terça-feira, 4 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21222: Recortes de imprensa (112): entrevista ao antropólogo Vasco Gil Calado sobre droga e álcool na guerra colonial, "Público", 2 de agosto de 2020 (Carlos Pinheiro)


Recorte da edição do Público, 2 de agosto de 2020: Texto de Patrícia Carvalho e fotografia de Daniel Rocha. O artigo só está disponível para assinantes. (Excerto reproduzido com a devida vénia...)  


1. Mensagem do nosso camarada e amigo de Torres Novas, Carlos Pinheiro (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70)

Date: segunda, 3/08/2020 à(s) 18:23

Subject:  Artigo no jornal "Público" sobre álcool e droga na guerra colonail

Caros companheiros e amigos

Peço imensa desculpa de vos estar a incomodar, mas o trabalho que abaixo partilho, Cannabis e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial, e que, possivelmente muitos de vós já tereis visto, feito por um fulano para a sua tese de doutoramento, depois de ter entrevistado 200 ex-combatentes, incomodou-me sobejamente porque – posso estar a ver mal – o senhor chegou aquelas conclusões depois de ter falado com uma inexpressiva percentagem daquelas muitas centenas de milhares de jovens que durante 14 anos deram o corpo ao manifesto.

Ele, segundo diz, nunca se tinha interessado pela Guerra Colonial, e só agora, não sei porquê, realizou o tal trabalho e chegou a estas "esplêndidas" conclusões.

Não me quero alongar mais, mas permito-me perguntar se este senhor não mereceria que lhe fosse dirigida uma reacção que desmontasse o que o senhor afirma doutoralmente.

Já me têm feito confusão algumas teses de doutoramento, mas esta suplantou todas as medidas.

Se algum ou alguns dos meus amigos se quiserem dar ao trabalho de alinhavar algumas palavras acerca do assunto, fico grato.

Cá fico à espera.

Um grande abraço, virtual

Carlos Pinheiro

 PS - Vd. artigo no jornal Público de 2 do corrente:

2.  Nota do editor LG:

Obrigado, Carlos pela tua oportuna chamada de atenção. Mas é preciso ir  às fontes, ler em primeira mão o autor, para depois se ter uma opinião fundamentada.  O tema é delicado mas não é tabu. Temos, no nosso blogue,  30 referências sobre alcool, mas apenas duas sobre drogas... 

Percebo, pelo título do artigo, que possa desencadear reações emotivas (, já me chegaram ecos de Trás-os-Montes...), porque mexe com a nossa autoestima e pode ferir a honra da generalidade dos combatentes. Mas não vamos provocar aqui uma "caça às bruxas"... Há 16 anos que falamos, aqui, no nosso blogue, de tudo ou quase tudo, com frontalidade e verdade. Mas o nosso blogue não tem por missão produzir "trabalho científico", apenas partilhar "memórias"... A ciência é com os cientistas,,,

Começo por dizer que não li a entrevista do "Público", nem o livro, mas vou consultar a tese de doutoramento, do Vasco Gil Calado,  em antropologia, pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, defendida em provas públicas em 17/9/2019.  Temos que separar o artigo de jornal (e os títulos de caixa alta dos jornais provocam muitas vezes leituras enviesadas) e o trabalho académico.

Este é um trabalho com arbitragem científica. E terá por certo méritos e desméritos. Não há trabalhos científicos perfeitos.  E é bom desde já chamar a atenção que não é um trabalho de  investigação (quantitativa) em epidemiologia mas um trabalho de investigação (qualitativa) em antropologia. Portanto, é preciso ter cuidado com as eventuais generalizações abusivas.

Este trabalho académico pode ser consultada no Repositório desta instituição ["O Repositório Institucional do Iscte tem como objetivo preservar, divulgar e dar acesso à produção intelectual do Iscte em formato digital. Na medida em que reúne o conjunto de publicações académicas e científicas do Iscte, contribui também para o aumento da visibilidade e impacto do trabalho de investigação a nível nacional e internacional."]

Referêmcia bibliográfica:

CALADO, Vasco Gil Ferreira - Drogas em combate: Usos e significados das substâncias psicoativas na Guerra Colonial Portuguesa [Em linha]. Lisboa: ISCTE-IUL, 2018. Tese de doutoramento. [Consult. 3 de agosto de 2020 ] Disponível em www: http://hdl.handle.net/10071/18841. 

O acesso é restrito, por vontade expressa do autor (, por razões que desconheço, talvez relacionadas com a proteção das fontes e a confidencialidade da informação...),  podendo ser lhe pedida uma cópia em formato digital. Os trabalhos académicos, produzidos no âmbito das universidades públicas, devem estar ( e em geral estão)  em "open acesso", isto é, abertos à consulta pública.

Aqui fica o resumo da tese, o que é que está disponível "on line" no repositório, a par das palavras-chave: Antropologia cultural | Guerra colonial | Colonialismo português | Abuso de drogas | Memória coletiva | Usos e costumes | Portugal.

A Guerra Colonial Portuguesa foi um conflito de guerrilha marcado pelo desgaste físico e psicológico, tendo decorrido a milhares de quilómetros da «metrópole», em territórios inóspitos e em muito diferentes do que os jovens portugueses conheciam. 

Entre as novas experiências que tiveram lugar durante a comissão militar em África conta-se a descoberta da cannabis, uma planta de consumo tradicional em Angola e Moçambique, e a adoção de padrões de consumo intensivo de bebidas alcoólicas que a logística militar distribuía pelos quartéis. 

De acordo com as narrativas dos ex-combatentes, os usos de cannabis e álcool desenvolvidos pelos militares portugueses estão intrinsecamente relacionados com as circunstâncias do conflito, com as normas sociais e com as motivações de consumo. Na guerra, os militares portugueses recorriam às duas drogas como forma de ultrapassar as dificuldades, vencer o medo e lidar com uma realidade difícil de suportar, fosse pela omnipresença da violência, do tédio ou da tensão emocional. 

Embora a cannabis fosse uma planta que o olhar europeu historicamente associou à desordem e ao comportamento bárbaro, a partir do final da década de 60 do século XX os militares portugueses deram-lhe um uso diferente, consumindo-a de forma terapêutica, sem que isso desse aso a castigos disciplinares. No entanto, ao mesmo tempo, na «metrópole» o poder político iniciava uma «guerra às drogas», criminalizando o uso de cannabis e de outras substâncias psicoativas e fazendo da droga um problema social, associando-a à contestação social. 

Tudo isto permite perceber que a droga é um constructo social e um objeto eminentemente político, pelo que nada no uso de drogas é um facto adquirido ou algo que decorra exclusivamente das propriedades farmacológicas de cada uma, antes é condicionado histórica e socialmente, nomeadamente em função do contexto político. [Fonte: http://hdl.handle.net/10071/18841]

Há também um artigo do mesmo autor,  disponível em texto integral, "on line", na revista "Etnográfica" [Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia], e que já li em tempos (**).

Vasco Gil Calado, « As drogas em combate: usos e significados das substâncias psicoativas na Guerra Colonial Portuguesa », Etnográfica [Online], vol. 20 (3) | 2016, Online desde 27 novembro 2016, consultado em 04 agosto 2020. URL : http://journals.openedition.org/etnografica/4628 ; DOI : https://doi.org/10.4000/etnografica.4628

Resumo: Apresentam-se as principais questões suscitadas pelo trabalho em curso acerca do uso de substâncias psicoativas na Guerra Colonial Portuguesa (1961-1974). São identificados alguns aspetos-chave que emergem das narrativas dos ex-combatentes acerca da sua experiência de guerra e que contextualizam um conjunto de práticas, entre elas o uso de drogas. Confirma-se o abuso de álcool e o uso de canábis entre os militares das forças armadas portuguesas envolvidas no conflito, numa altura em que em Portugal surgiam as primeiras iniciativas de combate às drogas. Tanto o consumo de bebidas alcoólicas como de outras drogas pode ser entendido como uma forma de lidar com a ansiedade e a violência do quotidiano.

Em tempos, o Gil Vasco Calado pediu-nos ajuda para  este trabalho académico (**). Já não me lembro se me chegou a entrevistar, nem tenho a certeza de o conhecer pessoalmente,  O poste P16807 teve 12 comentários.
___________


(**) Vd. poste de 6 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16807: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (39): pedido de ajuda para tese de doutoramento em Antropologia, pelo ISCTE-IUL, sob o tema do uso de álcool e drogas na guerra colonial (Vasco Gil Calado)

(...) Chamo-me Vasco Gil Calado, antropólogo e técnico superior do SICAD [Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências]. 

Estou a fazer o doutoramento em Antropologia, no ISCTE, sobre o tema do uso de álcool e drogas na guerra colonial. Foi o Renato Monteiro quem sugeriu que o contactasse, na condição de grande especialista e dinamizador de um blog essencial sobre a guerra colonial. No âmbito académico da tese, gostava de o entrevistar, de forma anónima e confidencial, naturalmente.

O meu orientador é o Prof. Francisco Oneto, do departamento de Antropologia do ISCTE.
Nós cruzamo-nos no ISC-Sul, numa pós-graduação de Sociologia da Saúde, em que deu um módulo sobre Educação para a Saúde, se bem me lembro, para aí em 1999 ou algo do género. (...)

35 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Cá estamos perante um mestrado ou doutorado que fez um estudo e tirou conclusões que nós não subscrevemos. Os militares portugueses não sabiam o que era "canábis", donde se extraía e como se preparava. Admito, teremos sempre que admitir, que alguns a conhecessem. Todavia, tudo se passou há 50 anos (mais ou menos) e a popularização da droga não tem essa idade.

O consumo de bebidas alcoólicas será diferente. O povo português consumia vinhos e aguardentes correntes, para além de "bebidas brancas", mais elaboradas. É provável que uma grande parte tenha tenha "descoberto" o whisky "num TO duma qualquer PU", pois na metrópole era caro e lá, com 100 paus, já se tinha uma garrafa...
Não creio que os soldados se embebedassem para ter coragem ou escorraçar a morte. Também nunca vi ninguém que recorresse ao álcool para matar o tédio ou reduzir a ansiedade em vésperas de uma acção.
Parece-me um trabalho bombástico e a crer desfazer tabus. Está na moda. A amostra apresentada será significativa? Em que contexto? O consumo de drogas na guerra, durante uma boa parte da sua duração não era praticado por totalmente desconhecido.
É deste tipo de "estudiosos" que eu tenho medo. Têm poder de divulgação e o que disserem, mesmo que pouco correcto é que vai valer para o futuro. A opinião de quem lá esteve, como não é cientista, não tem valor.

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Sendo sempre difícil obterem-se “acordos totais”...encontrei um destes “totais” no comentário do Camarada A.Pereira da Costa.

As realidades,os estudiosos,as tentativas de ...apanhar comboios em movimento fora do tempo.

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Li o artigo, pelo menos diz uma verdade, na Guiné não houve consumo de cannabis, só de álcool, mas o clima também ajudava. Quanto à noz de cola só me apercebi que a usavam os soldados nativos integrantes das milícias, especialmente na zona de Bigene.
Albertino Ferreira

Alberto Branquinho disse...


Pois é, Luís

"A ciência é com os cientistas..." Mas a "ciência" tem que ser a verdade das coisas e, principalmente, na sociologia e "arredores".
Nas minhas memórias não registei drogas nem das leves. Andei por quase 2/3 da Guiné e não cheirei nada. "Cola" sim, vi muita, mas consumida por milícias, principalmente e também soldados nativos. E álcool - MUITO!!!!
De Bissau, não sei nada. Talvez consumissem para matar o "tédio" da ausência de guerra...

Pois é, Luís, são MODAS e SENSACIONALISMO. (A pensar em Vietnams... Talvez se faça outro filme tipo do "A. L. Antunes" com com mais este "elemento-droga" para dar mais "frisson").

Recebe um abraço (limpo)
Alberto Branquinho

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Efectivamente a cola era muito consumida, mas pelo pessoal da milícia (civis armados) e recrutamento local.
Era um hábito daquela sociedade que as autoridades portuguesas nunca tentaram contrariar. Lembro-me de que o chefe da tabanca de Cacine - o velho Aliu - andava com umas nosezitas embrulhadas num paninho muito branco e fechado com nós.
Mas, atenção, a cola era um excitante, um estimulante que não servia "para combater o tédio", tornava o combatente excitado, agressivo e mais "apto" para o combate.
Resultados? Nunca dei por isso.
Não me consta que os "colados" tenham, alguma vez, desarvorado em direcção ao In, estimulados pela droga... Também nunca dei por que tivessem maior resistência física.
E vocês? Alguém se recorda de um Gr. Comb devidamente "colado" a ter mais êxito que os não "colados"?

Um Ab.
António J. P. Costa

Cesar Dias disse...

Penso que António J P Costa e Alberto Branquinho respondem pela nossa geração, no CTIG não se conheciam drogas a não ser como eles dizem a Cola que mascavam os milicias, que nunca foi partilhada pelos continentais. Sobre outros teatros de guerra, não tive conhecimento que houvesse algum consumo, que não fosse o álcool..
Um abraço
César Dias

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estou a ler a entrevista do "Público" agora mesmo... São 8 (oito!!!) páginas dedicadas aos combatentes da guerra colonial e aos seus problemas psicossociais... É obra!...Ainda há gente que se interessa por este "lixo da história"...

Mas não se tirem conclusões apressadas sobre os comportamentos dos militares portugueses nos TO da Guiné, Angola e Moçambique...O próprio entrevistado previne, contra o enviesamento de umas algumas da jornalista: "Foquei-me nos consumidores e tentei perceber o significado do consumo [, nomeadamente da "cannabis", que não havia na Guiné...] e todas as suas circunstâncias, mas deicano sempre claro que não queria generalizar, não queria dizer que todos consumiram"...

Anónimo disse...

Subscrevo os comentários dos camaradas que são de todo pertinentes.Alguns intelectuais e outro candidatos a tais, descobriram de repente que isto da guerra de africa e afins estava a dar.Já nem me debruço sobre acesso restrito ou outro.

Mas que diabo entre tantos milhares de militares que passaram por Angola Guiné e Moçambique será sério ou suficiente uma amostra de duzentos?Nem vale a pena discutir.

Por estas e por outras é que as nossas enfermeiras Páras, cansadas de ver os seus "pergaminhos" contados por terceiros(as), resolveram escrever contado por elas próprias o seu percurso em africa onde se notabilizaram pelo seu trabalho, nomeadamente na Guiné.

Abraço
Carlos Gaspar FAP

um livro

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... As fotos de "arquivo" (não se identificam as fontes, o que é lamentável para um jornal como o "Público" que dantes tinha um "livro de estilo"...), das páginas 6 e 9 são "fotos de caricatura" ou de "pura bravata", não pocdm ser tomadas como "retrato socioantropológico" do quotidiano da guerra: na página 6, um soldado, empunhando ma G3, com uma fita de metralhadora de Hk 21 ao pescoço, na caserna comn beleiches, e uma mesa com cerca de 4 dezenas de garrafa, sobretudo de cerveja (Cristal) e 4 garrafas de vinho e/ou bebibas destiladas (reconhece-se a marca Macieira, o brandy mais acessível às praças)... Sem data, sem local, sem legenda... O rosto desfocado...

Na página 10, dois militares (?) , um dá a beber a outro, através de um funil, com uma garrafa de uma bebida licorosa (não se consegue ler o rótulo..., talvez "Cointreau"). Sem data, sem local, sem legenda. Os rostos desfocados...

O artigo do suplemento de domingo (P2), do Público, edição nº 11057, de 2/8&2020, "Cannabis e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial", é da autoria de Patrícia Carvalho (texto) e Daniel Rocha (fotografia).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Alberto Branquinho, "a ciência é com os cientistas"... Não sei qume disse essa enorme. Se fui eu, deboa estar "pedrado"... Agora, "lúcido", já não a posso subscrever... è "evidente" é com todos, tal como o "teu" direito não é só contigo", muito menos a minha "saúde pública" é só comigo...

Ali+as,não há Ciência, há ciências e a antropologia é uma delas... Pode lado as questões (mais complexas) do "making of" do conhecimento (as questões, digamos, "teórico-metodológicas"), a ciência deve estar "ao alcance de todos"...

Se alguém tiver a coragem de ler a tese de doutoramento do entrevistado (,é só pedir-lhe uma cópia), pois que venha para aqui "enriquecer" o nosso debate... Mas é importante que os homens e mulheres das "ciências sociais e humanas", sempre maltratadas e esquecidas (a sociologia, a antropologia, a psicologia, etc.) se interessem pela guerra colonial e pelos combatentes (de um lado e do outro)... Mesmo que seja meio século depois... quando já estamos qusee todos com um pé na "vala comum do esquecimento"...

antonio graça de abreu disse...

Diz este senhor: "Na guerra, os militares portugueses recorriam às duas drogas como forma de ultrapassar as dificuldades, vencer o medo e lidar com uma realidade difícil de suportar." Leram bem: "Os militares portugueses". Os militares portugueses somos todos nós.O álcool, com certeza, o canábis, é droga que nunca vi, nunca soube que fosse consumido e fizesse parte dos quotidianos dos "militares portugueses", e peregrinei pelo norte, centro e sul da Guiné, 72/74. É mais uma das muitas mentiras factuais com que nos carimbam a nós, "tropa colonial-fascista". Apetece mandar esta gente (a crescer em Portugal!) para a grande p... que os pariu.

Abraço,

António Graça de Abreu

Antº Rosinha disse...

Parece-me que estamos a falar de "Liamba", "maconha"...que nem droga,(perigosa) era considerado entre os negros velhos e novos de Angola, tal como na Guiné é o consumo da tal noz de cola.

De facto em Angola, nos últimos anos, chamemos-lhe no pós Salazar, em que talvez por uma questão psicológica tudo pareceu mais moderno, mais aliviado, mais descontraido, também jovens brancos, eventualmente poderiam aparecer com os olhos muito vermelhos e meio atordoados, eram já os maconheiros tal como aparecia o velho cozinheiro, o vendedor de jornais, o velho criado...etc.

Entretanto já se falava no negócio à porta dos Liceus, mais judiciária, já se falava no consumo por gente fina mais por alferes milicianos e furrieis, não pelo soldado, pois era preciso alguma classe para consumir.

Portanto, com a bandalheira (abertura)que se adivinhava com a novidade do marcelismo, entre os jovens era fino consumir, constava.

De repente o 25 de Abril e com os retornados vinha maconha, diamantes e caixotes, dizia-se.

Hoje o haxixe é remédio.

Entretanto o wiskie a (pataco) para a tropa, isso é história já velha que até Lobo Antunes náo deixou passar em branco.


Tabanca Grande Luís Graça disse...

li·am·ba
(quicongo lyamba)
nome feminino

1. [Angola, Brasil] [Botânica] Arbusto (Cannabis sativa), da família das moráceas, de folhas palmadas, cultivada pelo seu caule, que fornece uma excelente fibra têxtil, e pelas suas sementes, que dão um óleo; as flores e folhas são também usadas como droga entorpecente.Ver imagem = CÂNHAMO, CÂNHAMO-INDIANO

2. [Angola, Brasil] Droga obtida a partir de folhas, flores e ramos secos dessa planta, que produz sonolência ou outras alterações do sistema nervoso central.


Sinónimo Geral: DIAMBA, MARIJUANA, PANGO, RIAMBA, SORUMA


"liamba", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/liamba [consultado em 04-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

maconha | s. f.

ma·co·nha
(quimbundo makanha) (...)


= CANÁBIS, HAXIXE, LIAMBA, PANGO



"maconha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/maconha [consultado em 04-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

co·la |ó|
(latim científico Cola, do quicongo nkola)
nome feminino

1. [Botânica] Designação comum a várias plantas do género Cola, da família das esterculiáceas. = COLEIRA

2. [Botânica] Fruto da coleira, cujas sementes são ricas em alcalóides estimulantes, como a cafeína. = NOZ-DE-COLA

3. Bebida refrigerante, doce, gaseificada e de cor acastanhada, preparada com uma substância extraída desse fruto ou com aromas sintéticos (ex.: pediu uma cola com limão).


"cola", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/cola [consultado em 04-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

erva | s. f. | s. f. pl.

er·va |é|
(latim herba, -ae)
nome feminino
1. Nome genérico de todas as plantas, anuais ou vivazes, de caule tenro e não lenhoso, que secam depois da frutificação.

2. [Botânica] Planta espontânea de terreno inculto ou mal cuidado.

3. Plantas de pasto ou forragem. = PRADO

4. Extensão de relva ou de plantas herbáceas.

5. Mato baixo. = CAPIM

6. [Informal] Droga obtida a partir de folhas, flores e ramos secos do cânhamo-indiano, que produz sonolência ou outras alterações do sistema nervoso central. = MARIJUANA

7. [Brasil, Informal] Dinheiro (ex.: regressou cheio de erva).


"erva", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/erva [consultado em 04-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

marijuana | s. m.

ma·ri·ju·a·na
(espanhol marijuana)
nome masculino

1. [Botânica] Arbusto (Cannabis sativa), da família das moráceas, de folhas palmadas, cultivada pelo seu caule, que fornece uma excelente fibra têxtil, e pelas suas sementes, que dão um óleo; as flores e folhas são também usadas como droga entorpecente. = CÂNHAMO, CÂNHAMO-INDIANO

2. Droga obtida a partir de folhas, flores e ramos secos dessa planta, que produz sonolência ou outras alterações do sistema nervoso central.

Palavras relacionadas: cangonha, diamba, riamba, haxixe, pango, liamba, canábis.

"marijuana", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/marijuana [consultado em 04-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... Estamos a aprender umas coisas sobre drogas... Nunca é tarde para... aprender.

Anónimo disse...

O nosso Cmdt, já referiu que o autor "previne contra o enviesamento da jornalista". Desculpem-me aqueles que de facto são JORNALISTAS (muito poucos na verdade), mas hoje em dia esta é uma classe de jornalixa(o)s.
Lá que se bebia, é uma verdade. Mas isso era a própria máxima do "Ex", que tinha incutido na mente do Zé Povinho que "beber é dar de comer a um (uns) milhões de Portugueses".

O mais grave é que passamos todos nós, os ex-combatentes, a ser catalogados como drogados e não se admirem se amanhã, algum dos muitos iluminados que agora por aí campeiam vier dizer que foram os ex-combatentes os responsáveis pela introdução deste flagelo, no País.

Só vi bebidas, conheci os naturais a mascarem cola, mas CANHAMO, só na minha activadade, como Agrónomo.

Abraço
JPicado

Hélder Valério disse...

Comecemos pelo princípio.
O Carlos Pinheiro fez bem em trazer para aqui esta questão que teve então a relevância que lhe foi dada pelo artigo do "Público".
E fez bem, não só a avaliar pela quantidade (e qualidade) de comentários já existentes, alguns colocados de forma "apaixonada", mas principalmente por, a partir dele, se poder escrever mais alguma coisa sobre o tema.

Várias coisas entrelaçadas aparecem por aqui. Por um lado é costume haver lamúrias sobre o desprezo, o esquecimento, o mal-tratamento com que a questão das "guerras africanas" e principalmente os seus protagonistas são tratados e/ou ignorados. Por outro, sempre que aparece qualquer coisa (atenção! não estou a dizer que seja boa ou má) que pode servir para aumentar, ampliar ou dar maior visibilidade ao debate, costumam vir as observações de que "querem destruir a nossa imagem", "deturpam tudo", etc.
Muitas vezes os comentários (os mais indignados) partem da leitura de títulos (já de si concebidos para chamariz) bombásticos, a puxar para a polémica por causa das audiências e "shares"....
E uma coisa será a entrevista de uma pessoa e outra a tese escrita pela equipa que a produziu e não são as mesmas pessoas.

Num primeiro impulso rejeitei a ideia/tese em si mesma e nos "considerandos" que li nos resumos. Mas será pouco, deverei ter que ler mais.

Claro que, obviamente, não conheci o que se passava ou passou em Angola e/ou em Moçambique, pois não estive lá. E mesmo que tivesse estado como se pode "conhecer" tudo, quando uma pessoa individualmente estaria em apenas alguns, poucos, locais? Teria certamente uma visão muitíssimo limitada e seria desonesto fazer generalizações. Se por acaso visse algum consumo de droga (e parece que o foco é na "liamba") era abusivo dizer que todo o TO consumia. Se por acaso não tivesse visto nada, também não poderia dizer mais nada a não que "onde estive, não vi" e não fazer generalizações.

No meu caso particular, em que estive na Guiné, sabemos todos que não havia "liamba" e como tal, não havia o seu consumo. Por extensão, os nossos militares não a consumiriam como forma de se alienarem, fosse para "ganhar coragem", fosse "para esquecer", fosse lá para que raio fosse. A ausência de "liamba" (que parece ser o foco) na Guiné é referida no artigo, ou pelo menos, no resumo que li. Portanto, de forma geral, não temos com que nos preocupar com "enxovalhos" desse tipo.

Mas a insinuação de que tais processos "aditivos" (como modernamente se referem a esses casos) era para a superação psicológica é muito "forçada" para não dizer desonesta e com pouca inspiração, parecendo aparecer na senda do que se disse, escreveu e viu, com os militares americanos no Vietnam.

Sobre a "cola", na forma de "noz de cola" já foi por aqui falado bastante.
Também quis experimentar mas não "pegou". Sabor amargo.
Aquando da estadia em Piche havia um estabelecimento comercial (digamos assim...) onde para além de venda de artigos vários também serviam refeições (normalmente "frangos") e bebidas entre as quais o café.
O proprietário, sr. Tufico, costumava perguntar, quando lhe pedia café, "com bolinha ou sem bolinha?". Disseram-me para pedir "com bolinha" pois aquilo era bom, saboroso e "animador". Claro que experimentei mas nunca senti qualquer efeito especial a não ser ter ficado com a ideia que aquilo que ele colocava no café (as tais "bolinhas") eram pequenas sementes de anis. Pelo menos era esse o sabor que memorizei.

parece que isto já vai longo demais pelo que ".... continua....."

Hélder Valério disse...

"..... continuação...."

Não posso jurar que em alguns locais, em Bissau, pessoal mais abastado (lá está, o consumo das "drogas" não poderia ser assim, generalizado, ao militar comum, com poucos recursos), com mais acesso a "modernices", com maior integração em "certos ambientes", não pudesse fazer outro tipo de experiências mas, obviamente sendo humanamente impossível falar por todos os locais do interior, é minha forte convicção de que o "acesso a drogas" não foi utilizado e muito menos para os "objectivos" propalados.

Quanto ao consumo de álcool.... entendido aqui como "bebidas alcoólicas em geral".
Ao lermos (no resumo, insisto) uma pequena frase "mortal", a qual pelo seu tom dá logo a entender a tendência/conclusão do que se pretende, de que "a adoção de padrões de consumo intensivo de bebidas alcoólicas que a logística militar distribuía pelos quartéis" revela ignorância dos ambientes e um grande desfasamento dos costumes da época, apreciados à luz dos conceitos e preconceitos actuais.
Não resulta seriedade quando se apreciam e/ou valorizam comportamentos passados há 50 anos, quando se os avaliam com os "olhos de hoje".
A frase insinua que o "consumo de álcool" era incentivado e estimulado pela hierarquia militar, através da logística militar. Por extensão pode-se concluir que isso era propositado e objectivamente para "embebedar" os militares.
Vamos lá a ver, "bebidas alcoólicas" vão desde o vinho às aguardentes, passando pela cerveja e também bebidas espirituosas.
O vinho, convém lembrar, para além dos seus efeitos benéficos para a saúde, agora tão defendidos em artigos mais ou menos científicos, era uma situação bem aceite na nossa sociedade de então, mesmo para além daquele velho slogan de que "beber vinho é dar de comer a 1 milhão de portugueses". Os militares no interior pediam e bebiam vinho à refeição nas messes, não para ganharem "coragem para as missões".
A cerveja não era distribuída insidiosamente pela "logística militar" mas sim fortemente exigida pelos militares no mato. No regresso aos aquartelamentos, após as missões, encontravam de facto conforto numas "bejecas" bem fresquinhas. E isso era recompensador.
As outras bebidas mais "finas", principalmente os wiskies foram, realmente, oportunidade de "descoberta" para a generalidade dos nossos militares oriundos de zonas menos citadinas do nosso Portugal mas, lá está, mais uma vez como forma de "ascensão social" e não para "ganhar coragem".

Hoje por hoje há imensos cursos de antropologia, de sociologia, teses de mestrado, disto e daquilo e, como é natural e acho bem, embora com descoberta tardia, o(s) tema(s) das "guerras africanas" podem estar na ordem do dia.
Não deve haver "condenação" por esse facto. É muito melhor que se debrucem sobre esses tempos do que se continue a ignorá-los. É claro, também, quem nos tempos de feroz concorrência que os académicos e também os livreiros vão vivendo, parece ser uma atracção fatal a procura de "temas fracturantes", ou apresentados de forma polémica. Mas para isso devemos ter a serenidade necessária (e a firmeza) para desmontar o que for preciso e dar o desconto ao que tiver menos importância.

Em resumo:
O título da entrevista é bombástico/provocador.
Não conheço (não li) essa entrevista nem a tese a que se refere:
Do que me apercebi dos resumos há algumas "falhas" que se podem perfeitamente corrigir.
O problema é "onde", "como" e "quem", pois o jornal tem a audiência que terá e nós aqui "falamos" uns com os outros.
Tenho como posição que é melhor falarem e abordarem as questões que nos dizem respeito, mesmo com falhas e/ou erros do que manterem a ignorância e ostracismo habitual.

Hélder Sousa

Anónimo disse...

Mas também devo dizer que o público já deu o que tinha a dar.Não o digo pelo tema abordado agora, mas o público de hoje não tem nada a ver com o que era.E oresultado é o que se vê.Já muito boa gente desertou ou foi corrida do "jornal".Atrevo-me a dizer, utilizando uma frase dos tempos do PREC que aquilo agora é um pasquim.E juro que para o afirmar, não bebi álcool nem fumei droga.
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

Sinto-me ofendido bem como aos meus soldados nativos, NÃO HAVIA CANABIS , HAVIA SIM CERVEJAS WHISKY E VINHO, a noz de cola era consumida pelo velhos/as das tabancas por causa das dores, quando andava de noite por entre as moranças das tabancas via os velhotes sentados num banquinho mastigando e ficando com a boca vermelha, nunca vi um soldado meu consumir que não fosse cerveja, ou vinho ... e pergunto atualmente quem não bebe alcoól ??? Matreirices por detrás deste "jornaleiro" que pretende minimizar o trabalho que nos foi dado, expondo o peito ás balas, o corpo aos rebentamentos sucessivos enquanto que muitos que hoje se intitulam de qualquer titulo "meritório" da tanga como diziam os meus soldados PAPA KI PARE !!!!
Rui G dos Santos
Comandante de um pelotão de nativos em Bedanda 4ª CC 1963/64
Comandante de dois pelotões de Instrução em Bolama no CIM 1964/65

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Como se pode ver pelas fotos nº 5 e 6 do poste P, na Guiné, durante a guerra colonial, toda a gente se embebedava, do general ao soldado... E os que faziam a guerra eram os sodlados de 2ª linha, os guineenses, e nomeadamente os fulas, que, sendo muçulmanos, não bebiam, mas passavm todo o tempo a mascar cola...

Que fique claro para a a JHistória: a haver atrocidades, só a eles podem ser imputadas...

A culpa foi toda da Intendência Militar que democratizou o uso de substâncias psicoativas: eram tão baratas, que eram acessíveis mesmo ao soldadp básico mais mal pago...

Não havendo "liamba" na Guiné, o segredo da excessiva duração daquela guerra (que alguns queriam que fosse como à guerra dos 100 anos), tem um segredo: a "água de Lisboa, manga di sabe" e a "noz de cola" que dava um tusa do caraças: era como às pilhas Duracell... Podia faltar tudo, de antiaéreas a camisas de Vénus, menos a água de Lisboa e a noz de cola.


4 DE AGOSTO DE 2020
Guiné 61/74 - P21224: Efemérides (333): Foi há 54 anos que parti para o CTIG, no T/T Uíge, para ir formar em Bolama o Pel Caç Nat 54 (Jose António Viegas)

Valdemar Silva disse...

Esta é das boas, e ainda nos apanharam vivos para dizer, como a outra, É MENTIRA!!
Não li nada sobre as 200 entrevistas, e não sei quem fazia parte desse universo, como: data da comissão, território do cumprimento da comissão, dentro desse território no mato ou em localidades (aqui a Guiné era mais complicado), patentes militares, acções em combate e ambiente familiar na metrópole..e o clima.
Todos nós sabemos bem, dos mais antigos aos mais novos, que na Guiné estávamos dentro da guerra e nesses 200 entrevistados teria que haver uma ponderação especial em relação a Angola ou Moçambique.
Todos se recordam de chegar a Bissau e logo começar a atestar umas cervejas ou uns whiskys com coca-cola no Bento ou na Solmar e à noite ouvir Tite a 'embrulhar'. E desde esses dias foi um ver se te avias, uns mais outros menos lá se 'embrulhava' no mato e lá se mandavam abaixo uns bioxenes.
Não me recordo de haver bebedeiras por cagufa, nem nunca vi, enquanto estávamos à noite de prevenção nas valas, haver alguém acompanhado com garrafas de cerveja ou vinho.
Até aconteceu com os nossos cabos e soldados de cá, quando saiamos em patrulhamento, nas primeiras vezes alguns levaram vinho no cantil em vez de água, mas serviu-lhes de emenda pela sede que passaram. Realmente os nossos soldados fulas, muçulmanos e por isso nada de bioxene, todos mascavam a tal castanha cola que, diziam, era para matar a sede. Eu experimentei e realmente criava uma maior quantidade de saliva mas nada de especial e não serviu para criar habituação.
Essa do Rosinha achar que a efémera primavera marcelista veio criar hábitos modernos do consumo de drogaria tem graça. Todos sabemos que foi por causa da guerra do Vietname e tudo o que se seguiu é que deu origem ao consumo generalizado e depois ao grande negócio da droga à escala mundial.

Uf!! agora ia mesmo um bioxene com duas pedrinhas de gelo e uns amendoins bem torrados.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

O bioxene podia ser Old Parr ou Monks, tanto faz.

Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Volto à antena só para recordar que é absolutamente abusivo afirmar-se que a "estrutura" militar - logística(?) ou Comando - "fornecia" bebidas alcoólicas a preços baixo ao pessoal para criar um ambiente de alienação.
Um dia destes começo como Goebels: "Quando ouço falar de estudiosos (ele dizia cultura), puxo logo da pistola".
E orientador da tese está inocente na falcatrua? Claro que não. A não ser que tenha sido uma tese elaborada "à Relvas".
Mas a desonestidade intelectual dos mestres é muito mais grave.

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Certamente que “a estrutura militar logística,ou Comando,não fornecia bebidas alcóolicas a preços baixos ao
pessoal para criar um ambiente de alienação “.

Os Excelentíssimos Quartéis Mestres Generais (plural devido ao longo período da guerra) não seriam de modo algum...perversos alienadores psicodélicos!
Tinham outras grandes qualidades humanas na bagagem ontológica militar.

Mas que os fornecimentos,desde os *rebatizados* vinhos a água da bolanha somada às águas municipais da Manutenção Militar em Lisboa,aos famosos-inesquecíveis-supra-especiais Whiskys de “candonga” ajudavam alguns dos muitos e inocentes “sacos azuis” Intermediários....isso fazia parte de um certo ambiente de alienação controlada.
Muito controlada mesmo.
Chegou a dizer-se ,em meios certamente subversivos,que o pano azul para a fabricacao dos referidos sacos se esgotava rapidamente.
Subversivos e ...invejosos!

Um abraço do J.Belo

PS/ Que alguém aponte ,onde quer que seja por esse mundo fora,uma Manutenção Militar onde tais “alienações” não existam.

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Estive a ler o estudo do Luís sobre a liamba/haxixe e verifiquei que se trata(va) de drogas entorpecentes. Era mesmo o que necessitávamos para nos mantemos vivos e actuantes.
Nada como uma boa entorpecedela para depois... depois é que era combater e vencer o tédio.
Ah, rapazes! Aquilo é que era ânimo! Pois vocês não se lembram?

Enfim, o senhor professor doutor, se a ignorância fosse música, tinha uma grande orquestra.
Mas volto ao "orientador" que, com um pouco de bom senso, teria resolvido o assunto e o orientado ia continuar o seu trabalho. Considero-o o principal culpado. Ou então podemos perguntar: qual é a sua função pedagógica e científica? Mas eu para estas coisas da cultura não dou nada. São os meus ó-rónios que já estão fraco. Prontes!

Claro que, como sabemos, na "Primavera Marcelista" as coisas pioraram e o consumo aumentou.
Pudera! A disciplina foi corrompida e as drogas generalizaram-se. Estou cá a pensar que o Marcelo também era da Casa dos Estudantes do Império... era branco, mas simpatizava com a causa, com pudemos ver...
E depois do 25Abr os retornados, à mistura com caixotes, diamantes, etc. traziam a liamba que tinham comprado nos mercados em Luanda. Os retornados deviam também pertencer à CEI ou, pelo menos eram sinceros marcelistas. É uma questão a esclarecer.

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sim, Tó Zé, temos que desmistificar essa ideia, absurda, de que os nossos quartéis funcionavam com "bar aberto!... Toda a gente pagava o que consumia, do cpaitão ao soldado básico...

As bebibas alcoólicas eram caras, nenhum soldado, com o miserável pré com que ficava na Guin

é, podia dar-se ao luxo de se embebedar todos os dias, mesmo que o quisesse fazer, à revelia de tudo e todos...Há aqui informação "anedótica": houve bebedeiras de "caixão à cioba". em momentos pontuais,. mas ninguém bebia, pro sistema, 10 a 15 cervejas, importadas, caras e à chocas, com aquele calor e humidade... Os frigoríficos e as vento+inhas eram o nosso maior luxo... Uma "bazuca geladinha" era um supremo luxo...

Infelizes sãoas fotos, o título, algumas das perguntas enviesadas da jornalista e a referência à tal amostra de conveniência de 200 entrevistados... Acho que foi isso que incendiou o capim, já o disse ao entrevistado. Nos jornais, temas como estes têm que ser tratados, não direi com pinças. mas com bom senso, rigor e profundo conhecimento da matéria...

Nestas matérias dos "comportamentos" (aditivou ou outros) todos falamos "de cátedra", do álcool ao sexo, do tabaco ou ao "vício das compras, do jogo, da comida, etc. Infelizmente, a literacia e a numeracia da nossa população, a começar pela nossa geração, nestas matérias é baixa: há muitas "ideias erradas" sobre tudo isto...

E como eu costumo dizer que todos fazemos sociologia espontânea, antropologia espontânea, psicologia espontânea, medicina espontânea... "De peota, médico e louco... todos temos um pouco".

Anónimo disse...

As especificidades portuguesas nos finais dos anos sessenta e inícios de setenta,na sua conjuntura política,cultural e sócio-econômica,levaram a que o consumo de drogas no Portugal de então acabasse por adquirir características particulares bem distintas das de muitos países ocidentais.
A um modelo jurídico insuficiente soma-se a falta de especialização adequada das forças policiais destacadas para esta missão.
Criaram-se assim instrumentos legais extremamente imperfeitos para as realidades surgidas.
A não existência, no período referido ,de qualquer modelo generalizado quanto às relações entre os jovens militares e a droga...por não existente...não foi considerado!

Para os muitos que tanto gostam de delicadamente “saborear” os mais variados “atrasos” do nosso querido Portugal,sejam eles reais,subjetivos,ou imaginários,o nosso “atraso” em relação a uma introdução generalizada do flagelo das drogas acabou por se refletir no que se Não(!) passou na guerra de África de 61 a 74.

Um abraço do J.Belo

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Por favor consultem o meu comentário ao post 21225.

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Uma seleção de comentários, incluindo o António J. Pereira da Costa;


5 DE AGOSTO DE 2020
Guiné 61/74 - P21225: Casos: a verdade sobre... (9): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte I

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mais comentários, selecionados:


6 DE AGOSTO DE 2020
Guiné 61/74 - P21229: Casos: a verdade sobre... (10): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte II

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Se "aquilo' é resultado de um trabalho com carácter supostamente científico, mal se entende como foi aceite na academia...
Em 400 (quatrocentas!) páginas A5, o que p'rali vai de efabulações & nexos causais não consubstanciados!
Apenas um não despiciendo pormenor: o autor, funcionário público (do SNS?), após aturadas buscas só logrou acolhimento junto de totalmente desconhecida e minúscula editora (cuja notoriamente tendenciosa em "obras publicadas"): ou seja, mérito zero.
Resta saber quem lhe terá conseguido enfiar uma tal 'cavação' no corpo redactorial do "púbico".