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segunda-feira, 14 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22279: Notas de leitura (1361): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima; Março de 2020, Edição de Autor (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Este livro chegou-me através de um jornal de Tomar onde colaboro, é uma narrativa marcada pela ternura, pelos bons afetos gerados por aqueles jovens que no auge da II Guerra Mundial arribaram numa cultura que os deve ter surpreendido pelas afinidades existentes com a nossa como pelo abismo das diferenças. Face ao contexto em que operaram estas Forças Expedicionárias, o autor é meticuloso a despeito de dizer sempre que não está a fazer historiografia, socorre-se de um acervo fotográfico impressionante, e aí entra o nosso blogue, o Luís Graça mimoseou-o com o acervo que dedicou à memória do seu pai, um dos atores presentes num dos períodos de calamidade mais devastadores que o arquipélago conheceu. E conta-se como as unidades militares e o corpo de profissionais de saúde tanto ajudou aquelas populações em calvário. Uma terna narrativa de cuja leitura só temos a ganhar.

Um abraço do
Mário



Forças expedicionárias em Cabo Verde (1941-1944):
Guerra não houve, a solidariedade foi grande com as horríveis secas, devastadoras


Mário Beja Santos


Adriano Miranda Lima, Coronel Reformado do Exército Português, nascido em S. Vicente de Cabo Verde, publicou em edição de autor, março de 2020, uma obra dedicada às Forças Expedicionárias que de 1941 a 1944 cumpriram missão em Cabo Verde, sob o espetro de uma invasão num ponto geoestratégico de grande importância para o Eixo e para os Aliados. (*)

O seu trabalho é dedicado à memória dos 24.473 cabo-verdianos que morreram por fome no arquipélago nos anos 1941, 1942 e 1943; e também à memória dos 68 militares das Forças Expedicionárias que morreram por doença e acidente, no período da II Guerra Mundial. Cabo Verde e Tomar estão no coração do autor. 

Até alguns anos atrás, principalmente soldados, cabos e furriéis tomarenses promoviam convívios para recordar aqueles tempos da sua mocidade. O Regimento de Infantaria 15 foi uma das unidades-mãe de forças militares integrantes daquela missão. 

Sendo cabo-verdiano de origem, Adriano Miranda Lima foi designado como elemento de ligação com as comissões de convívio dos antigos militares expedicionários. Não esconde a carga afetiva e emocional que envolveu o seu trabalho, dedicará parágrafos muito belos à solidariedade com os cabo-verdianos flagelados por temíveis secas. Meticuloso, exprime gratidão com quem lhe estendeu a mão para fornecer elementos. Concretamente, manifesta-se devedor ao Luís Graça e ao blogue (escreve: “Considero-o o mais completo e mais conseguido reportório nacional das memórias e experiências pessoais sobre a guerra colonial”), sobretudo graças às memórias sobre Luís Henriques, antigo expedicionário a Cabo Verde integrado no 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 5.

Começa por nos dar o quadro da decisão de Salazar e o seu governo, naquele contexto de neutralidade colaborante em mostrar às potências em conflito, tendo também presente que a Batalha do Atlântico tinha como cenário as ilhas atlânticas portuguesas, de enviar efetivos para os Açores, a Madeira e Cabo Verde. As forças mobilizadas para a Madeira foram pouco expressivas, 30 mil homens para a defesa dos Açores e mais de 5 mil homens para Cabo Verde. Estava dado o sinal de qualquer antecipação a apetências germânicas ou aos avisos norte-americanos de que aquelas ilhas de Cabo Verde podiam ter um papel crucial no desfecho da guerra.

Comprou-se material no Reino Unido (peças de artilharia, jogos para plataformas e munições respeitantes à artilharia de costa). Em 1941, foi criada na cidade de Mindelo uma Bataria de Artilharia de Costa e em fins de agosto do mesmo ano foi transferida para a mesma cidade a Sede da Repartição Militar. Mobilizaram-se várias unidades, e é assim que aparece o 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 15, foi nomeado comandante do Comando Militar de Cabo Verde o Brigadeiro Nogueira Soares, que estará no arquipélago em funções deste agosto de 1941 até dezembro de 1944. 

O autor dá-nos a relação das diferentes unidades (batalhões expedicionários, batarias de artilharia e um bom conjunto de unidades de apoio) que irão estacionar no Mindelo, em Santo Antão e na Ilha do Sal. O Batalhão Expedicionário de Infantaria 15 parte fracionado em três contingentes entre outubro de 1941 e janeiro de 1942, ficarão em Santo Antão e no Mindelo. É bem curiosa a imagem do transporte dos contingentes entre o navio Colonial e o cais de desembarque, não havia cais acostável, houve que se recorrer às enormes lanchas que eram normalmente usadas nas descargas de carvão das companhias carvoeiras.

O comandante que partiu de Tomar era o Major Nicolau de Luizi, que falecerá no ano seguinte, por doença. O material usado era predominantemente constituído por: metralhadoras de origem alemã, dinamarquesa e italiana, espingardas Mauser (de origem alemã), peças antiaéreas suecas, morteiros franceses. As Forças Expedicionárias arribam no arquipélago quando este está a ser assolado por uma prolongada estiagem, uma seca mortífera que matou aqueles milhares de pessoas, ficando por classificar os que se salvaram pelo humanitarismo de militares e unidades de saúde vindas de Portugal. Houve que instalar oficiais e sargentos em casas particulares e pensões e criar abarracamentos para as praças. No meio daquele deserto árido apareceram as habitações com arruamentos onde não faltou a graça de pôr nomes tomarenses, como Rua Direita ou Rua da Calça Perra ou Rua dos Estaus e mesmo no centro do aquartelamento a Praça da República. Importa nunca esquecer que o Coronel Adriano Miranda Lima é cabo-verdiano de nascimento, mas sente-se agora medularmente tomarense.

Adriano Miranda Lima insere um conjunto apreciável de imagens com cenas do quotidiano, mostrando instalações de artilharia, as diferentes atividades militares, o tipo de relacionamento entre militares e civis, mostra episódios de aparecimento de submarinos e até mesmo temos direito a conhecer uma cena de espionagem feita a favor dos Serviços Secretos Britânicos, os radiotelegrafistas tinham intercetado interferências, veio-se a descobrir uma antena estendida no telhado de uma casa, foram detidos um comerciante e a sua mulher, encontrou-se um moderno recetor/transmissor instalado numa mala.

Como é evidente, o armamento disponível pelas Forças Expedicionárias não daria para resistir a um ataque vindo de cruzadores de batalha ou couraçados, completamente desigual o armamento utilizado pelas forças navais alemães, pelo menos até 1942. Descreve-se o plano de defesa para as diferentes unidades estabelecido pelo subsecretário de Estado Santos Costa e posto em prática pelo comando das Forças Expedicionárias. Dá-se realce ao papel desempenhado pelas transmissões e fica-se a saber que no final da guerra alguns dos radiotelegrafistas formados no Exército ficaram na corporação, mas a grande maioria foi para a Marinha Mercante Portuguesa ou para países como os EUA, o Canadá, o Reino Unido e a França.

Relevam-se efemérides, cerimónias e atividades festivas, não faltaram torneios de futebol e lembra-se que foi a comunidade inglesa de S. Vicente (pertencente às companhias carvoeiras e à exploração de Western Telegraph Company) que introduziu o futebol em S. Vicente e daqui para as outras ilhas. Lembra-se o desempenho dos profissionais de saúde, e numera-se os que faleceram por doença, caso do já referido Major Nicolau de Luizi. O autor visitou o cemitério do Mindelo onde estão campas dos seus familiares e depois dirigiu-se ao talhão militar português, junta-se imagem da homenagem feita pelos Presidentes da República e Primeiros-Ministros de Portugal em 10 de junho de 2019.

Inevitavelmente, fala-se dos anos terríveis da seca e faz-se uma citação de um vendaval na Ilha do Fogo extraída do romance de Teixeira de Sousa Ilhéu de Contenda: “Quando clareou o dia, a lestada já havia amainado. Eusébio saiu a averiguar os estragos. A verdura que na véspera cobria as achadas, os cutelos, as ribeiras, transformou-se da noite para o amanhecer num emaranhado de hastes e folhas ardidas. O milheiral que tanto prometia, as faquetas arremangadas prometendo fartura, encontravam-se agora alastrados no chão, de mistura com as cordas de abobreira e caules de feijoeiro. As árvores pareciam aves depenadas, os galhos contorcendo-se de desespero. O vento leste queimara tudo. Nada, positivamente nada, restava com o viço da véspera”.

E dá-se conta do modo como se procurava ajudar os esfaimados e os doentes e se fala do comportamento exemplar do médico Baptista de Sousa, um caso excecional de solidariedade que lhe valeu um cortejo de despedida como talvez não tivesse havido igual em Cabo Verde. Com ternura se lembra os convívios dos tomarenses a que não faltou um octogenário muito dinâmico, Francisco Lopes, o Chico da Concertina. E o autor despede-se de todos estes militares cuja memória da estadia em Cabo Verde perdurou até ao fim. Uma bela narrativa de que os tomarenses se devem orgulhar, também.

O leitor interessado encontrará um apreciável número de imagens do nosso blogue, amavelmente cedidas pelo filho do primeiro cabo Luís Henriques que tão carinhosamente aqui homenageou o seu pai.

10 de junho de 2019, Homenagem aos Militares das Forças Expedicionárias Portuguesas em Cabo Verde na Segunda Guerra Mundial, Presidentes da República de Portugal e Cabo Verde e respetivos primeiros-ministros

Peças antiaéreas em Alto Bomba, São Vicente (fotografia de 1943, publicada no blogue "Luis Graça e Camaradas da Guiné")
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Notas do editor

(*) - Vd poste de 8 DE SETEMBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (756): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio

O livro pode ser adquirido através do email do Coronel Adriano Lima: limadri64@gmail.com

Último poste da série de 7 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22262: Notas de leitura (1360): "Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James; Edições Saída de Emergência, 2018 (4) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17602: Meu pai, meu velho, meu camarada (58): Ilha de São Vicente, Lazareto - Parte I [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]




Foto nº 1 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto []?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Eu, ao centro"


Foto nº 1 A > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Llazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: lado esquerdo.



Foto nº 1 B > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: centro. Luís Henriques está assinalado com um retângulo a amarelo.




Foto nº 1 C > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol, eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: lado direito.




Foto nº 2 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol".


Foto nº 2 A > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte do lado esquerdo. O primeiro militar da ponta esquerda deveria ser um graduado (furriel ou sargento)



Foto nº 2 B > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte central. Luís Henriques é o segundo a contar da direita para a esquerda.



  Foto nº 2 C > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte central. Luís Henriques é o primeiro a contar da esquerda para a direita.

Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2012) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.




1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha]. Esteve 26 meses em Cabo Verde, no Lazareto, na Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 43, em missão de soberania; este e outros batalhões (do RI 7, RI 15 e RI 2) , num total de mais de 3300 homens, foram entretanto integrados mais tarde no RI 23]. (*)

[Foto à direita, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]


Estas e outras fotos do álbum de Cabo Verde, de Luís Henriques, foram disponibilizadas ao João B. Serra que está escrever a biografia do capitão SGE e escritor Manuel Ferreira (1917-1992) [e a montar, em Caldas da Rainha, uma exposição comemorativa do 1º centenário do seu nascimento,  a inaugurar no dia 22 de julho de 2017, seguindo depois em meados de setembro para Leiria, terra natal do escritor] (**).

Manuel Ferreira também foi expedicionário, em São Vicente na mesma altura, ou seja durante a II Guerra Mundial, com o posto de furriel miliciano, embora pertencesse a outra unidade mobilizadora, o RI 7 (Leiria) (o respetivo batalhão estava aquartelado em Chão de Alecrim).

Outros camaradas nossos, cujos pais estiveram em Cabo Verde (casos do Hélder Sousa, Augusto Silva Santos e Luís Dias), também já disponibilizaram as fotos dos seus álbuns, para esta nobre missão que é, para além da comemoração da vida e obra de Manuel Ferreira, homenagear os valorosos portugueses e cabo-verdianos desta época.

O RI 5 estava aquartelado no Lazareto, a oeste da cidade do Mindelo.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 19 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17486: Meu pai, meu velho, meu camarada (57): um roteiro da cidade do Mindelo: parte II [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]

(**) Vd. poste de 12 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17571: Agenda cultural (572): Exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso", Museu Malhoa, Caldas da Rainha. Convite para a inauguração, no próximo dia 22 de julho, sábado, às 15h00 (João B. Serra, comissário)

terça-feira, 11 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17234: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XI: trinta e nove anos depois, homenagem aos mortos, em 1981, em Setúbal





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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943). Faria depois da Escola de Sargentos de Águeda. Promovido a alferes, comandou a GNR em Tavira, até 1968. Colaborava com regularidade, no jornal "Povo Algarvio", onde o nosso camarada Manuel Amaro o conheceu, pessoalmente. Em 1969, já capitão, sendo o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa-

Não temos mais informações atualizadas sobre este nosso velho camarada (e nomeadamente, por onde andou depois do 25 de Abril). De qualquer modo, é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. Se for ainda  vivo, e oxalá que sim, terá então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Cabe-nos em,todo o caso honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

[Foto, à direita, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [cap XIV, de 46 a 50, cap ] não vêm numeradas no livro.  
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terça-feira, 4 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17205: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte X: Foram mil e regressaram menos de quinhentos... Recordações do Fernando Pais, emigrado nos Estados Unidos da América





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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).

O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:

(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).

Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).


[Foto, à direita,  do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]


Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [de 42 a 45] não vêm numeradas no livro. Destaque para a transcrição de um excerto do diário de um dos expedicionários, Fernando Pais (, entretanto emigrado na América):

"(...) A Ilha [do Sal] é seca, árida e arienta, outras vezes parece terra queimada, da sua origem vulcânica; andamos mil metros, temos a visão da miragem; depois essa miragem desaparece. Aqui não há hortaliças, nem legumes nem frutas, pois que ela não possui água, dado que não chove. A que existe  em pequena quantidade é salobra e salgada; os meus companheiros diziam que ela era boa, digestiva e purgativa, mas no fim de uns três dias tivemos que a deixar, pois as diarreias  de sangue e as fortes dores intestinais e depois as baixas à Enfermaria, onde os medicamentos próprios não abundavan, a tal nos obrigavam.

"Parece que a desolação e a morte caíram sobre algumas palhotas que enconteri num pequeno morro ao norte da Terra Boa, isto entre a Palmeira e a Pedra Lume" (...)

Para além de 16 mortos, o batalhão expedicionário do RI 11 terá tido um número impressionante de baixas por doença, cerca de metade, segundo o depoimento do nosso autor, o José Rebelo.Ao fim de 20 meses de permanência na Ilha do Sal, e na véspera de partir para a Ilha de Santo Antão, os expedicionários doOnze estavam reduzido a 16 oficiais, 22 sargentos e 460 praças...

Hoje quem escolhe a "ilha paradisíaca do Sal" como destino turístico, não faz a mínima ideia do que era esta "terra do demo" (José Rebelo) há três quartos de século atrás...

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Nota do editor:

sexta-feira, 24 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17174: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte VIII: A estafeta "Chama da Pátria", em 9 de abril de 1942, ligando Pedra Lume até Vila Maria, na ilha do Sal




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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI 11, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).

Não sabemos se ainda hoje será vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. E, se já morreu, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluíram os pais de alguns de nós.

O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:

(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

[Foto do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

Era comandante do RI 11, na altura, o coronel inf Florentino Coelho Martins, combatente da I Guerra Mundial, e que, ao que parece, não escondia as suas simpatias republicanas, o que na época, no auge do Estado Novo de Salazar,  pagava-se caro. Pouco tempo depois foi substituído.

As páginas que publicadas [de 34 a 37] não vêm numeradas no livro. Ficamos a saber, pelo autor do livro, que a baía da Murteira era um dos "covis" dos submarinos alemães, durante a II Guerra Mundial. Nas barbas das nossas tropas, ali estacionadas, mas não dispondo de artilharia, os alemães rondavam a ilha do Sal e outras ilhas do arquipélago, administrados por um país que praticavam a "neutralidade colaborante"... Na baía da Murteira há hoje um empreendimento turístico mas também mas tem uma zona protegida, a Reserva Natural da Baía da Murdeira
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17076: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IV: por castigo ("falta de brio e aprumo" de alguns militares no desfile de embarque!...) , o 1.º Batalhão do Onze é impedido de ostentar a Bandeira do Exército Português... (O cmdt do Onze era o cor inf Florentino Coelho Martins, um português da "escola de Mouzinho")... Na ilha do Sal, "a vida e a morte lá iam decorrendo"...


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 19943 > "Pesca de um grande tubarão". Foto nº 26 do álbum fotográfico de Feliciano Delofim Santos (1922-1989), ex-1º cabo expediionário, 1ª compangia, 1º batalhão, RI 11 (Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, 1941/43), pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)

Parte IV (pp. 19-20)



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(Continua)


Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
 do RI 11
A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do Onze partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

No texto acima há referência a um castigo ao RI 11, impedido de usar a Bandeira do Exército Português, por alegada falta de aprumo, disciplina e brio de alguns militares durante o desfile de embarque a que a um ministro (não se diz qual) assistiu... O autor da brochura, o Cap  SGE José Rebelo, sugere que a punição também seria devida ao facto de o comandante do Onze, "um homem com H", não jogar no mesmo clube (sic) do ministro... Ou seja, devia ser um militar republicano (, era alferes em 1911 no BCAÇ 5), que não devia morrer de amores pelo  Estado Novo...

Na altura, o ministro do exército (ou da guerra) era o próprio Salazar, que acumulava, interinamente (1936-1944),  com o cargo de Presidente do Conselho... mas que não é crível que estivesse presente da cerimónia de despedida...

O comandante do Onze era o Coronel de Infantaria Florentino Coelho Martins, "que era daqueles portugueses da 'Escola de Mouzinho' " (sic) (página, inumerada, 1). O Comandante do Batalhão Expedicionário era o Major Abel Alfredo da Costa.

Na comunicação social (ou, pelo menos, no "Diário de Lisboa") não há notícia deste embarque de tropas para Cabo Verde.
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17062: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte III: Mobilização do batalhão e composição das companhias (3)