Guiné > Bissau > Outubro de 1973 > A então avenida da República: ao fundo o Palácio do Governador, em primeiro plano, do lado esquerdo, a Casa Gouveia e à direita, a esplanada do Café Bento, sob o arvoredo, com carros estaci0nados à frente; a seguir, a sede da administração civil e depois a catedral católica. Continuamos a não ter uma boa foto da esplanada do do Café Bento / 5ª Rep... Bolas, ninguém se pôs de costas para a Casa Gouveia para poder tirar uma foto do raio da esplanada em frente!...
- 5 fev 2025 14:52
- 7 fev 2015, 11:04
- 10 fev 2025 o8:28
- 10 fev 2025 14:49
da página do Facebook da Tabanca Grande:
(i) António Pimentel:
Foi aqui [no Café Bento] que conheci o Marco Paulo (1º cabo Simão) apresentado pelo meu inesquecível amigo alf mil Castanheira.
(ii) Victor Tavares:
Vim a revê-lo passados quase 50 anos, estava ele internado no Hospital da Universidade de Coimbra num quarto, onde eu fui parar depois de uma das 29 cirurgias que não dá para recordar a data mas talvez lá por volta de 201 mais ano menos ano...
Quem o visitava diariamente era uma empregada e mais raramente uma senhora que me disseram ser sua filha.
(iii) José Viegas:
Uma história engraçada no Café Bento: a malta por norma ia lá engraxar os sapatos ou as botas aos vários engraxadores que lá havia. Em 1967 no Vietnam armadilharam caixas de graxa e, quando lá iam para engraxar, eles os engraxadores desviam-se e as caixas explodiam matando a tropa... E a malta com medo que lhes acontecesse o mesmo ninguém engraxava.
(iv) Amilcar Mendes:
Puseram, sim, um engenho explosivo, em fevereiro de 74, no Café Ronda. Estava lá. Morreu um 1º Cabo da 38ª CCmds e outro sold ficou ferido. Paravamos pouco (os Comandos) na 5a. REP , lá paravam os heróis do arame farpado (nem todos eram , claro).
Abaixo da 5ª Rep ( mais conhecida pela casa dos mentirosos...) existia vida. Pelicano, Zé da Amura, a casa da Ostras, onde se reunia muito militar
(v) Lucinda Aranha:
Victor Tavares, eu não conheci o Café Bento,mas conheci o sr. Bento, já muito doente. Tinha partido a anca, ficou preso à cama,uma empregada muito simpática tomava conta dele e fez- me a visita guiada à vida dele pelas fotografias que enchiam os móveis da casa, em Coimbra.
Será que o velho Bento ainda é vivo ? O Vitor Tavares chegou a estar com ele no hospital, em Coimbra. E a filha do "Manel Djoquim", o homem do cinema ambulante do nosso tempo, também falou com ele, quando andava a escrever a biografia (ficcionada) do pai (Lucinda Aranha, "O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim", Alcochete, Alfarroba, 2018, 165 pp.)
(vii) Lucinda Aranha
Tabanca Grande Luís Graça, a mim a senhora que tomava conta dele disse- me que ele se deixou morrer, não queria comer porque estava acamado por ter partido a anca. Quando o entrevistei ele jâ não se levantava mas estava lúcido de cabeça.
(...) De manhã, o Almeida Campos, um alferes que andava por lá, convidou-o para ir com ele ao Bento. Era onde se sabia de tudo, porque por lá passavam quase todos os que vinham ou ainda estavam no mato e contavam coisas, tudo, operações, ataques, mortos. Era o sítio das informações, por isso lhe chamavam a 5ª REP, que era a Repartição de Informações do QG. Todos ficavam a saber coisas, todos e também os miúdos e miúdas que entre eles andavam a vender camarão, caju e mancarra ou a engraxar as botas dos mais aprumados. Muita coisa o PAIGC devia saber também através deles.
Comeram uns camarões e beberam umas canecas. O Almeida Campos tinha sido apontador de obus lá para o sul e estava também à espera de embarque para ir embora.
– É pá, e se a gente fosse dar uma volta? (...)
(x) César Dias:
Não estive muitas vezes na 5ª Rep, mas um dia assisti a um comerciante a querer comprar camarão a uma bajuda, mas queria pagar uma ninharia, fiquei tão impressionado com aquilo que comprei todo o camarão do balaio, ela até me deu o balaio. Com 300 pesos foi uma festa na messe de sargentos em Mansoa.
(xi) José Colaço:
Porque não há mais "estórias" do café Bento ?... Porque este era frequentado em grande parte por sargentos xicos e oficiais do quadro e se aparecesse por lá o Zé soldado aproveitavam logo para os chamar à atenção por qualquer coisa que não estava bem e ameaçar com uma "porrada". Eu próprio só me sentava na esplanada do café Bento quando tinha autorização para me fardar à civil.
Fui abordado pela PM na 5ª REP por estar na esplanada com fardamento novo a brilhar depois de vir do mato, julgaram me pEriquito, mostrei lhe a insígnia da medalha e seguiram em marcha lenta.
(xiii) José Viegas
Outro sitio também era a D. Berta onde se comia a famosa bola de gelado com whisky.
(xiv) Ernesto Pacheco Duarte
O café Bento ! 5ª. Repartição ! Pelo ano de 1966, andei por lá !
E estive lá mesmo uns dias, tirando um curso de encarregado do correio da unidade !
Para quem estava uns dias... Nesses dias aparecia sempre um fulano conhecido !
No Café Bento bebi umas "cervejolas" mas também ouvi contar o muito que os nossos "camaradas" sofreram nos mais diversos setores. No passado dia 6 de fevereiro, recordei com muita saudade a famigerada travessia do rio Corubal, onde, por acidente, morreram cerca de 50 homens, 27 dos quais pertenciam a uma companhia do meu Batalhão. São estes e outros episódios semelhantes que devem fazer parte da História que a maioria dos "politiqueiros" de agora não conhecem (ou não querem conhecer) e muito menos gratificar.
(xvi) Liberal Farias Correia
Frequentei o café Bento em 1964 (tinha ficado com a ideia que era restaurante). Antes de irmos participar numa operação. Eu e o Rodrigues furriel de transmissões. Comiamos um bife com vinho dão
(xvii) Raul Castanha;
E verdade, o Bento era como uma central de informações onde tudo se sabia e tudo se comentava. Por lá passaram figuras incríveis como era o caso do pequeno Biafra, uma criança adorável na sua inocência e na deformidade que tinha, uma enorme escoliose, e que oferecia a mancarra numa malga de esmalte e se dispunha a encaixar os sapatos.
O que terá sido dele passados mais de 50 anos?
Também um outro, de caixa de encaixar mais velho e de olhos muito escuros e com uma pulseira de prata de bafatá, que diziam ser informador do PAIGC.
Para além de ser um local em que possivelmente circulavam informações um pouco pela calada, quase silenciosamente, o Café Bento era onde os conterrâneos se encontravam. Sempre que passava pelo Bento, encontrava um conterrâneo. Ali púnhamos a “ escrita em dia” (...)
(xix) Amílcar Mendes:
(xx) Jose Carvalho
Creio que no QG/CCFAG (A,mura) só existiam 4 Repartições. Dai terem dado o nome de 5ª Rep ao Café Bento
(xxiii) Augusto Catroga;
Assisti ao rebentamento de um pneu na avenida, quando estava a beber um gin tónico no Bento. Numa mesa perto estava um paraquedista que, segundos mais tarde, estava debaixo dum camião estacionado perto. Tremia como varas verdes.
Também tive conhecimento por essas bandas do buraco que me estava destinado (o Xime). Só uma correcção, a repartição de informações do QG era a 2ª repartição ( 2 e 3 informações e operações).
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 13 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26490: As nossas geografias emocionais (44): A antiga piscina do QG/CTIG, Bissau, Santa Luzia... Mais de meio século separam estas fotos (Patrício Ribeiro / Mário Beja Santos / António J. P. Magalhães / António Graça de Abreu / Tony Teixeira / Jaime Machado )
4 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26459: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (53): O antigo Café Bento já não é do meu tempo, e foi vítima do "bota-abaixo"...Foi remodelado e até 2023 estave lá instalada a delegação da RTP África