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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26983: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942-1965), sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/1966) - Parte III: notícia do funeral no jornal da terra, "Alvorada" (de 23/5/1965)




Recorte de imprensa: notícia, que o Luís Graça  elaborou (tinha então  18 anos...) sobre  o funeral do sold apont morteiro José António Canoa Nogueira, de resto seu primo em 3º grau. Foi o primeiro lourinhanense a morrer,, em combate, no TO da Guiné, em Cufar, na madrugada de 23 de janeiro de 1965 (e não em Ganjola, como foi publicado  há 60 anos).

Fonte: Alvorada. (Lourinhã). 23 de maio de 1965


Foto (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Continuamos a reproduzir, com a devida vénia,  alguns excertos  livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp. 165/167


(...) 4. Notas à margem do processo:   notícias e testemunhos


Transcrevo um testemunho acerca da morte do soldado José António Canoa Nogueira, do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (Poste P14858, de 10 de juho de 2015). O testemunho é de João Sacôto, ex-alf mil inf CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, ilha do Como e Cachil, 1964/66, que em correspondência com Luís Graça escreve:

(...) “Quanto ao teu primo José António Canoa Nogueira, natural de Lourinhã, soldado do pelotão de morteiros 942, CCAÇ 619, com sede em Catió, que tinha por alcunha o 'Bombarral' e que era muito amigo de um soldado do meu pelotão, o João Fernandes Almeida, de alcunha o 'Lourinhã', não morreu em Ganjola, mas sim, em combate, numa das operações para instalar as NT em Cufar,  da qual também fiz parte (CCAÇ 617) numa altura em que, estando a municiar um morteiro, saiu do abrigo para ir buscar granadas, foi atingido, na cabeça, por estilhaços de granada do IN. Ainda foi evacuado por helicóptero, mas infelizmente, não sobreviveu aos ferimentos”. (...)

Na verdade, este testemunho do alferes Sacôto coincide com o teor da participação do comandante de companhia (a CCAÇ 619) sobre o local e causas da morte do soldado Canoa.

Transcrevo, também, a notícia local no jornal "Alvorada" de 23/05/1965, da autoria de Luís Graça (...), aquando do funeral do soldado José António Canoa Nogueira, intitulado, “Os restos mortais de José António jazem finalmente na sua Terra Natal”:

(...) “Depois de transportados da Guiné para a metrópole a expensas dos seus companheiros de companhia que lhe votavam particular estima e amizade, os restos mortais do soldado José António Canoa Nogueira repousam finalmente no cemitério da sua Terra Natal.

O funeral, realizado no segundo domingo do corrente, constituiu uma homenagem pública à memória daquele de cuja presença e convívio a morte irremediavelmente nos separou, e um testemunho de apreço pelo sacrifício da sua vida. Nele se incorporaram, além da multidão anónima e inumerável, o senhor Presidente do Concelho, outras autoridades civis e militares e os bombeiros voluntários.

À chegada do autofúnebre militar, com a urna, os clarins dos Soldados da Paz tocaram a silêncio. E o préstito atravessou a Vila, sob uma impressionante atmosfera de recolhimento e dor.

Antes da urna ser depositada no jazigo, os Bombeiros tocaram em continência, num último adeus e derradeiro tributo de homenagem ao soldado e Jovem Lourinhanense”. (Poste P6509, de 1 de junho de 2010).

Luís Graça, no seu blogue, a propósito da notícia da morte deste soldado, escreve o seu testemunho acerca do ambiente de dor, de luto, emoção, medo e estupefação por si experienciados:

“(…) o funeral de Nogueira, 4 meses depois (em maio de 1965), foi uma impressionante manifestação de dor. Lembro-me da urna, selada, em chumbo. Dos soldados fardados e aprumados, vindos de Mafra, da Escola Prática de Infantaria. Da salva de tiros. Do luto carregado. Da emoção no ar. De uma família destroçada. De uma comunidade comovida. Dos boatos. “Se calhar o caixão vem cheio de pedras”. Da estupefação e do medo dos mancebos que estavam na lista para a tropa, como eu. Lembro-me sobretudo do silêncio do cemitério. Do calor, abrasador, do dia.” (...)

Também sobre a questão da solidariedade dos camaradas de companhia, que se cotisavam para enviar os restos mortais dos colegas para a metrópole, num tempo em que o Estado não assegurava a trasladação dos corpos, Luís Graça escreve:


(...) “Um facto desconhecido e insólito para mim, mas ao tempo revelador da grande solidariedade entre os camaradas de guerra, na época os restos mortais dos nossos soldados não eram embarcados para a Metrópole a expensas do Estado. No caso do Nogueira, foram os seus camaradas (do pelotão de morteiros e possivelmente também do batalhão) que se cotizaram para pagar, do seu bolso, o transporte via marítima da urna… (E, se calhar, a própria urna).


Creio que custava, o transporte por via marítima, qualquer coisa como 11 contos (equivalente hoje a mais de 5 mil  euros…) o que era muito dinheiro para a época. " (...)
 
 Luís Graça refere, ainda, a propósito da notícia e comentários acerca do funeral do Canoa e da publicação da sua carta endereçado ao diretor, escrita 13 dias antes de morrer (...), lembra que a Censura  escreveu ao Diretor do "Alvorada" interrogando-o acerca do motivo pelo qual o jornal não continuava a ir à censura:

“(…) não sei se foi depois disso (da notícia do funeral e dos meus comentários) que o diretor, padre António Escudeiro, recebeu um ofício do Ministério do Interior a perguntar porque é que o jornal já não ia à censura há mais de um ano. Duas linhas, secas, burocráticas, impessoais. Em baixo, ocupando mais de metade da folha, a assinatura, em letra garrafal, mas arrogante e intimidatória que eu jamais vi em toda a minha vida. (Se o fascismo alguma vez existiu na minha Terra, na nossa Terra, então essa assinatura do censor-mor, ou de alguém dos seus esbirros era fascismo, puro e duro)”. (...)

  

O jornal publicava também, a seguir à notícia, uma carta, datada de 10 de Janeiro, endereçada ao director, e que fazia parte do  espólio do malogrado José António  (o jornal não chegara a recebê-la, fora entregue ao Luís Graça pelo pai).(A carta voltará a ser transcrita no livro "Não esqueceremos"..., na pág, 119). 
 

2. Um domingo do mato | por José António Canoa Nogueira

Aqui, Ganjolá, Guiné, 10-1-1965

Mesmo no sul da Guiné, pequeno destacamento militar presta continência à Bandeira Verde-Rubra que sobre o mastro fica brilhando ao sol. E que linda que é a nossa bandeira; e é tão alegre, tão garrida, só olhá-la nos faz sentir alegria e também emoção; alegria de sermos portugueses e emoção por estarmos cá longe para a defender. Embora assim perdida no mato, a bandeira, brilhando, afirma que aqui também é Portugal.

Em volta, meia dúzia de barracas verdes, o nosso aquartelamento, a única nota de civilização nesta imensa planície. 

Muito ao longe, quase perdidas no mato e no capim, algumas palhotas indígenas; de resto, tudo é solidão. Somos soldados de Infantaria e por isso o nosso trabalho é fazer operações em qualquer parte do mato.

Aqui não há escolas e as igrejas não têm paredes; o teto é o céu. Em toda a parte se reza e tudo nos incita à oração. Deus está em toda a parte e ouve-nos.

Hoje é domingo, dia de descanso, não se trabalha, mas distracções também não há. Alguns vão à pesca ou à caça; outros, deitados debaixo das enormes árvores, dormem e pensam nas suas terras e famílias distantes, mas pertinho do coração. 

Como são diferentes aqui os divertimentos nos domingos.

Dois soldados vão todos os dias à caça; por isso, fome não há. Temos carne com abundância, mas falta tanta coisa!... 

Ei-los que chegam com tenros cabritos e gazelas e logo enorme fogueira crepita alegremente. Esfolam-se os animais e lava-se a carne; a água não falta, embora para se beber seja preciso enorme cuidado. Prepara-se um espeto para se assar a carne. Espalha-se então o cheiro da carne assada pelo pequeno acampamento. Está a refeição preparada; troncos de árvores, caixotes vazios, servem de mesa e de cadeiras.

Todos se servem. A refeição é pouco variada: apenas carne assada e pão. O vinho também é pouco, mas dividido irmãmente dá para todos; que bem que sabe uma pinguita com este almoço!...

Bebi-se mais mas não há, paciência… O improvisado cozinheiro faz enormes quantidades de café. Todos enchemos os copos de alumínio e bebemos alegremente. Acaba a refeição; por fim, alguns macacos, meio domesticados, que por aqui andam, aproximam-se e reclamam a sua parte.

É assim um domingo no mato. Depois de explanar esta ideia, termino. Despeço-me com o mais ardente desejo de a todos vós abraçar brevemente, fazendo preces ao Senhor para que tenhais saúde e boa sorte. 

Vosso amigo que respeitosamente se subscreve, todo vosso.

José António Canoa Nogueira.
Soldado nº 2955/63
SPM 2058
.

(Revisão / fixação de trexfo: LG)







Lourinhã > Cemitério local > 6 de maio de 2012 > Lápide funerária referente ao José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro militar lourinhanense a morrer em terras da Guiné, em 23/1/1965... Era sold ap mort Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66). 

 Os seus restos mortais estão em jazigo de família, não no  talhão criado entretanto para os antigos combatentes (I Guerra Mnudial e Guerra Colonial). 

Fotos (e legenda) : © Luís Graça  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


30 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26968: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942- 1965) (sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/ 1966) - Parte II: o Manuel Luís Lomba estava lá, em Cufar, em 23 de janeiro de 1965

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26968: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942- 1965) (sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/ 1966) - Parte II: o Manuel Luís Lomba estava lá, em Cufar, em 23 de janeiro de 1965


1. Comentário do Manuel Luís Lomba ao poste P26957 (*):

Foto à esquerda: Manuel Luís Lomba: (i) ex-fur mil cav, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66): (ii) autor de “A Batalha de Cufar Nalu” (Terras de Faria, Lda. 4755-204,
Faria, Barcelos, 2012); (iii) natural de Barcelos.

O camarada lourinhanense José António Canoa Nogueira, apontador do morteiro 81, participante da Operação Tridente (Batalha do Como, jan -mar 64), foi alvo de (e mortalmente atingido por) uma granada de RPG, talvez a uns 20 metros de mim, nessa madrugada. 

Adido à CCav 703, pertencia á esquadra que o furriel Santos Oliveira foi instalar no nosso estacionamento em Cufar Nalu, no âmbito da Operação Campo, complementada com as Operações Alicate 1, 2 e 3, entre janeiro e março de 1965... 65 dias de vida à toupeira!...

O IN, comandado por Manuel Saturnino, atacou-nos em meia lua, cortou as primeiras fiadas de arame farpado, o José António ousava fazer fogo de olho e ouvido, orientado pelas chamas do seu armamento... O IN, por sua vez, orientou-se pela chama do seu morteiro, foi certeiro, e ele tombou com uma granada de RPG, eu ajudei a retirá-lo para o posto de socorros, uma tenda em ruínas da antiga fábrica de descasque de arroz.

O alferes miliciano médico João Sequeira já não pôde fazer nada por ele, á luz de um petromax. A vítima foi um moço corajoso.



Capa do livro do Manuel Luís Lomba: leiam-se as páginas 157-169, onde se descreve o ataque do PAIGG a Cufar, em 23 de janeiro de 1965, seis dias depois da sua sua ocupação pelas NT, Foi nessa madrugada que morreu o lourinhanense , sold ap mort, Pel Mort 942, José António Canoa Nogueira (era soldado, mão 1º cabo).

 

Mas o IN também também teve a sua paga, na retirada. A Companhia de Milícias, comandada pelo João Bacar Jaló e por Zacarias Sayeg (futuro capitão do MFA, assassinado após a independência) e o Grupo de Comandos "Os Fantasmas", de Maurício Saraiva, futuro comandante do capitão Salgueiro Maia, em Moçambique, no qual se distinguia o então primeiro cabo Marcelino da Mata e o nosso amigo furriel João Parreira, montaram-lhe uma emboscada de muito sucesso.... sanguinário.

Dos intervenientes, o capitão Fernando Lacerda, o dr. João Luís Sequeira, o furriel Santos Oliveira e o furriel 'comando' João Parreira, e outros indiretos, como os alferes João Sacoto e Carvalhinho estão vivos - e recomendam-se!

Aquele abraço!

sexta-feira, 27 de junho de 2025 às 10:51:00 WEST


(Revisão / fixação de texto: LG)

_______________


Nota do editor:

(*) Último poste da série > 26 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26957: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942-1965), sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/1966) - Parte I: nota biográfica

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26957: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942-1965), sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/1966) - Parte I: nota biográfica



José António Canoa Nogueira (1942-1965): um dos 20 militares lourinhanernses  mortos durante a guerra do ultramar / guerra colonial, o primeiro a morrer na Guiné (no total, morreram 9 em Angola, 6 na Guiné e 5 em Moçambique).


Lourinhã > Cemitério Municipal > 25 de agosto de 2013 > Pedra tumular do José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro lourinhanense a morrer na Guiné, em Cufar, Catió, região de Tombali. em combate. Foi no dia 23 de janeiro de 1965. Era soldado apontador de morteiro, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66). Era primo, em 3º grau, do nosso editor Luís Graça, tal como o Arsénio Marques Bonifácio da Silva, morto em Angola, em 1972, era primo (direito) do Jaime Bonifácio Marques da Silva.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Lourinhã > Salão Nobre da Câmara Municipal > 21 de junho de 2025 > Da esquerda para a direita, o presidente da câmara (entidade que editou o livro, a irmã, Bia, do José  António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro lourinhanense a morrer na Guiné, em combate (em 23 de janeiro de 1965), e o autor do livro "Não esquecemos...",  Jaime Bonifácio Marques da Silva (ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72). A Bia, viúva e reformada, vive no Canadá e na Lourinhã. A outra irmã, Esmeralda, vive na Lourinhã.


Fotos: Página do Facebook do Municipio da Lourinhã (com a devida vénia...)

Seleção e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)



I. Foram seis os militares lourinhanenses que morreram no CTIG, entre 1965 e 1973, aqui listados pela seguinte ordem (ano da morte):

  • José António Canoa Nogueira (1942-1965) (morte  por ferimentos em combate)
  • José Henriques Mateus (1944-1966) (desaparecido em combate)
  • Albino Cláudio (1946- 1968) (morte por acidente com arma de fogo)
  • Alfredo Manuel Martins Félix (1948-1970) (morte por acidenete de viação)
  • Carlos Alberto Ferreira Martins (1948-1971) (morte por ferimentos em combate)
  • José João M. Agostinho (1951-1973) (morte por ferimentos em combate)

II. Vamos dedicar este primeiro poste ao José António Canoa Nogueira (Casal da Pedreira, Lourinhã, 11.01.1942 - Cufar, Catió, 23-01-65) (*)


1. Registo de nascimento

O José António Canoa Nogueira nasceu a 11 de janeiro de 1942, às 19 horas, no Casal da Pedreira, freguesia de Lourinhã. Filho legítimo de José Nogueira, de 20 anos, casado e fazendeiro, e de Rosalina da Conceição, 22 anos, casada, doméstica, ambos naturais da freguesia e concelho da Lourinhã e domiciliados no Casal da Pedreira (...).

A declaração do registo de nascimento foi feita pelo pai, às dez horas e cinquenta minutos do dia 9 de fevereiro de 1942 O registo foi assinado pelo pai e duas testemunhas e lavrado pelo conservador João Catanho de Menezes Júnior. (...)

 (Observação - na época, o registo de um filho custava 6 escudos de emolumentos mais 3 escudos de selos, uma exorbitância, já que um trabalhador rural não devia ganhar mais de que 20 escudos por dia, valor que corresponderia, a preços de hoje, a  qualquer coisa como 12 euros, LG).


2. Registo militar

Recenseamento: foi recenseado no ano de 1962, sob o número 68, e alistado em 9 de julho de 1962. Solteiro, com a profissão de agricultor,  tinha como habilitações literárias a 4.ª classe.

Inspeção militar: a 14 de fevereiro de 1963 na DRM 5. Tinha 1.65 de altura, 62 kg de peso e, em resultado da inspeção, foi “apurado para todo o serviço militar”. Atribuíram-lhe o número mecanográfico 63-E-78069.

Colocação durante o serviço: a 31 de julho de 1963 é incorporado como recrutado no RI 5, Figueira da Foz, passando a fazer parte do Regimento e da 2ª Companhia, sendo-lhe atribuído o nº 2530/63; fez o Juramento de Bandeira a 24 de setembro de 1963 e é transferido a 29 de setembro para o RI 7, Leiria, a fim de tirar a especialidade de Apontador (AP) de Morteiro; a 17 de novembro 1963 fica Pronto da Escola de Recrutas com a especialidade de AP Morteiros; a 17 de novembro de 1963 foi transferido para o RI 1, Amadora.

Comissão de serviço na Guiné

Embarque: a 8 de janeiro de 1964 embarca para o CTIG, fazendo parte do Pelotão de Morteiros nº 942, subunidade da CCS/BCAÇ 619, para cumprir uma comissão, por imposição de serviço.

Desembarque: a 15 de janeiro de 1964 desembarca em Bissau, desde quando conta 100% do aumento do tempo de serviço.

Data do falecimento: 23.01.1965.

Causa da morte
: ferimento em combate.

Local do acidente: Cufar, Catió, região de Tombali, sul da Guiné.

Abatido ao efetivo: a 23 de janeiro de 1965 foi abatido ao efetivo da Companhia, data em que faleceu em combate (...).

Despacho Superior: em 1 de julho de 1965, por despacho, foi considerado como ocorrido por motivo de serviço o acidente sofrido do qual lhe resultou a morte (...).

Registo disciplinar: condecorações e louvores

Medalha de segunda classe de comportamento (artº 188.º do RDM), atribuída em 31.07.1963


3. Processo de averiguações ao acidente: anotações e contexto

Participação superior do acidente: a 1 de fevereiro de 1965 o Comandante da CCAV 703, sediada em Cufar, cap cav Fernando Manuel dos Santos Lacerda, participa superiormente “que no dia 23 de janeiro de 1965, pelas 02.30 horas, foi ferido em combate durante o ataque levado a efeito pelo inimigo ao aquartelamento de Cufar o soldado nº 2955/63, José António Canoa Nogueira, do Pel Mort nº 942 do BCAÇ 619,  pelo que foi imediatamente transportado ao posto de socorros da Companhia onde ficou em tratamento”.

Instrução do processo de averiguações: na sequência da participação do cmdt de companhia, o Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG) ordena que se instaure “processo por falecimento em combate nos termos da Instrução 15ª das Instruções para execução do Decreto-Lei 28404, de 31 dez 37, respeitante ao soldado nº 2955/63,  José António Canoa Nogueira, do Pel Mort 942 da CCS/BCAÇ 619”.

Certidão de óbito e relatório médico: estes dois documentos fazem parte do processo de averiguações e atestam sobre as causas da morte do soldado José António Canoa Nogueira.

(i) no primeiro documento, a Certidão de Óbito assinada a 23 de janeiro de 1965, o alferes miliciano médico, João Luís da Silva Sequeira, declara “que o soldado José António Canoa Nogueira residia em Catió, faleceu às 3 horas do dia 23 de janeiro de 1965, que a duração da doença se prolongou por 15 minutos, causada por traumatismo craniano com perda de massa encefálica, em estado terminal de coma”;

(ii) segundo documento: do Relatório Médico assinado a 1 de fevereiro 1965 pelo mesmo médico, consta que “o soldado José António Canoa Nogueira foi ferido durante o ataque ao estacionamento de Cufar e presente no Posto de Socorro, no qual se verificou as seguintes lesões: 1) derramamento da calote craniana na região parieto-occipital esquerda numa extensão de cinco centímetros; 2) perda de massa encefálica pelo citado ferimento; 3) estado de coma. Em virtude da gravidade das lesões veio a falecer neste Posto de Socorros, após cerca de 15 minutos de ter dado entrada”.

Abate ao efetivo: a 5 de fevereiro 1965 o alferes Manuel Henriques de Oliveira, Chefe da Secretaria do BCAÇ 619, sediado em Catió, divulga a cópia do artº 3.º da OS (Ordem de Serviço) 12, do BCAÇ 619 na qual se “confirma que o soldado n.º 2955/63, José António Canoa Nogueira, do Pel Mort 942/CCS, faleceu em 23 do mês findo, pelas 02h 45, por motivos de ferimento em combate, foi abatido ao efetivo do seu Pelotão e desta Unidade desde a mesma data”.

Ministério do Exército considera o acidente morte em combate: em 20 de abril de 1965 o Ministério do Exército, através do Comando Territorial da Guiné em Bissau ( Informação nº 1865/E do Serviço de Justiça e Disciplina)  informa por ofício assinado pelo Chefe de Serviço, capitão Raul Santos,  que: “i) em 23 de janeiro, faleceu, vítima de ferimentos recebidos em combate, o soldado nº 2955/63, José António Canoa Nogueira, do Pel Mort 942 do BCAÇ 619; ii) o processo foi organizado sumariamente, nos termos da Determinação nº 15 da OS nº 12, 1ª Série de 1961, pág. 639; iii) em presença dos elementos supra, este Serviço é de parecer que: a) o acidente deve ser considerado em serviço; b) de harmonia com a Determinação VII da O.E. nº 3, 1ª Série, de 1941, e aditamento constante da circular nº 18246, Pº 26, de 20.09.1957 o processo deve subir à DSP para os devidos efeitos. Quartel-General em Bissau, 20 de abril de 1965”.

(Continua)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)
________________

Nota do editor LG:

(*) Excertos do livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp. 163/165.

sábado, 22 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17611: (De) Caras (86): Gente da "Linha", gente "magnífica"... Nos bastidores da Tabanca da Linha, Carcavelos, 32º almoço-convívio, 20 de julho de 2017 - Parte I


Foto nº 1 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > Quando o régulo tem um sorriso deste tamanho, é porque os "magníficos" estão bem e gostam de se encontrar, de dois em dois meses, às quintas-feiras, para "fazer a prova de vida", para conhecer novos "periquitos", para contar aquela história que ainda ninguém contara, ou para partilhar aquele segredo guardado há 50 anos, ou até para aprender (ou relembrar) como é que se referencia e indica um ponto na carta de 1/50 mil...


Foto nº 2 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 >  Dois homens que nunca se tinham encontrado na vida... têm um ponto em comum: Buruntuma, lá no cu de Judas" da Guiné... e ficaram todo o almoço a conversar animadamente à volta de um álbum de fotografias... Domingos Pardal, conhecido empresário de mármores em Pero Pinheiro, e o "periquito" Jorge Ferreira, o fotógrafo de Buruntuma (à direita)... que ficou encantado com a partilha de informação e conhecimento e com o ambiente da Tabanca da Linha...

O Pardal esteve em Cufar (que foi estrear) e depois em  Buruntuma (, aqui 11 meses)... Em Cufar foi contemporâneo do meu primo José António Canoa Nogueira (1942-1945 (, sold do Pel Mort 942, adido ao BCAÇ 619... Segundo a versão do João Sacôto, o Canoa Nogueira "não morreu em Ganjola, mas sim, em combate, numa das operações para a instalação das NT em Cufar, da qual também fez parte (CCaç 617),  numa altura em que, estando a municiar o morteiro, saiu do abrigo para ir buscar granadas, foi atingido na cabeça por um estilhaço de granada do IN."

O Domingos Pardal, que aceitou o meu convite expresso para integrar a Tabanca Grande, foi sold cond auto da CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66). A esta subunidade pertenceu também o nosso grã-tabanqueiro Manuel Luís Lomba.


Foto nº 3 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > Juvenal Amado e Augusto Silva Santos: mais dois camaradas que se sentem bem à mesa dos "magníficos": o primeiro vem da linha de Sintra, mora atualmente na Reboleira, Amadora, mas tem boas recordações da "Linha", do seu tempo de juventude, e adora fazer o seu passeio (, "de carro"), do Guincho até ao Cais do Sodré; o segundo, tem de atravessar a ponte sobre o Tejo, mora em Almada. Já lhe disse que está na altura abrir mais uma tabanca (pode ser a de Almada ou da Margem Sul). Ficaríamos com duas tabancas à beira Tejo, uma na margem esquerda, outra na margem direita do rio... A tasca do Janes, o "Violas", podia ser o local ideal  para um dos nossos próximos encontros, da malta da Área Metropolitana de Lisboa, ou simplesmente da Grande Lisboa... Tasca, salvo seja... que ela já ganhou prémios gastronómicos do Município de Almada. Estou-me a referir à "Tasca do Reguengos" (sic), do Manuel José Janes, ex-1º cabo, da CCAÇ 1427 (Cabedu, 1965/67), que é também poeta e fadista, além de membro (recente) da nossa Tabanca Grande.


Foto nº 4 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 >  Um camarada que tem o dom da ubiquidade, é capaz de estar em duas ou mais tabancas ao mesmo tempo... O nosso mui querido amigo e camarada Hélder Sousa, indigitado régulo da Tabanca de Setúbal... Não sei o que será dele quando um dia a ASAE se lembrar de fechar todas as nossas tabancas... Espero, todavia,  que esse dia nunca chegue!... Porque então os senhores inspetores da ASAE tinham que ouvir o bom e o bonito: e então as nossas "cantinas" lá no mato, de Madina do Boé à Ponta do Inglês, de Mansambo a Gadamael, da ponte Caium à ponte do rio Udunduma? Onde é que os senhores inspetores estavam nessa altura ?!... A ver navios, carregados de carne para canhão, imprópria para consumo!...


Foto nº 5 >  Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 >  Todos somos camaradas, mas um tenente general é um senhor tenente general... Em 1968 era tenente pilav na BA 12, Bissalanca. "Periquito" nestas lides tabancais... Esperamos que tenha gostado. Já publicou no nosso blogue, tem meia dúzia de referências... Também já o convidámos a integrar a Tabanca Grande, por intermédio do Miguel Pessoa a quem incumbimos, em 9/12/2016,  desta delicada missão:

"Miguel, gostava muito que o Nico se juntasse à malta, aqui na Tabanca Grande... Ele é um dos bravos da FAP e da Guiné cujo nome nos honra a todos... Só nos faltam as 'chapas' [fotos]  da ordem, uma antiga e outra atual... E uma pequena apresentação do CV militar... Dás-lhe uma
palavra? Podes ser o 'padrinho' dele... já que na Tabanca Grande tu é que és o mais... 'strelado'. Ab, boa saúde. Luís"...

A resposta vem logo a seguir, a 13/12/2017, e com o seguinte teor, como o Miguel "previa": "Pessoa: Peço ao Luís Graça que não me leve a mal mas eu prefiro ficar um bocado na sombra. Gosto do 'site' e até já pedi para publicarem dois artigos, como sabes. Um abraço e parabéns ao Luís Graça pelo magnífico serviço do blogue a favor da nossa memória colectiva na guerra na Guiné. J. Nico."


Foto nº 6 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 >  Jorge Pinto, coçando a testa, e segredando para o Luís Graça: "Eh!, pá, vens cá poucas vezes, mas como representante máximo da Tabanca Grande, deixa-me dizer-te que já tens vindo mais bem ataviado: barba aparada, cabelo cortado, enfim, esses pequenos pormenores a que o RDM do nosso tempo nos obrigava e que continuam a ficar bem no seio desta rapaziada da 'Linha'... Olha-me só para o régulo, sempre bem apessoado!"...


Foto nº 7 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > Gente da "Linha", pois claro: ao centro o Manuel Macias, e à sua esquerda o Manuel Resende e o Hélder Sousa...  O Manuel Macias, que vive em Algés, esteve comigo em Contuboel, cerca de dois meses, em junho/julho de 1969: ele era da CART 2479/CART 11, eu da CCAÇ 2590/CCAÇ 12... Estivemos a recordar alguns nomes de malta da sua subunidade, que integram a nossa Tabanca Grande: Valdemar Queiroz, Abílio Duarte, Renato Monteiro...


Foto nº 8 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > De professor para professor: da direita para a esquerda, o Manuel Joaquim e o António Graça de Abreu... Uma conversa necessariamente instrutiva que, segundo quem assistiu, não versou desta vez sobre o estafado debate "guerra ganha / guerra perdida"!... E, a propósito, coisas mais prosaicas: o António Graça de Abreu agradeceu-me a gentileza da publicação (em curso) das suas crónicas sobre a volta ao mundo em 100 dias, no navio de cruzeiros "Costa Luminosa" (set/dez 2016) e deu-me, em primeira mão, a notícia de que vai publicar um livro com esse material, naturalmente com fotos e textos mais elaborados... Parabéns!... A Tabanca Grande congratula-se sempre que um dos seus membros faz um filho, planta uma árvore e escreve um livro"


Foto nº 9 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > Se não sereníssimo, pelo menos sereno o nosso Armando Pires... figura maior entre os seniores da Tabanca da Linha, magnífico entre os magníficos, mesmo quando é traído pela emoção de já não poder cantar o fado como cantava nas noites de glória de Bissorã...


Foto nº 10 > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > Magnífica Tabanca da Linha > 32º almoço-convívio > 20 de julho de 2017 > Uma família portuguesa, com certeza!.. Que coisa linda!.. É do Manuel Alves, que veio do Carregado, Alenquer. Da nossa base de dados, consta que pertenceu à CCAV 8351 Tigres de Cumbijã (Cumbijã, 1972/74, companhia que foi comandada pelo cap mil Vasco da Gama, membro da nossa Tabanca Grande, natural de Buarcos, Figueira da Foz).

Fotos: © Manuel Resende (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14858: (De)caras (23): José António Canoa Nogueira (1942-1965), natural da Lourinhã, sold Pel Mort 942... Não morreu em Ganjola, mas numa operação para a instalação das NT em Cufar, da qual também fiz parte... Estranhamente tinha por alcunha o "Bombarral"... (João Sacôto, ex-alf mil inf, CCAÇ 617 / BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)






Lourinhã > Cemitério local > 6 de maio de2012 > Lápide funerária referente ao José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro militar lourinhanense a morrer em terras da Guiné, em 23/1/1965... Era sold ap mort Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66).

Era meu primo, em terceiro grau, pelo meu lado materno. Foram vinte os meus conterrâneos, mortos na guerra do ultramar. O seu funeral, três meses e meio depois, tocou-me muito. Tinha 18 anos e na altura, eu era o redactor-chefe do quinzenário regionalista "Alvorada"... E devo ter publicado uma das últimas cartas que ele escreveu (datada de Ganjola, 10/1/1965, e dirigida ao diretor do jornal). Sempre pensei que tivesse morrido nalgum ataque ao destacamento de Ganjola,

Os seus restos mortais estão em jazigo de família, não no novo talhão criado para os antigos comabtentes (I Guerra Mnudial e Guerra Colonial).

Fotos (e legendas): © Luis Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Trocando emails,  há dias, com o João Sacôto sobre Ganjola, destacamento de Catió (*), vim a a tomar conhecimento de factos novos, que eu desconhecia, sobre as circunstâncias da morte  do meu primo, mais velho do que eu cinco anos, José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro lourinhanense a tombar em combate na Guiné...

Prometi ao João publicar um poste sobre o assunto... Também lhe disse que achava   estranho  o facto do Canoa Nogueira ter a alcunha de "Bombarral" (já que ele era natural da Lourinhã, concelho vizinho...) ,Em contrapartida,  o  João Fernandes Almeida, soldado do pelotão do João Sacôto, tinha por alcunha o "Lourinhã"...

Aqui vai a nossa troca de mensagens. (Também vim a descobrir que o João Sacôto andou na aviação comercial e foi comandante da TAP, além de ter ligações, afetivas, com a minha terra!... Na realidade, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!).


2. Mensagem do João Sacôto, de 30 de junho e de 1 de julho de 2015:


[foto à esquerda, João Sacôto, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), em  Ganjola, 1965, tendo por detrás a LDM 309, a manobrar para atracar;  João Gabriel Sacôto Fernandes,  que tinha já a frequência da licenciatura em ciências ecoonómico- financeiras  do ISCEF, hoje, ISEG,  (que não completou depois de vir da Guiné), foi piloto da aviação comercial e comandante da TAP, estando hoje reformado]


(i) Quanto ao teu primo José António Canoa Nogueira (1942-1965), natural da Lourinhã, sold do pelotão de morteiros 942 do BCaç 619, com sede em Catió, que tinha por alcunha o "Bombarral" e era muito amigo de um soldado do meu pelotão, o João Fernandes Almeida, alcunha o "Lourinhã", não morreu em Ganjola, mas sim, em combate, numa das operações para a instalação das NT em Cufar, da qual também fiz parte (CCaç 617) numa altura em que, estando a municiar o morteiro, saiu do abrigo para ir buscar granadas, foi atingido, na cabeça, por um estilhaço de granada do IN.

Ainda foi evacuado por helicóptero mas infelizmente, não sobreviveu aos ferimentos.

Sei também que se encontra sepultado no cemitério da Lourinhã, num talhão próprio de antigos combatentes, mortos em combate.

(ii) Realmente também achei estranho, sendo o Canoa da Lourinhã, ter a alcunha de "Bombarral". Acabei de ter o esclarecimento por telefone com o João Almeida (o "Lourinhã"): entre o pessoal havia, por vezes,  a tendência de gozarem com o pessoal da Lourinhã, velhas estórias que conhecerás.  Daí, o Canoa ter feito crer que era do Bombarral e não da Lourinhã, para não ser chateado. 

O João Almeida que era um grande amigo do Canoa, brincava, na altura, dizendo que ele era o "Lourinhã", muito embora não fosse exactamente de lá, da vila, mas sim de uma aldeia do concelho, ao passo que o Canoa,  sendo mesmo da Lourinhã. não tinha essa alcunha mas sim a de "Bombarral". (**)


3. Resposta de LG, com data de 1/7/2015:

Obrigado, João,  pelos teus completíssimos esclarecimentos... Tenho que descobrir o paradeiro do Almeida... Vou todos os fins de semana à Lourinhã... A tua explicação faz todo o sentido: na época a malta do norte (, mesmo sem saber de geografia...)  tinha uma expressão curiosa: "Mas tu julgas que eu sou da Lourinhã?!"... Ou seja: não me tomes por parvo!...

A terra era sinónimo de gente parva por causa da história da loba (que remonta aos anos 30) ... Confundiram uma loba da Alsácia, de uma quinta das vizinhanças (Quinta do Perdigão)  com uma loba selvagem que andaria a dizimar os galinheiros do pessoal e a espalhar o terror (na Lourinhã e no Bombarral)...

Chegaram a pedir a intervenção militar, os parolos!... Feita uma batida, o animal foi morto e levado em triunfo para um pátio camarário (onde é hoje o museu da Lourinhã, dedicado aos dinossauros), e até a banda local veio para a rua, a  tocar festivamente...

Um chico esperto qualquer lembrou-se inclusive de cobrar dinheiro aos mirones que, de longe e de perto, se deslocaram vere o bicho... Quando foi descoberto o engano, a Lourinhã passou a ser conhecida, depreciativamente, como a "terra da loba"... E a banda filarmónica como a "banda do toca ao bicho"... Dois insultos juntos para as gentes da mesma terra!...

Enfim, os vizinhos de Peniche também têm a história dos "amigos de Peniche", expressão depreciativa (que remonta a 1580 e ao prior do Crato, um dos pretendentes ao trono), os Rio Maior, mais acima,  têm a história do "leão de Rio Maior", os de Pombal , no distrito de Leiria,  não gostam que a gente diga que vai "ao" Pombal... (Tal como em Cuba, no Alentejo,  nunca digas que vais a Cuba, mas sim "à" Cuba)... Enfim, histórias da nossa terra e suscetibilidades das gentes de cada terra... 

Eu, quando era puto, também não  gostava nada de dizer aos de fora que era da Lourinhã, com medo de ser gozado... Hoje, a Lourinhã é orgulhosamente a "capital dosdinossauros" (e o seu museu merece uma visita, se lá fores apita...). Enfim, a história da loba só ficou na memória dos mais antigos... Mas nos anos 60 estava ainda muito viva... 

E tudo isto a propósito do infeliz camarada (e primo) Canoa Nogueira. Coitado do Nogueira, era um rapaz simples e bom!... Fui eu que lhe fiz a notícia necrológica, na altura era o redator principal do jornal local, o "Alvorada"...

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(**) Último poste da série > 29 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14810: (De)caras (22): Quando os autocarros (de Bafatá e de Gabu) chegavam ao porto fluvial do Xime com população e até com provocadores, simpatizantes do PAIGC... Um dia, já depois do 25 de abril, ía havendo uma tragédia: estava eu a montar segurança na Ponta Coli e os meus homens, fulas, quiseram fazer fogo de bazuca, em resposta às provocações da malta do autocarro (António Manuel Sucena Rodrgues, um dos últimos guerreiros do império, ex-fur mil, CCAÇ 12, Xime, 1973/74)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14821: Memória dos lugares (298): Ganjola e o Rio Cumbijã (ex-alf mil, João Sacôto, CCAÇ 617 / BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)


Guiné  > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Destacamento de Ganjola > Rio Cumbijã > 1965 > O ex-alf mil João Sacôto, num "momento de descontração" (1)...

[Curiosa esta piroga. usada no sul da Guiné, com estabilizador ao meio e leme à popa!... Não me recordo de ver este tipo de piroga nos rios da Guiné!...] [LG]


Guiné  > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Destacamento de Ganjola > Rio Cumbijã > 1965 > O ex-alf mil João Sacôto, num "momento de descontração"...



Guiné  > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Destacamento de Ganjola > Rio Cumbijã > 1965 > O ex-alf mil João Sacôto, num "momento de descontração" (3)...

[Em Ganjola, na época, viva a família do velho Brandão, um "homem grande" de quem se dizia ter sido desterrado para a Guiné... Era natural de Arouca. E por lá passou, também, no destacamento de Ganjola, o meu infortunado primo José António Canoa Nogueira o primeiro lourinhanense a  morrer em combate no TO da Guiné, em 23 de janeiro de 1965;  tinha 23 anos, e era sold ap mort. Pel Mort 942 / BCAÇ 619] [LG].

Fotos (e legenda): © João Sacôto (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. João Sacôto, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66): 

[foto à esquerda, em Ganjola, 1965, tendo por detrás a LDM 309, a manobrar para atracar; 
nome completo: João Gabriel Sacôto Fernandes; Sacôto é o nome pelo qual, entre amigos e profissionalmente, é conhecido]:

(i) assentou praça em Mafra, em agosto de 1962 após dois anos de adiamento, por ele pedidos, em virtude de estar a estudar no então ISCEF (Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras);

(ii) ficou bem qualificado no curso de oficiais milicianos (COM);

(iii)  foi colocado no RI 1 - Amadora;

(iv) foi mobilizado dois anos depois, em 1964,  para a Guiné;

(v) já era casado,  com vinte e cinco anos, com uma filha que fez 2 anos exatamente no dia 8 de janeiro de 1964, data do embarque para a Guiné no T/T Quanza;

(vi) levou consigo um herói, o cão Toby, de raça boxer,  cuja folha de serviço já foi publicada;

 (vii) está hoje reformado da TAP onde foi piloto e comandante de avião (1970-1998);

(viii) em 1980, voltou à Guiné-Bissau  em "romagem de saudade";

(ix) tem página no Facebook

(x) nasceu em 1938; é tio, pelo lado materno, do nosso camarada e grã-tabanqueiro João Martins.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13620: Memória dos lugares (273): Ganjola, destacamento de Catió, na margem direita do Rio Ganjola, vista pelo saudoso Victor Condeço (1943-2010), ex-fur mil mec armamento, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)...Foi também lá que tombou, em combate, em 23/1/1965, o lourinhanense José António Canoa Nogueira (sold, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/66)


Foto 6 >  CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Destacamento de Ganjola (*).  O fur mil  Victor Condeço em foto para a família com menina mestiça.


Foto 5 > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Destacamento de Ganjola. Meninos filhos de habitantes, os mestiços eram irmãos e dizia-se entre a tropa, que eram filhos do proprietário, o sr. Brandão. Vista parcial dos edifícios.


Foto 5> > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Destacamento de Ganjola. Por menor dos meninos filhos de habitantes locais, dois deles irmãos, os mestiços.


Foto 4 > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Destacamento de Ganjola. As instalações que eram do Sr. Brandão que vivia em Catió, eram compartilhadas pela tropa e por uns poucos civis, duas famílias.  Na foto, o fur.mil Pires:  de visita, aproveitou foi ao barbeiro.


Foto 3 > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)  > Rio Ganjola na cambança para o Destacamento, o militar em primeiro plano é o Srgt  Gaio, do Pelotão de Morteiros 1209.



Foto 2 > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Rio Ganjola vendo-se na margem direita o Destacamento de Ganjola Porto,  na foz do rio Canlolom. O destacamento tinha uma guarnição fornecida por Catió, ao nível de um pelotão, a área ocupada era menor que meio campo de futebol. [este destacamento foi abandonado pelas NT na segunda metade de 1968]



Foto 2A > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)  > Pormenor da foto anterior (2). Ganjola Porto era apenas um grande edifício à beira rio, que servia de habitação e entreposto de comércio, nas traseiras deste, uma outra pequena edificação era a cozinha. O resto era os postos de sentinela e defesa, tudo circundado por uma paliçada e arame farpado. O poço era fora do arame farpado a pouca distância.


Foto 1 >  CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)  > Rio Ganjola visto da margem esquerda, junto da cambança para o Destacamento de Ganjola Porto. Distava cerca de 5 km do centro de Catió para Norte.

Fotos do álbum do ex-fur.mil mec armamento,  CCS / BART 1913 (Guiné, Região de Tombali, Catió, 1967/69), o saudoso Victor Condeço (1943-2010), natural de (ou residente, até à sua morte, em) Entroncamento.


Fotos (e legendas) de Catió: Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados


José António Canoa Nogueira
(1942-1965)
1. Temos poucas referências (cerca de uma dezena) ao destacamento de Ganjoja, a nordeste de Catió. Por lá passaram alguns camaradas nossos, como o então cap art Alexandre Coutinho e Lima, que fez a sua primeira de três comissões no TO da Guiné, como comandante da CART 494 (Gadamael, 1963/65). Ou o Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, CCS/BART 1913 (Catió, 1967/69) que visitou Ganjola 8e que esteve em Catió com o Victor Condeço..

Ganjola é o primeiro topónimo que me fica gravado a ferro e fogo, na minha memória, quando eu já tinha os meus dezoito anos... Dirigia o jornal regionalista "Alvorada" quando soube da morte do primeiro lourinhanense em terras da Guiné, e fiz 3 meses tarde a notícia do seu funeral. 

Por sinal, ele era meu primo em 3º grau,  o José António Canoa Nogueira. Era sold do Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66). Morreu em Ganjola, em 23/1/1965. Tinha 23 anos (nascera em 11/1/1942, na vila da Lourinhã). O seu pai, o primo Nogueira, primo direito da minha mãe, ficou destroçado, nunca mais fo o mesm,o homem. Tem duas irmãs que eu já não conheço. Creio que uma está emigarada (nos EUA ou no Canadá).

Publiquei, em 23/5/1965, no jornal, quinzenário, "Alvorada", a última (ou uma das últimas cartas que ele terá escrito antes de morrer. Já a republiquei na I Série do nosso blogue, em poste de 8/9/2005. Continuam a ser memórias (algumas, dolorosas) daquela  terra e daquela guerra (***).

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 17 de setembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13617: O meu baptismo de fogo (27): Às 16H45 do dia 17 de Setembro de 1963, o IN atacou o que iria ser o futuro aquartelamento de Ganjola (Coutinho e Lima)

(**) Último poste da série > 23 de julho de  2014 > Guiné 63/74 - P13433: Memória dos lugares (272): Espectáculos em Galomaro no tempo do BCAÇ 2912 (1970/72) (António Tavares)

(**) Vd, I Série > 8 de setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CLXXXI: Antologia (18): Um domingo no mato, em Ganjolá

(...) Um domingo no mato

Aqui, Ganjolá, Guiné, 10-1-1965

Mesmo no sul da Guiné, pequeno destacamento militar presta continência à Bandeira Verde-Rubra que sobre o mastro fica brilhando ao sol. E que linda que é a nossa bandeira; e é tão alegre, tão garrida, só olhá-la nos faz sentir alegria e também emoção; alegria de sermos portugueses e emoção por estarmos cá longe para a defender. Embora assim perdida no mato, a bandeira, brilhando, afirma que aqui também é Portugal.

Em volta, meia dúzia de barracas verdes, o nosso aquartelamento, a única nota de civilização nesta imensa planície. Muito ao longe, quase perdidas no mato e no capim, algumas palhotas indígenas; de resto, tudo é solidão. Somos soldados de Infantaria e por isso o nosso trabalho é fazer operações em qualquer parte do mato.

Aqui não há escolas e as igrejas não têm paredes; o tecto é o céu. Em toda a parte se reza e tudo nos incita à oração. Deus está em toda a parte e ouve-nos.

Hoje é domingo, dia de descanso, não se trabalha, mas distracções também não há. Alguns vão à pesca ou à caça; outros, deitados debaixo das enormes árvores, dormem e pensam nas suas terras e famílias distantes, mas pertinho do coração. Como são diferentes aqui os divertimentos nos domingos.

Dois soldados vão todos os dias à caça; por isso, fome não há. Temos carne com abundância, mas falta tanta coisa!... Ei-los que chegam com tenros cabritos e gazelas e logo enorme fogueira crepita alegremente. Esfolam-se os animais e lava-se a carne; a água não falta, embora para se beber seja preciso enorme cuidado. Prepara-se um espeto para se assar a carne. Espalha-se então o cheiro da carne assada pelo pequeno acampamento. Está a refeição preparada; troncos de árvores, caixotes vazios, servem de mesa e de cadeiras.

Todos se servem. A refeição é pouco variada: apenas carne assada e pão. O vinho também é pouco, mas dividido irmãmente dá para todos; que bem que sabe uma pinguita com este almoço!...

Bebia-se mais mas não há, paciência… O improvisado cozinheiro faz enormes quantidades de café. Todos enchemos os copos de alumínio e bebemos alegremente. Acaba a refeição; por fim, alguns macacos, meio domesticados, que por aqui andam, aproximam-se e reclamam a sua parte.

É assim um domingo no mato. Depois de explanar esta ideia, termino. Despeço-me com o mais ardente desejo de a todos vós abraçar brevemente, fazendo preces ao Senhor para que tenhais saúde e boa sorte. Vosso amigo que respeitosamente se subscreve, todo vosso.

José António Canoa Nogueira.
Soldado nº 2955/63
SPM 2058. (...)


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11987: Efemérides (139): 8º aniversário do monumento aos combatentes da Lourinhã, 25/8/2013 (Parte III)



Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Organização da AVECO, apoio da CM Lourinhã.   A seguir às cerimónias militares junto ao monumento (das 9h30 às 11h00), realizou.se missa, às 11h30,  na igreja do Castelo (séc  XII/XIV). Na foto supra, uma imagem da fantástica rosácea que encima a parede onde onde se abre o arco triunfal, virada para poente. [A Igreja de Santa Maria do Castelo encontra-se num local onde os árabes haviam construído um castelo, dentro de nuralhas (hoje desaparecidas),  dominando o braço mar que ia até à atual Praia do Areal, a sul da Praia da Areiua Brana.

É um magnífico templo gótico, dos meados do século XIV. A sua construção realizou-se em duas fases, a primeira foi atribuída a D. Jordan (cavaleiro franco que ajudou D. Afonso Henriques na Reconquista, e primeiro donatário da Lourinhã) e a segunda a D.Lourenço Vicente (arcebispo de Braga, natural da Lourinhã e seu donatário. Outra igreja da Lourinhã digna de visia é a do antigo Convento de Santo António, começada a construir no início do Séx. XVII, também monumento nacional].



Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Foto de grupo. Ver mais fotos do evento no sítio da AVECO.



Louirnhã > Monumento aos Combatentes do Ultramar > 25 de agosto de 2013


Fotos (e legendas): © Luís Graça(2013). Todos os direitos reservados






Vídeo (''53): Luís Graça (2013). Alojado em You Tube > Nhabijoes


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Organização da AVECO, com apoio da CM Lourinhã. Final da missa dita pelo jovem padre Ricardo, pároco local, na igreja do Castelo (ou de Santa Maria do Castelo).





Vídeo (2' 15''): Luís Graça (2013). Alojado em You Tube > Nhabijoes

Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Organização da AVECO, apoio da CM Lourinhã. Cerimónia no cemitério local de homenagem aos mortos da guerra colonial. Visita às campas de José António Canoa Nogueira e do Arsémio Bonifácio bem como ao talhão dos combatentes. Largadas pétalas de flores em memória do José Henriques Mateus, desaparecido na Guiné, no decurso da Op Pirilampo, em 10 de setembro de 1966, no sul da Guiné, igualmente no setor de Catió, na região de Tombali, (O corpo nunca foi encontrado; stá prevista, para breve, uma homenagem ao Mateus, por parte dos seus conterrâneos da povoação da Areia Branca, freguesia da Lourinhã).



Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Visita à campa do José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro lourinhanense a morrer na Guiné, em Ganjola, setor de Catió, região de Tombali. em combate. Foi no dia 23 de janeiro de 1965. Era soldado apontador de morteiro, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66). Era meu primo, em 3º grau, tal como o Arsénio Bonifácio, morto em Angola, era primo (direito) do Jaime Bonifácio Marques da Silva


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10080: Convívios (275): Homenagem, em 23 de junho, aos antigos combatentes da minha terra, Lourinhã (Luís Graça)


Lourinhã > Cemitério > Talhão dos Combatentes > Junho de 2012 > Trabalhos de recuperação e requalificação.  Ao fundo, a Igreja de Santa Maria do Castelo, em estilo gótico (Séc. XIV), classificada como monumento nacional em 1922. É um dos ícones da minha terra. Só por si vale uma visita á sede do último concelho do distrito de Lisboa.



Página principal do blogue do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes, núcleo esse que tem a sua sede na Rua 9 de Abril, n.º 8 - 1.º , 2560-301 Torres Vedras. Na área do núcleo há já dois monumentos
erigidos em memória dos combatentes do ultramar , um em Torres Vedras e outro na Lourinhã. 

Toda a correspondência pode ser enviada para Apartado 81, 2564-909 Torres Vedras ou para o email: torres.vedras@ligacombatentes.org.pt

Fotos: Cortesia do blogue do  Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes(2012)



Homenagem aos antigos combatentes da Lourinhã

1. Integrada nas Festas do Concelho da Lourinhã (22/24 de junho de 2012), realizou-se no passado sábado, dia 23, uma homenagem a todos os ex-combatentes naturais daquele município. Por estar em Angola, não pude comparecer a esta cerimónia, apesar do amável convite que me fizeram, a Cãmara Municipal da Lourinhã e o Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes.

O ponto central desta iniciativa decorreu no Talhão dos Combatentes, no cemitério da Vila, que foi recentemente recuperado pelo  núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes,  com o apoio da Câmara Municipal e Junta de Freguesia da Lourinhã, bem como da Direcção Central da Liga dos Combatentes.

Esta cerimónia iniciou-se com a deposição de uma coroa de flores junto do monumento aos Combatentes, no Largo António Granjo, seguindo-se a celebração da eucaristia, na Igreja de Santa Maria do Castelo (Séc. XIV), e, posteriormente, uma cerimónia com guarda de honra no Talhão dos Combatentes.


Lourinhã > Cemitério local > 6 de maio de2012 > Lápide funerária referente ao José António Canoa Nogueira (1942-1965), o primeiro militar lourinhanense a morrer em terras da Guiné, mais exatamente em Ganjola, no dia 23 de janeiro de 1965. Era sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66).

Era meu 3º primo, pelo lado da minha mãe. Foram vinte os meus conterrâneos, mortos na guerra do ultramar. O seu funeral, três  meses e meio depois, tocou-me muito. Na altura, eu era o redactor-chefe do    quinzenário regionalista Alvorada, e tinha 18 anos... E devo ter publicado uma das últimas cartas que escreveu (em 10/1/1965, dirigida ao diretor do jornal).


Lourinhã > Cemitério local > 6 de maio de 2012 > Lápide funerária referente ao Ludgero Henriques de Oliveira, SCH (Sargento chefe) reformado, da Marinha (1947-2011).  Foi combabente na Guiné. Fazia parte, como fogueiro, da tripulação da LDM 302.  atacada e afundada no Rio Armada, afluente do Cacheu, em 19 de dezembro de 1967 . Devido à sua morte súbita (por infecção hospitalar, suspeita-se), o Ludgero nunca me chegou a contar, com todos os detalhes, essa história dramática. 

Era meu conterrâneo, colega de escola, vizinho, amigo e camarada. Fiquei consternado com a notícia da sua morte. Aguardo que o filho e a viúva me autorizem o acesso ao seu espólio documental com vista à elaboração de uma notícia mais completa sobre a sua passagem pela Marinha e pela Guiné.



Lourinhã > Largo António Granjo > 5 de novembro de 2011 > Escultura em bronze do combatente da Guerra do Ultramar (pormenor). O monumento é da autoria do arquitecto A. Silva e da escultora A. Couto.


Fotos: © Luis Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados