sábado, 8 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21234: (Ex)citações (365): álcool & droga na guerra colonial: oportunismos mediáticos... agendados ou não (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)



1. Mensagem de José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia: 

Date: sexta, 7/08/2020 à(s) 00:04
Subject: Oportunismos mediáticos... agendados ou não. 

Com as malas feitas [para os States], aqui envio um curto "protagonismo" numa análise de um assunto cáustico (e sério ) de que não deveria ser descurado  por todos os que serviram na Guiné.

Este blogue tem sabido, balancear, navegar, abranger, as opiniões  dos seus leitores e participantes.  Felizmente.

Na sua história de já muitos anos surgem por vezes assuntos que, pela sua seriedade e importância acabam por unir mesmo alguns dos mais "desunidos".

As menos verdadeiras generalizações quanto ao uso de drogas por parte de militares aquando da guerra na Guiné são um bom exemplo de que, quando "toca a reunir", os antigos combatentes ainda sabem formar quadrado.

Tudo o resto fica esquecido quando os Camaradas da Guiné se unem em defesa da honra, dignidade e respeito, pelo esforço e sacrifício oferecido com a honestidade da nossa juventude.

As fileiras dos jovens portugueses que serviram em África, na sua quantidade numérica, na sua inclusão geográfica e social, e num espaço de tempo de 13 anos, acabaram por criar uma verdadeira "rotatividade geracional" que veio a afetar a sociedade portuguesa na sua generalidade.

As boas e más experiências de todos estes milhares de jovens vieram a refletir-se, tanto nos seus familiares próximos  como nos outros grupos etários que não participavam diretamente na guerra.
Uma vivência quase (!) generalizada hoje difícil de ser compreendida por gerações nascidas e educadas fora dos parâmetros incrivelmente limitativos da conjuntura político-social da época.

As novas gerações com um conhecimento das guerras através de filmes mais ou menos fantasiosos feitos em Hollywood, em que soldados e drogas é imagem comum, podem ser facilmente levadas a associar a guerra de África e o soldado português com estas "realidades ". Identificações geracionais.

Estudiosos sérios deveriam ter consciência de que "flashes" jornalísticos, sejam eles apressados ou agendados, poderão dar-lhes alguns momentos de ribalta mediática, acabando no entanto por criar... apreciações menos verdadeiras e conclusões erradas!

Como quase sempre, são as leituras demasiado apressadas por parte do "grande público" que acabam por criar as verdades do momento.
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Nota do editor:

6 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Subscrevo o teu post.
Ora consulta também o meu comentário ao Post 21230.
Como demonstro, a culpa é nossa. Nós é que somos uns ingratos. Tudo o que ele escreveu foi para nosso bem.
Nós que não somos doutores, é que não sabemos quanto é difícil fazer uma tese de doutoramento e com as melhores intenções.
O jornal sai tremido na fotografia, mas tem que fazer e vender o seu "papel". Temos de admitir, embora não possamos aceitar.

Um Ab.
António J. P. Costa

antonio graça de abreu disse...

"Quando os Camaradas da Guiné se unem em defesa da honra, dignidade e respeito, pelo esforço e sacrifício oferecido com a honestidade da nossa juventude."
O sacrifício que nos calhou em sorte, má sorte, numa guerra injusta, como todas as guerras. Mas uma guerra de que não temos de que nos envergonhar. O capitão Salgueiro Maia, nosso camarada da Guiné, vestia a mesma farda que todos nós.
É isto mesmo, meu caro Zé Belo, são excelentes as palavras tuas.
Mas vai lá explicar isto ao Boaventura Silva Santos, o Chomsky do Mondego,ao Miguel Cardina, ao Gil Caiado, o tal da avalanche de drogas consumidas pelas Nossas Tropas na Guerra Colonial, vai explicar isto às sumidades bacocas que jamais passaram pela nossa guerra, do Bloco de Esquerda, do PCP, até do PS...

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...


Há já dois ou três anos o Luís Graça. sempre atento a tudo, pôs como tema para ser comentado, as festas colectivas de cerveja ou individuais de cerveja e outras bebidas, que se faziam pelo TO da Guiné. Sei que eu e mais seis ou sete, entre os quais o próprio, não negamos a sede, não de água, mas doutras bebidas mais espirituosas , que nos provocava o calor africano, as saudades da "terra" e o stress desse tempo demasiado parado ou demasiado agitado.
Na Guiné não havia drogas, haveria alguns combatentes drogados, somente pelo álcool.
Acho que a análise desse senhor Doutor, é redutora, incompleta, porque não tem em conta, os muitos milhares de combatentes que lutaram na Guiné, onde a guerra era mais dura.
Para ilustrar melhor o meu pensamento, plagiaria, se isso me fosse possível, o depoimento do José Belo. Porém isso é crime. Abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...

Caro Camarada Graça de Abreu

Sempre positivo,para não escrever agradável,quando antigos Camaradas da Guiné encontram pontos comuns de acordo.
Ao longo de já muitos anos temos tido as nossas discordâncias.
Não quanto aos poemas por ti aqui apresentados;nem quanto aos teus textos e vivências da fantástica cultura Oriental.
Quanto às nossas “visões” políticas muito nos separou e separa.
E porque não?

Referes no teu comentário um senhor Boa Ventura Silva Santos.
Nada menos que o “Chomsky” do Mondego!
O Chomsky do Mondego?

Quando me julgava mais do que era li atentamente algumas coisas sobre ele.
Ok, lá nos ficamos com esta.

Lamentavelmente o nome do senhor Silva Santos hoje nada me diz.
Mais uma das muitas maldições que caem sobre os auto exilados de muitas décadas.
Uma insinuante nostalgia de “fim de época “ quanto ao que tenho vindo a perder no nosso querido Portugal.
Não me atrevo a escrever que as siglas partidárias referidas no comentário também nada me dizem.
Mas quase !

Um abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Além do flic-flac, do carpado (ou encarpadado), também temos na ginástica o avião, a empunhadura, a estendida, o girar do quadril para trás, o giro gigante, o grupado, a parada de mão, o mortal e o salto pak, e ainda não nos esquecemos doutras cambalhotas amestradas bem bacocas das nossas praças e mercados.
Como o outro que diz, neste caso não é só fazer as contas é só rebobinar os filmes da época e vai-se a ver lá está a treta toda com pino e tudo.

Valdemar Queiroz

Ricardo Figueiredo disse...

Antes de mais,devo confessar que desconheço em absoluto, o conteúdo do livro , bem como a base científica com que foram elaborados os "formulários" e quem foram os 200 soldados que prestaram tão descaradas afirmações , que serviram de base à tese de doutoramento apresentada pelo Doutor, Vasco Gil Calado.
Apenas li a entrevista que deu ao Jornal Público do dia 02 de Agosto de 2020 e uma coisa é certa ,o livro não perderei um segundo sequer a olhar para a capa.
Dito isto ,esta entrevista é uma afronta a todos quantos , como nós , um dia fomos chamados à Guerra do Ultramar ou Guerra Colonial,como muitos lhe querem chamar. Verdade é que , para além dum arrazoado de inverdades , é também um insulto aos Graduados que em menor ou maior escala tiveram a incumbência de comandar os seus Camaradas.
NUNCA vi drogas ou substâncias similares consumidas pelos meus camaradas, sobretudo cannabis. Vi sim , nos momentos de lazer ,em situações festivas , alguns excessos de álcool ,mas estes rápidamente controlados , até pelos próprios camaradas de festividade.
Não me revejo de forma alguma , na substãncia desta tese de doutoramento e repudio-a veementemente , por falsa.
Ricardo Figueiredo