Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Serôdio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Serôdio. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26304: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (10): Mensagens natalícias dos camaradas Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav; João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais/BEN 447; Vítor Junqueira, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753; Manuel Serôdio, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 e João Moreira, ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721


1. Mensagem natalícia do nosso camarada Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansoa e Mansabá, 1969/71):

Caros amigos
Especialmente para vós, fundador e coeditores, um Feliz Natal e um ótimo Ano 2025 (extensivo às famílias), que teimosamente não deixam desviver este blogue.

Um grande abraço,
Ernestino Caniço


********************

2. Mensagem natalícia do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, 1968/71):

Bom dia,
Para ti, tua família e, para todos os tabanqueiros, são os meus melhores votos.

Grande abraço
João Rodrigues Lobo


********************

3. Mensagem do nosso camarada Vítor Junqueira, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (Bironque e Mansabá, 1970/72):

Caros amigos,
Por circunstancias várias tenho estado ausente. Desde que me "matriculei" na Tabanca do Centro é por aqui que tenho andado nos últimos anos. Nesta altura, ocorre-me expressar votos de Festas Felizes para toda a Tabanca Grande e seus visitantes.

Um até sempre acompanhado de forte abraço.
Vitor Junqueira


********************

4. Mensagem natalícia do nosso camarada Manuel Serôdio, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68):

Desejo avisar todos os camaradas que muito embora o meu silêncio, ainda me encontro no "mundo dos vivos" continuando a residir em Rennes (França), aproveitando para desejar a todos um santo e feliz Natal, assim como um ano 2025 repleto de boas coisas, saúde e muita paz.

Abração para todos.
Cumprimentos,
manuel serodio

********************

5. Mensagem natalícia do nosso camarada João Moreira, ex-Fur Mil Inf da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72):

A todos os camaradas da Guiné desejo que tenham um Feliz Natal e que o Ano Novo satisfaça os vossos desejos

Abraço
João Moreira

_____________

Nota do editor

Último post da série de 21 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26297: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (9): ...God Jul Och Gott Nytt År ...para os amigos e camaradas (José Belo, "Lappland near Key West")

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P25999: Facebok...ando (63): "A Última Ceia", por Manuel Serôdio, desenho (ou pintura ?) deixado na messe de sargentos em Empada, ao tempo da CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 (1967/69)








 Guiné > CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 (1967/69) > Empada > Messe de sargentos > "A Última Ceia", desenho (ou pintura na parede ?) do Manuel Serôdio, o ex-fur mil at inf, com a especialidade de minas e armadilhas.

Foto: © Manuel Serôdio (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Hoje...

1.  Postagem  de 30 de setembro de 2024, 14:26, inserida peloManuel Seródio (natural de Oliveira de Azeméis,  a viver em Rennes, França), na página do Facebook da Tabanca Grande:

E já agora, ninguém é melhor servido que por si mesmo... Este desenho foi feito cá pelo rapaz, para a inauguração da messe dos Sargentos e Furriéis em Empada. E o nome do autor (a minha humilde pessoa), está no canto inferior direito.....

Quando fomos para Buba em 1969 ficou lá, mas depois... 
Ontem...


2. A CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 foi mobilizada pelo RI 15, partiu para o TO da Guiné em 18/10/1967 e regressou a 21/8/1969. 

Passou sucessivamente por Bula, Bissau, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel. Comandante: Cap Inf Marcelo Heitor Moreira. O BCAÇ 1932 esteve sediado em Bissau, Farim e Bigene (Comandante: ten cor inf Narsélio Fernandes Matias).


________________

Nota do editor:

Último poste da série > 25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25878: Facebook...ando (62): "Soldado Português", poema de Delfim Silvestre (2)

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25667: Tabanca Grande (559): Carlos Parente, ex-sold at inf, CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada e Quinhamel, 1967/69). vive em Viana do Castelo e senta-se agora à sombra do no nosso poilão, no lugar nº 889

 





Carlos Parente, ontem, e hoje: vive em Viana do Castelo. Foi sold at inf, CCAÇ 1787
 (1967/69)


1. Soubemos da existência do Carlos Parente através de um comentário recentíssimo dele, datado de 11 do corrente, a um poste já muito antigo (P10570, de 12 de outubro de 2012), da autoria do Manuel Serôdio, ex-fur mil da CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada, Quinhamel, 1967/69)...

Foram camaradas de armas, da mesma subunidade: o Carlos Parente recordou aqui como foi gravemente ferido no decurso da Op  Escudo Negro, a norte de Porto Gole, já na região do Oio (*)..

2. Na sequência desse comentário, o nosso editor LG escreveu:

 (...) Meu caro Carlos Parente, camarada da Guiné!...

Realmente o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ...é Grande!... Cabemos cá todos, e está cá quem se procura. Terás cá lugar, na tua qualidade de antigo combatente no CTIG, se me mandares duas fotos, uma antiga e outra mais ou menos atual, com mais duas ou três linhas de apresentação, a completar a tua mensagem acima.

Diz-nos onde vives (...), qual era o teu posto na tropa e na Guiné, a que subunidade pertenceste (seria a mesma do Serôdio, a CCAÇ 1787 ?)...

Vamos receber-te de braços abertos, e para mais sabendo que, apesar da desgraça desse fatídico dia 16 de janeiro de 1968, estás vivo e acabas de encontrar um camarada teu, que estava por perto, um "teu irmão de armas". (...)


Pu-lo em contacto com o Manuel Serôdio, que vive em Rennes, França, desde 1972, mas de quem já não tinha notícias há uns bons anos...

3. O Serôdio, que é natural de Oliveira de Azeméis, já respondeu ao Parente e ao nosso editor, nestes termos (por email de 17 junho 2024,  13:30)

Assunto - Carlos Parente, ferido gravemente no decurso da Op Escudo Negro

Mesmo se não tenho comunicado, continuo a seguir o que se passa neste grupo (a Tabanca Grande). Do Carlos Parente, que nunca mais encontrei, nada sei dele, nos convívios que a malta da CCAÇ  1787 continua a organizar, não recordo que estivesse presente.
Se
No entanto recordo perfeitamente esse fim de dia muito difícil, já transportavámos um soldado nativo morto com uma armadilha no fim da manhã, e nesse fim de tarde o meu pelotão atravessou a bolanha sem problemas, e o grupo logo a seguir fez disparar nova armadilha que causou vários feridos, um dos quais gravemente.

Mesmo a evacuação no dia seguinte foi difícil por falta de espaço para a aterragem do helicóptero, tivemos que abater algumas árvores.

Carlos, diz alguma coisa sobre ti, gostava de ter novidades. 

Um abraço. Manuel Serôdio


4. O Carlos Parente e o Manuel Serôdio já estão em contacto um com o outro, e já decidiarm que irão reencntrar-se no próximo convívio anual da sua companhia:

(i) Carlos Parente 

Como é gratificante encontrar camaradas que viveram de perto momentos tão difíceis de nossas vidas naquela guerra injusta que fez milhares de vítimas. 

É com orgulho que te digo  que estou por Viana do Castelo onde moro e no próximo encontro da CAÇ 1787, a realizar em Ponte de Lima, e a ser organizado pelo Matos,  não quero perder a oportunidade de abraçar todos fisicamente. Desde já abraço grande,  Carlos Parente.


(ii) Manuel Serodio:

Amigo Carlos Parente, o Matos já realizou um convívio de excelente qualidade, novamente vamos ter para o próximo ano o Matos como organizador de mais um encontro.  "Grande" Matos, lá estaremos novamente em Ponte de Lima.


5.  Ontem,  às 11:50,   o Carlos Parente mandou-nos os elementos que faltavam para ser apresentado aos camarados e amigos da Guiné:

(...) Bom dia camarada,  Luís Graça,  tendo conversado algum tempo atrás, em que o meu amigo me pedia duas fotos,  uma mais antiga e outra mais recente,  e porque tive uma pequena avaria não me foi possível o envio de imediato, o  que faço agora. Sem outro assunto,  com um forte abraço, Carlos Parente. (...)

Apesar desta apresentação, muito sumária, o Carlos Parente passa a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, a partir desta data. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 889 (**). Promete-nos dar mais algumas informações a seu respeito e aceitar as nossas regras de convívio, como por exemplo o tratamento por tu, como camaradas de armas que fomos (e que contnuamos a ser).

A única foto do tempo da Guiné que encontrámos na sua página do Facebook, é a que publicamos a seguir, sem legenda: não sabemos a data nem o local.




Guiné > S/l > S/d > CCAÇ 1787 (1967/69) > O Carlos Parente

Foto da sua páginado Facebook



6.  A CCaç 1787 pertencia ao BCAÇ 1932, mobilizado pelo RI 15 (Tomar), divisa "Vontade e Valo". Comandante: ten cor inf  Narsélio Fernandes Matias. Desmbarcou em Bissau em 2/11/1967, e regressou à metrópole em 20/8/1969. Assuniu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e mais tarde em Bigene.

Já a CCAÇ 1787, essa, seguiu em 16nov67 para Bula, a fim de efectuar a adaptação operacional sob orientação do BCav 1915 e seguidamente reforçar este batalhão, com vista à utilização em operações realizadas nas regiões de Ponta Ponate e Ponta Matar, entre outras, após o que recolheu a Bissau em 06jan68. 

De 13 a 17Jan68, tomou ainda parte numa operação realizada pelo BCaç 1912 na região
de Sarauol. (Op  Escudo Negro). E foi nessa oaasião que o Carlos Parente foi gravemente ferido, acabando por ser evacuado para o Hospital Militar Principal onde permaneceu um ano.

Em 24jan68, rendendo a CCaç 1587, a CCAÇ 1787 assumiu a responsabilidade do subsector de Empada, com pelotões destacados em Gubia, até à extinção do destacamento em 27jun68 e Ualada, até finais de mar68, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1914 e depois do COP 4, tendo a partir de 12nov68, destacado um pelotão, por períodos variáveis, para reforço de outros batalhões, nas guarnições de Bedanda, Bambadinca e Bolama.

Em 01mai69, por troca com a CCaç 2381, foi colocada em Buba, com um pelotão destacado em Mampatá, a fim de se integrar na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Buba-Aldeia Formosa, a cargo do COP4.

Em 05jun69, foi deslocada para Bissau, a fim de assumir, transitoriamente, a responsabilidade do subsector de Quinhámel, incluindo os seus destacamentos de Ponta Vicente da Mata, Ilondé, Orne e Ondame, em substituição da CCav 1749, ficando então na dependência do BCaç 2884.

Em 27jun69, foi substituída, por troca, pela CCaç 2366, deslocando-se para Bissau e continuando em funções de segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 19ago69, foi substituída, transitoriamente, pela CCaç 2571, a fim de efetuar o embarque de regresso.

Observações - O BCAÇ 1932 tem História da Unidade (Caixa n." 73 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM). As CCaç 1787 e CCaç 1788 têm História da Unidade (Caixas nºs 75 e 76 - 2.ªDiv/4ª Sec, do AHM, respectivamente).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 98/100.

________________

(**) Último poste da série > 29 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25576: Tabanca Grande (558): Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e viola baixo do conjunto "Os Bambas D' Incas": senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 888

domingo, 16 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25647: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (129): Manuel Serôdio, eu fui o ferido mais grave da segunda armadilha, em 16 de julho de 1968, no decurso da Op Escudo Negro (CCAÇ 1787, CART 1660, CCAV 1749 e 5ª CCmds): estive um ano no hospital (Carlos Parente)





Guiné > CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 (1967/69) > o ex-fur mil at inf, com a especialidade de minas e armadilhas, Manuel Seródio... Fotos do seu álbum. Sem legendas.

A CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 foi mobilizada pelo RI 15, partiu para o TO da Guiné em 18/10/1967 e regressou a 21/8/1969. Passou sucessivamente por Bula, Bissau, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel. Comandante: Cap Inf Marcelo Heitor Moreira. O BCAÇ 1932 esteve sediado em Bissau, Farim e Bigene (Comandante: ten cor inf Narsélio Fernandes Matias).

Fotos: © Manuel Serôdio (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Dispositivo das NT em 1 de janeiro de 1968. Fonte:
CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2015), pág. 153. Sectores: L (Leste); O (Oeste); B (Bissau); S (Sul).



1. Comentário de Carlos Parente ao poste P10570 (*)

Caro camarada Manuel Serôdio,  o mundo é realmente muito pequeno (**):  através das novas tecnologias acabei por descobrir alguém que viveu de muito perto a situação terrível que marcou a minha vida, o ferido mais grave da dita armadilha era eu.

Lembra-se por certo que não foi possível a evacuaçâo pelo facto de ser noite,  digo-lhe que foi a noite mais terrível de minha vida. Pela manhã do dia 17,  vieram dois helis que tiveram realmente muita dificuldade em aterrar. Graças aos meus irmãos de armas conceguiram a minha evacuação, posso dizer que passei mais de um ano internado,  grande parte desse tempo entre a vida e a morte: mais de um mês em Bissau,  depois fui evacuado para Lisboa, passando mais de um ano aí.

Perdi parte do intestino,  do estômago, da bexiga,  o rim esquerdo,  os tendões da perna esquerda e sofri várias fraturas do pulso,  cotovelo e ombro esquerdo,  bacia e perna esquerda. Foi muito mal mesmo, mas com muito esforço e vontade de viver concegui dar a volta e ainda estou por cá.

Como eu gostava de o abraçar! Se por ventura chegar a ler este bocado de minha história,  deixo aqui meu email: carlos.a.parente@sapo.pt 

Sempre grato a todos os que me apoiaram.  Um abraço muito querido,  Carlos Parente.


2. Excertos da CECA (Comissão para o Estudo das Campnhas de África(:

Operação Escudo Negro - 15 a 18Jan68

Acção conjunta com a Força Aérea, nas regiões de Sarauol (golpe de mão), Ambum e a Leste de Mandingará (batida), 03(A).

Intervieram forças da CCaç 1787, CArt 1660, CCav 1749, 5ª CCmds com apoio de Artilharia.

(...) Foi accionada uma armadilha A/P, a sul de Mantém, sofrendo as NT 1 morto, 2 feridos graves e 5 ligeiros. Na mesma zona foram detectadas mais 2 armadilhas. Executado o bombardeamento de Sarauol pela FA, foi seguido de helitransporte da 5ª CCmds.

Batida a área do objectivo, constatou-se que o bombardeamento atingiu o acampamento, destruiu a enfermaria, causou a morte a 1 enfermeira e ferimentos num elemento da população, além de outras baixas que se estimam em número elevado em face dos
destroços humanos e dos rastos de sangue observados na área do objectivo e nas zonas próximas. 

Foi apreendida 1 pistola-metralhadora, 3 granadas de mão ofensivas, 8 carregadores, 343 cartuchos, peças de reserva e palamenta de armamento ligeiro, instrumentos cirúrgicos e material diverso.

Na manhã de dia 17, o lN flagelou as NT com armas ligeiras, fazendo, de seguida, um ataque com tentativa de envolvimento.

As NT reagiram e perseguiram o lN causando 1 morto e outras baixas prováveis. (...)
 

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2015), pp. 152 e 154.


3. Excerto do poste P 10570, de Manuel Serôdio  (*)

Operação Escudo Negro:

 (...) Missão: 1) Destruir a base do Sará; 2) Patrulhar a região entre os rios Olom e Mansoa.; 3) Capturar ou aniquilar os elementos rebeles, destruindo instalações e meios de vida; 4) Pesquisar informações.

Em 15 de Janeiro (de 1968), pelas 10 horas, iniciou-se a operação, progredindo com grande rapidez por um trilho situado em mata fechada. 

Cerca das 15,30 horas, foi deflagrada uma armadilha por um elemento da coluna. Ferido aparentemente sem gravidade, veio o soldado nativo Ansumane, a falecer pouco depois, sem se ter conseguido ligação rádio a fim de o poder evacuar.

 [ 
Nota pessoal: o irmão do soldado falecido, que também fazia parte da coluna, recuperou as botas do irmão que eram novas, ( tinham-lhe sido oferecidas dias antes da operação) e calçou-as, já que as suas estavam em mau estado. Imagens simples e terríveis ao mesmo tempo. ]

A Companhia saíu do trilho, o que se revelou avisado, pois ao voltar ao mesmo para orientação, foram detetadas outras duas armadilhas. Quase ao anoitecer foi atingida uma clareira onde se resolveu passar a noite.

Depois de se ter reabastecido de água e quando, já de noite, o segundo grupo de combate procurava local para se instalar, foi deflagrada nova armadilha que causou dois feridos graves e quatro ligeiros. 

Entretanto foi conseguida ligação com Porto Gole a quem foi pedida evacuação dos feridos. Escolheu-se local para a mesma, montando-se a segurança. No local escolhido, os helicópteros não conseguiram poisar, pelo que foi tentado novo local, onde foi necessário abater algumas árvores.

Ao cansaço moral juntou-se o esgotante cansaço físico. Finalmente os helicópteros conseguiram aterrar, evacuando-se o morto e os feridos. (...)

4. Sobre o Manuel Serôdio:

(i) Manuel de Almeida Andrade Serôdio, natural de Oliveira de Azeméis, ex-fur mil  classe de 1966, n° 95998/65;

(ii) recenseado com o n°53 em 1964, e incorporado em 16/05/1966, tendo passado à disponibilidade em 29/09/1969;

(iii) em 16/05/1966 deu entrada no RI 5 em Caldas da Rainha para iniciar a recruta;

(iv) a 21/08/1966 entrou no CISMI em Tavira para começar o 2º ciclo do curso de Sargentos Milicianos (CMS) na especialidade de atirador de infantaria;

(v) pomovido a primeiro cabo miliciano em 28/11/1967 e colocado de seguida no RI 6;

(vi) nomeado para servir na Província da Guiné, foi destacado para Tancos afim de tirar a especialidade de minas e armadilhas;

(vii) para de seguida ser colocado no RI 15 em Tomar, fazendo parte do BCAÇ 1932, CCAÇ 1787;

(viii) enviado a seguir para Santa Margarida no final do gozo da licença, foi para Lisboa no dia 28/10/1967, de onde embarcou no mesmo dia no Uíge com destino à Guiné;

(ix) e aonde chegou a 2/11/1967;

(x) regressou à Metrópole a 23/08/1969,  no final da comissão;

(xi) vive (ou vivia em 2012) em França, desde 1970, em Rennes, capital da Bretanha. 

5. Comentário do editor LG:

Meu caro  Carlos Parente, camarada da Guiné!...

 Realmente o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ...é Grande! (**)... Cabemos cá todos, e está cá quem se procura. Terás cá lugar, na tua qualidade de antigo combatente no CTIG, se me mandares duas fotos, uma antiga e outra mais ou menos atual, com mais duas ou três linhas de apresentação, a completar a tua mensagem acima. 

Diz-nos onde vives (será no estrangeiro, na diáspora lufófona ?), qual era o teu posto na tropa e na Guiné, a que subunidade pertenceste (seria a mesma do Serôdio, a CCAÇ 1787 ?)... 

Vamos receber-te de braços abertos, e para mais sabendo que, apesar da desgraça desse fatídico dia 16 de janeiro de 1968, estás vivo e acabas de encontrar um camarada teu, que estava por perto, um "teu irmão de armas". 

Vou-te dar o endereço de email do Manuel Serôdio, que vive em França, para o poderes contactar, com calma. Ele entrou para o nosso blogue em 2012 (***), não sei se continua a acompanhar-nos regularmente. Vou-lhe retransmitir o teu texto. Tem 14 referências no nosso blogue: podes ler aqui mais textos dele sobre a atividade operacional da CCAÇ 1787.

Aqui tratamo-nos todos, em geral,   por tu como antigos camaradas de armas que fomos (e que continuamos a ser). Manda um mensagem, com os elementos que te pedi,  para o meu endereço de email: luis.graca.prof@gmail.com.   

Saúde e longa vida. Luís Graça.

________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10570: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68) (Parte III): De Porto Gole a Cutia: Op Escudo Negro: conseguimos entrar no 'santuário' de Sará / Sarauol


(**) Último poste da série > 20 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25089: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (128): O José Monteiro é o autor dos aerogramas que foram parar ao OLX (Mário Fitas, ex-fur mil, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67)


(***) Vd. poste de 14 de setembro de  2012 > Guiné 63/74 - P10381: Tabanca Grande (360): Manuel Serôdio, mais um camarada da diáspora, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 (Bula, Bissau, Empada, Buba, Quinhamel, 1967/68)


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20246: Episódios da minha guerra (Manuel Viegas, ex-fur mil, CCAÇ 1587, Empada, Catió e Ilha do Como, 1966/68) - Parte I: O ataque ao destacamento avançado, "Rancho da Ponderosa", na tabanca de Ualada, subsetor de Empada


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 1587 (Cachil, Empada, Bolama e Bissau, 1966/68) > Ualada > Destacamento "Rancho da Ponderosa> O soldado Jorge Patrício, à porta do destacamento. A tabanca terá sido abandonada pela população e o destacamento desativado no segundo semestre de 1968 (, facto a confirmar), na sequência da retração e racionalização  do dispositivo no CTIG, no início do "consulado" de Spínola, altura (2º semestre de 1968/ 1º semestre de 1969) em que foram abandonadas outras posições como Ponta do Inglês, Gandembel,  Ganturé, Cacoca, Sangonhá, Beli, Madina do Boé, Cheche... (Em 2009, o José Patrício vivia em Viseu, já aposentado da função pública.)

O destacamento deve ter sido construído pela CCAÇ 1423 (RI 15, Tomar), que  ocupou o aquartelamento de Empada entre janeiro de 1966 e dezembro do mesmo ano, seguindo depois para o Cachil.  [Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves, Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, Capitão de Cavalaria Eurico António Sacavém da Fonseca, de novo Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, e de novo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves. Ostentou como Divisa “Firmes e Constantes”.]


(i)  a CCAÇ 616 (RI 1, Amadora), ocupou o aquartelamento entre abril de 1964 e janeiro de 1966, quando acabou a comissão. [Foi comandada pelo nosso grã-tabanqueiro , de Ferrel, Peniche,   alf mil Joaquim da Silva Jorge,  pelo cap mil inf  Francisco do Vale,  cap inf  José Pedro Mendes Franco do Carmo, de novo pelo alf mil inf Alferes Miliciano  Joaquim da Silva Jorge e cap cav Germano Miquelina Cardoso Simões; ostentou como Divisa “Super Omnia”]M

(ii) segui-se a Companhia de Milícias n.º 6, do recrutamento local, quem ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1965 e Dezembro de 1971, até à extinção da força.

Por informação posterior, do nosso amigo e camarada Joaquim Jorge, ficamos a saber que "quem "fundou e construiu a 'Ponderosa' foi a CCAÇ 616 da qual eu era comandante em 17 de Março de 1965."
Fonte: Cortesia do CM - Correio da Manhã, edição de 4/10/2009. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bolama > Nova Sintra > 1972 > Entrada do quartel dos Duros de Nova Sintra, a CART 2711, 1970/72... É possível que este pórtico, "!Rancho dos Duros", tenha sido inspirado pelos vizinhos,  mais antigos, do "Rancho da Ponderosa", destacamento de Ualada, subsetor de Empada,  ao tempo da CCAÇ 1587 (1966/68).

Foto (e legenda): © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


[Foto à esquerda: Manuel Rosa Viegas, ex-Furriel da Companhia de Caçadores, nº 1587, Empada , Catió e ilha do Como, entre 1966 e 1968; vive em Faro; é o mais recente membro da Tabanca Grande, nº 798 (*)]


Episódios da minha guerra (Manuel Viegas, ex-fur mil, CCAÇ 1587, Empada, Catió e Ilha do Como, 1966/68) - Parte I:  O ataque ao destacamento avançado, "Rancho da Ponderosa", na tabanca de Ualada, subsetor de Empada.


É com profunda nostalgia e tristeza que irei narrar algumas das operações em que colaborei e ataques e flagelações que sofri.

O episódio que irei transcrever em 1º lugar, não é o que mais me marcou psicologicamente, mas sim fisicamente.

Estava colocado em Empada e calhou a primeira vez, juntamente com o meu pelotão , que estava no destacamento avançado,  a cerca de cinco quilómetros de Empada, de nome "Rancho da Ponderosa" (**).

Tinha como finalidade fazer a segurança a uma pequena tabanca [, Ualada, a sudoeste de Empada,]   e ao mesmo tempo servia para resguardar a retaguarda da companhia de Empada.

O Rancho tinha uma circunferência de duzentos metros aproximadamente , e era ladeado de abrigos . Ao aproximar-se o sol posto e após os soldados terem jantado , aproximei-me deles e disse-lhes para iram para os abrigos , mas alguns deles não gostaram muito e um deles ainda disse “ o furriel Viegas é sempre o mesmo” , e três ou quatro por represália foram para a capelinha que lá tínhamos.

Acabei por me dirigir a eles diplomaticamente e fazer-lhes ver que estava na hora do inimigo atacar, a muito custo abandonaram a capelinha , tendo ficado para trás o Manuel dos Santos , que por coincidência era dos que com quem eu me dava melhor . A capelinha ficava junto ao abrigo do morteiro 81, passados alguns minutos dos soldados se retirarem para os abrigos , quase simultaneamente, atacaram-nos de norte para sul com canhões sem recuo , talvez tenha sido a primeira vez que utilizaram os mesmos.

Entretanto eu saltei para o buraco do morteiro , e o Manuel dos Santos rastejou até ás granadas que estavam próximas do morteiro , mas tanto ele como eu não tínhamos experiência de mandar as morteiradas , foi a nossa sorte, a falta de experiência , estas caíram próximas dos nossos abrigos onde eles estavam a alvejar o aquartelamento. Além das granadas que lhes caíram em cima, os dos abrigos responderam com todo o material que tinham.

O ataque não demorou muito, cerca de vinte minutos,  eles foram bastante flagelado, deixando algum material abandonado na sua retirada .

Uma das granadas caiu no aquartelamento , em cima da mesa do refeitório onde tínhamos acabado de jantar, os pratos, os púcaros e os tachos ficaram todos furados.

Eles estavam preparados para dar um golpe de mão, e matar-nos a todos, só que as coisas correram mal para eles, para nosso bem. Só com um senão da nossa parte que fica para toda a vida,  o Manuel dos Santos ficou surdo oito dias e eu fiquei surdo de um ouvido, e tanto ele como eu ficámos com um zumbido para toda a vida.

PS. - Supomos que eles tinham tudo planeado para dizimar o Rancho do Ualada ("Ponderosa") , porque nessa mesma noite eles anunciaram na rádio que tinham feito uma limpeza total e só se safou um cão.

Aproveito para dizer que a minha companhia até ao dia do embarque trouxe três flâmulas de ouro, salvo erro quem trouxe mais do que nós foram os paraquedistas  [, do BCP 12,] com cinco.

Manuel Rosa Viegas,
ex-fur mil, CCAÇ 1587 (1966/68)



Guiné > Região de Quínara > Carta de Empada (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Empada e, a sudeste, Ualala.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
_____________

Vd. postes de 


(...) Houve uma Companhia que em memória da célebre série da TV, "Bonanza",  fez um pórtico com o nome "Rancho da Ponderosa" e este vingou, ficando a ser conhecida por todo o branco como Ponderosa. 

(...) Em 1969 a Tabanca [, de Ualada, a sudoeste de Empada) ] estava deserta. Tinha sido abandonada e a população recolhida em Empada. Como tinha um bolanha muito produtiva, a população ia todos os dias para lá trabalhar nos campos de arroz e a minha Companhia fazia deslocar 2 Secções para o local, no sentido de proteger a população. Algumas das fotos que te envieiforam tiradas lá (, uma em cima de um bagabaga, pro exemplo). Vou ver se consigo um foto que já vi,  com o pórtico do Rancho da Ponderosa. (...)

9 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10643: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68) (Parte V): O subsetor de Empada

(...) Ualada era uma tabanca junto à bolanha do mesmo nome, e junto à qual existiu um destacamento defendido por 2 grupos de combate. Tendo o destacamento sido abandonado e destru[ido pelas nossas tropas, a população de Ualada refugiou-se em Empada. (...)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14595: A bianda nossa de cada dia (4): Os nossos "chefs gourmet", lá no mato.. A fome aguçava o engenho... (Jorge Rosales / Manuel Serôdio / Vasco Pires)


Jorge Rosales,  alf mil da 1ª CCaç Indígena, Porto Gole, 1964/66, e  atual "régulo" da Tabanca da Linha



 Manuel Serôdio . camarada da diáspora lusitana, vive em Rennes, Bretanha, França; ex-fur mil CCAÇ 1787 / BCAÇ 1932, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68



Vasco Pires, o primeiro à esquerda, de óculos escuros, no final da comissão, em Ingoré, região do Cacheu,  1972; ex-allf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72; bairradino até à medula, é outro camarada da diáspora lusitana: vive no Brasil esde 1972



1. Mensagens de 5 do corrente  de  três queridos camaradas nossos, a propósito do tema "A bianda nossa de cada dia":



(i) Manuel Seròdio

A guerra não se fazia sem eles, e quando se regressava à "base" a seguir a uns dias de mato e às famosas rações de combate, comer um "pitéu" cozinhado nessas cozinhas de 5 estrelas era uma satisfação para as barrigas esfomeadas.

(ii) Vasco Pires

Pois ém  Luis, Esse negócio da bianda era um caso sério. Exceto alguns poucos meses de "férias" em Ingoré, passei a maior parte da comissão em Gadamael. O abastecimento era por via marítima, de dois em dois meses,  se não me falha a memória, aí quando a Lancha (LDM/LDP) não vinha, aí a memória também "patina", as coisas ficavam difíceis, apesar da improvisação do pessoal do rancho..

Em Gadamael, existiam pescadores e caçadores, contudo em quantidades insuficientes para abastecer a tropa.

Desde, logo após a minha chegada, eu e os Furrieis, fomos viver na Tabanca. Numa dessas crises, o Furriel Oliveira, cozinheiro e "gourmet, avant la lettre", montou, junto com o meu ordenança, Cabo Apontador da guarnição local, um sofisticado esquema logístico, para interceptar durante a madrugada, pescadores e caçadores, com o fim de adquirir as preciosas proteínas animais, Ter guarnição local tinha algumas vantagens.

Para manter os "canhões troando ",os operadores precisavam de proteína.

Forte abraço
Vasco Pires
Ex-soldado de Artilharia

(iii) Jorge Rosales


Luís:

Em Porto Gole, 30 homens, o problema da "bianda" estava entregue ao Furriel Victor Gregório da "556". A comida e o pão, era ele,que orientava tudo, em como bom caçador, tudo corria bem...

Na minha memória,recordo-me que uma vez o barco não entregou farinha e fermento, e aí é que foi um problema, porque faltava o casqueiro!!!

Fomos buscar ao Geba, pequenas pedras, que serviram para acompanhar o molho.

Este grupo, tinha o Alface, sargento do quadro, que com o seu "saber", safava sempre nos dias mais dificeis, Aí aprendi, ou refinei, o espirito de equipe, que resolve tudo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13989: A minha máquina fotográfica (2): (i) a minha velhina Yashica Yashinon 1: 2.8 f= 4.5cm, comprada no T/T Uíge: e (ii) os calotes dos trabalhos fotográficos em Empada (Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 / BCAÇ 1932, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69))




A velhinha Yashica Yashinon 1: 2.8 f= 4.5cm, do Manuel Serôdio


Fotos: © Manuel Serôdio (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem, de hoje, do Manuel Serôdio [. camarada que vive em Rennes, Bretanha, França: ex-fur mil CCAÇ 1787 / BCAÇ 1932, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69]  [foto à direita]
 

Amigo e camarada, aqui vai umas fotos da minha velhinha YASHICA, que ainda hoje guardo como uma relíquia, comprada a um tripulante do Uíge em Outubro de 1967 durante a viagem de ida para a Guiné. Minha companheira de tantas patrulhas, emboscadas, operações, e de lazer, quase todas reveladas num "laboratório improvisado" pelo amigo Sargento Santos,  do quarto pelotão.

Fui o "ajudante" do Santos em tirar fotos seja a militares ou civis. Como a máquina do Santos era de qualidade superior à minha, quando eu saía para o mato, levava-a tal como um "jornalista de guerra". Ainda hoje guardo dezenas de fotos reveladas nesse "laboratório de mato". 

Por vezes acontecia que o trabalho do "fotógrafo" não era recompensado, como a provar esta história passada em Empada. Um africano, Beafada, milícia meu conhecido, pediu certo dia para eu fazer um álbum com uma série de fotos que eu faria durante uma batucada familiar. Com a aprovação do "mestre" Santos, o trabalho foi feito, as fotografias coladas num ábum comprado em Bissau, e entregue ao milícia, que se prontificou a pagar dias mais tarde, quando recebesse a "solde" [o pré], 

Os tempos passaram, o pagamento nunca foi feito, eu fiquei sem o dinheiro da película, o Santos sem o dinheiro das revelações, e o milícia ganhou um álbum de fotografias. 

Havia uma folha dividida em duas categorias, de um lado os CERTOS, e do outro os CALOTEIROS. Ai ai ai, a segunda lista era muito completa, mas enfim......tempos difíceis num país cheio de más intenções.

Um abraço amigo a todos os antigos combatentes.

sábado, 9 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11220: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69) (Parte IX): Subsetor de Empada: atividade operacional de Out 68 a jan 69

1. Continuação da série do Manuel Serôdio (camarada que vive em Rennes, Bretanha, França), sobre a história da sua companhia, a CCAÇ 1787 (*)... 

Material enviado em 26 de fevereiro último.

Recorde-se que a CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 foi mobilizada pelo RI 15, partiu para o TO da Guiné em 18/10/1967 e regressou a 21/8/1969. Passou sucessivamente por Bula, Bissau, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel. Comandante: Cap Inf Marcelo Heitor Moreira. O BCAÇ 1932 esteve sediado em Bissau, Farim e Bigene (Comandante: ten cor inf Narsélio Fernandes Matias)

 
Outubro de 1968
(Continuação)...


Patrulhamento a Tarna
Situação:

A área de Tarna Canchuma Manjaco é controlada pela nossas tropas e,   embora não haja ali culturas, as produções frutículas são colhidas  pela população de Empada, devidamente escoltada.

Missão:

Patrulhar a área de Tarna Canchumba Manjaco, aniquilando os grupos  inimigos que se revelassem. 

Forças executantes:
2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6 

Sem contato

Patrulhamento a Madina de Cima Beafada 

Situção:

A área de Madina e Beja, é por vezes frequentada por grupos inimigos,  que ali vão colher frutos, embora seja mais ou menos controlada pelas  nossas tropas, dada as frequentes operações que para aquela zona se  efetuam.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n 6

Sem contato


Guiné > Região de Quínara > Empada > 1968 > Em primeiro plano, o furriel Serôdio, mais o Dayves [, presumivelmente da Companhia de Milícia nº 6]

Foto: © Manuel Serôdio (2013). Todos os direitos reservados.


Novembro de 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.
Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Montar segurança aos trabalhadores da bolanha.
Patrulhamentos conjugados com emboscadas (8)

Patrulhamento a Cantora 

Situação:
A área de Cantora é frequentada por grupos inimigos, que patrulham a  área vindos das bases da península da Pobreza. Têm sido ali  estabelecidos alguns contatos mais ou menos rendosos para as nossas  tropas, que ali infligiram perdas em pessoal ao inimigo, e capturado  algum material.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6
Não houve contato

Alterações ao dispositivo 

O segundo grupo de combate seguiu para Bedanda, onde ficou a depender  daquele Comando por tempo indeterminado.

Dezembro 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.

Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Janeiro 1969 

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Outros Patrulhamentos


A noz de cola, fruto muito apreciado pelos guineenses... incluindo os guerrilheiros e a população controlada pelo do PAIGC no tempo da guerra colonial no subetor de Empada. Excerto de entrada na Wikipedia: (...) 

"Possuindo um gosto amargo e grande quantidade de cafeína, a noz-de-cola é usada por muitas culturas do oeste africano, tanto individualmente quanto em grupo. Muitas vezes é usada cerimonialmente ou dada para convidados.

A noz era utilizada originalmente para produzir refrigerantes de cola, mas foi substituída por aromatizantes artificiais visando a diminuir custos na produção em massa. (...)

As sementes têm ação estimulante, regularizadora da circulação. Atuam como um tônico revigorante, excitante do sistema nervoso e muscular. É também antidiarréica e usada nos casos de anemia, convalescença de doenças graves, problemas estomacais e certas enxaquecas, e sobretudo nas perturbações funcionais do coração. As sementes contêm teobromina e cafeína, usadas por muitas pessoas como sucedâneo do cacau e do café.

A noz-de-cola cresce espontaneamente na África Ocidental e Central em climas quentes e úmidos. O uso de suas amêndoas difundiu-se na região norte da América Latina por intermédio dos escravos negros que mascavam colas para suportar trabalhos penosos. Depois foi levada a outros países com finalidades agroindustriais".(...)


Patrulhamento a Caur de Cima, Beja e Bijante  [vd. carta de Catió]

Situação: 

A área de Beja, Bijante e Caur de Cima, é por vezes frequentada por  grupos inimigos, que ali vão colher frutos, (sobretudo na altura da  cola), embora seja mais ou menos controlada pelas nossas tropas, dados  os frequentes patrulhamentos que ali têm sido realizados, com a  finalidade de verificar se elementos inimigos têm utilizado o rio  Jassonca como variante da linha de reabastecimento do setor de  Quinara. Admite-se que os grupos inimigos que esporadicamente ali se  deslocam, sejam constituidos por elementos da população, protegidos  por grupos armados, pois a quase totalidade dos povos das tabancas  referidas, refugiou-se no mato, provavelmente nas áreas de Aidará,  Najo e Ganduá, inteiramente controlada pelo inimigo.

Missão:

De acordo com a diretiva n° 1 do COP 4, para cuja dependência  operacional, a Unidade acaba de passar, compete-lhe executar ações de reconhecimento na região de Caur de Cima, com especial atenção às  nmargens do rios:  Caur,  Daja, Nengonga,  Candate, Bahodo.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato. Detetados vestígios recentíssimos de grupo inimigo  numeroso, (calculado em cerca de 100 elementos). Verificou-se que os  elementos inimigos tinham apanhado a fruta existente na área, bem como  a cola.

(Continua)
___________

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10945: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69) (Parte VIII): Subsetor de Empada: atividade operacional em agosto / setembro / outubro de 1968


Tomar > RI 15 A> 1967 >  Elementos do primeiro pelotão da Companhia 1787





Guiné > Região de > Empada > 1968  >  O Manuiel Serôdio, no regresso de uma operaçãio



1. Continuação da série do Manuel Serôdio (, camarada que vive em Rennes, Bretanha, França), sobre a história da sua companhia, a CCAÇ 1787 (*)


Agosto de 1968 (continuação)

Operação "Nativo"

Situação:

A zona de Ponta Brandão e a estrada Empada-Gubia não é percorrida pelas nossas tropas desde Maio último. Dado o desaparecimento do destacamento de Gubia, é natural que o inimigo tente estender de novo a sua atividade às regiões antes controladas pelas nossas tropas, com o fim de retomar o controle da referida zona, que é bastante rica em terrenos cultiváveis.

Missão:

Patrulhar ofensivamente a área de Ponta Brandão e Binhal, montando uma rede de emboscadas neste local.

Forças executantes:  2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato nem vestígios.

Operação "Negrola"

Situação:

A região de Saucunda e Batambali Balanta costumava ser com muita frequência percorrida e patrulhada por grupos inimigos vindos de Aidará. Apesar dos revezes que o inimigo tem sofrido ultimamente frente às nossas tropas nesta região, é natural que continue a utilizar esta zona, como zona de passagem, e área de patrulhamento.

Missão:

Bater a área referida e montar nela uma rede de emboscadas, de modo a aprisionar ou aniquilar qualquer elemento inimigo que se revelasse durante a operação.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Ouvidos vários tiros de espingarda e pistola metralhadora no acampamento inimigo de Aidará, deparou-se um grupo inimigo de de 8 elemetos a cerca de 2000 metros. Não foi feito fogo por estarem fora do alcance das nossas armas.


Setembro de 1968

Atividades operacionais: (i) Patrulhamentos e picagem diários às estradas para o cais e Ualada, e à pista de aterragem; (ii) Montada a proteção aos barcos e aviões que demandaram Empada; (iii) Montada segurança aos trabalhadores da bolanha; (iv) Patrulhamentos conjugados com emboscadas (9)

Operação "Naperon"

Situação:

A região de Caur de Cima, Beja e Manpatá não é muito atingida pela atividade inimiga. Para isso contribui grande número de vezes, que as nossas tropas têm atingido ultimamente a citada zona, a última das quais em 12 de Agosto passado, durante a operação "Quarentão". Contudo, é natural que o inimigo tente por vezes patrulhar e percorrer esta mesma região, tanto mais que a zona mais a sul, ( cruzamento de Batambali) é caraterizada por uma forte atividade inimiga.

Missão:

Bater a área jà referida, e montar uma rede de emboscadas, de modo a aniquilar ou aprisionar qualquer elemento inimigo que se revelasse, quer durante a batida, quer durante as emboscadas.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato nem vestígios recentes

Operação "Nórdica"

Situação:

Estão desde hà muito, referenciados acampamentos inimigos em Aidará Balanta e Aidará Beafada. O inimigo realiza, embora últimamente com pouca frequência devido à constante ação das nossas tropas, patrulhamentos para Faracunda Balanta, Faracunda Beafada e Missirã Beafada. Os elementos civis da zona controlada pelo inimigo, cultivam atualmente o arroz na bolanha de Aidará.

Missão:

(i) Patrulhar ofensivamente a área de Faracunda Beafada e Faracunda Balanta, e montar uma rede de emboscadas; (ii) Aprisionar ou aniquilar os elementos inimigos que se revelassem durante a operação.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato.

Operação "Negociata"

Situação:

O cruzamento de Batambali é um ponto importante, dele irradiando as estradas para Buba, Catió e Empada. As nossas tropas, se bem que tivessem atingido as zonas próximas por duas vezes, em 19 de Julho e 28 de Agosto, desde 20 de Junho que não patrulham a área propriamente dita do cruzamento.

Esta mesma zona é frequentada por grupos inimigos, que vindos de Aidará, se dirigem a Gambine-Antuane, e vice-versa.

Missão:

Patrulhar ofensivamente toda a área da estrada Empada-Buba, até ao cruzamento de Batambali, e montar neste último local uma rede de emboscadas, aprisionar ou aniquilar os elementos inimigos que se revelassem durante a operação.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

O inimigo não se revelou.

Operação "Noventa"

Situação:

A região do subsetor denominada península da Pobreza, é totalmente controlada pelo inimigo. Foram jà referenciados vários acampamentos inimigos em toda a península. A área da mata de Cantora e o cruzamento das estradas de Pobreza e Caur de Baixo Balanta,, é constantemente percorrida por grupos inimigos vindos de Satecuta e Ianguê, se dirigem ao entroncamento das estradas de Gubia-Darsalame com a da Pobreza.

Missão:

Patrulhar ofensivamente toda a área da mata, e o cruzamento das estradas da Pobreza e Caur de Baixo Balanta, e montar uma rede de emboscadas, aniquilando ou aprisionado qualquer elemento inimigo que se revelasse no decorrer da operação.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Foi montada uma armadilha no itenerário que vem de Satecuta, no qual é muito provável a aproximação do inimigo.


Outubro de 1968

Actividades operacionais: (i) Patrulhamentos e picagem diários às estradas para o cais e Ualada, e à pista de aterragem; (ii) Montada segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada; (iii) Montada segurança aos trabalhadores da bolanha; (iv) Patrulhamentos conjugados com emboscadas (5).

Patrulhamento com emboscadas a Caur de Baixo Balanta

Situação:

A região de Caur de Baixo Balanta é percorrida com alguma frequência por grupos inimigos vindos dos lados de Ianguê, Satecuta e Cachobar. Últimamente o inimigo não a percorre com a frequência habitual devido à contínua ação de patrulhamento efetuados pelas nossas tropas, no entanto existem na área trilhos de utilização mais ou menos recentes.

Missão:

(i) Patrulhar ofensivamente a área de Caur de Baixo Balanta, e montar uma rede de emboscadas.; (ii) Aniquilar ou aprisionar os elementos inimigos que se revelassem durante a operação.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato

Patrulhamento a Ponta Brandão


Situação:

A área compreendida entre Empada e Gubia, era controlada pelas nossas tropas. Com a evacuação daquele destacamento, é natual que o inimigo procure estender a sua ação para nascente, no sentido de Empada a partir de Cubisseco.

Missão:

Patrulhar a área anteriormente referida até Ponta Brandão, conjugando o patrulhamento com a montagem de emboscadas, por forma a aniquilar os elementos inimigos que se revelassem.

Forças executantes: 2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato

(Continua)
_________________

Nota do editor;

Último poste da série > 24 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10858: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69) (Parte VII): Subsetor de Empada: atividade operacional em julho e agosto de 1968