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sábado, 17 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25851: Ser solidário (271): 25.ª Expedição da Missão Dulombi à Guiné-Bissau. Reportagem da jornalista Carolina Cunha da CMTV, que pode ser vista no Youtube

1. O nosso camarada Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700 / BCAÇ 2912 (Dulombi, 1970/72) enviou-nos o link do Youtube para a reportagem da 25.ª Expedição da Missão Dulombi à Guiné-Bissau, mais exactamente a Dulombi, intitulada "Dulombi, Missão de Vida", da jornalista da CMTV, Carolina Cunha, que acompanhou Gil Ramos, filho do Antigo Combatente Fernando Ramos da CCAÇ 2700, já falecido.
Gil Ramos, voluntário, juntamente com outras pessoas de boa vontade, ali iniciou uma obra que já se vê e que continua, perpetuando assim a memória de seu pai naquela localidade guineense.



REPORTAGEM CMTV: Gil Ramos e a sua Missão Dulombi falam das origens da Organização, dos trabalhos presentes e do futuro da aldeia de Dulombi na Guiné-Bissau.
Acompanhando a 25ª Expedição à Guiné-Bissau, a jornalista Carolina Cunha fez um retrato de uma aldeia mágica e das atividades da pequena organização criada pelo vilacondense Gil Ramos.

©CMTV 2024
©DULOMBI 2024
Todos os direitos reservados.

Os frames abaixo reproduzidos, retirados
  com a devida vénia da reportagem da CMTV à 25.ª Expedição da Missão Dulombi à Guiné-Bissau, apresentam quatro personagens ligadas a Dulombi e à causa do voluntariado que ali tem obra feita: 
O antigo Combatente Fernando Ramos da CCAÇ 2700 que esteve em quadrícula em Dulombi entre Maio de 1970 e Março de 1972, durante uma visita à terra que lhe ficou no coração. 
Gil Ramos, filho do Fernando Ramos, que tem feito obra de voluntariado em Dulombi, diz querer continuar, porque acha que seria essa a vontade de seu pai. Será também uma forma de homenagear a sua memória.
Além deste Jardim de Infância, a que foi dado o nome de Fernando Ramos, construído de raiz para o efeito, Gil Ramos e a sua Missão Dulombi, recuperou a Escola Primária local, danificada por um temporal.
Amadu Colubali que é o responsavel pelo funcionamento e manutenção do Jardim de Infância Fernando Ramos, que é frequentado por meninas e meninos de Dulombi a partir dos dois anos de idade.
Uri Colubali é o homem mais velho de Dulombi. Diz que conheceu Fernando Ramos no tempo da guerra e está muito grato ao filho, Gil Ramos, pelo que tem feito pela população de Dulombi.

O melhor mesmo é ver a reportagem, porque além da alegria expontânea das crianças de Dulombi, ficamos a conhecer uma quantidade de pessoas que se voluntarizam para em Dulombi cuidar da saúe e do bem estar daquele povo que tendo tão pouco, com pouco se contentam.

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Nota do editor

Último post da série de 2 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25593: Ser solidário (270): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (8): Arquitectos da natureza (Renato Brito)

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22280: (De)Caras (171): Manuel Maurício, fur mil, chefe da equipa do BENG 447, que fez a construção das instalações do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700 (1970/72)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  "O pessoal nativo contratado para as obras. Nesta foto podem ver-se 22 elementos trabalhadores nativos, uns pedreiros e outros serventes. Ainda se visualizam 2 elementos brancos, talvez o soldado Franco e o 1º cabo Domingos Pires."
 


Foto nº 2 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72)  >  Os serventes, recolhendo areia para um Unimog."

Foto nº 3 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Os pedreiros, rebocando as paredes de uma caserna, com a supervisão do Maurício. Em 1.º plano encontra-se o Vítor Rodrigues."



Foto nº 4 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  10 de dezembro de 1970 > "Em primeiro palno o furriel Maurício. Ao fundo, a construção do edifício dos Comandos. Os pedreiros já levantaram as paredes e os carpinteiros trabalham na construção do telhado"



Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Uma caserna em construção"... Não há guindaste, e os andaimes são improvisados...



Foto nº  6 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Construção da messe. O soldado Franco e o furriel Maurício.


Foto nº 7 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício, agarrado ao 'aguadeiro' da obra,  e tendo a seu lao, de pé, o condutor Calado. Veem-se também blocos da obra e um aspecto da tabanca ao fundo”.


Foto nº 8 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício sobre um abrigo,  vendo-se ao fundo a construção de uma caserna".... O teto era feito de troncos de cibe, assentes sobre bidões cheios de terra...


Foto nº 9 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Acidente no trabalho: a equipa de enfermagem, constituída pelos enfermeiros Santos e Cunha, entram em acção. O condutor Rodrigues assiste ao tratamento. A vítma: o furrile Maurício".



Foto nº 10 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  Descascando batatas: da esquerda para a direita, cozinheiro Machado, "Bolinhas", cozinheiro Torre, cozinheiro Euclides, desconhecido, furriel Maurício, Terraço e Miguel Teixeira"



Foto nº 11 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício colocando carta ou aerograma ma caixa do correio".


Foto nº 12 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Maurício e Leandro"



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Os furriéis Maurício e Barbosa em ameno passeio de jipe".



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  29 de janeiro de 1971 > Local: instalações sanitárias... Em dia deanos , o Maurício, à esquerda com o comdutor Luís Maria; do lado direito, o Vieira e "Fafe" assistem...

Fotos (e legendas). © Manuel Maurício (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Fernando Barata / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Fernando Barata, ex-alf mil inf,  CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), nosso grã.tabanqueiro da primeira hora, coimbrão, criou em 2007 (e tem mantido até hoje, sempre ativo e produtivo) o blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72). Está associado ao nosso blogue, que acompanha diariamente.

Foto à esquerda: 2013, aos 65 anos. De seu nome completo, Fernando Manuel Madeira Mendes Barata, foi o comandante do 2.º Pelotão. Natural de Canas de Senhorim (concelho de Nelas, ainda...), vive em Coimbram, desde que passou à "peluda".  Trabalhou na Rank Xerox, Quintino Velho - Desp. Oficiais, Comissão de Coordenação da Região Centro. É licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.  ]
  
 
É um caso extraordinário de dedicação, persistência e camaradagem. São raros os exemplos, na Net, de longevidade de páginas e blogues, nas redes sociais, dedicados a uma unidade ou subunidade que tenha passado pelo CTIG... Houve um "boom" de criação de blogues, a seguir ao aparecimento do nosso (em 2004)... Mas, passados uns tempos, o entusiasmo e a curiosidade vão definhando, a maior parte das vezes por falta de colaboração (em textos, fotos e outros documentos) do pessoal. 

Em 15 anos, o Fernando Barata (com o seu coeditor  Ricardo Lemos, ex-fur mil mec) publicou até 839  postes. No ano em curso, foram 35, Considerando osúltimos 14 anos dá  uma média anual de 57,4 postes (Mínimo, 37 em 2016: máximo, 136, em 2012). Em suma, são cerca de 5 postes por mês. Só é pena que o blogue não tem uma lista de descritores ou marcadores, de modo a facilitar a pesquisa.



Manuel S. Maurício, ex.fur mil, BENG 447 (1970/72).
Professor do ensino básico reformado. Vive na Ericeira, Mafra.
É da colheita de 1948,faz anos a 29 de janeiro, É um "dulombiano",
por adoção.
  
2. Há dias chamou-nos a atenção a história da construção do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700. Com a devida vénia aos editores e ao autor das fotos  (Manuel Maurício, ex-fur mil, BENG 447, Bissau  Dulombi, 1970/72), vamos reproduzir parte do poste P473, de 18 de agosto de 2013, editado pelo Fernando Barato (*), dado o seu interessante documental, mas também em homenagem aos nossos anónimos 'engenheiros' que fizeram o seu melhor para nos dar algum conforto e segurança nos nossos 'resorts turísticos'...


O Maurício chegou a Dulombi no dia 17 de Junho de 1970 com a missão de construir o aquartelamento de Dulombi, projectado com duas casernas, um edifício de comando, um depósito de géneros, um refeitório, uma messe, uma central eléctrica, quatro postos de sentinela mais conhecidos por torreões, assim como o saneamento básico,  incluindo fossa séptica com três compartimentos. 

Quando chegou a Dulombi já lá se encontrava o soldado Franco,  pertencente ao Batalhão de Engenharia, o BENG 447, o qual já tinha dado início às construções, visto que uma cópia do projecto do aquartelamento já se encontrava na nossa Companhia, a CCAÇ 2700.

O soldado Franco era um militar oriundo do Algarve e estava a cumprir a 2.ª Comissão devido a problemas disciplinares por ter tido um grave acidente com uma viatura do exército. Tendo sido condenado a prisão militar, esta foi substituída por uma segunda Comissão. Na altura deveria ter cerca de 27 anos e era pedreiro, como profissão militar.

 Chegado a Dulombi, o Maurício deu início efectivo a todo o projecto, recrutando pessoal nativo. Este pelotão de pessoal nativo era constituído por cerca de 20 a 40 indivíduos, dependendo das necessidades temporais. Havia duas classes de contratados: os serventes e os pedreiros

Os serventes tinham como missão retirar areia e cascalho das proximidades de Dulombi, fazer os blocos para a construção de edifícios e ajudar os pedreiros nas suas tarefas. Era um trabalho árduo e mal pago. Ganhavam cerca de 30 pesos por dia (equivalente a 27 escudos da metrópole, a preços de hoje, cerca de 8 euros).

Os pedreiros eram os operários melhor remunerados. Tinham como missão construir os edifícios erguendo as paredes, fazer o chão, executar a rebocagem com massa das casernas e outros edifícios, entre outras funções especializadas. Ganhavam entre 40 (=36 escudos) a 60 (=54 escudos) pesos por  dia (10,6 e 15,9 euros, respetivamente), conforme a sua experiência. Os valores mensais pagos aos nativos eram definidos pelo Maurício. 

De salientar que o Maurício dependia directa e hierarquicamente do Batalhão de Engenharia 447, através do alferes da Zona. O batalhão de Engenharia foi criado em 1 de Julho de 1964, como unidade da guarnição normal da Guiné, tendo integrado todos os elementos de engenharia existentes na Guiné, nomeadamente a Companhia de Engenharia 447, mobilizada no Regimento de Engenharia 1 (Pontinha – Lisboa), que era constituída por, além do Comando, 1 Pelotão de Equipamento Mecânico, 2 Pelotões de Sapadores e 1 Pelotão de Pontoneiros, sendo este pelotão que garantia a ligação fluvial por barco em diversos pontos. 

O BENG 447 destacou elementos para colaborar na execução e/ou reparação das estruturas de aquartelamentos (edifícios, electrificação, depósitos de água), construção de estradas e formação de pessoal local nas especialidades de pedreiro, carpinteiro, canalizador, electricista e operador de máquinas de terraplanagem. Foi extinto em 14 de Outubro de 1974 com a entrega das instalações e equipamento. 

O Manuel Maurício tinha como funções: 
  • Requisitar pessoal
  • Estipular vencimentos, que eram pagos através da secretaria de Dulombi
  • Coordenar todo o trabalho inerente às obras
  • Requisitar materiais e ferramentas
 O furriel Maurício era coadjuvado pelo 1.º cabo Domingos Manuel Pires que, além desta função, exercia as funções de carpinteiro. O Manuel Maurício desembarcou em Bissau no dia 14 de Junho de 1970, seguindo para Dulombi passados três dias. Permaneceu em Dulombi até finais de Outubro de 1971, regressando à base, o Batalhão de Engenharia, aquartelado em Bissau. Regressou à Metrópole no dia 12 de Julho de 1972. (**)

[ Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de edição deste poste P22280:  LG]
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Notas do editor:

(*) Vd. Blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72) > 18 de agosto de 2013 >  P473: Relíquias fotográficas do Manuel Maurício

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15398: Notas de leitura (778): Américo Estanqueiro, álbum fotográfico sobre Dulombi (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Janeiro de 2015:

Queridos amigos,
Graças ao nosso confrade Carlos Silva que tão prestimosamente me franqueia a sua biblioteca, acabo de conhecer o talento do nosso camarada Américo Estanqueiro que aterrou em Dulombi em época de transição.
Falando por mim, ir a Dulombi numa daquelas fainas que o Luís e eu tão bem conhecemos, de recoveiros distribuidores de toda a sorte material, significava um bom passeio, uma pausa entre as emboscadas noturnas, as colunas ao Xitole, as operações e correlativos.
O que me impressiona nas imagens de Américo Estanqueiro é a viagem entre dois mundos, a captação da bonomia e de uma vida simulada numa aparente pacificação e a contenção da crueldade da guerra, na chegada dos mortos, espojados aqui e acolá, as viaturas destruídas parecem ganhar vida, e uma viagem de "periquitos" a caminho do Xime parece algo de funambulesco, dado pelo paradoxal daquela montanha de bagagens e a vigilância das metralhadoras.
Para que conste.

Um abraço do
Mário


Américo Estanqueiro, álbum fotográfico sobre Dulombi

Beja Santos

O nosso blogue anunciava em finais de 2007 uma exposição que decorria na Fundação Mário Soares com fotografias de Américo Estanqueiro, da qual se publicou um álbum, na notícia do blogue há mesmo quem o exiba. E depois silêncio. O historiador de fotografia José Pessoa apresenta-o nos seguintes termos:
“Américo da Conceição Estanqueiro nasceu em 15 de Abril 1947, na aldeia de Vendas de Maria, concelho de Alvaiázere, distrito de Leiria. Quando completou o 1.º ciclo, e devido às dificuldades económicas da família, empregou-se numa fábrica de lanifícios onde durante dois anos ganhou o dinheiro necessário para voltar a estudar, tendo completado o 2.º ciclo com 21 anos de idade. Em 1968, fez a recruta nas Caldas da Rainha e a especialidade de atirador em Tavira. Pediu para fazer a especialidade em Foto-cine, o que não lhe foi concedido. Foi mobilizado no Regimento da Infantaria de Abrantes e embarcou para a Guiné em 24 de Abril de 1970.
O seu primeiro contacto com a fotografia foi através do irmão António, na altura empregado da Kodak. Este tinha acabado de fazer a sua comissão em Moçambique, durante a qual ganhou dinheiro fazendo fotografias dos companheiros de armas. Este deu-lhe esse exemplo e ensinou-o a dar os primeiros passos. Parte da formação profissional do Américo Estanqueiro foi feita através da leitura de livros e revistas, pela sua iniciativa.
Começou logo a concretizar o seu objetivo durante a recruta, revelando as imagens na sua casa em Lisboa. Era tudo a preto e branco. Logo que embarcou montou um laboratório a bordo. O negócio aumentou significativamente quando chegaram ao aquartelamento na Guiné, com solicitações constantes de retratos, mais ou menos compostos com elementos locais. Trabalhava com uma câmara Minolta 6x6cm e imprimia papel Agfa lustroso. Os rendimentos desta atividade paralela valeram-lhe umas abastadas férias em Bissau, tirou a carta e enviou 85 contos para casa, graças ao pré que descansava intacto.
Um mês antes de regressar deu todo o material ao soldado Adriano Francisco, que o tinha ajudado nos trabalhos fotográficos e vendia as fotografias (não ficava bem um furriel proceder à venda e à cobrança direta aos soldados). Infelizmente o Adriano acompanhou as malas e veio a falecer em Bissau, vítima de uma crise súbita de tuberculose.
Américo Estanqueiro regressou a Portugal e montou uma casa de fotografia na Estrada da Damaia, que não veio a ter sucesso. Voltou à terra e montou um estúdio fotográfico em Figueiró dos Vinhos. Em 1977, recebeu um convite para ir para a Venezuela, onde se empregou no maior estabelecimento do ramo, em Caracas. Dali saiu para arrancar com dois novos laboratórios, como responsável técnico. Porém, a desvalorização da moeda venezuelana levou-o a regressar à pátria. No regresso, abriu o Centro Fotográfico de Alcobaça. Ao tempo em que se realizou a exposição era empregado da firma Foto Industrial 2.
O que aconteceu entretanto aos cerca de 6 mil negativos realizados durante o serviço militar? Deitou-os os fora logo que perdeu contacto com os camaradas e considerou que se tinham tornado inúteis. Nem um sobreviveu para a amostra. Resolveu então conservar, das provas impressas em África um conjunto de imagens que mostrasse às suas filhas a viagem que começou no Cais da Rocha”.

Américo Estanqueiro, ex-Fur Mil da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) autografando o catálogo da sua exposição para o antigo camarada de armas Joaquim Alves, ex-Fur Mil Enf.




Agora é a minha vez de falar. Ao tempo da minha comissão (68/70) a região de Dulombi era sossegada, guerra a sério era a uns bons quilómetros daqui, no Xitole. Havia a pressão do PAIGC, é certo, raptos, intimidações, Quirafo foi várias vezes atacada. Daqui a Bambadinca, nesses tempos, era um simples passeio, levava-se a arma por precaução. Na intervenção em Bambadinca, uma das tarefas rotineiras era levar mantimentos, munições e material de Engenharia, tarefa menos espinhosa não havia. Folheio o álbum e tudo me parece convencional até ao porto do Pidjiquiti. A foto a bordo da LDG “Montante” não deixa de impressionar, por um amontoado de gente encostada às malas, o sossego vem das duas armas, há pessoal placidamente encostado à amurada, o fardamento a cheirar a novo. Quem ali vai é CCAÇ 2700. E embrenhamo-nos em Dulombi, Américo Estanqueiro mostra gente sorridente em tempos de pausa, simulações de guerra, bom material para mandar à família e deixá-la descansada. E depois surgem os sinais da guerra, imagens de minas, interpoladas com o folclore das lavadeiras de peito à mostra e nosso militar em tanga, perfilado com elementos da população local. Há imagens nos estragos causados por um tornado, em 25 de Abril de 1971, e legenda não houvesse bem podíamos pensar que houvera para ali um bom foguetório. Do simulacro, da atmosfera de bonomia salta-se, e com que dureza, para a tragédia: um Unimog com soldados mortos; um outro Unimog que acionou uma mina anticarro, morreram dois soldados, o que há de incomum é a máquina ferida que parece dar um murro e saltar da esquadria da fotografia; o fotógrafo escolhe o ângulo, temos agora um ferido em combate atravessado na maca, levanta a cabeça como que para assegurar a quem o vai ver que está vivo a despeito da farda esfarrapada, dos pensos e da sua face marcada por sequelas várias; e há um soldado africano morto, o fotógrafo cuidadosamente escolhe um ângulo que não escandalize mas que faz vibrar o coração, um outro soldado africano toca-lhe delicadamente no antebraço, pela expressão pesarosa parece querer ressuscitar quem ali jaz em chão térreo, sob o mosquiteiro. Não menos doloroso é uma outra fotografia de um outro soldado morto em combate, jamais saberemos se é branco ou africano, está tudo concentrado no seu corpo sofrido, a cabeça entrapada em gaze, não faltam ligaduras até aos pés, há corpos inclinados, não têm direito a mostrar consternação; até uma imagem de urnas ganha humanidade, são caixões alinhados com corpos embrulhados em mantas, alguém se despede ou procede a reconhecimento levantando a manta junto ao rosto.

A CCAÇ 2700 substituiu a CCAÇ 2405, a que pertenceu o nosso confrade Paulo Raposo, que vivenciou o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969. A companhia teve sete mortos e quatro feridos e meia centena de baixas por doença. E os tempos tinham mudado, a região já não dispunha de serenidade, como no meu tempo: Dulombi sofreu flagelações, emboscadas, minas antipessoais, mina anticarro. Em 1971, a região sofria o impacto de ter o Boé e a outra margem do Corubal com uma nova agressividade. Agora a guerra era outra coisa.

As fotografias de Américo Estanqueiro são eloquentes pela vibração da paz que se quer manifestar às famílias e pela contenção de uma guerra que parecia, naquele ponto do mapa, inimaginável.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15387: Notas de leitura (777): “O Mundo Português”, revista de cultura e propaganda, editada pela Agência Geral das Colónias em conjunto com o Secretariado da Propaganda Nacional em Abril de 1936, um número dedicado à Guiné (Mário Beja Santos)

terça-feira, 2 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11334: Em busca de ... (220): Pessoal do Hospital Militar de Bissau, do tempo do meu pai, 1º cabo enf Vitorino Dores Pereira, HM 241, 1965/67 (João Rodrigo Pereira)




Guiné > Bissau > HM 241 > 1970 > Varando do hospital miliatr de Bissau. Foto do álbum de Elias dos Anjos Rodrigues, ex-soldado atirador do 3.º pelotão (, comandado pelo allf mil Ravasco), da CCAÇ 2700 (Dulombi, ,1970/72). O Elias mora em Vale de Anta, Chaves. Foi gravemente ferido 10 de Agosto de 1970, numa mina A/C na região de Jifim.

Cortesia do blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72), criado (em 2007) pelo nosso grã-tabanqueiro Fernando Barata. Reproduzido com a devida vénia.

Foto: © Elias Anjos Rodrigues (2012). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem do nosso leitor João Rodrigo Pereira:
De: João Pereira

Data: 17 de Março de 2013 à13 00:07

Assunto: Hospital Militar de Bissau, Guiné 65-67

Boa noite.

Numa visita ao vosso blogue, reparei que tinham muitas recordações sobre a Guiné. Deve estar a estranhar eu ser tão novo e já estar interessado nas histórias do ultramar, mas o meu interesse também é dar um pouco de lembranças ao meu pai, que tanto me fala da Guiné. Andamos os dois na iInternet a tentar descobrir mais um pouco, dos colegas, das fotos, e encontramos o vosso blogue. Acontece que,  com tanta informação, é difícil encontrar aquilo que desejamos.

O meu pai chama-se Vitorino Dores Pereira, era 1º cabo enfermeiro, e esteve a trabalhar no Hospital militar da Guiné-Bissau, no bloco operatório, entre 1965 e 1967. Houve uma altura em que ele,  na revista do Correio da Manhã, e numa reportagem sobre a Guiné, entrou em contacto com um colega, que depois ficou de ligar, mas entretanto nada.

Se nos puder ajudar, seria muito gratificante, e agradável o meu pai rever o que passou, encontrar colegas, e falar de tudo,  quer coisas boas quer coisas más. Cumprimentos e aguardarei um mail seu.

João Rodrigo Pereira


2. Comentário de L.G.:

João, sê bem, vindo. Os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são. Obrigado pela tua mensagem. Já em tempos, em 2009,  nos tinhas contactado e nós publicámos o teu apelo. Transmite, por favor, ao teu pai as nossas melhores saudações. Vamos ajudá-lo a encontrar malta do seu tempo, do HM 241, 1965/67. Se calhar, a melhor maneira de o reconhecerem, é publicarmos uma foto dele, desse tempo. A tarefa não é fácil, sendo ele muito provavelmente de rendição individual. Por outro lado, como sabes ou deves imaginra, muitos camaradas do teu tempo desse tempo, ainda não navega pela Internet com a mesma facilidade de filhos e netos. Vê se o teu pai se lembra de alguns nomes desse tempo, de enfermeiros, médicos e outros técnicos de saúde. Tens razão, com tanta informação (são já mais de 11 mil postes, e dezenas de milhares de fotografias), é difícil encontrares o que pretendes. Mas pesquisa aqui:

HM241 [Hospital Militar nº 241, em Bissau] (tem mais de 80 registos ou marcadores no nosso blogue)
Os Nossos Enfermeiros (mais de 20 registos ou marcadores)
Os Nossos Médicos (cerca de 80 registos ou marcadores).

Boa sorte. Vamos ver se aparece alguém desse tempo, ligado ao HM 241. Um Alfa Bravo (ABraço). LG

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11327: Em busca de ... (219): Malta da 2ª companhia do BART 6523 (Cabuca, 1973/74) e do Carlos Alberto Louro da Costa, que assentou praça comigo no RI 14 (Manuel Sousa da Silva, Armamar)

terça-feira, 5 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11193: Em busca de ... (217): Faltam 4 elementos para completar a lista nominal dos 184 camaradas que integraram a CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72)... Um deles é o Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues... Quem saberá do seu paradeiro ? (Ricardo Lemos, Matosinhos)


Guiné > Subsetor de Galomaro > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Furriéis Rico [Ricardo Lemos] e Pedroso, e Alferes Correia...

Foto: © Fernando Barata (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Ricardo Lemos, nosso leitor (e camarada) com data de 4 do corrente:

Data: 4 de Março de 2013,  21h30

Assunto: Procura de um camarada da Guiné (*)

Caro camarada Luís:

Sou um ex-combatente da CCaç 2700, que esteve na Guiné em 1970-1972.

O meu nome é Ricardo Lemos, ex-furriel mecânico.

E-mail: ripele@netcabo.pt

Tenho trabalhado, já lá vai um ano na reconstituição de uma lista de camaradas que pertenceram à 2700,
ou que por lá passaram algum tempo.

A nossa lista é constituida por 184 elementos, tendo já falecido 28 camaradas.

Estão quase todos referenciados, com moradas, telefones, e-mail, etc. Ainda nos faltam 4 elementos. Este "ainda" é muito bom...

Lembro-me de ver no teu blog o nome de CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA RODRIGUES [Vd. poste P1150, de 26/2/2007] (**).

Este camarada pertenceu à 2700, a partir de Novembro de 1971. Portanto, esteve connosco durante 4 meses. Devia ter sido colocado na nossa Companhia, a substituir um soldado nosso que faleceu em Outubro de 1971, em combate.

Este é um dos camaradas que nos falta saber o seu paradeiro. Será possível uma ajuda do camarada Luís?

Com os melhores cumprimentos,
Matosinhos, 4 de Março de 2013
Ricardo Lemos

2. Comentário de L.G.:

Ricardo, sê bem vindo!...E obrigado por recorreres ao nosso blogue para tentar localizar um antigo camarada teu, da CCAÇ 2700, do qual não parece haver rasto...Mas comecemos por um detalhe: Tu eras/és o Ricardo Pereira Lemos, fur mil manut auto, mais conhecido, na Dulombi do teu tempo, pelo fur mil Rico... Certo ?... E meteste-te na louvável mas hercúlea tarefa de juntar, pelo menos num lista nominal, todo o pessoal que passou pela CCAÇ 2700, ao todo 184 camaradas, dos quais 15% já morreram...E faltam-te os contactos ou os paradeiros de 4 (quatro!), incluindo o Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues, que faz parte do vosso recomplemento em novembro de 1971, a 4 meses do final da comissão... 

Ficamos sensibilizados pela tua iniciativa, que contará certamente com o apoio de camaradas tão ativos como o Fernando Barata, o primeiro de vocês - se não me engano - a entrar para o nosso blogue. Aliás, é o Fernando Barata que refere o nome do Carlos Alberto, num dos seus postes sobre a história das unidade (**)... Não temos, infelizmente, mais nenhum elemento informativo, no nosso blogue, sobre o camarada que procuras,. Mas aqui fica o teu pedido. Espero que alguém te possa ajudar e o que o próprio Carlos Alberto, se por acaso nos ler, dê sinais de vida... Pesquisando na Net (Google="Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues", com aspas...), é possível que encontres alguma pista, mesmo que ténue... 

Constatando, por outro lado, que o teu ilustre nome não consta, como grã-tabanqueiro, nos nossos públicos ficheiros (leia-se: não és ainda membro da nossa Tabanca Grande... ), ficas desde convidado a tratar, com o o nosso editor Carlos Vinhal, teu conterrâneo e vizinho, da papelada para um entrada em grande, pela porta grande do nosso tabancaql... (Como sabes, a pertença ao "clube" dos amigos e camaradas da Guiné custa apenas duas fotos tipo passe, uma antiga e outra atual + uma história, basta um simples apresentação... Como todos somos poucos, e cada  vez menos - pela lei natural da vida - , para partilhar e preservar as memórias daqueles tempos e lugares, contamos contigo, camarada!).
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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 2 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11181: Em busca de ... (216): O meu professor, em Afiá, Aldeia Formosa, o ex- 1º cabo Abeltino José Rocha (Sori Baldé, secretário executivo da ONG ADI - Associação para o Desenvolvimento Integrado)

(**) Vd, poste de 26 de fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1550: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (2): A nossa gente

(...) Em Setembro é recompletado o quadro com a chegada do soldado José Luís da Silva Navalha. Igual situação se passa, em Novembro, com a chegada dos soldados Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues e José da S. Alves. Por outro lado, o Furriel João Costa é transferido para a CCAÇ 14 do BART 3844, experimentando sentido inverso o 1.º Cabo António Fernando da Silva, vindo da CCAÇ 3327. (...)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11176: E as Nossas Palmas Vão Para... (5): Daniel Rodrigues, 25 anos, português, fotojornalista, que ganhou o "óscar" da melhor fotografia, na categoria "Vida Quotidiana", do concurso de 2013 da "Word Press Photo", com um belíssima foto de uma jogatana de futebol entre miúdos de Dulombi, março de 2012 (Luís Dias)



Página principal do blogue do Daniel Rodrigues, fotojornalista, "freelancer", naturald e Vila Nova de Famalicão, e que acaba de ganhar o "óscar" da fotografia, na categoriA "Daily Life" [, Vida quotidiania], no âmbito do concurso de 2013 da World Press Photo.



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Dulombi > Março de 2012 > O Daniel e os putos de Dulombi [Cortesia da página do Facebook da Missão Dulombi].


Guiné > Zoan Leste >Setor L5 > Galamoro > Dulombi > Fevereiro de 1972 > Partida de futebol entre os "velhinhos" da CCAÇ 2700 e os "periquitos" da CCAÇ3491 [, Gentileza de Fernando Barata, ex-alf mil da CCAÇ 2700, e Luís Dias, ex-alf mil da CCAÇ 3491].



1. Mensagem do nosso camarada Luís Dias ( ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74), com data de 16 de fevereiro último:

Assunto: Foto tirada no antigo quartel de Dulombi, Guiné-Bissau,  ganha prémio internacional

Caros Editores

Um fotojornalista português ganhou o 1º prémio de um prestigiado concurso internacional [, World Press Photo], com uma foto tirada na Guiné, conforme informação abaixo.

Um abraço.

Luís Dias

FOTO TIRADA NO ANTIGO AQUARTELAMENTO DO DULOMBI-GUINÉ BISSAU, GANHA PRÉMIO INTERNACIONAL

O foto jornalista, Daniel Rodrigues, venceu o primeiro prémio da secção "Daily Life" (Vida Quotidiana) da World Press Photo (WPP). A fotografia vencedora, que data de Março de 2012, retrata um grupo de crianças a jogar futebol num pelado na Guiné Bissau.

Daniel Rodrigues, de 25 anos,  fotojornalista,  participou na "Missão Dulombi" [, organização de ajuda humanitárioa com sede em Vila do Conde], em 2012, em apoio às antigas áreas onde estiveram os aquartelamentos de Galomaro e Dulombi.

Nesta viagem, o fotojornalista esteve na Guiné Bissau onde se deparou com um grupo de jovens (rapazes e raparigas)  que jogavam futebol. A foto, que ganhou o primeiro prémio da secção "Daily Life", foi tirada num local que no passado foi um antigo quartel colonial português - Dulombi
O Dulombi situa-se no Leste da Guiné e foi onde estiveram instaladas as companhias de caçadores 2405 (70), 2700 (70/72), 3491(72/74) e já em 1974 a 1ª CCAÇ do BCAÇ4815/73 (esta por muito pouco tempo).

Interessante é que na área onde os jovens jogam à bola, era também o mesmo local onde a malta das companhias que por ali passaram faziam também as suas "aguerridas" peladinhas.

Juntam-se fotos: Foto premiada; Foto do Fotógrafo no Dulombi  (ambas retiradas do FB-Missão Dulombi) e de um jogo de futebol entre os então "Velhinhos" da CCAÇ 2700 e os "Periquitos" da CCAÇ3491 (Foto publicada nos blogues de ambas as companhias).

A Missão Dulombi irá partir em finais de Março para a Guiné-Bissau, na sua 3ª Missão, para continuar a dar apoio às escolas das tabancas do Dulombi e Galomaro (onde ficava a sede do Batalhão e que dista 20 km do Dulombi) e ao Hospital do Cossé (Galomaro) e enfermaria do Dulombi.

Quem quiser saber mais "coisas" e historias das suas viagens, com fotos e vídeos, consultem a Missão Dulombi no Facebook.

Parabéns ao premiado e à estupenda fotografia obtida no nosso antigo quartel.

Luís Dias
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6424: E as Nossas Palmas Vão Para... (4): O Município de Vila Nova de Famalicão no Dia Internacional dos Museus, a que se associaram dez museus, públicos e privados, incluindo o Museu da Guerra Colonial

quinta-feira, 31 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8023: Convívios (304): Pessoal da CCAÇ 2700/BCAÇ 2912, dia 30 de Abril de 2011 em Alferrarede-Abrantes (Fernando Barata)


CONVÍVIO DOS COMBATENTES DA CCAÇ 2700/BCAÇ 2912

Vamos realizar o nosso próximo encontro no dia 30 de Abril de 2011 (Sábado).

Desta vez será na zona de ABRANTES (Cidade onde estava situado o RI2, Regimento pelo qual fomos mobilizados).

O restaurante onde nos vamos reunir chama-se “QUINTA DO LAGO“ e fica em Alferrarede, a 3kms de Abrantes (local aprazível e com imenso espaço tanto para estacionamento como para passeio na grande área jardinada).

O preço será de 24 Euros por adulto e inclui;

Buffet aberto (entradas)
Almoço (Prato de Peixe + Prato de Carne)
Buffet de sobremesas
Bebidas

Confirma a tua participação com o número de pessoas que te acompanham até ao dia 10 de Abril 2011.

Podes tratar da tua confirmação através dos seguintes telefones;

966 914 799 - Leandro Gonçalves

962 521 167 – João Rico

Ou por correio electrónico através dos seguintes endereços;

lrgoncalves50@gmail.com

joaoprico@gmail.com

Organizadores
Gonçalves e Rico

Nota: Para te manteres informado consulta o Blogue da CCAÇ 2700 – http://dulombi.blogspot.com/
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8015: Convívios (219): 31.º Encontro da Associação Amizade do BART 645 - Águia Negras (Guiné, 1964/66), dia 30 de Abril em Montemor-o-Velho (Rogério Cardoso)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7615: (De)Caras (6): A emboscada às NT na estrada Galomaro-Bangacia (Duas Fontes), em 1/10/1971: o relim do comandante do PAIGC Constantino dos Santos Teixeira, Tchutchu



Guiné > PAIGC > Comando da Frente Bafatá > Gabu Sul > 1971 > Comunicado, assinado por Constantino dos Santos Teixeira (Tchutchu), sobre os resultados da emboscada montada pela guerrilha  a 2 secções  da CCS/ BCAÇ 2912 (Bafatá, 1970/72) e 1 secção da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), na estrada Galomaro - Bangacia (ou Duas Fontes), em 1 de Outubro de 1971 (vd. poste P7604)(*)


Cópia de documento do Arquivo de Amílcar Cabral / Fundação Mário Soares, reproduzido, na página 67, no catálogo da exposição de fotografia do Américo Estanqueiro. É um notável documento, objectivo, sucinto, escrito em português, e revelador dos valores, da organização e da disciplina  dos combatentes do PAIGC (**)...

Reprodução do documento, segundo leitura, revisão e fixação de texto de LG:


Comando Frente Bafatá. Gabu Sul, 7/10/71

Comunicado

Dia 10/1/71, os nossos combatentes numa emboscada feita na estrada Galomaro-Bangacia conseguiram destruir dois camiões militar[es], [sendo a] maioria dos ocupantes liquidados; deixaram no terreno 6 mortos confirmado[s] pelo nosso c/ [camarada ?], e apanharam 5 espingardas G-3 e alguns carregadores da mesma arma, e apanharam 2 relógios, trezentos e dois escudos e cinquenta centavos  (302$50) , [mais ] nove (9) vacas onde mandaram 5 para Quembera [ou Kambera], e ficaram com 4 no interior do país.


O c/ [comarada ?] Paulo Maló (***) mandou-me dizer para pedir à direcção do Partido, para que o c/ [camarada ?], M’ Font Tchuda (?) N’ Lona estava sem relógio[;], resolveram deixá-lo com um dos dois relógios apanhados durante a acção. Também trouxeram um prisioneiro, ele encontra-se con[n]osco.
Durante a operação tivemos dois feridos não grave[s], são eles Canseira Sambu, N’ Dankena (?) N’Hada.

Segue[m] com o portador as 5 espingardas G-3 apanhadas ao inimigo, e os outros objectos.

Saudações combativa[s].

[Assinatura:] Constantino dos Santos Teixeira (Tchutchu) [,foto a seguir]



Guiné > PAIGC > Fevereiro de 1968 > Constantino dos Santos Teixeira, Tchutchu, um comandante que se distinguiu na Frente Sul, mas que em finais de 1971 liderava a Frente Bafatá / Gabu Sul. Foi camarada de recruta, em Bissau, em 1959, do nosso camarigo, hoje sargento comando reformado e compositor musical, Mário Dias.

Foto de John Sheppard / Granada TV, publicada  no livro de Basil Davidson,   The liberation of Guine: aspects of an African revolution, (Middlessex, Penguin Books, 1971) (Reproduzida aqui, com a devida vénia aos autores e editora...)



2. Informação adicional introduzida em comentários ao Poste 7604 (*) pelo Paulo Santiago (2.1.), Abreu Santos (2.2.) e Luís Dias (2.3):

2.1. Paulo Santiago (ex-Alf Mil At Inf, Cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72):

(...) "Não foi emboscada a uma coluna, tratava-se de um patrulhamento... E agora reparem nas horas, 20.30... Fazer um patrulhamento nocturno, montado em viaturas, deu em tragédia.

"Culpados? Octávio Pimentel, comandante do BCAÇ 2912 (Galomaro) (****) que mandou executar, e o Cap Santos, comandante da CCS, que executou sem normas de segurança, acabando por abandonar os mortos e os feridos, regressando a pé ao quartel, com a desculpa de vir em busca de ajuda.


"Não estive lá, mas estava uma secção do meu Pel Caç Nat 53, comandada pelo Fur Mil Martins, e o Sold Iero Seidi foi ferido com alguma gravidade, sendo evacuado para o HM 241. Também o 1º Cabo Mamadú Sanhá foi ferido ligeiramente". (...) 

2.2. Abreu dos Santos [, nosso leitor, camarada de armas em Angola, e estudioso da guerra do ultramar, a quem agradeço a precisão e oportunidade da informação]:

(...) "Informação sobre as 8 (oito) baixas mortais nas NT, resultantes de emboscada IN lançada  mais ou menos às 20:30 de 1 de Outubro de 1971 no sítio das Duas Fontes (itinerário Bangacia > Cansamba), a duas secções do Exército compostas por militares do BCaç 2912 (Pel Rec/CCS, 4º Gr Comb/CCaç 2700 e Pel Mil 288 / CCaç 2700):

(i) falecidos no local: Alfredo Tomás Laranjinmha (CCS); José Guedes Monteiro (CCaç 2700);  José Peralta de Oliveira (CCS);  Leonel José da Conceição Barrreto (CCS); Rogério António Soares (CCaç 2700).

(ii)  feridos graves, evacuados e falecidos no HM241: Luís Vasco Fernandes (CCaç 2700, em 5Out71) José Ferreira (CCS,  em 6Out71) e Iderissa Candé (Pel Mil 288, em 20Out71)" (...)


2.3. Luís Dias (ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74):

(...) Sou amigo pessoal de um dos intervenientes nessa emboscada, o ex-furriel Mário Bordaleiro, que me contou o que aconteceu e que o Paulo Santiago reproduz aqui muito bem. Uma desgraça, patrulhas nocturnas em viaturas de luzes acesas, em que muitos dos intervenientes não eram atiradores! (...)

[Revisão / fixação de texto: L.G.] (*****)
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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 13 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7604: Facebook...ando (7): A terrível emboscada sofrida por uma coluna da CCS/BCAÇ 2912 (Bafatá) e CCAÇ 2700 (Dulombi) em 1 de Outubro de 1971, às 20h30, na estrada Galomaro - Duas Fontes (Bangacia)... (António Tavares / Carlos Filipe / Juvenal Amado / Américo Estanqueiro)



(***) Deve tratar-se de Paulo Malú, hoje coronel [reformado ?] do Exército da República da Guiné-Bissau, e quadro superior das alfândegas, em Bissau [, foto à esquerda, na sede da AD - Acção para o Desenvolvimento, 2007, quando entrevistado pelo nosso amigo Pepito]; na altura, em 1971/72,  ele era o comandante ou chefe do bigrupo que emboscou, no Quirafo, forças da CART 3490 (Saltinho, 1972/74), causando mais de duas dezenas de mortos e um prisioneiro (o nosso António da Silva Batista, só libertado em depois do 25 de Abril de 1974)

Vd. poste de 12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago).

(****) BCAÇ 2912, mobilizado pelo RI2, partiu para a Guiné em 17/5/1970, e regressou `sa Metrópole em 23/3/1972. Esteve sediado em Galomaro (Zona Leste). Cmdt: Ten Cor Inf  Octávio Hugo de Almeida e Vasconcelos Pimentel.  Subunidades de quadrícula: CCAÇ 2699 (Bissau, Cancolim, Cap  Mil Art  João Fernandes Rosa Caetano);  CCAÇ 2700 (Dulombi,  Cap Inf Clos Alberto Maurício Gomes);  CCAÇ 2701 (Saltinho, Cap Inf  Carlos Trindade Clemente).

(***** ) Último poste desta série > 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7154: (De) Caras (5): Silate Indjai, um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar em Guileje, dirige agora os trabalhos de detecção e limpeza de UXO (Pepito)


sábado, 9 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7104: Ser solidário (90): Missão a Dulombi. Vila do Conde > Guiné-Bissau, Outubro de 2010 (Fernando Barata)


1. O nosso Camarada Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), enviou-nos uma mensagem em 7 de Outubro de 2010, dando-nos conta da evolução das actividades desenvolvidas pelos expedicionários da “Missão a Dulombi”:
Expedição a Dulombi

Camaradas,

Dois jovens que se metem à aventura numa "barcaça", quais Gil Eanes do século XXI, na tentativa de chegarem à Guiné e estar um deles (Gil Ramos, filho dum combatente da C. Caç. 2700) no local onde seu pai prestou serviço, disponibilizando bens de primeira necessidade à população dulombiana, merecem todo o nosso apoio, apreço e admiração.
A expedição pode ser acompanhada em: http://missaodulombi.blogspot.com/

Abraço,
Fernando Barata
Alf Mil da CCAÇ 2700
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Notas de M.R.:
Segundo o que se encontra descrito no blogue mencionado a “Missão a Dulombi”, a partida está prevista para o início de Outubro de 2010, e a viagem será efectuada em automóvel entre Vila do Conde e a Guiné-Bissau, tendo como grande objectivo levar bens essenciais para distribuir pelas crianças carenciadas daquele país.

Os bens serão abrangentes, tais como vestuário e calçado, brinquedos e material escolar que serão distribuídos na aldeia de Dulombi, esperando os expedicionários que, com este seu gesto, contribuam para melhorar a qualidade de vida destas crianças.

Ao mesmo tempo, pretendem os organizadores desta grande aventura, homenagear os ex-Combatentes Portugueses, pelo que, irão equipados com material audiovisual, a fim de realizarem um documentário sobre as memórias da presença dos portugueses no período da guerra, a Cultura Guineense e os Vestígios da Cultura Portuguesa no dia-a-dia junto do povo local.
Como não podia deixar de ser, a Tertúlia deste blogue deseja aos autores de mais esta formidável e louvável iniciativa, as maiores felicidades e a melhor e mais bem sucedida das concretizações, de todos os objectivos que se propõem alcançar.
Vd. último poste desta série em:

terça-feira, 13 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6150: O Spínola que eu conheci (8): O Militar que foi meu Comandante-Chefe (Paulo Santiago)

1. O nosso Camarada Paulo Santiago (ex-Alf Mil At Inf do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 11 de Abril de 2010:





O MILITAR que foi meu Comandante-Chefe (*)
A primeira vez que vi o General Spínola, aconteceu na época natalícia de 1970, no quartel do Saltinho, quando ele corria todas as companhias e respectivos destacamentos, e a CCAÇ 2701 tinha três, Cassonco, Madina Buco e Cansamange.
Lembro-me que chegara uma mensagem indicando que o pessoal devia estar formado em U, e não me recordo se nesse dia o cumprimentei.
Voltei a encontrar o General, em pleno mato, junto ao Corubal, lá para os lados do Cheche, no decorrer de uma operação que durou três dias, saindo de Dulombi dois grupos de combate da CCAÇ 2700, um grupo de combate da CCAÇ 2699 (Cancolim) e o Pel Caç Nat 53, sendo esta força comandada pelo Cap Carlos Gomes, comandante da 2700.
O local, onde o heli "largou" o Caco, era altamente perigoso, mas ele estava na maior das calmas a informar-se do decorrer da operação, da qual, como é meu hábito, não recordo o nome, e hoje lamento não ter tomado essas notas.
Tempos mais tarde, voltou ao Saltinho para uma visita mais demorada. Nessa altura, o Jamil Nasser, comerciante no Xitole, começara a construir um barracão junto à tabanca do pessoal do Pel Caç Nat 53, que ficava junto à porta de armas do quartel, e o barracão destinava-se a uma nova casa comercial.
Claro que o General se apercebeu da construção e, informado dos fins e do proprietário, foi aos arames e deu de imediato ordem ao Cap Clemente para mandar demolir o que já estava construído. E acrescentava não perceber como o Chefe de Posto do Xitole autorizara a abertura de uma casa comercial em tal local, se quisesse construir, fosse para Mampatá, uma tabanca distante 2 Km e onde havia população.
O Jamil desistiu da abertura de uma casa em Mampatá, mas a ideia foi aproveitada por um outro comerciante do Xitole, o Rachid. Passou-se para o Reordenamento de Contabane, na outra margem do rio, e estou a ver a Fatemá, mulher do Régulo Sambel, mãe do meu 1º Cabo Suleimane, a "pendurar-se" ao pescoço do Spínola e a cobri-lo de beijos.
Quando da minha estadia em Bambadinca, estive três vezes com o Gen Spínola.
Em 24 de Dezembro de 1971, houve o encerramento do primeiro curso de Milícias em que fui comandante da companhia, havia um longo programa que foi reduzido à formatura e ao discurso.
Este discurso, frente à companhia, formada no campo de futebol, e com população a toda a volta, era um espectáculo bem encenado... o General proferia uma frase, parava, e o intérpete balanta reproduzi-a, seguia-se o fula, e por último o mandinga.
Neste dia 24 de Dezembro tive a sorte de uma das visitas de Natal programadas ser ao Saltinho, e assim apanhei uma boleia inesperada.
Voltei a Bambadinca em Janeiro de 72 e, durante o novo curso de milícias, tive duas visitas do Com-Chefe, uma aí pelo meio e a outra no final tendo, desta vez, sido cumprido todo o programa de encerramento, que incluiu uma deslocação de viatura à carreira de tiro, que ficava para lá do destacamento da Ponte de Udunduma, a caminho do Xime.
Na visita que o General fez a meio do curso, lembro-me que uma das coisas que queria saber era o comportamento do Fafe Nkumba, um ex-chefe de bigrupo [do PAIGC], que fora ferido e capturado, e que estava destinado a ser comandante do pelotão que iria ser colocado na Ponte Luís Dias.
O Fafe era maneta, ficara sem a mão e antebraço direitos, devido aos ferimentos.
Voltei ao Saltinho, já com a CCAÇ 3490 de má memória, e um dia pela manhã, aparece por lá o Caco.
Além de mim, que era do 53, no quartel só se encontrava um oficial daquela companhia, um Alferes que queria apanhar uma hepatite e começava o dia a beber uma bazuca acompanhada por uma banana.
Naquele dia a causa da visita era uma carta de um soldado a queixar-se do rancho, no que tinha toda a razão, acrescento.
No fim da visita o vaguemestre tinha deixado de o ser, e o Cap Ayala Botto [, ajudante de campo do Spínola,] levava um apontamento para convocar o Cap Lourenço, mal este chegasse de férias da Metrópole.
A mês e meio de acabar a comissão, recusei-me a cumprir uma ordem estapafúrdia do Lourenço. Ameaçou-me com uma porrada, e arranjei uma consulta de urgência na psiquiatria. Claro que nem sequer entrei no hospital, fiz uns contactos, livrei-me da porrada.
Terminando, gostei do MILITAR que foi meu Comandante-Chefe, e está tudo dito.

Um abraço, Paulo Santiago.


Texto e fotos: © Paulo Santiago (2010)
Ex-Alf Mil At Inf, Pel Caç Nat 53
(Saltinho, 1970/72)





Foto 1 > Saltinho > À direita o Alf Mil Médico Martins Faria, Major Azeredo, 2 militares não identificados, Alf Mil Santiago, General Spínola e Cap Clemente

Foto 2 > Bambadinca > 24.12.1971 > Apresentação da Companhia de Milícias

Foto 3 > Março de 1972 > Carreira de tiro > Comandante do CAOP 2, Polidoro Monteiro, General Spínola, Intendente de Bafatá, Ten-Cor Tiago Martins e Paulo Santiago
Foto 4 > Bambadinca > Março de 1972 > Conversa no fim da cerimónia > Ten Cor Polidoro Monteiro, General Spínola, Alf Mil Santiago, parte da cara do 1º Cabo Cristovão Mantudo dos Santos (Pel Caç Nat 53) e de costas o Fur Mil Dinis (Pel Caç Nat 53
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