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domingo, 25 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25211: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (106): Apresentação da Base de Dados Externa de apoio ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (Abílio Magro / Carlos Vinhal)



APRESENTAÇÃO DA BASE DE DADOS EXTERNA DE APOIO AO BLOGUE
LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ (LG&CG)
E
PROGRAMA INFORMÁTICO DE PESQUISAS DIVERSAS

APRESENTAÇÃO


O Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné atingiu uma dimensão tal que levou o nosso Amigo & Camarada Abílio Magro, com alguns conhecimentos de programação informática (php), autodidata e completamente amador, a ceder um espaço da sua hospedagem num servidor onde criou uma Base de Dados Externa de Apoio ao Blogue.

Este post tem por missão apresentar e incentivar os leitores do Blogue LG&CG a navegar na Base de Dados Externa, desenvolvida pelo nosso camarada e amigo.

São estas as páginas que vão encontrar no programa, com acesso pela barra de menu, presente em todas elas (topo e rodapé):

1 - HOME (Introdução)
2 - PÁGINA PRINCIPAL (listagens de marcadores por tipo);
3 - PÁGINA DOS ÓBITOS DE MILITARES NO T.O. DA GUINÉ
4 - PÁGINA DE PESQUISAS DE ÓBITOS NAS VÁRIAS TABELAS DE DADOS
5 - PESQUISAS DE ÓBITOS POR UNIDADE MILITAR
6 - PESQUISAS DE ÓBITOS POR DATA DA OCORRÊNCIA
7 – INSTRUÇÕES

Na HOME PAGE - Página de introdução ao programa informático de pesquisas na Base de Dados Externa do Blogue “LG&CG”, existe, na coluna do centro, uma breve descrição das várias pesquisas proporcionadas aos visitantes e que constam, resumidamente, de listas de marcadores ordenados por tipos e alfabeticamente e listas de óbitos no T.O. da Guiné, organizadas de modo a permitir pesquisas por nome, por concelho de nascimento, por unidade militar e por data da ocorrência.

O acesso ao programa pode ser efectuado através de 'clique' nas fotos da aba esquerda deste blogue que fazem referência a este assunto, ou através do endereço: https://www.amagro.net/LG&CG.

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Esperamos que desfrutem da informação constante nesta Base de Dados, que permite uma pesquisa mais rápida dos conteúdos. O Blogger não é prático, o que leva muitas vezes até os próprios editores a recorrerem a buscas no Google.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último post da série de 9 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25152: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (105): Na Morte do Coronel Nuno Rubim (Alfredo Pinheiro Marques / Centro de Estudos do Mar)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25152: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (105): Na Morte do Coronel Nuno Rubim (Alfredo Pinheiro Marques / Centro de Estudos do Mar)

Cor Nuno Rubim (1938-2023). Foto de Luís Graça (2006)

1. Ainda a propósito do falecimento do Coronel Nuno Rubim, recebemos a seguinte mensagem com data de 31 de Janeiro de 2024, enviada pelo Director do CEMAR, Doutor Alfredo Pinheiro Marques:
De: CEMAR
Date: quarta, 31/01/2024 à(s) 11:17
Subject: Na Morte do Coronel Nuno Varela Rubim

Prezado Doutor Luís Graça, e demais responsáveis do Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné":
Nesta mensagem e na seguinte remetemos um reencaminhamento das mensagens que enviámos para a lista de "mailing" do CEMAR acerca do falecimento do nosso Ex.º Amigo Coronel Nuno Varela Rubim, e em que nos socorremos de, e citámos, muita da informação que, pela V. parte, disponibilizam no vosso Blog (uma vossa iniciativa meritória, e merecedora dos maiores elogios, e pela qual felicitamos, e desejamos os melhores votos de continuidade do bom trabalho)


Com as melhores e mais cordiais saudações, e votos de tudo de bom neste novo ano 2024
Alfredo Pinheiro Marques
Director do Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR
(Figueira da Foz do Mondego - Praia de Mira)


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2. Início da mensagem reencaminhada:

De: INFORMAR
Assunto: Na Morte do Coronel Nuno Varela Rubim
Data: 30 de janeiro de 2024, 01:01:12 WET
Para: mail@cemar.pt

NA MORTE DO CORONEL NUNO VARELA RUBIM

Só agora tomámos conhecimento, através de notícias publicadas no Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné" (o principal fórum de informação e discussão sobre a história da Guerra portuguesa no teatro de operações da Guiné-Bissau), na "Revista de Artilharia", e em outras fontes, da triste notícia do falecimento do nosso Ex.º Amigo, Coronel de Artilharia, Comando, na situação de reforma, Nuno José Varela Rubim (1938-2023), historiador militar que tivemos a honra de contar no número dos membros do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR - Centro de Estudos do Mar, e pelo qual sentimos, e manifestámos, sempre, uma extraordinária admiração e um profundo respeito, em termos científicos e em termos humanos.

Nuno José Varela Rubim - a que as populações africanas chamaram o "Capitão Fula" (e cuja morte ocorreu, agora, no passado dia de Natal… em 25.12.2023) - foi um homem extraordinário, e com uma vida invulgar, e extraordinária, de heroísmo, de coragem, de lucidez e de inteireza.
Uma vida apontada, ao mesmo tempo, quer para o serviço militar quer para a compreensão do mundo e do seu país: para a História e para a investigação histórica. Provindo de uma tradição familiar apontada para o serviço do Exército Português, e mais concretamente para a Artilharia, ele veio a ser um militar de grande coragem, detentor de uma folha de serviços invulgar, e um historiador de grande lucidez e criticismo, o mais competente nas matérias específicas de História Militar a que se dedicou. De grande coragem científica, para além da coragem pessoal e humana.

Em nove anos em África, com quatro comissões de serviço, foi um dos militares mais condecorados do Exército Português no terrível teatro de operações da Guiné-Bissau, o mais duro e difícil para os Portugueses, na segunda metade do século XX. Comandou, lá, em comissões de serviço sucessivas, como Capitão, duas Companhias de Caçadores (CCaç 726, e CCaç 1424), e uma Companhia de Artilharia (CArt 644), e foi o criador, formador, e comandante, lá, dos "Comandos da Guiné" do Exército Português, entre 1964 e 1966.
As Companhias que comandou estiveram localizadas no aquartelamento de Guileje (Guiledje), na parte desse território que foi a mais problemática para os Portugueses, nas regiões do "Corredor da Morte" de Guileje, Gadamael e Guidaje, e das Matas do Cantanhez, e de Madina do Boé (onde, por fim, em 1973, o PAIGC acabou por proclamar unilateralmente a sua independência). Nessas regiões tiveram lugar alguns dos momentos mais penosos para o Exército Português. Nomeadamente quando, em Maio de 1973 (alguns anos depois de Rubim já lá não ser comandante), esse aquartelamento de Guileje chegou a ser abandonado pelas tropas portuguesas, e ocupado temporariamente pelas tropas do PAIGC (o único caso desse tipo, nas guerras africanas portuguesas da segunda metade do século XX).
Depois disso, entre 1972 e 1974, Nuno Varela Rubim ainda desempenhou também funções no Quartel-General português em Bissau, em serviços secretos de informações, transmissões e criptografia (CHERET), e já então promovido ao posto de Major (e, nessas funções, os serviços portugueses conseguiram decifrar os códigos das comunicações militares dos países vizinhos).
Esteve presente, desde o primeiro momento, lá, na Guiné, na conspiração do "Movimento dos Capitães" que levou ao 25 de Abril de 1974.
Depois, em Portugal, nas convulsões políticas do pós-25 de Abril, esteve envolvido nas difíceis situações que confluíram no 25 de Novembro (1975), no seguimento do qual viu a sua carreira militar ser bloqueada, e esteve preso em Custóias e em Caxias. Alguns anos depois, reconstituída essa carreira, e concedida a mais do que merecida promoção a Coronel (sem ter tido que ser, como então disse, "a título póstumo"…), foi passado à reserva e veio a dedicar-se sobretudo à sua paixão pela História e pela investigação de temas militares, sobretudo de História da Artilharia.

Foi Director de Investigação no Museu Militar de Lisboa, exerceu funções de docência na Academia Militar, na Universidade de Lisboa, etc. (de facto, exerceu-as em toda a espécie de escolas, desde escolas universitárias até humildes escolas primárias e profissionais). Publicou na "Revista de Artilharia" e em outras revistas militares. Organizou exposições e instalações museológicas de grande significado e qualidade (Museu da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, Artilharia da Fragata Dom Fernando II e Glória, Artilharia do Forte de Oitavos em Cascais, etc.). Deu-nos a honra de, na Figueira da Foz, ter sido um dos membros do Conselho Consultivo e Científico do nosso Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), desde Novembro de 2012.
Teve, sobretudo, um interesse muito especial, e competente dedicação, à história do "Príncipe Perfeito", o Príncipe e Rei Dom João II "próprio e verdadeiro coração da República" (nomeadamente à sua invenção do tiro naval rasante), à arquitectura naval, e às fortificações marítimas costeiras (Torre de Belém, etc.).

Na primeira década do século XX (em 2006-2008) — em parceria com a organização de cooperação AD-Acção para o Desenvolvimento, com o supracitado Blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné" dedicado aos combatentes portugueses e guineenses da guerra da Guiné-Bissau, e com entidades oficiais desse país independente de Língua Oficial Portuguesa —, Nuno Rubim esteve presente na celebração no Projecto Guiledje, de reencontro entre Portugueses e Guineeenses, nas suas várias vertentes ("triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da historia"...).
Esteve presente, nomeadamente, no Simpósio Internacional de Guiledje, em Março de 2008, em Bissau (onde foi um dos oradores), e na criação de um Núcleo Museológico de Guiledje (Guileje), para o qual construiu carinhosamente, pelas suas próprias mãos, e levou consigo, para oferecer, um precioso diorama constituído por um modelo à escala 1/72, de grandes dimensões, do aquartelamento português de Guileje tal como ele era na década de 60 do século XX (1966), quando ele próprio, e muitos dos combatentes de ambos os lados dessa guerra, lá haviam estado, e lá haviam combatido.

O Coronel Nuno José Varela Rubim teve um carinho muito especial pela Guiné, e pelas suas gentes, onde havia vivido durante uma década. E teve como esposa uma Ex.ª Senhora africana, de lá originária, que agora deixou viúva, e à qual devemos apresentar as mais sentidas condolências.

Quando, em 2008, voltou à Guiné, e regressou a Guileje e Mejo, foi reconhecido e acarinhado por muita gente que ainda se lembrava dele de há 41 anos atrás (!), e se lembrava da sua sensibilidade e proximidade com as populações locais, que logo então haviam dado origem ao seu cognome de então, de "Capitão Fula".

E, em Bissau, visitou o cemitério, onde estão sepultados centenas de militares do Exército Português, e alguns desconhecidos, e alguns pertencentes a Companhias que por ele haviam sido comandadas.

Muita informação sobre este notável militar e historiador português, e homem de grande carácter, pode ser encontrada em muitas das páginas do tão meritório Blog na Internet, criado por Luís Graça, que já aqui citámos "Luís Graça & Camaradas da Guiné" (em https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com).


Filmes com parte da sessão do Simpósio Internacional de Guilege, em Março de 2008, em Bissau, com Nuno Varela Rubim e Carlos Matos Gomes, ambos Coronéis, Comandos, do Exército Português, em que o primeiro explica o isolamento em que foi deixado cair o quartel português de Guileje e o aparecimento no teatro de operações da Guiné dos mísseis terra-ar Strela que iriam mudar o curso da guerra, e o segundo explica o agravamento da situação militar no ano de 1973 para as tropas portuguesas, nas vésperas do 25 de Abril de 1974:

https://www.youtube.com/watch?v=rd8O523REL4
https://www.youtube.com/watch?v=CceUuqHQCc4


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"HISTÓRIA, MEMÓRIA E EXEMPLO DO PASSADO, PARA LIBERTAÇÃO DO FUTURO"

"(…) Ser ignorante do Passado é como ser uma criança para sempre (…)”… [ Marco Túlio Cícero, 106 a.C - 43 a.C]
"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)”… [ Aldous Huxley, 1959 ]

https://www.youtube.com/user/CentroEstudosDoMar


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Centro de Estudos do Mar - CEMAR
Rua Mestre Augusto Fragata, 8 - Buarcos
3080-900 - FIGUEIRA DA FOZ - PORTUGAL
e-mail: cemar@cemar.pt
tel.: (351) 969070009
(telemóvel)
tel.: (351) 233434450
(chamada para a rede fixa nacional)

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Nota do editor

Vd. post anterior de 8 de Fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25149: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (104): O Coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR (Centro de Estudos do Mar)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25149: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (104): O Coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR (Centro de Estudos do Mar)

Cor Nuno Rubim (1938-2023). Foto de Luís Graça (2006)


No dia 30 de Janeiro de 2024, recebemos uma mensagem do Centro de Estudos do Mar Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), lembrando a importância e a coragem do trabalho científico do nosso ilustre camarada, Cor Nuno Rubim, falecido no dia de Natal de 2023. Aqui fica a sua transcrição:

De: INFORMAR

Assunto: O coronel Nuno Varela Rubim e o CEMAR: "coragem científica"…
Data: 30 de janeiro de 2024, 23:55:11 WET
Para: mail@cemar.pt


"(…) Desde há muito que se tem feito, em Portugal e no estrangeiro, uma apologia do Infante D. Henrique que consideramos "hiper-inflacionada". Naturalmente que a sua acção foi importante, mas para nós não ultrapassou o quadro mercantil, participando também em algumas acções no Norte de África, cujos méritos se nos afiguram muito duvidosos. Por contraste, a figura do Infante D. Pedro, o motor da modernidade de Portugal, cujas ideias não conseguiram infelizmente vingar, é praticamente ignorada. Muitos poucos historiadores se deram ao trabalho de tentar restabelecer a verdade. Nos últimos tempos só Alfredo Pinheiro Marques teve a coragem científica, pois é assim que eu defino a sua atitude, de rebater as teorias anquilosadas dos "velhos do Restelo". Porque, é preciso dizê-lo, que alguns poucos deles ainda sobrevivem e continuam a querer "ditar" as leis pelas quais a historiografia portuguesa se deve reger! E na maioria das vezes com total cobertura institucional… Coube ao "Príncipe Perfeito" tentar repôr o país na devida senda do progresso. E ainda o conseguiu em vida… Pinheiro Marques também explicou muito bem a conjuntura então verificada no seu livro sobre D. João II (…)

COR. NUNO VARELA RUBIM, A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente (1490-1580), vol. I, Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2012, p. 112

Como historiador, o Coronel de Artilharia, 'Comando', Nuno Varela Rubim foi o nosso melhor especialista da história da Artilharia Antiga, e dedicou-se também a outras várias áreas da Armaria em geral, e da organização e operações militares nos séculos XV-XX. Teve, sobretudo, um interesse muito especial, e competente dedicação, à história do "Príncipe Perfeito", o Príncipe e Rei Dom João II "próprio e verdadeiro coração da República" (nomeadamente à sua invenção do tiro naval rasante), à arquitectura naval, e às fortificações marítimas costeiras (em que estudou a Torre de Belém e outras fortificações do estuário do Tejo, as do Sado, etc.). Tudo isso com uma perspectiva histórica crítica e independente.

Desde a sua passagem à reforma, dedicou-se à investigação histórica, por conta própria, ainda que não tendo para isso apoios significativos, heroicamente suportando os seus próprios custos de investigação e de publicação das suas obras. Exactamente como nós também estávamos a fazer, desde há muito.

Apesar dessas dificuldades, foi Director de Investigação no Museu Militar de Lisboa, exerceu funções de docência na Academia Militar, na Universidade de Lisboa, etc. (de facto, exerceu-as em toda a espécie de escolas, desde escolas universitárias até humildes escolas primárias e profissionais). Publicou na "Revista de Artilharia" e em outras revistas militares. Organizou exposições e instalações museológicas de grande significado e qualidade (Museu da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, Artilharia da Fragata Dom Fernando II e Glória, Artilharia do Forte de Oitavos em Cascais, etc.). Deu-nos a honra de, na Figueira da Foz, ter sido um dos membros do Conselho Consultivo e Científico do nosso Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR), desde Novembro de 2012.

A sua foi uma visão muito crítica da História de Portugal, recusando e enfrentando — com a mesma coragem e frontalidade com que outrora havia desenvolvido a sua acção militar na Guiné — todos os mitos e mentiras políticas que, desde há muito, reinam e pontificam na historiografia portuguesa, oficiados por tanta pantomineirice universitária e académica, e sempre perpetuando e trombeteando os rituais, os cultos e as liturgias dos "Descobrimentos" e do Infante Dom Henrique, etc..

Por isso esse investigador de História Militar chegou ao contacto, na Figueira da Foz, com o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e com Alfredo Pinheiro Marques, o autor de "A Maldição da Memória…", e assim estabelecemos um diálogo futuro, o qual infelizmente não pôde desenvolver-se tanto quanto quereríamos, devido às dificuldades com que, sempre, ambas as partes nos debatemos, para trazer alguma verdade e alguma utilidade à historiografia portuguesa e à História de Portugal.

O grande projecto de Nuno Rubim era o da publicação integral dos cinco volumes da sua grande obra A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente 1498-1580, da qual, nos dias da sua vida, ainda conseguiu publicar os primeiros dois volumes, o primeiro em 2012, sobre "Geografia e Viagens", com a chancela da Comissão Portuguesa de História Militar, e o segundo em 2013, sobre "Navios e Embarcações", já numa editora privada (e, na verdade, heroicamente suportado pelo próprio autor).

E, infelizmente, ficaram por editar os volumes seguintes.

No primeiro volume (quando ainda nem sequer conhecia pessoalmente Alfredo Pinheiro Marques e o CEMAR) havia escrito: 

"(…) Desde há muito que se tem feito, em Portugal e no estrangeiro, uma apologia do Infante D. Henrique que consideramos "hiper-inflacionada". Naturalmente que a sua acção foi importante, mas para nós não ultrapassou o quadro mercantil, participando também em algumas acções no Norte de África, cujos méritos se nos afiguram muito duvidosos. Por contraste, a figura do Infante D. Pedro, o motor da modernidade de Portugal, cujas ideias não conseguiram infelizmente vingar, é praticamente ignorada. Muitos poucos historiadores se deram ao trabalho de tentar restabelecer a verdade. Nos últimos tempos só Alfredo Pinheiro Marques teve a coragem científica, pois é assim que eu defino a sua atitude, de rebater as teorias anquilosadas dos "velhos do Restelo". Porque, é preciso dizê-lo, que alguns poucos deles ainda sobrevivem e continuam a querer "ditar" as leis pelas quais a historiografia portuguesa se deve reger! E na maioria das vezes com total cobertura institucional… Coube ao "Príncipe Perfeito" tentar repôr o país na devida senda do progresso. E ainda o conseguiu em vida… Pinheiro Marques também explicou muito bem a conjuntura então verificada no seu livro sobre D. João II (…)

(NUNO VARELA RUBIM, A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente - 1490-1580, vol. I, Lisboa, 2012, p. 112).

Para a publicação do segundo volume trocámos correspondência, e pela parte do CEMAR demos alguma colaboração com vista à organização dessa sua edição, compartilhando a experiência que tínhamos de edições "heróicas", nesses termos (pagas por nós próprios…)… Também nós, então, em 2012, estávamos já na situação de dificuldade material para conseguirmos continuar a editar livros tradicionais, em papel e tinta, impressos, e pagos, em tipografia, como havíamos feito desde 1995, durante dezassete anos (1995-2012)… 

Esse seu segundo volume já veio a ser editado por uma editora privada (Falcata Editores), suportado pelo próprio autor. E a edição dos volumes seguintes constatamos que já não foi possível. Assim foi deixada por publicar uma obra notável e meritória, e restou um espólio inédito que se faz votos de que possa ser salvo e preservado para o Futuro, para que possa chegar aos vindouros, e iluminar esse Futuro. O Exército Português tem disso obrigação, e fazemos votos de que a cumpra.

A correspondência que então trocámos com Nuno Rubim, a partir de 2012, reflecte estas dificuldades, mutuamente sentidas, para se conseguir fazer e publicar trabalho válido e útil (e desinteressado), num país e num mundo em que o que constatamos que existe é, sempre e cada vez mais, sobretudo, ignorância e oportunismo, e dissipação de dinheiro público. E em que, por isso, aquilo que cada vez mais se pode sentir é indignação e revolta por essa miséria e por essa vergonha. Alguma dessa correspondência merece ser aqui transcrita, e continuar a ser divulgada para o futuro.

Em 19.07.2013 Alfredo Pinheiro Marques escreveu: 

"Meu caro Coronel Nuno Rubim, e querido Amigo: Num momento importante, como este, em que vejo que o meu caro e Exº. Amigo, contra ventos e marés (com coragem, e com teimosia, e com brio, e com amor...) teimou, e teimou mesmo… e -- mesmo pagando do seu bolso…! (tal como eu próprio tenho vindo a fazer, desde há muitos anos...), -- conseguiu que fosse mesmo editado, e saísse dos prelos, para o público, o segundo volume, sobre "Navios e Embarcações", da sua grande obra "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente", daqui lhe envio imediatamente um grande abraço de solidariedade, e de felicitações. Este é um exemplo -- é mais um exemplo, da sua parte (e... quantos mais exemplos o meu Exº. e querido Amigo já não deu, na História e na historiografia de Portugal…? -- um exemplo, enfrentando, e lutando, contra esta situação em que todos nós nos encontramos, no meio deste descalabro e desta vergonha em que tudo isto veio a cair (no meio desta miséria e desta anedota trágica daquilo que é hoje em dia considerado como sendo a "comunidade científica historiográfica portuguesa", bizantinamente instalada no "dolcefarniente" das entidades públicas e universitárias, gastando em ordenados e em congressos e em vaidades e em insignificâncias doutorais, pseudo-eruditas e incompetentes, os últimos dinheiros públicos de um país infelizmente falido, mendigo, e de mendigos). Aceite um grande abraço, deste seu amigo Alfredo Pinheiro Marques".

Nuno Varela Rubim respondeu, nesse mesmo dia: 

"Muito obrigado pelas suas considerações amigas. Pode ter a certeza que continuarei a "lutar" pelos propósitos que afinal nos animam a nós dois: dar a conhecer aquilo que os "soi disant" "sábios" deste pobre país não conseguem produzir porque não estudam e não estão para trabalhar, apenas copiam, sentados que estão a comer à borla nas manjedouras do estado ... Grande abraço. Nuno Rubim".

Em 27.07.2013 o Centro de Estudos do Mar (CEMAR), numa sua nota de informação publicamente divulgada, acerca desse livro, escreveu: 

"(…) Os trabalhos históricos do Coronel Nuno José Varela Rubim (o especialista da História da Artilharia, e de outras matérias da História Militar Portuguesa) são de uma superior qualidade e utilidade, e só num país tão desgraçado como aquele em que, infelizmente, se tornou Portugal é que é possível que as obras de um investigador como este (o nosso melhor especialista, na sua própria área científica!), tenham que andar a ser meritória (e heroicamente…) pagas em grande medida pelo próprio Autor (!) (para, assim, apesar de tudo, poderem sair para a luz do dia…!), enquanto tantos e tantos dinheiros públicos, desde há tantos e tantos anos, andam a ser dissipados, e deitados à rua, para pagar tantas e tantas pantomineirices bizantinas e pós-modernas, ditas "culturais" e "científicas", ou "artísticas", só porque são "universitárias" e "académicas" e utilizadas para o "regular funcionamento das instituições" (mas cuja epocalidade e insignificância, na verdade, estão à vista de toda a gente… e de que o futuro só vai rir…). (…)".

Em 31.07.2013, numa mensagem pessoal, Alfredo Pinheiro Marques escreveu: 

"(…) Muitos e muitos parabéns pelo seu livro (e agradecimentos pela oferta). Recebi-o, hoje, de manhã… e, neste momento, já o tenho quase todo lido…! (tive que parar, pois já me doem os olhos, de os usar ininterruptamente…). Quando a leitura é verdadeiramente interessante, é assim que eu funciono. O meu caro Amigo está de parabéns, por tudo, e só é pena é que neste desgraçado país tenhamos que andar assim, com o nosso próprio esforço, e sem os meios que vemos, à nossa volta, a ser dissipados, miseravelmente, sempre pelos mesmos, do costume, que nada sabem, e nada de bom e de útil vão nunca fazer. (…)".

Em 27.04.2022, numa última mensagem que lhe enviámos, escrevemos: 

(…) saber como vai, e de conversarmos também sobre as formas possíveis de divulgarmos e chamarmos a atenção para a importância dos seus trabalhos históricos sobre a artilharia, as tapeçarias de Pastrana, etc., e assim contribuirmos para ajudarmos a divulgá-los e fazê-los chegar ao futuro, bem acima, e fora, desta miserável "comunidade científica" que reina mediocremente em Portugal, sempre enredada nas encenações do respectivo teatrinho corporativo, e incapaz de dar valor às obras e às pessoas que verdadeiramente o têm. (…).

A proximidade, o intercâmbio e o diálogo com o Cor Art 
Com Nuno José Varela Rubim, e a sua presença no nosso Conselho Consultivo e Científico, são algo de que o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e o seu director se orgulham, e que consideramos como das satisfações mais honrosas e saborosas que tivemos ao longo destas décadas. E só lamentamos não ter podido desenvolver mais (também devido às nossas próprias dificuldades, que se foram sempre avolumando, devido às censuras e silenciamentos que contra nós foram sempre também sendo movidas).

Em 1995 o livro de Alfredo Pinheiro Marques "A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses", nas suas páginas iniciais, teve uma dedicatória em que se afirmou que ele era dedicado, também, e sobretudo, 

"Aos combatentes de todas as guerras ultramarinas portuguesas, particularmente as que, como as marroquinas e as africanas, se arrastaram para além de toda a razoabilidade, sem sentido e sem horizontes, desligadas da população, impostas pelas conveniências mesquinhas de elites anacrónicas, justificadas e legitimadas pelos historiadores ao serviço do Poder".

Pode, portanto, dizer-se, com inteira propriedade, que esse livro foi, sobretudo, então, desde logo (embora ainda não o conhecessemos…) oferecido e dedicado a Nuno Varela Rubim.

A menção acerca de Alfredo Pinheiro Marques que, depois, esse oficial do Exército Português deixou escrita no seu livro de 2012 "A Organização e as Operações Militares Portuguesas…", tem, desde então, sido considerada pelo autor de "A Maldição da Memória…" como uma das mais honrosas da sua carreira historiográfica, ao longo de quarenta anos.

E o sentimento e a apreciação são mútuos: "coragem científica" foi a do oficial do Exército Português Nuno Varela Rubim, na historiografia portuguesa.

"HISTÓRIA, MEMÓRIA E EXEMPLO DO PASSADO, PARA LIBERTAÇÃO DO FUTURO"

"(…) Ser ignorante do Passado é como ser uma criança para sempre (…)”… [ Marco Túlio Cícero, 106 a.C - 43 a.C ]

"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)”… [ Aldous Huxley, 1959 ]

https://www.youtube.com/user/CentroEstudosDoMar

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24573: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (103): Quem tem alguma história, foto, pele, troféu, etc. do hipotómano-pigmeu (Choeropsis liberiensis), considerado hoje extinto na Guiné-Bissau, durante ou logo após a guerra colonial, e que terá sido visto, pela última vez, em 1958, junto ao rio Corubal, por um oficial da Marinha Portuguesa, que integrava a Missão Geo-Hidrográfica? (Luís Palma, biólogo, CIBIO/UP)





1. Através do Formulário de Contacto do Blogger  recebemos no passado dia 8, às 19h44, a seguinte mendagem

 Caros Srs:

Sou biólogo e investigador do CIBIO (https://cibio.up.pt/en/) a realizar estudos sobre a biodiversidade da Guiné-Bissau. 

Uma das espécies de particular interesse de estudo (hipopótamo-pigmeu) ter-se-á extinguido muito provavelmente durante o tempo da guerra colonial. Estou tentando reconstruir a história dessa espécie muito rara na Guiné e pensei que talvez alguns dos vossos afiliados tenha testemunhos ou peças anatómicas desse animal (peles, crâneo, dentes...) daquele tempo. 

Essa informação poderia ser de garnde valor científico. Gostaria de saber se estariam de acordo em publicar uma pequena nota minha solicitando qualquer informação sobre essa espécie durante o tempo passado na Guiné. Muito obrigado.

Melhores cumprimentos.
Luís Palma  | luis.palma@cibio.up.pt

2.  Resposta do nosso editor, no mesmo dia, às 21h50:

Luís, boa noite. Obrigado pelo seu contacto. Disponha do nosso blogue. Mande-me o seu texto  (de preferència com alguma foto ou desenho do hipopótamo-pigmeu e seu habitat). Teremos muito gosto em ajudá-lo. Mantenhas (saudações). 

3. Resposta do Luís Palma, no dia seguinte, 09/08/2023, às 00:52:

Muito obrigado pela gentileza. Vou preparar o texto assim que possível com uma foto dum desenho para ajudar a distinguir a espécie do muito maior hipopótamo-comum que todos conhecem.

Até breve, mantenhas (conheço o termo, falo crioulo) 
Luís
___________ 

Nota do editor:

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24537: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (102): Há uma diferença entre o "capim" e o "colmo" (utilizado na cobertura das moranças) (Cherno Baldé)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael - Porto > s/d [1973?] > Tabanca, reordenada pelas NT. Em primeiro plano, do lado esquerdo, uma morança ainda com a tradicional cobertura de "colmo" (palha) (material que não deve ser confundido com o "capim")... As casas reordenadas já eram revestidas com "chapa de zinco".

Foto: Autor desconhecido. Álbum fotográfico Guiledje Virtual. Gentileza de: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007).




Guiné >Região de Tombali > Gadamael - Porto > 1968 > A construção do primeiro reordenamento do CTIG, na opinião do cor art ref António J Pereira da Costa, membro da nossa Tabanca Grande. As casas ainda eram cobertas a colmo.

Fotos (e legenda): © António J. Pereira da Costa (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > Aspeto do reordenamento feito pelas NT. Matofarroba ficava/fica, a 2km/3km, a sul de Cufar.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento e tabanca de Cutia > Uma jornada de capinagem... A população da tabanca é balanta.



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Bissá > c. 1970 > Celeiro para a "bianda", neste caso o arroz... Em balanta, chama-se "flu". Ao fundo, a tradicional casa balanta, ecológica, feita de adobe e colmo.

Fotos (e legenda): © José Torres Neves (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Cherno Baldé  (nosso colaborador permanente, assessor para as questões etnolinguísticas, vive em Bissau, tem 280 referências no nosso blogue) ao poste P24519 (*):

(...) Sobre a afirmação do(s) Editor(es) de que o capim à volta das localidades e picadas seria a "base de cobertura das casas (palhotas)" dos nativos não é exacta. 

Neste caso podemos falar, para fazer a distinção, de capim vs palha (colmo) (**):

(i)  o capim nasce em todos os sítios e, sobretudo, em zonas do mato com ou sem arvoredo;

(ii) a palha (colmo), que servia para cobrir as casas, nasce somente nas partes altas das bolanhas ou lálas, são mais finas, de uma cor entre o castanho e o amarelo, brilhantes e mais resistentes aos insectos roedores (bagabagas) podendo atingir a altura entre 1,20 m até 2m com variações que vão do norte ao Sul em função do volume de chuvas e fertilidade dos solos.

Contudo, esta excelente espécie nativa de palha das bolanhas, outrora muito apreciada e utilizada para a cobertura das casas de colmo em África a fim de amenizar o calor sufocante durante a época seca, está a desaparecer pouco a pouco, vítima das mudanças climáticas e diminuição das chuvas no território. 

Se na Guiné, sobretudo no Sul, ainda vai resistindo, nos países do sahel há muito que já tinha desaparecido, constituindo assim uma das principais razões do aumento da procura das chapas de zinco para a cobertura das casas em toda a zona África ao sul do Sahara. (...)

30 de julho de 2023 às 19:24 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de julho de 2023  Guiné 61/74 - P24519 Fotos à procura de... uma legenda (175): Capinadores e "homens armadas" em Cutia, tabanca e destacamento no setor de Mansoa, ao tempo do BCAÇ 2885 (1969/71) (José Torres Neves, capelão)

(**) Último poste da série > 29 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24438: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (101): Pedido de apoio para a obtenção de antigos manuais escolares do PAIGG (com destaque para o livro da 4ª classe). editados na Suécia, em Upsala, impressos na Wretmans Boktryckeri AB (Jorge Luís Mendes, Primeiro-Conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil)

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24438: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (101): Pedido de apoio para a obtenção de antigos manuais escolares do PAIGG (com destaque para o livro da 4ª classe). editados na Suécia, em Upsala, impressos na Wretmans Boktryckeri AB (Jorge Luís Mendes, Primeiro-Conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil)


Capa de "O Nosso Livro, 3ª Classe", PAIGC, s/d (Cortesia de Jorge Luís Mendes)



Foto do histórico fundador, secretário geral e líder do PAIGC, Amílcar Cabral (1924-1973), incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)...

A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impressa em Östervåla, Uppsala, Suécia, em 1970, na tipografia Tofters / Wretmans Boktryckeri AB.


1. Mensagem do nosso leitor Jorge Luis Mendes:

Data . 26/06/2023, 16:48

Assunto . Pedido de apoio para a obtenção de livros antigos do PAIGC

Caros amigos, Camaradas da Guiné, com a devida permissão!

Senhor Luís Graça,

Com os meus melhores cumprimentos e, tenho a honra de solicitar, se possível, o obséquio de seguinte livro: 

PAIGC. O nosso livro 4 ª classe. Uppsala: Wretmans Boytryckeri AB, n.d.

Destarte, os Manuais Escolares do PAIGC foram criados coletivamente por professores e outros militantes e impressos em Uppsala, na Suécia, pela tipografia (?)-

O motivo do meu pedido, relaciona-se com a coleta seletiva de livros antigos, isto é, Livros Escolares, do PAIGC, Editados na Uppsaka, na Suécia, de nível de 1ª Classe, 2ª Classe, 3ª Classe e 4ª Classe, que haviam sido distribuídos nas regiões libertadas, no período de 1963 – 1974. O uso desses Livros foi extensivo como materiais didáticos até 1985.

Pois, estou escrevendo Memória: o Lugar/engajamento da Família Farã Mendes, Deputado do PAIGC e Comité do Partido, Irmãos, Primos e Filhos, durante a Luta Armada de Libertação Nacional.

Estou ensaiando, demonstrar o empenho, ou seja, a dedicação em que toda minha família estava engajado para que a Guiné-Bissau fosse independente.

Por isso, gostaria de obter esses livros tão importantes na vida da minha família e da Guiné-Bissau, para aproveitar algumas fotografias em que minhas irmãs, irmãos e primos fazem parte no Livro de 4ª Classe do PAIGC, intitulado o Nosso Livro de Leitura.

Eis, o título do Livro que estou escrevendo:

Contributo, Memória e História em Memória da Família Farã Mendes durante a Luta Armada para a Edificação do Estado da Guiné-Bissau.

Farã Mendes foi do Comité do PAIGC e Deputado da 1ª Legislatura para a Região de Cubisseco-de-Baixo, Tombali, Sul da Guiné-Bissau.

Alta Consideração
Jorge Luís Mendes
Primeiro-Conselheiro
Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil
email: jorlui.mendes@gmail.com



Capa do Livro da 1ª Classe do PAIGC... Exemplar capturado pelo nosso camarada Manuel Maia no Cantanhez, possivelmente em finais de 1972 ou princípios de 1973. Vê-se que esse exemplar tinha uso. A capa teve de ser reforçada com uns improvisados adesivos (aparentemente autocolantes, que acompanhavam embalagens de apoio humanitário, vindas do exterior).  Sabe-se que foram feitos, na Suécia, 20.000 exemplares deste livro,  numa primeira edição. "Neste mesmo dia apanhei ainda duas cartas, uma escrita em árabe e outra em crioulo", diz.nos o nosso camarada Manuel Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine (1972/74).

Foto (e legenda): © Manuel Maia (2009).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa e contracapa de "O Nosso Livro, 2ª classe", PAIGC (1970). Cortesia de Paulo Santiago (que vive em Águeda e foi alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho , 1970/72). A impressão já foi feita (em que ano ?)  pela empresa dos irmãos Tofters,   sediada em Östervåla, que, em 1973,  ficaram com o que restou da Wretmans Boktryckeri AB. (Östervåla é uma localidade situada no município de Heby, condado de Uppsala, Suécia com c. 1600 habitantes em 2010.)

2. Comentário do editor Luís Graça:

Caro senhor  Jorge Luís Mendes, primeiro-conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil: obrigado, antes de mais, pelo contacto, e pelo pedido de ajuda.

Já aqui apresentámos a capa e a contracapa de O Nosso Primeiro Livro, o manual escolar usado nas escolas do PAIGC, editado em 1966, pelo Departamento Secretariado, Informação, Cultura e Formação de Quadros do Comité Central do PAIGC... Algumas imagens digitalizadas do livro chegaram-nos pela mão de diveros camaradas  nossos (*) 

 Também apresentámos imagens (digitalizadasw) do manual escolar do PAIGC, O Nosso Livro - 2ª Classe.  O livro foi "elaboradao e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné" (sic). Tem o seguinte copyright: 1970 PAIGC - Partido Afrucano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares. Também foi mpresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Wretmans Boktryckeri AB.

 Infelizmente não temos informação sobre os livros de leitura da 3ª e 4ª classes, também impressos na Suécia, na mesma gráfica,  Contrariamente aos livros da 1ª E 2 classe, os da 3ª e 4ª classe deveriam ser mais raros no mato (nas "regiões libertadas") e daí não terem ainda aparecido antigos combatentes portuguesas com exemplares apreendidos.

Recorde-se que era a Lilica Boal (Maria da Luz Boal) quem dirigia a Escola Piloto do PAIGC em Conacri (criada em 1965, para acolher os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra), sendo também ela a responsável pelos conteúdos nos manuais escolares, publicados na Suécia. 

A Lilica Boal era mulher do dr. Manuel Boal, outro natural de Angola, que saiu em 1961 para se juntar aos movimentos nacionalistas. A Lilica Boal nasceu em Tarrafal, Santiago, Cabo Verde, em 1934. Não confundi-la com a "Maria Turra", a Amélia Araújo, que deu  voz à "Voz da Libertação", do PAIGC (estação de rádio inaugurada em 1967).

Lamentavelmente nenhum destes quatro livros parece constar da PORBASE - Base Nacional de Dados Bibliográficos, numa pesquisa rápida que fizemos (e em que são listadas apenas 50 referèncias bibliográficas com o descritor PAIGC). Também não sabemos se há algum exemplar destes livros no Arquivo Histórico-Militar ou outros arquivos nacionais. Prometemos procurar com mais tempo e vagar. Mas para já pedimos a preciosa ajuda dos nossos leitores. (***)

Vamos tentar também, pelos nossos contactos na Suécia (na época um parceiro estratégico do PAIGC) (****),  localizar, nalguma biblioteca pública,  um exemplar do livro da 4ª classe, para pelo menos podermos digitalizar a capa e as fotografias pretendidas pelo Jorge Luís Mendes. Tal como em Portugal, na Suécia deveria ser obrigatório, na época,  o "depósito legal" de uns tantos exemplares dos livros impressos no país.

Sabemos que os manuais foram todos (?)  impressos na Wretmans Boktryckeri AB; um tipografia ou oficina gráfica fundada em 1889, por Harald Wretmans, tipógrafo com formação alemã, e que faliu em 1973, depois de ter passado por várias mãos, e de ter 40 funcionários na década de 1940. Tinha fama de apresentar boas encadernações. Em 1973 foi adquirifa, a massa falida, pela gráfica dos Tofters, em Östervåla.(****ª)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3928: PAIGC: O Nosso Livro da 1ª Classe (Manuel Maia, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Cafal Balanta / Cafine, 1972/74)

27 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

29 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1899: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (1): O português...na luta de libertação

1 de kulho de 2007 > Guiné 63/74 - P1907: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (2): A libertação da Ilha do Como (A. Marques Lopes / António Pimentel)

4 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1920: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (3): O mítico Morés

9 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1938: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (4): Catunco

(**) Vd também postes relativos ao livro da 2ª classe, uma edição sueca, e obedecendo à mesma linha estética do livro da 1ª classe:

27 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

31 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2232: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (2): O Morés e os amigos da Europa do Norte (Luís Graça / Paulo Santiago)

(***) Último poste da série > 14 de outubro de  2022 > Guiné 61/74 - P23710: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (100): O Arquivo da Defesa Nacional disponibiliza acesso a documentação entretanto desclassificada relativa à guerra colonial (Beja Santos / Carlos Vinhal)

(****)  Sobre a ajuda sueca ao PAIGC e depois à Guiné-Bissau, vd. postes de:


4 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

(*****) Vd. Uppsala industriminnesforening [Associação para a Memória Industrial de Uppsala ]

https://www.uppsalaindustriminnesforening.se/wretmans-boktryckeri-ab/

 Resumo  (da responsabilidade de LG):

Upsalla (hoje com mais de 160 mil habitantes), situada no centro leste do país, é conhecida pela sua universidade (a mais velha da Escandinávia), e ainda pela sua imponente catedral luterana. Desde o séc. XII, também o centro religioso da Suécia.

Upsalla, desde a década de 1860 até a década de 1970,  era "uma animada cidade industrial", com diversas empresas na área da indústria transformadora. Possuia também duas grandes gráficas, Almqvist & Wiksell e Appelbergs,  mas também tipografias de menor dimensão, como a  Wretmans Boktryckeri AB  ou a Akademitryckeriet. 

Wretmans Boktryckeri foi fundada em 1889 por Harald Wretman, que  fora tipógrafo na Alemanha.   Tornou.se um reputado impressor na cidade.  Depois de várias localizações, a tipografia mudou-se  para Östra Ågatan 33, onde permaneceu até a liquidação em 1973. 

Após a morte de Wretman,  a empresa mudou de mãos, e em 1925, Emil Sjögren transformou empresa em sociedade anônima.  A Wretmans Boktryckeri permaneceu na posse da família Sjögren até 1973, quando a gráfica foi fechada. 

Além de livros, a Wretmans também imprimia jornais, revistas,  impressos publicitários, etc.. O equipamento mecânico era completamente moderno para a época. No entantorante muito  tempo, a gráfica não tinha encadernação própria, até meados da década de 1960. 

Em meados da década de 1940, Wretmans tinha cerca de 40 funcionários, que foram depois  diminuíndo  gradualmente. Em 1973, ano da sua  liquidação, restavam apenas nove funcionários..

Após o fechamento em 1973, as máquinas e acessórios foram adquiridos pela gráfica dos Tofters em Östervåla.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23710: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (100): O Arquivo da Defesa Nacional disponibiliza acesso a documentação entretanto desclassificada relativa à guerra colonial (Beja Santos / Carlos Vinhal)


1. Alertados pelo nosso camarada Mário Beja Santos para o facto de o Arquivo da Defesa Nacional estar a facultar o acesso a documentação entretanto desclassificada relativa à guerra colonial, nos que nos interessa particularmente à da Guiné, e sugerindo que se tornasse público essa faculdade, procedemos a alguma pesquisa no respectivo site, achando interessante divulgar os resultados da mesma, sem prejuízo de que outros a façam com mais minúcia:

Vão clicando nos links sugeridos:

Plano de Classificação / Gabinete do Ministro da Defesa Nacional 1944/1975

007 Processos Confidenciais 1963 1974

- Pasta 0029 0029

Ficheiros PDF:

- 004 Guiné, 1º. Vol 1963/71

- 005 Guiné, 2.º Vol 1968/71

- 006 Guiné, 3.º Volume 1968/74

- 007 Guiné, 4.º Volume 1973/74


- Pasta 0030 0030

Ficheiros PDF:

- 012 - 1.º Vol do Processo relativo ao 1.º Sargento Lobato retido na Repúlica da Guiné - 1.º Vol 1964/1968

- 013 - 2.º Vol do Processo relativo ao 1.º Sargento Lobato retido na Repúlica da Guiné - 2.º Vol 1966/1969


- Pasta 0031 0031

Ficheiros PDF:

- 023 - Militares portugueses retidos na República da Guiné 1965/1965

- 024 - Militares portugueses retidos na República da Guiné 1965/1968

- 025 - Militares portugueses retidos na República da Guiné 1968/197)


- Pasta 0037 0037

Ficheiros PDF:

- 061 - Incidentes com Senegal e República da Guiné 1969/1970

- 062 - Incidentes com Senegal e República da Guiné 1971/1971


- Pasta 0038 0038

Ficheiro PDF:

- 074 - Processo incidente Pirada 1972/1972

Estas são alguma sugestões de pesquisa. Todos estes documentos podem ser lidos página a página e descarregados se assim o desejarem.

Na coluna estática do Blogue existe um link para a página das Sugestões de Leitura que deverá ser visitada com frequência porque está sempre em actualização.

2. Informamos também que as Cartas da Guiné estão já todas acessíveis na página Cartas da Antiga Província da Guiné com os respectivos links de acesso. Faltam umas notas do nosso editor Luís Graça.

Nunca será demais referir que podemos aceder a estas Cartas graças ao nosso camarada Humberto Reis que as adquiriu, digitalizou e disponibilizou ao Blogue.

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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23695: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (99): Alguém tem exemplares do jornal "Nô Pintcha", do PAIGC, criado em 1975? Ou de panfletos, do tempo da luta armada, com a expressão "Nô Pintcha"? (Paulo Marchã, militar da FAP, ref, estudante de licenciatura em Estudos Africanos pela FL/UL)

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23695: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (99): Alguém tem exemplares do jornal "Nô Pintcha", do PAIGC, criado em 1975? Ou de panfletos, do tempo da luta armada, com a expressão "Nô Pintcha"? (Paulo Marchã, militar da FAP, ref, estudante de licenciatura em Estudos Africanos pela FL/UL)



Guiné-Bissau > Bissau > 1975 > Cabeçalho do jornal trissemanário "Nô Pintcha", ano I, nº 18, 6 de maio de 1975. Era apresentado como "órgão do subcomissariado de Estado de Informação e Turismo" e, em princípio, com este formato, foi criado em 1975. Em 27 de março de 2015 celebrou 40 anos, e passou a bissemanário.

(Imagem: Cortesia de Fundação Mário Soares > Casa Comum >Arquivos > Arquivo de Mário Pinto de Andrade).


1. Mensagem de Paulo Marchã, militar da FAP na reforma, a concluir a licenciatura em Estudos Africanos, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FL/UL)

Data - sábado, 8/10/2022, 17:12

Assunto - Imprensa antes da independencia e brochura No Pintcha

Caro camarada Luís Graça,
Espero encontrá-lo bem, assim como todos os seus familiares.
Chamo-me Paulo Marchã, tenho 64 anos e sou militar da FAP na Reforma.
Voltei aos bancos da Universidade, Faculdade de Letras de Lisboa e estou a concluir a Licenciatura em Estudos Africanos.
O Centro de História da Universidade de Lisboa lançou há dias o website do Jornal No Pintcha, onde eu estou envolvido academicamente.

Vinha solicitar os seus préstimos se haverá números que poderia disponibilizar, apesar de ser um jornal público, com tiragem inicial em 1975. No entanto, parece-me que o mesmo jornal, poderia ter uma linha de existência, mesmo precária e singela antes da independência, com o mesmo título.
Se porventura existir algum exemplar em Arquivo, ou na posse de algum camarada, mesmo outra edição de clandestinidade do PAIGC, muito lhe ficava grato que me facultassem acesso para digitalização e para fins académicos, de investigação e de estudo.

Com estima, queira acetar os meus cumprimentos,

Paulo Marchã


2. Resposta do editor LG:

Olá, Paulo, obrigado pelo contacto. Vou pôr à consideração dos nossos leitores o seu pedido (*). Temos escassas referências ao jornal "Nô Pintcha", no nosso blogue, tratando-se de uma publicação periodica oficialmente criada em 1975, já depois da independência da Guiné-Bissau. As balizas temporais do nsso blogue são basicamente as da guerra do ultramar / guerra colonal (1961/74).

Pode ser, entretanto, que alguém, entre as centenas de amigos e camaradas da Guiné que integram a nossa Tabanca Grande, possa responder positivamente ao seu pedido. Mas não temos conhecimento de nenhuma coleção do "Nô Pintcha". Pode haver, isso sim, um ou outro exemplar avulso na posse de algum dos nossos camaradas.

Quanto à existência de um eventual "Nô Pintcha", reproduzido a "stencil", durante a luta de libertação, e distribuído pelo PAIGC "no mato", a única referência que temos é a que vem no poste P16962, de 17 de janeiro de 2017 (**).

Para já ficas-nos a dúvida, se se tratava de uma publicação periódica, de um jornal, ou antes de "folhas soltas", "panfletos" com o cabeçalho "Nô Pintcha", "slogan" que o PAIGC usava na sua propaganda?... Por outro lado, pode perguntar-se: mas quem é que sabia ler, numa tabanca da margem direita do Rio Corubal, em Mina, uma das matas do Xime, em agosto de 1963, no início da guerra de guerrilha?

Infelizmente o autor do achado dessas "folhas feitas em stencil de um pequeno jornal chamado e intitulado de No Pintcha" , o Alcídio Marinho, já faleceu eem 2021 (***).  

Antigo furriel miliciano atirador de infantaria, com a especialidade de minas e armadilhas, da CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65), o Alcídio Marinho vivia no Porto. Conheci-o em 2011, a ele e à sua companheira Rosa. Compartilhou comigo algumas informações "off record" do seu tempo como opercional no TO da Guiné. Não me lembro de me ter falado desses exemplares de jornais ou panfletos de propaganda do PAIGC, capturados no mato, e muito menos que ele os tenha trazido com ele, no regresso a casa. O material apreendido, como seria normal, foi entregue ao BCAÇ 506 (Bafatá, 1963/65).

Pessoalmente inclino-me mais para a hipótese de se tratar de panfletos avulsos, encimado com o título "Nô Pintcah" (em português, Avante), como este que a seguir se repoduz, com a foto do Amílcar Cabral ao centro. (****)

Bom trabalho. Boa sorte para o projeto.

Mantenhas. Luís Graça




Guiné-Bissau > s/d > Amílcar Cabral e a sua mensagem revolucionária, Nô Pintcha (título posterior de semanário guineense, de informação geral, fundado em 1975 e dirigido por Simão Abina)... Em crioulo, a expressão "Nô Pintcha" quer dizer: Avante, Vamos dar um empurrão, Vamos para a frente...
Fonte: Sítio Xico Nhoca, consultado em 17 junho de 2010. Disponível em http://www.xiconhoca.org/nopintcha/ ) (com a devida vénia...)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23658: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (98): Em Mansabá havia 2 geradores Lister que trabalhavam alternadamente, em turnos de 4 horas (Carlos Vinhal, ex-fur mil art, MA, CART 2732, Mansabá, 1970/72)

(**) Vd. poste de 17 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16962: (Ex)citações (323): em 1963 já havia um jornal "Nô Pintcha", a stencil... Apanhámos vários exemplares, na Ponta do Inglês, em 28 de janeiro de 1964, com um título de caixa alta: "Os colonialistas também têm mercenários"... Numa foto, via-se um individuo de cabelo comprido, camisa com ramos de flores, calções escuros e sandálias havaianas, a montar uma armadilha... Esse indivíduo era eu (Alcídio Marinho, ex-fur mil at inf, MA, CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65)

(...) No meu tempo, quando o 3º pelotão da CCAÇ 412 esteve no Xitole de junho a fim de agosto de 1963, um dia na região de Mina, numa tabanca encontrei umas folhas feitas em stencil de um pequeno jornal chamado e intitulado de No Pintcha [, leia-se: Avante, em crioulo].

Nesses panfletos davam notícias sobre a chamada luta de libertação. Mais tarde, depois de estarmos no Enxalé 28 de outubro de 1963 até 25 de janeiro de 1964, fizemos a nível de Companhia uma operação à Ponta do Inglês, em 28 de janeiro (operação Ponta do Inglês), em que levámos 13 longas horas para chegar ao acampamento inimigo, sendo este depois destruído.

Aí apareceram diversos desses jornais, onde me foi chamada a atenção por um camarada que a minha fotografia aparecia na 1ª página. O titulo era o seguinte: " Os colonialistas também têm mercenários". Via-se um individuo de cabelo comprido, camisa com ramos de flores, calções escuros e sandálias havaianas, a montar uma armadilha. O individuo da fotografia era eu. O cabelo andava comprimido, porque eu tinha tido um problema no couro cabeludo e por indicação do nosso médico, dr. Jacinto Botas, e devido ao tratamento, não podia cortar o cabelo.

A minha camisa era azul com folhas e flores amarelas, comprada em Bissau. Os calções eram azuis e tinham sido feitos pelo cabo (alfaiate) Eurico Valpaços Alves. A foto era, na época, a preto e branco, e foi tirada na zona do Enxalé. (...).

Alguns exemplares foram entregues no Batalhão [de Çaçadores] 506 que os fez chegar a Bissau, onde oficialmente se ficou a conhecer a minha actividade. Um militar sem curso de Minas e Armadilhas, fazia mais estragos que muitas unidades.

Portanto já em 1963 havia um jornal chamado Nô Pintcha. (...)

(***) Vd. poste de 1 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22244: In Memoriam (397): Com o Alcídio Marinho (1940-2021), ultrapassamos a centena de amigos e camaradas, membros da Tabanca Grande, que "da lei da morte já se libertaram" (n=103)... Quase um quarto dos falecimentos (n=25) ocorreu em 2020 e 2021 (últimos 5 meses), ou seja, em plena pandemia de COVID-19.

(****) Vd. poste de 17 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6609: Controvérsias (87): Nô Pintcha, Vamos P'rá Frente, Guiné-Bissau! (Carlos Silva, membro da ONGD Ajuda Amiga)