Gonçalves, o escritor mentor do movimento Claridade juntamente com Baltazar Lopes da Silva, fui bem acolhido em Bissau depois da vinda do PAIGC,
III. Mensagem de 9 de junho:
Respondi à tua msg, sobre esse assunto, não foi enviado, por isso utilizo agora este meu outro email:
Acabo de receber o teu link, já vi a foto do meu post que publiquei há uns anos. Olha trata-se do Grémio Recreativo Mindelo, era um clube que reunia as pessoas da sociedade mindelense; era a proprietária da Rádio Barlavento. Olha, escrevi um livro sobre a Rádio Barlavento e o Grémio. O meu pai foi um dos fundadores e o último director dessa rádio, aconteceu com ele a «tomada da rádio» pelo PAIGC, eu me encontrava em Bissau, foi em 9 de Dezembro de 1975...
No livro desmistifico a propaganda que foi feita sobre o Grémio e os seus associados, conto a História da Rádio Barlavento. O meu pai acabou exilado em Atenas, Grécia, só nos, vimos 15 anos depois, os meus irmãos, só, nos vimos em 2007 e 2009 respectivamente. Estás a ver a tragédia que foi isso tudo… O título do livro: «Bá D’al na rádio Memórias da Rádio Barlavento, ed. Livraria Pedro Cardoso, 2019.
Quanto ao Zeca Macedo, é um amigo meu desde a infância, a família é do Fogo, são parentes próximos da família do escritor Dr. Teixeira de Sousa. Estivemos juntos na Guiné, era fuzileiro, telefonou-me há dias, mas a chamada caiu, voltei a ligar não respondeu.
Olha, aconteceu, com este teu email, o mesmo que aconteceu com o último que te enviei: só cá chegou metade do teu texto… Parece que há algo com o meu gmail. Já Chamei o meu neto para vir ver. Por isso, eis o meu Hotmail, para caso de dúvidas (...).
Vou passar a utilizar este na nossa correspondência. Olha, não tive tempo, na semana passada para reescrever a mensagem que foi pela «metade», porque estava preparando uma palestra sobre a «música revolucionária/de intervenção» no âmbito dos 50 anos da Independência. Por outro lado, tenho estado com o problema da doença de uma das minhas filhas (...)
Aquele abraço.
IV. Comentário do editor LG:
Afinal, a História com H grande e a história com h pequeno (entre)cruzam-se e, no meio, lá estamos nós, indivíduos e famílias, apanhados desprevenidos...Nos períodos revolucionários (e contrarrevolucionários), ou quando o poder "cai na rua" (ou nas mãos de minoria pretensamente "iluminadas"), tudo pode acontecer...
Seguramente essa foi uma tragédia familiar que tiveste de viver em silêncio, durante os 15 anos que durou o regime de partido único. Não deve ter sido fácil para o teu pai viver no exílio, num país onde, apesar de tudo, também tinha, como nós, reconquistado a democracia. Só agora fico a saber que a tua mã era a escritora Ivone Ramos, a mana da Amarília (temos diversas referências no blogue ao Manuel Ferreira, 3 anos mais velho do que o meu, Luís Henriques, estiveram os dois no MIndelo, durante a II Guerra Mundial,. o meu entre julho de 1941 e setembro de 1943).
Obrigado pela confiança e amizade que demonstraste ao partilhar este teu "segredo"...Já agora, como foi a receção do teu livro ? Vou ver se o encontro por aqui, mas não deve ser fácil...
Há uns anos ofereci o teu "Kap Verd Band" ao meu filho que já tocou em diversas ilhas da tua (é psiquiatra e músico) (já não sei se era a edição antiga, 1998: pensando bem, talvez tenha sido o "Cabo Verde, 30 anos de música 1975 - 2005" in "Cabo Verde 30 Anos de Cultura. Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2005)
(...) Mantenhas. Um forte abraço, Luis
4 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26880: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte VII: Os "turras" têm agora um míssil que abate aviões e helicópteros
27 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26853: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte V: aqui sinto-me em casa, encontro tias, primos, vizinhos, colegas de escola e do liceu...
22 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26829: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte III: Desembarque e colocação em Bissau, na CEFINT, 1ª Rep QG/CTIG, em Santa Luzia
20 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26819: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte II: De Lisboa a Bissau, no T/T Uíge
19 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26815: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte I: Em Lisboa, à espera do embarque, aproveitando a farra para esquecer
30 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26744: No 25 de Abril eu estava em... (39): Bissau, em comissão de serviço na Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, natural do Mindelo, vive hoje na Praia, Cabo Verde) - Parte IV
29 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26739: No 25 de Abril eu estava em... (38): Bissau, em comissão de serviço na Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, natural do Mindelo, vive hoje na Praia, Cabo Verde) - Parte III
28 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26738: No 25 de Abril eu estava em... (37): Bissau, em comissão de serviço na Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, natural do Mindelo, vive hoje na Praia, Cabo Verde) - Parte II
27 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26736: No 25 de Abril eu estava em... (36): Bissau, em comissão de serviço na Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, vive hoje no Mindelo) - Parte I
quinta-feira, 29 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26860: Notas de leitura (1802): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte II: A questão da assistência à frota branca, que atinge o seu auge com o Estado Novo, nos anos 40/50: em 1958 a "faina maior" tinha 77 unidades e 5736 homens (Luís Graça)
(Reprodução com a devida vénia, ao autor e editor...)
1. Estamos a tirar algumas notas de leitura do livro "Gil Eanes, o anjo do mar", da autoria de João David Batel Marques (Viana do Castelo : Fundação Gil Eanes, 2019, 132 pp,. ed. bilingue em português e inglês) (*)
A frota branca, que se desenvolve a partir de finais do séc. XIX, começa a sentir a necessidade de ter um navio de apoio. A vida dos pescadores e marinheiros sempre foi muito dura. Os pescadores passavam muitas horas nos dóris a pescar bacalhau à linha (!), em condições climatéricas, físicas e psíquicas de grande exigência. A sua remuneração dependia da qualidade e quantidade do pescado.
Por outro lado, regressados ao navio-mãe, passavam o resto da jornada diária de trabalho a processar o peixe (escalagem e salga). Era um trabalho extenuante, sujeitos a acidentes e outros riscos (cortes, quedas, exaustão física e emocional, etc.). Para o pescador dos dóris, a jornada começava às 4h00 da manhã e podia terminar só 18 ou até 20 horas depois (!), nos limites da fisiologia humana.
Até ao início dos anos 20 do século passado, não havia assistência a bordo. Os franceses, por seu turno, já beneficiavam, desde se1896, de assistência médico-hospitalar nos bancos da Terra Nova.
Em 1922, os franceses dispunham do navio-hospital "Sainte Jeanne d'Arc", que também prestava cuidados às tripulações portuguesas. Era propriedade de uma associação humanitária, a "Societé des Oeuvres de Mer", que teve 7 navios-hospitais, de 1896 a 1939, cada navio com um médico e um capelão. (A França chegou a ter 11 mil homens, na pesca do bacalhau, na Terra Nova e na Islândia, em finais do séc. XIX, e Portugal teria então uns 800, 40 em media por embarcação)
O médico a bordo no "Sainte Jeanne d' Arc", citado por João David Batel Marques, escreve, no seu relatório desse ano de 1922, que tinha hospitalizado 13 doentes portugueses (5 dos quais com tuberculose pulmonar, doença infetocontagiosa perigosa; vários tinham hemoptises; e 1 morreu).
Havia homens, além disso, com infeções graves, que deviam ser hospitalizados com urgência, mas que se recusavam a tal, ou eram impedidos pelos seus capitães (pág. 12).
Face a esta situação, o Ministério da Marinha é cada vez mais pressionado a mandar um navio-hospital para prestar assistência médica ao pessoal da frota (constituída ainda só por lugres).
O primeiro navio-hospital foi o cruzador "Carvalho Araújo" que levava como chefe dos serviços médicos o segundo-tenente Carlos Augusto Rodrigues Borges (pág, 14). (Nasceu no Porto, em 1897; morreu em 1970, em Vila Nova de Gaia.)
Escreveu ele:
"Nunca será possivel bem ajuizar o que estes infelizes passam e sofrem nessa vida horrorosa de todos os dias, cheia de trabalhos violentos e e de perigos variadíssimos e quase que permanentes" (pág. 14).
E acrescenta: (...) "A inesperada aparição do 'Carvalho Araújo' provocou, nessa gente rude, muitas lágrimas de enternecimento e, por vezes, o entusiasmo deveras significativo!".
Mas um navio de guerra não podia cumprir as funções especializadas a desempenhar por um navio-hospital. O comandante e o médico do "Carvalho Araújo" deram ideias e sugestões para o desenho e construção desse futuro navio de assistência, que deveria também servir de intermediário no transporte de correio entre Saint John's e Portugal (pág. 20).
O médico, segundo-tenente, Carlos Borges assinala a prevalência, entre as tripulações da frota branca, de:
- doenças infetocontagiosas;
- problemas do estômago;
- problemas pulmonares.
E não era raro haver mortes (que ficavam sepultados nas profundezas do mar).
Só em 1927 a frota bacalhoeira vai ter o seu primeiro "Gil Eanes", o ex-navio alemão "Lahneck", construído em 1914, e apresado pelas autoridades portuguesas no rio Tejo. Sofreu adaptações na Holanda para servir como navio-hospital. Operou como "Gil Eanes" entre 1916 e 1955.
Teve uma atividade irregular, como navio-hospital:
"Entre 1931 e 1936 a atividade do navio resumiu-se ao transporte de presos" (pág, 24).
Só em 1942 se faria a sua transferência, da Marinha de Guerra para a Marinha Mercante. A propriedade passou a ser do Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau (GANPB). Teve diversos capitães da marinha mercante e capitães de bandeira (que eram oficiais da Armada) (pág. 27).
A última viagem aos bancos bacalhoeiros foi em 1954. Em 1955 fez-se à agua o novo navio-hospital "Gil Eanes". (**)
O Estado Novo fazia questão, na época, de transformar a "epopeia do bacalhau" (sic) num verdadeiro estandarte do "ressurgimento económico do país" (pág. 30). Veja-se, por exemplo, como a frota vai crescer de 1935 a 1961, para um total de 91 unidades e quase 6 mil homens:
- 22 lugres de madeira;
- 4 lugres de aço;
- 41 navios a motor (de madeira, 19; e de aço, 22);
- 24 arrastões clássicos.
"Em 1958 , foi à pesca a melhor frota de sempre, composta por 77 navios e, e tripulada por 5736 homens" (pág, 30).
Mas era já o princípio do fim.
(Continua) (**)
3. Pedi ao assistente do Gemini IA / Google, que me apresentasse os principais factos e datas do génese e desenvolvimento da nossa frota bacalhoeira. Aqui vão:
A frota bacalhoeira portuguesa tem uma história longa e complexa, com raízes na Idade Média e um desenvolvimento significativo a partir do século XIX, culminando no auge durante o Estado Novo.
Inícios e Primeiros Registos:
- Século XIV: há registos de acordos de pesca entre Portugal e Inglaterra (em 1353, entre D. Pedro I e Eduardo II), o que indica que a pesca do bacalhau já era uma atividade relevante para os portugueses; Portugal trocava sal por bacalhau com a Inglaterra.
- Final do Século XV / Início do Século XVI: com os "Descobrimentos", a necessidade de alimentos não perecíveis para as longas viagens impulsionou a procura do bacalhau; a "descoberta" dos vastos bancos de pesca na Terra Nova (hoje Canadá), atribuída a navegadores como Gaspar Corte Real (cerca de 1500), abriu caminho para a pesca em larga escala no Atlântico Norte;
- D. Manuel I, em 1506, já cobrava dízimo sobre essa pesca;
- No reinado de D. João III, a frota portuguesa de bacalhoeiros chegou a atingir as 150 embarcações, e em 1508, o bacalhau já correspondia a 10% do pescado comercializado em Portugal;
- Os portugueses, ao contrário dos vikings que apenas secavam o peixe, desenvolveram a técnica de salgar e secar o bacalhau, o que lhe conferiu o sabor característico.
Século XIX e Início do Século XX: O Despertar da Frota Moderna:
- Segunda metade do Século XIX: companhias como a Bensaude & C.ª (depois Parceria Geral de Pescas) e a Mariano & Irmãos, ambas de proprietários açorianos mas sediadas no continente devido ao clima mais propício à seca do bacalhau, investem na pesca do bacalhau;
- 1870: Surgem os primeiros registos de pesca com dóris (pequenos botes de pesca utilizados pelos pescadores a partir do navio-mãe);
- Início do Século XX (década de 1930): a frota bacalhoeira ainda era composta maioritariamente por veleiros (lugres em madeira):
O Auge: Estado Novo e a "Campanha do Bacalhau"
- 1934: é criada a Campanha de Bacalhau, com o objetivo principal de reduzir a importação de bacalhau e garantir o abastecimento alimentar do país, esta campanha marcou um período de grande investimento e desenvolvimento da frota, o Estado Novo via a pesca do bacalhau como um símbolo de autonomia e força nacional; e o pescador de bacalhau torna-se um "herói nacional";
- 1935: é criado o Grémio dos Armadores dos Navios de Pesca do Bacalhau (GANPB), que reunia as entidades ligadas à indústria;1936: surge o primeiro arrastão em Portugal; a modernização da frota começa a ganhar ímpeto, com a substituição gradual dos veleiros por arrastões, em aço, a motor;
- 1937: o lançamento do lugre-bacalhoeiro Creoula (10 de maio de 1937) é um marco; este navio, que realizou 37 campanhas até 1973, é hoje um navio de treino da Marinha Portuguesa e um símbolo lendário da pesca do bacalhau;
- Anos 40-50: A frota atinge o seu apogeu em número de navios e volume de pesca; entre 1948 e 1953, há um grande impulso no número de arrastões bacalhoeiros; a vida a bordo era extremamente dura e perigosa, com os pescadores nos dóris a enfrentar condições adversas e o risco de colisão com icebergs; as jornadas de trabalho podiam chegam às 18 horas ou mais;
- Pós-II Guerra Mundial: a frota portuguesa começa a sofrer com a falta de modernização e a implementação de legislação internacional que restringiu o acesso aos bancos de pesca (Terra Nova e Gronelândia);
- 1966: embora já houvesse arrastões, ainda existiam 10 veleiros em funcionamento, demonstrando o atraso na modernização completa;
- 1967: Fernando Alves Machado, Secretário do Comércio, vai abolir o regime protecionista do comércio do bacalhau, o que leva ao fim da tabela de preços e do condicionamento das importações: isso, juntamente com o atraso na modernização, contribuiu para o declínio;
- 1974 (Revolução dos Cravos): a Revolução de 25 de Abril de 1974 marca o fim da pesca de bacalhau à linha (ou seja, com os dóris), considerada heróica mas ineficiente e perigosa; muitos dos últimos grandes navios de pesca de bacalhau à linha fizeram a sua última campanha nesse ano;
- Anos 80/90: a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE, atual UE) em 1986 e à Política Comum das Pescas implicou a aceitação de restrições de acesso a pesqueiros;
- 1992: o Canadá proíbe a pesca de fundo nos seus bancos, um duro golpe para a frota bacalhoeira portuguesa;
- Entre 1990 e 1998: a frota portuguesa sofre uma redução drástica, perdendo mais de 30 navios e ficando reduzida em mais de 70%.
Atualmente, a frota portuguesa satisfaz apenas uma pequena percentagem do consumo nacional de bacalhau, que continua a ser um alimento central na gastronomia portuguesa. A maior parte do bacalhau consumido em Portugal é importada (Noruega, Islândia, Canadá).
Os portugueses consomem cerca de 20% de todo o bacalhau pescado no mundo (consumo "per capita" andaria à volta dos 7 kg, antes da II Guerra Mundial; 8,8 kg, entre 1946 e 1967; 7,7 em 2020, com a pandemia; 5,5 / 6 kg, nos anos mais recentes); no auge da pesca do bacalhau, as capturas seriam da ordem das 60 mil toneladas anuais.
Acrescente-se, nos anos 60/70, a crescente dificuldade de recrutamento de pescadores e marinheiros, devido á emigração e á guerra colonial, a par das duríssimas condição de trabalho.
A "Faina Maior" era considerada um verdadeiro "desígnio nacional", daí o Estado tê-la considerado uma alternativa ao serviço militar. O Decreto n.º 13441, de 8 de abril de 1927, estabelecia a dispensa do serviço militar aos pescadores e marinheiros que tivessem cumprido um mínimo de seis campanhas de pesca consecutivas (!) na frota nacional bacalhoeira. Também concedia adiamento ae aos 26 anos de idade... (Artº 24º).
Fonte: Gemini IA / Google / LG
(*) Vd. poste anterior da série > 26 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26847: Notas de leitura (1800): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte I: A história do navio-hospital da frota bacalhoeira (Luís Graça)
O "Gil Eannes" de 1955 = The 1955 Gil Eannes / João David Batel Marques ; trad. Regina Bezerra. - Viana do Castelo : Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2021. - 2 v. : il. ; 28 cm. - (Os navios de assistência à frota bacalhoeira = The assistance vessels to the cod fishing fleet ; 2, 3). - Ed. bilingue em português e inglês. - ISBN 978-972-588-346-4 (pt. 1). - ISBN 978-972-588-347-1 (pt. 2)
A pesca do bacalhau : história, gentes e navios = Cod fishing : history, people and ships / João David Batel Marques ; sel., ed. e composição fot. Rui Bela ; consultoria e rev. técnica João David Batel Marques. - Viana do Castelo : Fundação Gil Eannes, 2018-2019. - 4 v. : il. ; 28 cm. - Ed. bilingue em português e inglês. - T. 1: A história e as gentes = History and people. - 319, [1] p. T. 2: Os lugres da pesca à linha = Handliner schooners. - 2018. - 415, [1] p. T. 3: Os navios-motor da pesca à linha = Handliner motor vessels. - 2019. - 284, [4] p. T. 4: Os arrastões = Trawlers. - 2019. - 367, [1] p. - ISBN 978-989-99869-3-0 (t. 1). - ISBN 978-989-99869-4-7 (t. 2). - ISBN 978-989-99869-5-4 (t. 3). - ISBN 978-989-99869-6-1 (t. 4)
Os navios de pesca à linha = The handliners / Jean Pierre Andrieux ; cons. e rev. técnica João David Marques ; trad. Tim Oswalda ; colab. Valdemar Aveiro... [et al.]. - Viana do Castelo : Fundação Gil Eannes, 2018. - 269, [3] p. : il. ; 28 cm. - Ed. bilingue em português e inglês. - ISBN 978-989-99869-2-3
Uma viagem no tempo : navios, equipamentos, instrumentos e palamenta / João David Batel Marques ; fot. Anna Soik... [et al.]. - Viana do Castelo : Fundação Gil Eannes, 2018. - 175, [1] p. : il. ; 22 cm. - (Manuel Mário Cravo Bola)
sexta-feira, 9 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26783: In Memoriam (548): Recordar o meu amigo Carlos de Matos Gomes (1946-2025), o escritor Carlos Vale Ferraz (Mário Beja Santos)

Queridos amigos,
Foi na apresentação do mais recente livro de José Brás, na Casa do Alentejo, que estive presencialmente com Carlos de Matos Gomes, já ele denotava um visível abatimento. Foi uma estima de cerca de um quarto de século, tínhamos sempre histórias para contar, livros para a permuta, momentos houve nos nossos diálogos em que eu pressentia nas suas perguntas a procura de respostas para o contexto das suas obras. Eu confessava-lhe a minha incredulidade, nunca percebi como é que ele arranjava tempo para tanta escrita, creio que a invasão da Ucrânia lhe deu ensejo para artigos quase diários que ele enviava para amigos e para a imprensa, e escreveu mesmo recentemente uma obra só com as suas reflexões políticas. Pertenceu ao núcleo fundador do MFA/Guiné, tal como Sales Golias e Duran Clemente. Não hesito em dizer que Nó Cego é referência máxima da literatura da guerra colonial, mas a sua autobiografia, Geração D, é um depoimento enriquecedor dos valores em que ele acreditava como cidadão e homem independente da esquerda.
Um abraço do
Mário
Recordar o meu amigo Carlos de Matos Gomes, o escritor Carlos Vale Ferraz
Mário Beja Santos
Carlos de Matos Gomes não ficou insensível às laudes que teci ao seu romance Nó Cego, teve a sua 1.ª edição em 1983. Tendo eu procurado compulsar o que de mais significativo se escreveu na literatura da guerra colonial, dei este romance como obra-prima absoluta, e mantenho sem hesitação tal qualificação.
Mas há um livro de 2017, A Última Viúva de África, que continuo a reter pelo deslumbramento da escrita, em sua homenagem aqui deixo alguns desses parágrafos que selecionei como eloquentes. Logo a dedicatória:
Aos que se interrogam.
Aos que vivem e deixam um rasto.
Aos que procuram as nascentes dos rios.
Aos que sofrem a inevitável derrota que sempre sucede quando um tirano esgota a esperança do seu povo e manda os seus soldados combater numa terra de que não é rei.
Aos meus netos e a todos os netos, para que tenham um futuro.
O fulcro da história é uma tal Madame X, o nome de código de uma informadora residente em Leopoldville, onde os movimentos independentistas angolanos, em particular a UPA/FNLA, tinham a sua base de onde recebiam o apoio político de Mobutu. No romance ela é Alice Oliveira, nascida e criada no Minho, emigrou para o continente africano, tornar-se-á, nesses tempos turbulentos do início da República do Congo em que havia mercenários que combatiam a favor da separação do Catanga, tornou-se numa informadora exímia, várias polícias secretas ficarão a dever favores, acabou por intervir nos acontecimentos de Angola, em 1975, e no fim do Apartheid na África do Sul, já nos anos 1990. Vai aparecer como amiga de Jean Scrame, um dos míticos comandantes das tropas mercenárias. Alice Oliveira, que se considerava a última viúva de África, iria morrer na Nova Zelândia. O filho, que ela viera entregar ainda bebé aos avós, em Portugal, pretendeu trazer o seu corpo lá para o Minho, depositá-lo numa igreja, consagrada como o Panteão. E assim começa a história.
Uma empresa cinematográfica vai centrar-se num filão promissor, parece um bom argumento, lá num ponto do Minho um milionário quer prestar uma homenagem à mãe, transferi-la de um outro continente para uma capela da quinta, uma equipa desloca-se, iremos ouvir falar de Miguel Barros, será uma figura central, cabe-lhe ilustrar acontecimentos que envolvem a Madame X e Jean Scrame, comandante dos Leopardos.
Ao chegar ao acampamento de Jean Scrame, caía o dia, Miguel Barros deparou-se com um inesperado cenário de dezenas, centenas de fogueiras.
Vamos agora ver Miguel Barros no Victoria Hotel, em Stanleyville:
“Do Tennis Club de Stanleyville e do Cercle Hippique restavam os courts e as pistas cobertas de vegetação. No antigo hospital para os europeus estavam agora negros sentados à porta, à espera, eternamente à espera, afastando moscas e entrelaçando as cabeleiras. Das paredes dos edifícios iam desaparecendo os anúncios de agências de viagens da Wagons Lit e do American Express, de oficinas de mecânica e de stands de automóveis, de empresas de construção civil, de médicos e dentistas que já não davam consultas. As placas, tão esburacadas de tiros como as estradas pelas falhas de alcatrão continuavam a indicar as direções de Leopoldville, Elizabethville, Kampala, Goma.
Dos cerca de 5 mil europeus que residiam em Stanleyville e arredores antes da independência, restavam menos de metade. Quando desembarquei em Stanleyville corriam boatos entre os negros assimilados e os europeus que ali permaneciam da tomada de zonas importantes da Província Oriental pelos Simbas do Exército Revolucionário de Pierre Mulele. Em agosto, os Simbas capturaram Stanleyville – uma guarda avançada de apenas quarente negros drogados, descalços e armados de catanas, liderados por xamãs cobertos de peles de animais, com guizos de cobra nos pulsos e nos tornozelos, mascarados com cabeças de macacos. Em poucas semanas, cerca de metade do Congo caíra sobre o controlo dos Simbas. As portas do inferno tinham sido abertas. O monumento a Lumumba na praça central de Stanleyville transformou-se num altar onde Nicolas Olenga e os seus lugares-tenentes sacrificaram o que restava da antiga elite mestiça e europeizada de Stanleyville, os que se designavam como évolués. Ali foram levados, nus, os políticos, os jornalistas, os professores acusados amigos dos brancos, de traidores, e esventrados de pé, de mãos amarradas, retirados os fígados com eles vivos e dados a comer aos pigmeus Simbas.”
Mais tarde, deu-se o contra-ataque, vieram os paraquedistas, entraram depois em Stanleyville os Terríveis, comandados por Jean Scrame e mercenários brancos. Saquearam as povoações vizinhas, incendiando-as com os habitantes no interior das casas.
Obviamente que há mais trama neste romance que todo o horror que se viveu naquele período no Congo e posteriormente. A longuíssima carta que Miguel de Barros manda a Inácia Luz ilustra perfeitamente o sucesso cinematográfico com base nesta Madame X, Alice Oliveira, uma espia talentosíssima, a mãe dos mercenários, a guerreira que comanda os mortos, que estabelecera redes de contactos que informou as autoridades portuguesas do que iria acontecer no Norte de Angola, e que torna deslumbrante toda a trama do Romance, ela é a viúva branca de um paraíso perdido com a descolonização.
Ocorreu-me esta obra de Carlos Vale Ferraz, que recebeu o prémio literário Fernando Namora 2018 para lembrar o escritor que legou a mais bela obra da literatura da guerra colonial e uma referência na investigação da História contemporânea de Portugal que me honrou com a sua amizade. E assim me curvo respeitosamente em sua memória.
Junto como apêndice um texto que o Carlos escreveu no blogue A Viagem dos Argonautas sobre este seu romance:
A descolonização é um absurdo.
O romance desenvolve a reflexão do absurdo como atributo inerente do fenómeno que é habitualmente designado por “movimento descolonizador” de África feita por várias personagens. No início do romance, o narrador, um jovem português, estudante de filosofia na universidade de Lovaina, na Bélgica, fotógrafo por desejo de aventura, confrontado com as notícias e as reportagens dos tumultos que se seguiram à independência do Congo Belga, em 1960, considera como primeira impressão que os europeus andavam por África a extrair o que necessitavam para viverem melhor nas suas terras de origem, aonde regressariam após a campanha, como os pescadores de bacalhau que cumpriam temporadas na Terra Nova. Ou cumpriam penas de degredo longe das suas pátrias. O narrador apoiava as independências porque considerava um anacronismo a exploração direta de África pelos europeus:
O narrador comete aqui a mais vulgar das confusões: refere-se, não à colonização, mas ao colonialismo. É de colonialismo que fala. O Congo Belga, como toda a África a sul do Sara, nunca foi colonizado, com exceção da Colónia do Cabo, onde os ingleses ensaiaram o que viria a ser o seu modelo de administração colonial (indirect rule). O Congo Belga (que começou por ser propriedade pessoal do rei dos belgas) foi sujeito ao fenómeno do colonialismo e o colonialismo foi um sistema de exercício violento de direitos de exploração de matérias-primas instituído e acordado na Conferência de Berlim, em 1885, entre potências europeias, para satisfazer as necessidades dos complexos industriais desenvolvidos com a energia da máquina a vapor. O colonialismo é um fruto da máquina a vapor e da revolução industrial.
Até à II Guerra Mundial foi indispensável as potências europeias assegurarem a exploração direta das matérias-primas, depois, passou a ser mais rentável delegar essa tarefa em agentes locais, as elites indígenas entretanto assimiladas e integradas na cultura e nos processos europeus. Mas houve, entre os europeus que foram para África executar tarefas de exploração direta, um grupo que, por razões diversas, assumiu aquelas terras como o seu destino final – que afirmaram ser a África, fosse o Congo, Angola, a Rodésia, Moçambique ou o Quénia, a sua pátria! Em Portugal utiliza-se o termo de “cafrealização” para designar esse processo, na Bélgica ele foi designado por “zairização”. O comandante de mercenários designado no romance como Jean Scrame e a portuguesa Alice Vieira, a última viúva de áfrica, pertencem a esse grupo. O narrador descobrirá, contudo, que nem eles – mesmo assumindo a sua nova identidade de africanos brancos – se opõem ao processo de independência das colónias, a um governo de negros, porque percebem que o sistema de administração e exploração delas se mantém, apenas mudaram os executores diretos, que passaram a ser títeres locais nomeados pelos brancos, europeus e americanos. O colonialismo manteve-se enquanto sistema de exploração de riquezas. O “Movimento Descolonizador” foi apenas uma mudança de tripulação num navio que continuou a realizar as mesmas viagens, transportando os mesmos produtos entre os mesmos portos.
Não existiu qualquer movimento descolonizador, que foi e é apenas uma designação utilizada para referir o movimento de transição da administração das colónias dos funcionários das potências europeias para uma elite de funcionários e políticos negros aculturados – ditos “assimilados” ou évolués, que, no essencial, replicam os métodos dos europeus e servem os seus interesses. Em termos políticos não existe qualquer descolonização. Não existe também qualquer libertação.
Mas não existe também descolonização em termos civilizacionais. Colonizar é a instalação de um grupo de uma dada sociedade no território de outra e implica troca de experiências, saberes, valores, relações comerciais e humanas, de forma mais ou menos pacífica ou mais ou menos violenta. Colonizar é sempre uma exportação de bens civilizacionais, da língua à religião. Entre o colonizador e o colonizado estabelece-se uma relação como a de uma gota de tinta que cai num copo de água. A gota de água dissolve-se e não é possível reconstituí-la, retirá-la da água onde se dissolveu. É por isso impossível reverter a colonização, retirar dos povos colonizados o essencial do que os colonizadores levaram e lhes inculcaram.
Nós, os portugueses devíamos conhecer bem a impossibilidade de descolonizar. Fomos colonizados pelos romanos e pelos árabes, mantemos fortes marcas dessa colonização – não fomos descolonizados até hoje. Colonizámos alguns pontos do mundo, e deixámos lá as nossas marcas, como os romanos e os árabes nos tinham deixado. O Brasil, Angola, Moçambique, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé, não foram descolonizados, tornaram-se entidades políticas independentes, estados-nação com bandeira, hino, gravatas de seda ao pescoço dos hierarcas, número de ordem nas Nações Unidas e embaixadores que falam inglês. Tanto o discurso comum da “malvada descolonização”, como da “descolonização possível” são absurdos. O discurso da “entrega” é patológico, com origem na exacerbação de sentimentos que bloqueiam o raciocínio.
As antigas colónias europeias de África não se descolonizaram, não reverteram as instituições de governo introduzidas pelas potências coloniais, retomando as suas tradições do tempo antes da chegada dos colonizadores europeus. Pelo contrário, os dirigentes dos movimentos independentistas, do movimento descolonizador do pós II Guerra, foram particularmente violentos na aniquilação das autoridades tradicionais e dos costumes ancestrais – quase sempre com o aplauso dos antigos colonizadores e das suas instituições, com relevo para a ONU e as suas agências, que os elogiaram pela luta anti-tribalista, tomada como uma acção de modernidade.
O movimento descolonizador dos pós-II guerra é um gigantesco embuste. A descolonização de África foi, de facto, a adoção pelos africanos da “ordem” do colonialismo – constituição de estados-nação com os mesmos princípios dos estados-nação que instituíram o colonialismo, imposição dos seus sistemas políticos e jurídicos, das suas línguas, até dos seus deuses e, principalmente, das suas armas, do canhangulo à AK, do jipe ao Mirage. Não existiu qualquer libertação de África, a África política e a África dos povos estão sujeitas às mesmas regras e normas dos países que enviaram os seus exploradores ao continente africano no século XIX e que o dividiram em Berlim.
O facto de não ter existido nem descolonização, nem libertação de África não é nem bom nem mau – não existiu Mal, nem Bem, nem desastrosa descolonização, nem criminosa entrega, nem falsa libertação, houve sim uma realidade: a imposição por parte das antigas e novas potências coloniais de uma nova grelha de domínio de África, de uma grelha que facilita a relação e a exploração, pois quer uma quer outra se realizam segundo a regra dominante. O resto, o que subsiste da antiga África antes do colonialismo, das danças às mezinhas dos feiticeiros é folclore que serve de atração turística. Resta uma pergunta que Alice, A Última Viúva de África e Scrame, o último dos grandes comandantes de mercenários, colocam: Porque não podem e não puderam eles e os europeus manter-se em África como africanos brancos? Porque não pode ser a África uma pátria de brancos, como foram e são as Américas?
O romance ensaia uma resposta. A ficção é mais adequada a abordar questões difíceis que a análise política e histórica…
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Notas do editor
Vd. post de 13 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26683: In Memoriam (542): Carlos Matos Gomes (1946-2025), membro do MFA no CTIG, cor cav 'cmd', ref, escritor e historiógrafo, e grande amigo da Tabanca Grande
Último post da série de9 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26781: In Memoriam (547): Maria Rosa Exposto, ex-alf enf pqdt (Bragança, c. 1940 - Portalegre, 2021), pertencia ao 4º curso (1964) e passou pelo CTIG... Rosa, que descanses em paz!
terça-feira, 6 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26771: Notas de leitura (1795): "Um preto muito português", da luso-angolana e antiga "rapper" Telma Tvon (Lisboa, Quetzal, 2024)... Parte II (Luís Graça): Uma dedicatória que vale um poema: "Para os meus de sangue e coração. Para os meus de rua e coração".
Sinopse:
https://expresso.pt/revista/culturas/2025-02-06-telma-tvon-a-nova-dartagnan-dafrica-em-lisboa-cf61846f
https://www.publico.pt/2018/06/15/culturaipsilon/noticia/telma-tvon-trouxe-a-juventude-negra-dos-suburbios-de-lisboa-para-o-romance-1833901
https://24.sapo.pt/vida/artigos/telma-tvon-todos-nao-so-os-brancos-mas-inclusive-nos-negros-fomos-educados-a-ter-medo-uns-dos-outros
Fiquemos para já com a última das 49 "entradas" do livro em que o "bom do Budjurra" (um "alter ego" da escritora ?) depois de dar a volta ao bilhar grande (o mesmo é dizer, ao pequeno Portugal retangular onde nasceu) interrogando-se sobre a sua origem e identidade, acaba por se convencer (e convencer-nos) que afinal é "apenas mais um preto muito português" (pp. 175/716) (**).
Eu confesso que achei o livro divertidíssimo, doce, de fina ironia, com algumas "cenas" mais duras, feias, pícaras ou dramáticas:- o "arrastão em Carcavelos" (5. Tu agora chamas-te Arrastão, Budjurra, pp. 29-33);
- o "call center" (9. No call center, licenciado, pp. 42-45);
- a criança com Sida (17. Ela, ele e eu, o Budjurra, no nosso silêncio, pp. 72/73);
- a morte do amigo (20. O teu amigo morreu, Budjurra, pp. 81/86);
- a primeira viagem por Portugal: Serra da Estrela (31. O Budjurra a viajar, quem diria, pp.112/113);
- os putos e os diferentes destinos (32. Entendendo-me, pp.114-118);
- as ganzas (39. Budjurra, esse stonado, pp. 137/141);
- pretos, voltem para a vossa terra (41. Os suspeitos do costume, pp.145/151);
- a rapariga maquiavélica (47. Não estás a bater, Budjurra, pp. 167/171).
Li de um fòlego e, pondo-me na pele do Budjurra, revi(vi) algumas "cenas" em que também já fui "vítima de racismo ou preconceito", quer na Irlanda, quer nos Países Baixos, por exemplo no Aeroporto de Amesterdão-Schiphol: lembro-me de há 35 anos um gajo com 1,90 de altura, louro, de olhos azuis e gabardine bege, me mandar apartar e me vasculhar o passaporte e bagagem, só por que não deve ter gostado do meu cabelo comprido, barba cerrada e tez morena... Não era a primeira vez que me confundiam com um palestiniano...E eu vinha já de um país "europeu", embora "periférico" (ainda não era a UE, ainda era a CCE, estamos a falar de 1990 ou 1991)...
(*) Vd. poste de 12 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26487: Notas de leitura (1771A): "Um preto muito português", da luso-angolana e antiga "rapper" Telma Tvon (Lisboa, Quetzal, 2024)... Quem somos nós, "pretugueses" ? - Parte I (Luís Graça)
(**) Último poste da série > 5 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26768: Notas de leitura (1794): Memórias Minhas, por Manuel Alegre; Publicações Dom Quixote, Março de 2024 (Mário Beja Santos)