Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambaddinca) > Mansambo > CART 2339 , "Os Viriatos" > Abril de 1968 > Não, não estavam a curar nenhuma bebedeira daquelas de " caixão à cova", estavam simplesmente a dormir ao luar...
Fase de construção de raiz, "a pá, enxada e pica" (!), do aquartelamento de Mansambo (que a "Maria Turra", na rádio Libertação, em Conacri, chamava "campo fortificado de Mansambo")...Os alferes milicianos Cardoso e Rodrigues apanham "banhos de luar" (sic)...
Foto (e legenda): © Henrique Cardoso / Carlos Marques Santos (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
1. Seleção de comentários ao poste P21222 (*) - Parte II (**)
(viii) Tabanca Grande Luís Graça
.(...) As fotos de "arquivo" (não se identificam as fontes, o que é lamentável para um jornal como o "Público" que dantes tinha um "livro de estilo"...), das páginas 6 e 9 [,do suplemento dominical, P2, 2/8/2020] são "fotos de caricatura" ou de "pura bravata", não podem ser tomadas como "retrato socioantropológico" do quotidiano da guerra:
Legenda do nosso saudoso coimbrão Carlos Marques dos Santos (1943-2019), o primeiro dos "Viriatos" a chegar ao nosso blogue, logo em 2005, tendo depois trazido com ele o Torcato Mendonça:
(...) "Em Mansambo, a céu aberto. Camas de ferro nos fossos que iriam ser o aquartelamento fortificado de Mansambo. Data: abril de 1968. A foto é do Henrique Cardoso, alferes da CART 2339 e seu comandante. Os 3 Capitães, que comandaram a Companhia anteriormente estiveram sempre doentes !!! Ele assumiu o comando. Era miliciano e responsável" (...).
Foto (e legenda): © Henrique Cardoso / Carlos Marques Santos (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
(viii) Tabanca Grande Luís Graça
.(...) As fotos de "arquivo" (não se identificam as fontes, o que é lamentável para um jornal como o "Público" que dantes tinha um "livro de estilo"...), das páginas 6 e 9 [,do suplemento dominical, P2, 2/8/2020] são "fotos de caricatura" ou de "pura bravata", não podem ser tomadas como "retrato socioantropológico" do quotidiano da guerra:
Na página 6, um soldado, empunhando uma G3, com uma fita de metralhadora de HK 21, ao pescoço, na caserna com beliches, e uma mesa com cerca de 4 dezenas de garrafas, sobretudo de cerveja (Cristal) e 4 garrafas de vinho e/ou bebibas destiladas (reconhece-se a marca Macieira, o brandy mais acessível às praças)... Sem data, sem local, sem legenda... O rosto desfocado...
Na página 10, dois militares (?) , um dá a beber a outro, através de um funil, com uma garrafa de uma bebida licorosa (não se consegue ler o rótulo..., talvez "Cointreau"). Sem data, sem local, sem legenda. Os rostos desfocados...
O artigo do suplemento de domingo (P2), do Público, edição nº 11057, de 2/8&2020, "Cannabis e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial", é da autoria de Patrícia Carvalho (texto) e Daniel Rocha (fotografia).(...)
(ix) António Graça de Abreu
(...) Diz este senhor: "Na guerra, os militares portugueses recorriam às duas drogas como forma de ultrapassar as dificuldades, vencer o medo e lidar com uma realidade difícil de suportar."
(x) Antº Rosinha
(...) Parece-me que estamos a falar de "liamba", "maconha"... que nem droga (perigosa) era considerada, entre os negros velhos e novos de Angola, tal como na Guiné é o consumo da tal noz de cola.
De facto em Angola, nos últimos anos, chamemos-lhe no pós-Salazar, em que talvez por uma questão psicológica, tudo pareceu mais moderno, mais aliviado, mais descontraido, também jovens brancos eventualmente poderiam aparecer com os olhos muito vermelhos e meio atordoados: eram já os maconheiros, tal como aparecia o velho cozinheiro, o vendedor de jornais, o velho criado...etc.
Entretanto já se falava no negócio à porta dos liceus, mais judiciária, já se falava no consumo por gente fina, mais por alferes milicianos e furriéis, não pelo soldado, pois era preciso alguma classe para consumir.
Portanto, com a bandalheira (abertura) que se adivinhava com a novidade do marcelismo, entre os jovens era fino consumir, constava.
De repente, o 25 de Abril e com os retornados vinha maconha, diamantes e caixotes, dizia-se.
O nosso Comandante [da Tabanca Grande] já referiu que o autor "previne contra o enviesamento da jornalista". Desculpem-me aqueles que de facto são jornalistas (muito poucos, na verdade), mas hoje em dia esta é uma classe de jornalixa(o)s.
Lá que se bebia, é uma verdade. Mas isso era a própria máxima do "ex" [, Salazar,] que tinha incutido na mente do Zé Povinho que "beber é dar de comer a um (uns) milhão (ões) de Portugueses".
O mais grave é que passamos todos nós, os ex-combatentes, a ser catalogados como drogados e não se admirem se amanhã, algum dos muitos iluminados que agora por aí campeiam, vier dizer que foram os ex-combatentes os responsáveis pela introdução deste flagelo, no País.
(xii) Rui G. dos Santos
Na página 10, dois militares (?) , um dá a beber a outro, através de um funil, com uma garrafa de uma bebida licorosa (não se consegue ler o rótulo..., talvez "Cointreau"). Sem data, sem local, sem legenda. Os rostos desfocados...
O artigo do suplemento de domingo (P2), do Público, edição nº 11057, de 2/8&2020, "Cannabis e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial", é da autoria de Patrícia Carvalho (texto) e Daniel Rocha (fotografia).(...)
(ix) António Graça de Abreu
(...) Diz este senhor: "Na guerra, os militares portugueses recorriam às duas drogas como forma de ultrapassar as dificuldades, vencer o medo e lidar com uma realidade difícil de suportar."
Leram bem: "Os militares portugueses". Os militares portugueses somos todos nós. O álcool, com certeza, o canábis é droga que nunca vi, nunca soube que fosse consumido e fizesse parte dos quotidianos dos "militares portugueses", e peregrinei pelo norte, centro e sul da Guiné, 72/74.
É mais uma das muitas mentiras factuais com que nos carimbam a nós, "tropa colonial-fascista". Apetece mandar esta gente (a crescer em Portugal!) para a grande p... que os pariu. (...)
(x) Antº Rosinha
(...) Parece-me que estamos a falar de "liamba", "maconha"... que nem droga (perigosa) era considerada, entre os negros velhos e novos de Angola, tal como na Guiné é o consumo da tal noz de cola.
De facto em Angola, nos últimos anos, chamemos-lhe no pós-Salazar, em que talvez por uma questão psicológica, tudo pareceu mais moderno, mais aliviado, mais descontraido, também jovens brancos eventualmente poderiam aparecer com os olhos muito vermelhos e meio atordoados: eram já os maconheiros, tal como aparecia o velho cozinheiro, o vendedor de jornais, o velho criado...etc.
Entretanto já se falava no negócio à porta dos liceus, mais judiciária, já se falava no consumo por gente fina, mais por alferes milicianos e furriéis, não pelo soldado, pois era preciso alguma classe para consumir.
Portanto, com a bandalheira (abertura) que se adivinhava com a novidade do marcelismo, entre os jovens era fino consumir, constava.
De repente, o 25 de Abril e com os retornados vinha maconha, diamantes e caixotes, dizia-se.
Hoje o haxixe é remédio.
Entretanto o uísque (a pataco) para a tropa, isso é história já velha, que até o Lobo Antunes náo deixou passar em branco. (...)
Entretanto o uísque (a pataco) para a tropa, isso é história já velha, que até o Lobo Antunes náo deixou passar em branco. (...)
(xi) Jorge Picado
O nosso Comandante [da Tabanca Grande] já referiu que o autor "previne contra o enviesamento da jornalista". Desculpem-me aqueles que de facto são jornalistas (muito poucos, na verdade), mas hoje em dia esta é uma classe de jornalixa(o)s.
Lá que se bebia, é uma verdade. Mas isso era a própria máxima do "ex" [, Salazar,] que tinha incutido na mente do Zé Povinho que "beber é dar de comer a um (uns) milhão (ões) de Portugueses".
O mais grave é que passamos todos nós, os ex-combatentes, a ser catalogados como drogados e não se admirem se amanhã, algum dos muitos iluminados que agora por aí campeiam, vier dizer que foram os ex-combatentes os responsáveis pela introdução deste flagelo, no País.
Só vi bebidas, conheci os naturais a mascarem cola, mas "cânhamos" só na minha activadade, como engenheiro agrónomo.
(xii) Rui G. dos Santos
(..) Sinto-me ofendido bem como aos meus soldados nativos, Não havia Canábis, havia , sim, Cerveja, Uísque e Vinho. A noz de cola era consumida pelo velhos/as das tabancas por causa das dores, quando andava de noite por entre as moranças das tabancas via os velhotes sentados num banquinho mastigando e ficando com a boca vermelha, nunca vi um soldado meu consumir que não fosse cerveja, ou vinho ... E pergunto atualmente quem não bebe álcool ???
Matreirices por detrás deste "jornaleiro" que pretende minimizar o trabalho que nos foi dado, expondo o peito às balas, o corpo aos rebentamentos sucessivos enquanto que muitos que hoje se intitulam de qualquer titulo "meritório" da tanga como diziam os meus soldados PAPA KI PARE !!!!
Rui G dos Santos, Comandante de um pelotão de nativos em Bedanda 4ª CC 1963/64,
Comandante de dois pelotões de Instrução em Bolama no CIM 1964/65
Todos nós sabemos bem, dos mais antigos aos mais novos, que na Guiné estávamos dentro da guerra e nesses 200 entrevistados teria que haver uma ponderação especial em relação a Angola ou Moçambique.
Não me recordo de haver bebedeiras por cagufa, nem nunca vi, enquanto estávamos à noite de prevenção nas valas, haver alguém acompanhado com garrafas de cerveja ou vinho.
Até aconteceu com os nossos cabos e soldados de cá, quando saíamos em patrulhamento, nas primeiras vezes alguns levaram vinho no cantil em vez de água, mas serviu-lhes de emenda pela sede que passaram.
Essa do Rosinha achar que a efémera primavera marcelista veio criar hábitos modernos do consumo de drogaria, tem graça. Todos sabemos que foi por causa da guerra do Vietname e tudo o que se seguiu é que deu origem ao consumo generalizado e depois ao grande negócio da droga à escala mundial.
Uf!! agora ia mesmo um bioxene com duas pedrinhas de gelo e uns amendoins bem torrados. (...)
(xiv) José Belo
(...) Certamente que “a estrutura militar, logística,ou Comando, não fornecia bebidas alcóolicas a preços baixos ao pessoal para criar um ambiente de alienação “.
Os Excelentíssimos Quartéis Mestres Generais (plural, devido ao longo período da guerra) não seriam de modo algum...perversos alienadores psicodélicos! Tinham outras grandes qualidades humanas na bagagem ontológica militar.
Mas que os fornecimentos, desde os "rebatizados" vinhos a água da bolanha somada às águas municipais da Manutenção Militar em Lisboa, aos famosos-inesquecíveis-supra-especiais Whiskys de “candonga”, ajudavam alguns dos muitos e inocentes “sacos azuis” intermediários....Iso fazia parte de um certo ambiente de alienação controlada.
(xiii) Valdemar Queiroz
(...) Esta é das boas, e ainda nos apanharam vivos para dizer, como a outra, É MENTIRA!!
Não li nada sobre as 200 entrevistas, e não sei quem fazia parte desse universo, como: data da comissão, território do cumprimento da comissão, dentro desse território no mato ou em localidades (aqui a Guiné era mais complicado), patentes militares, acções em combate e ambiente familiar na metrópole..e o clima.
Todos nós sabemos bem, dos mais antigos aos mais novos, que na Guiné estávamos dentro da guerra e nesses 200 entrevistados teria que haver uma ponderação especial em relação a Angola ou Moçambique.
Todos se recordam de chegar a Bissau e logo começar a atestar umas cervejas ou uns uísques com coca-cola no Bento ou na Solmar e à noite ouvir Tite a 'embrulhar'. E desde esses dias foi um ver se te avias, uns mais outros menos, lá se 'embrulhava' no mato e lá se mandavam abaixo uns bioxenes.
Não me recordo de haver bebedeiras por cagufa, nem nunca vi, enquanto estávamos à noite de prevenção nas valas, haver alguém acompanhado com garrafas de cerveja ou vinho.
Até aconteceu com os nossos cabos e soldados de cá, quando saíamos em patrulhamento, nas primeiras vezes alguns levaram vinho no cantil em vez de água, mas serviu-lhes de emenda pela sede que passaram.
Realmente os nossos soldados fulas, muçulmanos e por isso nada de bioxene, todos mascavam a tal castanha, cola, que, diziam, era para matar a sede. Eu experimentei e realmente criava uma maior quantidade de saliva mas nada de especial e não serviu para criar habituação.
Essa do Rosinha achar que a efémera primavera marcelista veio criar hábitos modernos do consumo de drogaria, tem graça. Todos sabemos que foi por causa da guerra do Vietname e tudo o que se seguiu é que deu origem ao consumo generalizado e depois ao grande negócio da droga à escala mundial.
Uf!! agora ia mesmo um bioxene com duas pedrinhas de gelo e uns amendoins bem torrados. (...)
(xiv) José Belo
(...) Certamente que “a estrutura militar, logística,ou Comando, não fornecia bebidas alcóolicas a preços baixos ao pessoal para criar um ambiente de alienação “.
Os Excelentíssimos Quartéis Mestres Generais (plural, devido ao longo período da guerra) não seriam de modo algum...perversos alienadores psicodélicos! Tinham outras grandes qualidades humanas na bagagem ontológica militar.
Mas que os fornecimentos, desde os "rebatizados" vinhos a água da bolanha somada às águas municipais da Manutenção Militar em Lisboa, aos famosos-inesquecíveis-supra-especiais Whiskys de “candonga”, ajudavam alguns dos muitos e inocentes “sacos azuis” intermediários....Iso fazia parte de um certo ambiente de alienação controlada.
Muito controlada mesmo. Chegou a dizer-se, em meios certamente subversivos, que o pano azul para a fabricacão dos referidos sacos se esgotava rapidamente.
Subversivos e ...invejosos!
Um abraço do J. Belo
PS - Que alguém aponte, onde quer que seja por esse mundo fora, uma Manutenção Militar onde tais “alienações” não existam. (...)
Um abraço do J. Belo
PS - Que alguém aponte, onde quer que seja por esse mundo fora, uma Manutenção Militar onde tais “alienações” não existam. (...)
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Notas do editor:
(*) Vd poste de 4 de agosto de 2020 > Guiné 51/74 - P21222: Recortes de imprensa (112): entrevista ao antropólogo Vasco Gil Calado sobre droga e álcool na guerra colonial, "Público", 2 de agosto de 2020 (Carlos Pinheiro)
(*) Vd poste de 4 de agosto de 2020 > Guiné 51/74 - P21222: Recortes de imprensa (112): entrevista ao antropólogo Vasco Gil Calado sobre droga e álcool na guerra colonial, "Público", 2 de agosto de 2020 (Carlos Pinheiro)
(**) Último poste da série > 5 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21225: Casos: a verdade sobre... (9): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte I