Quinquagésimo sétimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Companheiros, com a ajuda do “nosso Blogue”, que o “comandante
Luis” criou e, nós todos vamos alimentando com as nossas memórias, os
nossos comentários, as nossas críticas na descoberta da verdade e, de
vez em quando, a “descoberta” de mais um companheiro que também
por lá andou e agora se deu a conhecer.
Neste contexto, já lá vai algum tempo que vamos falando quase
semanalmente, no nosso caso, com a ajuda do Carlos Vinhal que nos vai
corrigindo e, temos partilhado a nossa vivência naquele conflito e não só,
às vezes saem algumas conversas que não têm nada, ou quase nada, a
ver com a guerra lá vivida na Guiné, mas a intenção foi quase sempre
partilhar os momentos maus, menos maus, bons, menos bons e, às vezes, fazer-vos esquecer por alguns momentos o conflito por que passámos e,
agora passado meio século, “por enquanto ainda respirando, claro,
com a ajuda de alguma medicina de manutenção diária, que me faz
respirar e andar normalmente, dando-me muito tempo livre, que às
vezes utilizo revendo alguma informação, recuperada e partilhada por
familiares de segunda geração, onde vou manuseando com algum
cuidado, papeis e fotos antigas, além de vos contar o que por aqui vai
passando, pois a memória continua “à solta”, encontra tudo e, hoje essa
mesma memória “esbarrou-se”, perdoem o termo, com o “Sidney
Poitier”, e decidi colocar estas duas personagens, que são a mesma
pessoa, nas minhas memórias daquele conflito, porque parecendo quase
mentira, aconteceram e, entendi que os meus companheiros deviam
saber, pois às vezes sucedem coisas que não parecem lá muito normais,
mas vou colocar esta conversa com todos vocês, dentro daquele ditado
popular em que o povo diz, “como o mundo é pequeno”.
Isto andou tudo dentro de mim, como se fosse um “segredo”, pois na
altura em que aconteceu, “humilhou-me”, mas não faz mais sentido
continuar calado, pois nesta idade, nunca se sabe quando vem o dia de
amanhã, ou se até por acaso existe amanhã, portanto vou “desabafar”,
com todos vocês, que considero uma segunda família, vou contar-vos
tudo, seguindo a minha memória, colocando-me no papel de como era
conhecido lá em Mansoa naquele tempo, contando como tudo se
passou, embora a linguagem talvez fosse outra e a conversação também
talvez fosse diferente, mas passou-se mais ou menos assim.
A primeira personagem era um africano, ainda jovem, natural
da zona onde o então Cifra estava estacionado, que era Mansoa, creio que
era o único funcionário, ou um dos funcionários do que se dizia que era
uma espécie de câmara municipal da referida vila, onde por acaso, até lhe
emitiu um bilhete de identidade em seu nome, do qual vos mostro uma
cópia, com uma fotografia tirada naquele tempo, com a roupa emprestada
por um alferes miliciano do
Agrupamento, onde
encobri as impressões
digitais e outros dados a que
não era muito conveniente
dar publicidade, mas ainda
lá está: residência
“Mansoa”, no lugar de
“sinais particulares”: “tatuagem patriótica no
braço direito”, que me
tem acompanhado pela
vida fora, onde mais abaixo, dizia: “Secção Ultramarina da Guiné do
Arquivo de Identificação, 15 de Fevereiro de 1966”, portanto no
princípio do ano do meu regresso, que creio que era igual aos que eram
emitidos aos naturais, que o requeriam para poderem transitar no território,
sem serem incomodados pelos militares.
O tal africano falava e escrevia português, educado na comunicação com os
militares, convivia com o Cifra na sede do clube de futebol local, no qual
era, se não estou em erro, membro da referida direcção, sabia discutir
qualquer tema onde entrasse desporto e mesmo a História de
Portugal. Opinava sempre com bom senso e com uma calma, como se tivesse mais idade do que aparentava.
Fixava o nome dos militares que frequentavam a sede do clube de
futebol, e não só, pois a quase todos tratava pelo nome.
Parecia incrível, todas estas virtudes, num homem natural desta vila,
pois dava a entender que nunca tinha saído da província, mas ele certo dia disse ao Cifra:
- Estudei numa escola católica, lá na capital, mas sou natural daqui,
desta região, onde me sinto muito bem.
Era o que se podia dizer, “um bom companheiro”.
O Cifra, deixou de o ver no clube e perguntou ao rapaz que servia no
bar:
- Onde é que se meteu o “Sidney Poitier”?
Era assim que o Cifra e os outros militares lhe chamavam por ser
parecido com um actor americano, que na altura protagonizava alguns
filmes de cowboys, que os militares viam, nessa mesma sede.
O rapaz, responde ao Cifra, com uma cara, mostrando alguma tristeza:
- Como posso eu saber, Cifra. Ninguém
sabe, desapareceu. Talvez o pessoal mau,
o levou pela noite escura.
E tinha desaparecido.
E com ele desapareceu também quase
todo o arquivo dos residentes na área, que
até aquela data se tinham registado na
câmara da vila e, se foi ele ou não, nunca ninguém soube, pelo menos
enquanto o Cifra por lá viveu.
Os anos passaram, e eis a segunda
personagem, agora falando eu, na minha
pessoa.
Terminei a minha comissão de serviço
militar na então Província da Guiné, regressei a Portugal, emigrei para os
Estados Unidos e, como funcionário da multinacional onde trabalhei por
mais de trinta anos, logo nos primeiros anos veio trabalhar um homem para um departamento diferente de onde eu exercia as minhas funções,
que nas feições era parecido com o tal amigo “Sidney Poitier”,
mas usava o cabelo grande, que formava uma pequena “bola” à volta da
cabeça, barba um pouco crescida, mas muito bem aparada, a quem nós
chamávamos “Jean”, pois nunca consegui esquecer o seu nome.
Falava muito bem inglês, com sotaque da Inglaterra, confundia-se muito
bem com os diversos emigrantes que também lá trabalhavam, oriundos do
Haiti, com quem por diversas vezes o ouvia falar e a conviver, na língua
materna desses emigrantes, que era o francês.
Na altura do lanche, por vezes o pessoal estava junto e eu já andava
desconfiado, estava mesmo quase para o questionar, mas só me
apercebi, quando vi o suposto, “Sidney Poitier” entrar, sentando-se em
frente a mim, abriu um envelope e começou a ler uma carta. Colocou o envelope, mesmo na minha frente, que tinha colados diversos selos dos correios da Guiné-Bissau, como fosse um País independente, onde se destacava a
figura do líder Amílcar Cabral. Creio que os selos não tinham o carimbo de nenhuma estação de correio de qualquer País.
Muito admirado, olhei-o de frente e, agora sim, questionei-o.
O suposto, “Sidney Poitier”, a quem nós chamávamos “Jean”, talvez
tivesse feito tudo isto de propósito, provocando-me ou talvez para
demonstrar a vitória na sua luta, respondeu-me naquele português, com
sotaque de África, que todos
nós conhecemos, com
algumas palavras em inglês
pelo meio e, que eu logo
reconheci, com muita
gentileza, aliás como sempre
falava, mais ou menos com
estas palavras, talvez não
fossem iguais, mas o conteúdo
de toda a conversação, era
este:
- Eu reconheci-te, és a
mesma pessoa que era o
militar do País invasor. Não disse nada, para não levantar problemas aqui
neste local de trabalho, pois como sabes, eu convivia com os militares,
vigiava-vos, sabia quase tudo de vocês e, antes que os militares me
prendessem e matassem, tive que me retirar de Mansoa, fui servir o meu
movimento de libertação, residindo num País vizinho. Passei a ser inimigo
declarado, ambos temos os nossos ideais e, é por eles que lutamos. Peço-te
por favor que mantenhas o silêncio de quem eu sou, que eu farei o
mesmo a teu respeito. Como estás a ver pelos selos deste envelope, o
meu País já é independente há alguns anos e, os militares portugueses são
uns intrusos no meu País, como todo o mundo sabe, só menos Portugal.
Tenho muito orgulho em fazer parte do movimento de libertação do meu
País, que por enquanto governa em algumas zonas que já são
consideradas livres, estou aqui para estudar, estou quase a acabar os
meus estudos e, em breve vou regressar a África, esperando que os
intrusos saiam definitivamente, para que possamos governar o nosso País
em paz.
Foram mais ou menos estas palavras, mas de vez em quando parava de
falar e olhava-me, as suas palavras deixavam de ser gentis, falava-me
com alguma arrogância, demonstrando mesmo alguma intimidação. Claro que eu fiquei embaraçado e um pouco humilhado com todas estas
palavras, para mais num local onde mais de cinquenta por cento dos
empregados eram afro-americanos. Com toda a certeza que lhe devia ter respondido com algumas palavras amargas, mencionando nomes e
adjectivos, que talvez não fossem muito próprias para o encorajar na sua
luta, mas era o sentimento que tinha eu e, muitos dos combatentes que
por lá tinham vivido dois anos de sofrimento, vendo morrer muitos
companheiros naquele conflito em África.
Passámos a conversar mais algumas vezes, mas poucas, pois da parte
dele mostrava sempre uma pequena indiferença para comigo, podia
mesmo dizer que a minha presença não lhe era agradável. Uma vez
lembrei, entre outras coisas, as raparigas que eram minhas amigas, na
altura em que estive em Mansoa, e que tinham passado para a guerrilha, que ele
afinal também conhecia, mas as suas palavras, além de serem proferidas
com educação, não escondiam alguma fúria.
O “Jean”, trabalhava como ajudante na área onde se processava o
alumínio em pó, que era moído juntamente com um lubrificante que o
transformava em pasta, num departamento que muitos diziam ser um trabalho de “brancos”, pois a cor do material, “pintava” quem
manuseava aquele produto de branco.
Durante o pouco tempo que lá
trabalhou, passava muitas horas a ler e a estudar, procurava o
silêncio, falava muito pouco, mas sempre com educação. Nunca soube
por que razão, mas coincidência ou não, passadas umas semanas de nos
conhecermos de novo, largou o emprego e nunca mais o vi.
Tudo isto aconteceu talvez por altura dos anos de 1972 ou 1973, não
me lembro ao certo e, como costuma dizer o companheiro Veríssimo: “Pronto, está dito, está dito”.
Tony Borie, Maio de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 17 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13158: Bom ou mau tempo na bolanha (56): Las Vegas, Las Vegas (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 24 de maio de 2014
Guiné 63/74 - P13189: Memória dos lugares (267): Cachil, na ilha de Caiar, a sudoeste de Catió, na margem esquerda do Rio Cobade
Guiné > Mapa da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Pormenor > Posição de Cachil, na ilha de Caiar, a sudoeste de Catió... As ilhas de Caiar, Como e Catunco, estavam separadas do continente, a norte pelo Rio Cobade, a oeste pelo Rio Tombali, a leste pelo Rio Cumbijã, e a sul pelo oceano Atlântico... A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade) a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère (em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió).
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
Guiné > Ilha do Como > 1964 > Op Tridente (de 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964)
Infografia: © Mário Dias (2005). Todos os direitos reservados
"A designada Ilha do Como é, na realidade, constituída por 3 ilhas: Caiar, Como e Catunco mas que formam na prática um todo, já que a separação entre elas é feita por canais relativamente estreitos e apenas na maré-cheia essa separação é notória.
"Na ilha não existia qualquer autoridade administrativa nem força militar pelo que o PAIGC a ocupou (não conquistou) sem qualquer dificuldade em 1963. As tabancas existentes são relativamente pequenas e muito dispersas. Possui numerosos arrozais, o que convinha aos guerrilheiros pois aí tinham uma bela fonte de abastecimento, acrescido do factor estratégico da proximidade com a fronteira marítima Sul e o estabelecimento de uma base num local que facilitava a penetração na península de Tombali e daí poderia ir progredindo para Norte.
"Não tinha estradas. Apenas existia uma picada que ligava as instalações do comerciante de arroz, Manuel de Pinho Brandão (na prática, o dono da ilha) a Cachil. A partir desta localidade o acesso ao continente (Catió) era feito de canoa ou por outra qualquer embarcação. A casa deste comerciante era, se não estou em erro, a única construída de cimento e coberta a telha.
"Portugal não exercia, de facto, qualquer espécie de soberania sobre a ilha. Tornava-se imperioso a recuperação do Como. Foi então planeada pelo Com-Chefe a Operação Tridente na qual foram envolvidos numerosos efectivos, divididos em 4 Agrupamentos (...), num total de cerca de 1200/1300 homens"
Fonte: Mário Dias > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias) (15 de Dezembro de 2005)
Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió > 1956 > Escala 1/50 mil > Posição relativa da Catió, com os seus portos, interior (no Rio Cadime, afluente do Rio Capère) e exterior (no Rio Cagopère, afluente do Rio Cobade, que por sua vez liga(va) o Rio Tombali ao Rio Cumbijã).
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).
Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil (1964/66) > Desembarque no Cachil, a norte da iha de Caiar, princípio de Dezembro de 1965
Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil (1964/66) > Desembarque no Cachil, a norte da iha de Caiar, princípio de Dezembro de 1965
Foto: © João Sacôto (2011). Todos os direitos reservados
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do nosso saudoso camarada Victor Condeço (1943-2010) > Foto 1 > " Aproximação ao porto interior de Catió no rio Cadime da lancha de transporte LP2, que fazia o reabastecimento diário do pão e da água ao Cachil na Ilha do Como [1967/1968]. ".
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do nosso saudoso camarada Victor Condeço (1943-2010) > Foto 1 > " Aproximação ao porto interior de Catió no rio Cadime da lancha de transporte LP2, que fazia o reabastecimento diário do pão e da água ao Cachil na Ilha do Como [1967/1968]. ".
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, e não Cadima, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do Victor Condeço> Foto 2 > "- Lancha do Cachil LP2, em
manobra de atracação ao cais do porto interior de Catió no rio Cadime. Neste dia [11 de Julho de 1967]
os passageiros eram um pelotão da CArt 1687 em trânsito do Cachil para Cufar,
onde renderia por troca outro pelotão da CCaç 1621, concluindo-se assim a troca
das companhias".
Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010). Todos os direitos reservados.
__________
Nota do editor:
Último poste da série > 24 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13188: Memória dos lugares (266): Cachil, o meu suplício de Sísifo durante 30 dias (Benito Neves, ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)
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Guiné 63/74 - P13188: Memória dos lugares (266): Cachil, o meu suplício de Sísifo durante 30 dias (Benito Neves, ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)
A lancha no cais do Cachil, responsável pelo transporte dos géneros de Catió para o Cachi
Transporte de todos os mantimentos à força bruta do homem do cais para o quartel, que ficava a cerca de 1Km.
A cozinha (?) do quartel do Cachil...
Uma pausa nos trabalhos para beber... água (?)
Os trabalhos na construção da paliçada (1)
Os trabalhos na construção da paliçada (2)
Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)
Fotos falantes...que não precisariam de legenda... Um dos piores lugares do inferno verde e vermelho que foi, para muitos de nós, a Guiné... Fotos do álbum do José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (*)
1. Mensagem do Benito Neves, com data de 21 do corrente, e a propósito do poste P13172 :
Julgo e quase tenho a certeza de que o rio que banhava o Cachil era um afluente do rio Cobade, que também banhava Catió...
E a propósito, nos 30 dias que estive no Cachil, fazíamos aquela viagem diariamente para irmos a Catió buscar o pão e a água. Era uma odisseia que posso descrever assim (**):
E a propósito, nos 30 dias que estive no Cachil, fazíamos aquela viagem diariamente para irmos a Catió buscar o pão e a água. Era uma odisseia que posso descrever assim (**):
No Cachil carregavam-se todos os barris vazios em cima de um (único) Unimog que lá estava e que só viajava até ao cais. A estrada até ao cais do Cachil tinha umas largas, (muito largas) dezenas de metros, construída sobre troncos de palmeira, a uma altura de cerca de 4 metros e sobre os quais havia duas chapas a pouco mais que a largura dos pneus do Unimog.
Chegados ao cais, os barris eram descarregados e colocados numa lancha tipo LP2 e navegava-se para Catió com a maré cheia ou a encher. Recordo os inúmeros crocodilos que, prostrados nas margens, admiravam a coragem daqueles rapazes que lhes poderiam servir de almoço em consequência de uma qualquer bazucada que felizmente nunca aconteceu.
Chegados a Catió, descarragava-se a lancha e os barris eram colocados numa GMC que rumava ao quartel para enchimento. Enquanto esta operação decorria, era normal a maré descer e deixar a lancha em seco.
Deslocados de novo para o cais de Catió, descarregavam-se os barris para o cais e aguardávamos que a maré voltasse e colocasse a lancha à altura do cais para novo carregamento e navegação.
Chegados ao Cachil, repetia-se a operação inversa.
Depois de repousada a água, juntavam-se-lhe comprimidos tira-gosto, comprimidos de halozona e pós clarificadores. Passadas 4 horas poderia filtrar-se e consumir-se.
Naqueles 30 dias, embora tivessem sido feitos relatórios de patrulhas e de outras actividades que constam dos documentos oficiais, ninguém saiu do quartel que não fosse para repor alguma armadilha que tivesse rebentado, porque do quartel ate à mata tínhamos um "campo de minhas" feito com arame de tropeçar e granadas instantâneas que muitas vezes não resistiam à queda das folhas de palmeiras em noites de vento.
Abraço
Benito Neves
[ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67]
_________________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9360: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: Terminada a operação, a luta e a labuta no Cachil continuam (CCAÇ 557): Parte II (José Colaço)
(**) Último poste da série > 13 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13136: Memória dos lugares (265): Bubaque, cada vez mais bonita... (Patrício Ribeiro)
Guiné 63/74 - P13187: Parabéns a voce (737): Rui Gonçalves dos Santos, ex-Alf Mil, CMDT da 4.ª CCAÇ (Guiné, 1963/65)
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Nota do editor
Último poste da série de 20 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13166: Parabéns a voce (736): Mário Pinto, ex-Fur Mil Art da CART 2519 (Guiné, 1969/71)
Nota do editor
Último poste da série de 20 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13166: Parabéns a voce (736): Mário Pinto, ex-Fur Mil Art da CART 2519 (Guiné, 1969/71)
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Guiné 63/74 - P13186: Convívios (600): Encontro do pessoal da CCAÇ 799 / BCAÇ 1861 (Cacine e Cameconde 1965-67), a levar a efeito no próximo dia 14 de Junho de 2014 na Sertã
Do nosso camarada Arménio Vitória recebemos o pedido de publicação do próximo Encontro do pessoal da CCAÇ 799 / BCAÇ 1861, a levar a efeito no próximo dia 14 de Junho na Sertã.
Com o pedido de publicação:
“Como vem sendo habitual é já no próximo dia 14 de junho que na Sertã (Restaurante Ponte Velha) se realizará o encontro do pessoal (sempre acompanhado das famílias) que pertenceu à C Caç 799 que cumpriu a sua comissão na Guiné Bissau, em Cacine/Cameconde, em 1965/67.
Momento de reencontro mas também de “desencontro” com os que já partiram mas serão sempre recordados.
Arménio Vitória
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Nota do editor
Último poste da série de 22 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13180: Convívios (599): Rescaldo do XIX Encontro do pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), realizado em Ançã - Cantanhede no passado dia 17 de Maio de 2014 (César Dias)
Guião da CCAÇ 799/BCAÇ 1861 (Cacine e Cameconde - 1965-1967)
Com o pedido de publicação:
“Como vem sendo habitual é já no próximo dia 14 de junho que na Sertã (Restaurante Ponte Velha) se realizará o encontro do pessoal (sempre acompanhado das famílias) que pertenceu à C Caç 799 que cumpriu a sua comissão na Guiné Bissau, em Cacine/Cameconde, em 1965/67.
Momento de reencontro mas também de “desencontro” com os que já partiram mas serão sempre recordados.
Arménio Vitória
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Nota do editor
Último poste da série de 22 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13180: Convívios (599): Rescaldo do XIX Encontro do pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), realizado em Ançã - Cantanhede no passado dia 17 de Maio de 2014 (César Dias)
Guiné 63/74 - P13185: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (7): Temos 20 exemplares do livro do Nuno Rubim, para distribuir em Monte Real, no dia 14 de junho, aos participantes, grã-tabanqueiros, "camaradas que apreciem a nossa antiga história militar" (Nuno Rubim / Luís Graça)
I. Troca de emails entre o nosso camarada Nuno Rubim, cor art ref , e o editor Luís Graça (LG):
[, foto de 2007, Lisboa, ENSP/UNL]
que foi publicado, que nada tem a ver com a guerra na Guiné, mas que eventualmente pode vir a interessar algum(uns) camarada(s) que aprecie(m) a nossa antiga história militar.(*)
Tem 210 páginas e 135 figuras e desenhos, a grande maioria a cores. (...) Junto envio capa e contracapa. (*)
Se alguém estiver interessado num exemplar tem é de providenciar no sentido de vir recolhê-lo a minha casa. Pode até levar mais exemplares desde que os distribua unipessoalmente, i.e., um por camarada, informando-me a quem será entregue.
O(s) livro(s) é(são) pois oferecido(s) sem qualquer custo. (...)
Nuno Rubim
2. Resposta de L.G., com data de 10 do corrente:
Caro Nuno:
É tão bom saber notícias tuas!...E dos teus livros!... Parabéns, por mais este trabalho de investigação que, obviamente, me/nos interessa. Vou publicar, com a tua autorização, uma nota de leitura (*), com base nos elementos que me mandaste... Vou divulgar também a tua generosa oferta... mas preciso que me mandes a tua morada...Não a divulgarei no blogue, por razões óbvias, mas facultá-la-ei aos camaradas que quiserem passar pela tua casa.. Posso, neste caso, servir de intermediário... Um dia destes faço-te uma visita: fiz uma artroplastia total da anca, e estou no "estaleiro", por mais 1 a 2 meses... Estou a recuperar bem... (..:)
3. Resposta do N. R. no mesmo dia:
Caro Luís
Pois muito bem, vamos então "entrar em negócios" ... Podes pois publicar uma notícia com os dados que entenderes mas pedia-te que os interessados te respondessem directamente.
Marca-se uma data para o encerramento de pedidos. Não tenho problemas em indicar a minha morada mas propunha, por me parecer mais prático, que viesse cá apenas um camarada que levaria o número de exemplares pedidos.
O "pessoal" interessado contibuíria para os custos da deslocação. Pode haver algum camarada que resida não muito afastado da minha casa, sita na freguesia de Fernão Ferro, concelho do Seixal.
Diz-me o que pensas sobre estas sugestões. (...)
4. Resposta de L.G. a 12 do corrente:
Nuno: Obrigado pelas tuas boas notícias. Ainda bem que superaste a tua recente crise cardíaca... Vamos lá então ao teu/nosso negócio:
(i) diz-me mais ou menos quantos exemplares queres ou podes dispensar;
(ii) eu ponho uma notícia no blogue, abro inscrições;
(iii) seleciono, contigo, os "felizes" contemplados [, no caso de haver mais interessados do que o nº de examplares que vais disponibilizar];
(iv) passo por aí, por tua casa, para levantar a encomenda;
e (v) faço a distribuição dos livros, "autografados", em Monte Real, no nosso próximo encontro, o IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, no dia 14 de junho (**)...
É a tua "prenda" para os nossos 10 (dez) anos de existência, como blogue, a "partilhar memórias e afetos".. Somos já 654 membros, registados da Tabanca Grande, contendo contigo (...)
Um alfabravo, camarada.
5. Resposta do N.R., no mesmo dia:
Luís
Muito bem, obrigado no que se refere à minha "maleita".
(i) Tenho disponíveis entre 25 e 30 exemplares, pois preciso de guardar uns de reserva para oferecer aos cadetes de Artilharia da Academia Militar;
(ii) Notícia, muito bem, podes avançar; envio-te ainda o Índice da obra [, vd acima];
(iii) Seleccionamos (ainda bem que te lembraste disso ... ) os contemplados;
(iv) Também ok, teremos só de assentar dia e hora;
(v) Distribuirás pois os exemplares em Monte Real e parabéns pela efeméride (**). (...)
O Briote está de boa saúde ?
Abraço
6. Resposta de LG.:
Nuno: Obrigado pela rápida resposta. Ficamos então assim. Manda-me o índice da obra para fazer uma primeira apresentação do livro.
Quanto aos teus contactos telefónicos, fica descansado, ficam em boas mãos. Já tinha o teu fixo. Em relação ao Briote, encontrámo-nos há uns meses num lançamento de um livro. Teve um problema de saúde do foro oftalmológico, que o obrigou a uma intervenção cirúrgica. Penso que está bem, agora. É nosso editor "jubilado", mas será sempre uma referência histórica e inspiradora do nosso blogue. Aqui tens o mail dele. (...)
7. Mensagem do N.R., de 23 do corrente
(..) Pois então teremos 24 exemplares do livro. Naturalmente 4 para ti e para os teus 3 colaboradores do blogue e 20 para distribuir, como dizes, "por escolha", decidindo eu com a tua ajuda.
Resido nos "confins mouros" da margem Sul, na Rua da EDP, na freguesia de Fernão Ferro. Envio "roteiro", com as distâncias muito aproximadas a vermelho para facilitar a orientação. (...)
Abraço, Nuno Rubim
Tem 210 páginas e 135 figuras e desenhos, a grande maioria a cores. (...) Junto envio capa e contracapa. (*)
Se alguém estiver interessado num exemplar tem é de providenciar no sentido de vir recolhê-lo a minha casa. Pode até levar mais exemplares desde que os distribua unipessoalmente, i.e., um por camarada, informando-me a quem será entregue.
O(s) livro(s) é(são) pois oferecido(s) sem qualquer custo. (...)
Nuno Rubim
2. Resposta de L.G., com data de 10 do corrente:
Caro Nuno:
É tão bom saber notícias tuas!...E dos teus livros!... Parabéns, por mais este trabalho de investigação que, obviamente, me/nos interessa. Vou publicar, com a tua autorização, uma nota de leitura (*), com base nos elementos que me mandaste... Vou divulgar também a tua generosa oferta... mas preciso que me mandes a tua morada...Não a divulgarei no blogue, por razões óbvias, mas facultá-la-ei aos camaradas que quiserem passar pela tua casa.. Posso, neste caso, servir de intermediário... Um dia destes faço-te uma visita: fiz uma artroplastia total da anca, e estou no "estaleiro", por mais 1 a 2 meses... Estou a recuperar bem... (..:)
3. Resposta do N. R. no mesmo dia:
Caro Luís
Pois muito bem, vamos então "entrar em negócios" ... Podes pois publicar uma notícia com os dados que entenderes mas pedia-te que os interessados te respondessem directamente.
Marca-se uma data para o encerramento de pedidos. Não tenho problemas em indicar a minha morada mas propunha, por me parecer mais prático, que viesse cá apenas um camarada que levaria o número de exemplares pedidos.
O "pessoal" interessado contibuíria para os custos da deslocação. Pode haver algum camarada que resida não muito afastado da minha casa, sita na freguesia de Fernão Ferro, concelho do Seixal.
Diz-me o que pensas sobre estas sugestões. (...)
4. Resposta de L.G. a 12 do corrente:
Nuno: Obrigado pelas tuas boas notícias. Ainda bem que superaste a tua recente crise cardíaca... Vamos lá então ao teu/nosso negócio:
(i) diz-me mais ou menos quantos exemplares queres ou podes dispensar;
(ii) eu ponho uma notícia no blogue, abro inscrições;
(iii) seleciono, contigo, os "felizes" contemplados [, no caso de haver mais interessados do que o nº de examplares que vais disponibilizar];
(iv) passo por aí, por tua casa, para levantar a encomenda;
e (v) faço a distribuição dos livros, "autografados", em Monte Real, no nosso próximo encontro, o IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, no dia 14 de junho (**)...
É a tua "prenda" para os nossos 10 (dez) anos de existência, como blogue, a "partilhar memórias e afetos".. Somos já 654 membros, registados da Tabanca Grande, contendo contigo (...)
Um alfabravo, camarada.
5. Resposta do N.R., no mesmo dia:
Luís
Muito bem, obrigado no que se refere à minha "maleita".
(i) Tenho disponíveis entre 25 e 30 exemplares, pois preciso de guardar uns de reserva para oferecer aos cadetes de Artilharia da Academia Militar;
(ii) Notícia, muito bem, podes avançar; envio-te ainda o Índice da obra [, vd acima];
(iii) Seleccionamos (ainda bem que te lembraste disso ... ) os contemplados;
(iv) Também ok, teremos só de assentar dia e hora;
(v) Distribuirás pois os exemplares em Monte Real e parabéns pela efeméride (**). (...)
O Briote está de boa saúde ?
Abraço
6. Resposta de LG.:
Nuno: Obrigado pela rápida resposta. Ficamos então assim. Manda-me o índice da obra para fazer uma primeira apresentação do livro.
Quanto aos teus contactos telefónicos, fica descansado, ficam em boas mãos. Já tinha o teu fixo. Em relação ao Briote, encontrámo-nos há uns meses num lançamento de um livro. Teve um problema de saúde do foro oftalmológico, que o obrigou a uma intervenção cirúrgica. Penso que está bem, agora. É nosso editor "jubilado", mas será sempre uma referência histórica e inspiradora do nosso blogue. Aqui tens o mail dele. (...)
7. Mensagem do N.R., de 23 do corrente
(..) Pois então teremos 24 exemplares do livro. Naturalmente 4 para ti e para os teus 3 colaboradores do blogue e 20 para distribuir, como dizes, "por escolha", decidindo eu com a tua ajuda.
Resido nos "confins mouros" da margem Sul, na Rua da EDP, na freguesia de Fernão Ferro. Envio "roteiro", com as distâncias muito aproximadas a vermelho para facilitar a orientação. (...)
Abraço, Nuno Rubim
II. Abertura de candidaturas para a oferta de um exemplar, autografado, do último livro do Nuno Rubim, "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580: vol. 2: Navios e Embarcações", 2013, 210 pp, il.
Os interessados terão que me mandar uma mensagem, até ao fim do corrente mês, manifestando o seu desejo de receber um exemplar, autografado, do livro do nosso camarada, a título gracioso, ou seja, sem quaisquer encargos.
Os interessados, grã-tabanqueiros, precisam para isso estar inscritos no IX Encontro Nacioanal da Tabanca Grande, ou aparecer em Monte Real, dia 14 de junho, para receber das minhas mãos um dos 20 exemplares que o autor nos disponibiliza (. para além de mais 4 que já ofereceu à equipa editorial do blogue)...
Dado o stock limitado, e no caso de haver mais de 20 interessados, teremos de proceder a um processo de seleção dos contemplados. O Nuno Rubim faz questão de os oferecer a "camaradas que apreciem a nossa antiga história militar". Entraremos também em linha de conta com a ordem de chegada dos pedidos: Mail de serviço: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
A seleção final dos contemplados será feita também com a ajuda do autor que não se deslocará a Monte Real, com muita pena nossa. E desde já lhe agradecemos a sua generosidade e o seu gesto de camaradagem, contribuindo deste modo para enriquecer o nosso convívio anual, no dia 14 de junho, em Monte Real, no ano em que em o nosso blogue faz 10 anos.
___________________
Notas do editor:
(**) Último poste da série > 22 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13178: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (6): A três semanas da nossa festa de convívio anual, temos 70 inscrições... e um passatempo para saber "quais são as cinco frases de que os grã-tabanqueiros mais gostam e que melhor caraterizam o espírito da Tabanca Grande"... Deixa um comentário ou manda um mail até aos próximos quinze dias...
Guiné 63/74 - P13184: Tabanca Grande (436): José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-Fur Mil Art do 7.º Pel Art (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70), Grã-Tabanqueiro 657
1. Mensagem do nosso camarada, e novo amigo tertuliano, José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-Fur Mil Art do 7.º Pel Art (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70), com data de 21 de Maio de 2014:
Caro Luís,
Há muito tempo que desejo fazer parte do grupo, assim informo:
Estive na Guiné desde 22 de Abril de 1968 a 17 de Junho de 1970 com Furriel Miliciano de Artilharia de Campanha integrado na Bateria de Artilharia de Campanha Nº 1 em Bissau.
Os Pelotões de Artilharia deslocavam-se pelo território da Guiné consoante as necessidades operacionais. Tanto quanto sei a Artilharia foi implementada pelo Gen. Spínola.
No inicio de 1968 só havia 6 ou 7 Pelotões de Artilharia e em 1970 quase 30.
Em 1 de Julho de 1970 a Bateria passou a Grupo de Artilharia N.º 7.
Fiz parte do 7.º Pelotão de Artilharia, tendo passado por: Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, tendo dado uma especialidade em Bissau.
Onde fiquei mais tempo foi em Cameconde, de Abril de 1968 a Junho de 1970; nos outros aquartelamentos fiquei dois a três meses.
Os pelotões eram do recrutamento Provincial, sendo os comandantes de secção e de pelotão de origem metropolitana (de rendição individual).
Caso queiras mais informações é só dizeres.
Moro em S. Domingos de Rana, concelho de Cascais .
Sem mais de momento, sou com a mais alta estima e consideração.
Abraço
J. Diniz
Cópia das págs 8 e 9 da Caderneta Militar de Diniz Souza e Faro, onde constam os seus postos e Unidades a que pertenceu.
2. Comentário do editor:
Caro camarada e amigo José Diniz de Souza (vai ser este o teu nome de guerra no Blogue, onde és o tertuliano 657), bem-vindo à tertúlia.
Muito obrigado por te juntares a esta enorme família de ex-combatentes da Guiné, e amigos que de algum modo se sentem ligados àquela terra.
Não repares o tratamento informal por tu, que é um procedimento para nós normal, que pretende sobretudo apagar "diferenças", assim como: antigos e actuais postos militares, formação académica, idade, etc.
Porque estamos a precisar de "gente nova" para testemunhar neste repositório de memórias, contamos com a tua colaboração, seja enviando textos ou fotos para publicarmos. O Blogue tem 10 anos, e muitos de nós estamos cá há já algum tempo, o que acarreta uma diminuição sensível no envio de trabalhos para o Blogue. Como se costuma dizer, chegaste na hora certa.
Se tens acompanhado a nossa página, saberás que no próximo dia 14 de Junho vamos realizar em Monte Real o nosso IX Encontro Nacional, pelo que se quiseres conhecer boa parte da malta e passar um belo dia, inscreve-te e faz-te acompanhar, se quiseres. Se conheces algum camarada interessado em participar do nosso Convívio, trá-lo também. O local é óptimo, de fácil acesso e o serviço 5 estrelas.
Antes de terminar não posso deixar de te endereçar um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.
Fico por aqui ao teu dispor.
Carlos Vinhal
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13174: Tabanca Grande (435): Francisco Monteiro Galveia, a residir em Fronteira, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66), grã-tabanqueiro nº 656
Caro Luís,
Há muito tempo que desejo fazer parte do grupo, assim informo:
Estive na Guiné desde 22 de Abril de 1968 a 17 de Junho de 1970 com Furriel Miliciano de Artilharia de Campanha integrado na Bateria de Artilharia de Campanha Nº 1 em Bissau.
Os Pelotões de Artilharia deslocavam-se pelo território da Guiné consoante as necessidades operacionais. Tanto quanto sei a Artilharia foi implementada pelo Gen. Spínola.
No inicio de 1968 só havia 6 ou 7 Pelotões de Artilharia e em 1970 quase 30.
Em 1 de Julho de 1970 a Bateria passou a Grupo de Artilharia N.º 7.
Fiz parte do 7.º Pelotão de Artilharia, tendo passado por: Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, tendo dado uma especialidade em Bissau.
Onde fiquei mais tempo foi em Cameconde, de Abril de 1968 a Junho de 1970; nos outros aquartelamentos fiquei dois a três meses.
Os pelotões eram do recrutamento Provincial, sendo os comandantes de secção e de pelotão de origem metropolitana (de rendição individual).
Caso queiras mais informações é só dizeres.
Moro em S. Domingos de Rana, concelho de Cascais .
Sem mais de momento, sou com a mais alta estima e consideração.
Abraço
J. Diniz
Foto retirada do facebook do nosso camarada Diniz Souza e Faro
Cópia das págs 8 e 9 da Caderneta Militar de Diniz Souza e Faro, onde constam os seus postos e Unidades a que pertenceu.
Senha de entrada na Piscina Municipal de Bolama
2. Comentário do editor:
Caro camarada e amigo José Diniz de Souza (vai ser este o teu nome de guerra no Blogue, onde és o tertuliano 657), bem-vindo à tertúlia.
Muito obrigado por te juntares a esta enorme família de ex-combatentes da Guiné, e amigos que de algum modo se sentem ligados àquela terra.
Não repares o tratamento informal por tu, que é um procedimento para nós normal, que pretende sobretudo apagar "diferenças", assim como: antigos e actuais postos militares, formação académica, idade, etc.
Porque estamos a precisar de "gente nova" para testemunhar neste repositório de memórias, contamos com a tua colaboração, seja enviando textos ou fotos para publicarmos. O Blogue tem 10 anos, e muitos de nós estamos cá há já algum tempo, o que acarreta uma diminuição sensível no envio de trabalhos para o Blogue. Como se costuma dizer, chegaste na hora certa.
Se tens acompanhado a nossa página, saberás que no próximo dia 14 de Junho vamos realizar em Monte Real o nosso IX Encontro Nacional, pelo que se quiseres conhecer boa parte da malta e passar um belo dia, inscreve-te e faz-te acompanhar, se quiseres. Se conheces algum camarada interessado em participar do nosso Convívio, trá-lo também. O local é óptimo, de fácil acesso e o serviço 5 estrelas.
Antes de terminar não posso deixar de te endereçar um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.
Fico por aqui ao teu dispor.
Carlos Vinhal
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13174: Tabanca Grande (435): Francisco Monteiro Galveia, a residir em Fronteira, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66), grã-tabanqueiro nº 656
Guiné 63/74 - P13183: Notas de leitura (594): "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580: vol. 2: Navios e Embarcações", 2013, 210 pp, il. Autor: Nuno [José Varela] Rubim, cor art ref
Capa e contracapa do livro do nosso camarada Nuno Rubim, cor art ref, como duas comissões no TO da Guiné: "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580: vol 2: Navios e Embarcações", 2013, 210 pp.
Neste 2º volume, o autor, grande especialista em história militar, e nomeadamente no domínio da artilharia, estuda os navios e embarcações de combate, utilizados no Oriente, no período de 1498 (chegada de Vasco da Gamaà Índia) a 1580 (fim da II Dinastia), tanto por nós como pelos nossos adversários. "Aborda de uma forma inédita aspetos tão variados como a Estrutura, Mastreação e Velame, os vários Tipos de Navios, o seu Artilhamento, o Emprego táctico e a sua Construção" (Da contracapa)...
Faremos, em breve, uma recensão mais detalhada desta obra, da qual o autor nos vai oferecer 24 exemplares para distribuição, gratuita, pelos membros, interessados, da Tabanca Grande (, sendo 4 destinados à equipa editorial do blogue).
Passamos a receber, desde já, por email, manifestações de interesse dos nossos camaradas em receber a obra. Os felizes contemplados receberão o seu exemplar, autografado, em Monte Real, no dia 14 de junho próximo, por ocasião do IX Encontro Nacional da Tabanca Grande. A lista definitiva dos 20 contemplados deverá terá o OK do autor, representado em Monte Real pelo nosso editor Luís Graça.
Neste 2º volume, o autor, grande especialista em história militar, e nomeadamente no domínio da artilharia, estuda os navios e embarcações de combate, utilizados no Oriente, no período de 1498 (chegada de Vasco da Gamaà Índia) a 1580 (fim da II Dinastia), tanto por nós como pelos nossos adversários. "Aborda de uma forma inédita aspetos tão variados como a Estrutura, Mastreação e Velame, os vários Tipos de Navios, o seu Artilhamento, o Emprego táctico e a sua Construção" (Da contracapa)...
Faremos, em breve, uma recensão mais detalhada desta obra, da qual o autor nos vai oferecer 24 exemplares para distribuição, gratuita, pelos membros, interessados, da Tabanca Grande (, sendo 4 destinados à equipa editorial do blogue).
Passamos a receber, desde já, por email, manifestações de interesse dos nossos camaradas em receber a obra. Os felizes contemplados receberão o seu exemplar, autografado, em Monte Real, no dia 14 de junho próximo, por ocasião do IX Encontro Nacional da Tabanca Grande. A lista definitiva dos 20 contemplados deverá terá o OK do autor, representado em Monte Real pelo nosso editor Luís Graça.
[Vd. aqui também o CV do Nuno Rubim, início de 2008]
1. Ficha técnica (de acordo com o catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal),
A ORGANIZAÇÃO E AS OPERAÇÕES MILITARES PORTUGUESAS NO ORIENTE, 1498-1580 / NUNO JOSÉ VARELA RUBIM
AUTOR(ES):
Rubim, Nuno José Varela, 1938-
PUBLICAÇÃO:
Lisboa : Comissão Portuguesa de História Militar, 2012-
DESCR. FÍSICA:
v. : il. ; 24 cm
NOTAS:
O 2o v. foi editado pelo Falcata - Editores, Unipessoal
BIBLIOGRAFIA:
Contém bibliografia
CONTÉM:
1o v.: Geografia e viagens. - 306 p. . - 2o v.: Navios e embarcações. - 2013. - 210 p.
ISBN:
978-989-95946-8-5
DEP. LEGAL:
PT -- 341640/12
CDU:
94(469)"15"
910.4(=1:469)(5)"1498/1580"(091)
Nota de leitura
Último livro de 23 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13182: Notas de leitura (593): "O Eco do Pranto - A criança na poesia moderna guineense", recolha e coordenação de António Soares Lopes (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P13182: Notas de leitura (593): "O Eco do Pranto - A criança na poesia moderna guineense", recolha e coordenação de António Soares Lopes (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Novembro de 2013:
Queridos amigos,
Conforme anota Leopoldo Amado na introdução, uma plêiade de jovens poetas entrou em cena no período que precede a independência guineense e nela vai viver as primeira décadas, são estros líricos que apontam para novas direções e, de um modo geral, a criança, em metáfora, é a tocha que ilumina os caminhos sombrios daqueles tempos de derrisão e múltiplas derrotas do sonho coletivo em tempos melhores, sonhos do desenvolvimento, da criatividade.
Tal como Cabral dizia que as crianças eram as flores da luta dos independentistas, estes poetas agarram-se à ternura e à inocência ofendidas para acender o rastilho da esperança, às crianças tudo se deve prometer, têm o futuro por sua conta.
Um abraço do
Mário
O Eco do Pranto:
A criança na poesia moderna guineense
Beja Santos
“O Eco do Pranto, A criança na poesia moderna guineense” é uma recolha e tem coordenação de António Soares Lopes, prefácio de Leopoldo Amado, Editorial Inquérito, 1992. Ao tempo, era pertinente a observação de Leopoldo Amado de que a poética guineense ainda estava profundamente marcada pela temática revolucionária, uma constante em obras como a de Vasco Cabral e Amílcar Cabral. A geração subsequente à independência tornou mais amplo o leque temático, e chegados os anos de 1990 era já possível pôr em coletânea poemas dedicados à criança, mesmo com ligações ao período libertador e ao tratamento poético, por vezes melancólico, dos estados de deceção pelo país à deriva, mais pobre e com elevado sentido de derrotismo. A coletânea abre as hostilidades com Agnelo Regalla, jornalista e político. Ele é autor da poesia “O Eco do Pranto”.
Associando Amílcar Cabral à expressão que as crianças eram as flores da luta em curso, dedicou ao líder assassinado um poema que assim se inicia:
No chão vermelho
Do teu sangue, camarada,
Caem como gotas de orvalho
As lágrimas sinceras da dedicação.
As flores da nossa luta
Que tu com carinho plantaste
Estão a desabrochar
Em gargalhadas infantis
- O poema “Saudade” é de 1973 e correlaciona a luta com o futuro melhor para as crianças:
Sinto… A amargura dos que vão
Na onda dos emigrados.
Sinto também,
A secura nos meus lábios
E o último prazer daquele beijo
Na tua face, Mãe.
Na minha bagagem,
Só roupas e alguns livros,
A tua fotografia
o sofrimento de um Povo escravo.
Trago ainda comigo
A recordação das crianças
Com fome e sem escola.
Estou a vê-las
Com cestos à cabeça,
E o passo apressado
De quem tem a noção do tempo;
E assim lá vão…
São homens pequeninos,
Sonhando com livros,
Brinquedos e jogos, como todas as crianças.
- António Soares Lopes, jornalista, denuncia no seu poema “Teto do Silêncio” as degradantes condições de vida da criança:
Ergo a minha voz
e firo o teto do silêncio
Nego a morte de crianças
porque há míngua de medicamentos.
Na angústia
liberto o verbo
mordo o pólen da desgraça
que graça
nesta África desventurada
em obra
e graça
subdesenvolvendo-se.
............
Exorcizo o paludismo
apeio a poliomielite
amputo a desgraça
encho a taça de ternura
e fica a graça da criança
florescendo a vida.
Conduto de Pina, técnico de artes decorativas, no seu poema “Criança” exalta a inocência, a candura, a promessa de amanhã radiosos, verseja em moldes clássicos:
Não sabes odiar, não sabes desprezar
Só queres criancinha, amigos arranjar
Na tua inocência, na tua espontaneidade
Dizes o que ouves, p´ra um novo amigo cativar.
- Félix Sigá, músico e compositor, dirige-se ao filho, pioneiro, acalenta-o com esperança em tempos de tanta desorientação:
Não deites lágrimas no meu pranto
............
Com liturgias frustradas
Esvaem-se idolatrias
por pseudo-mitos
E este Povo martirizado
embrenha-se sempre
pelas veredas do PAIGC
Na senda do progresso e felicidade
para sua e tua gerações
Hélder Proença, deputado escritor e responsável político, escreve uma vibrante elegia intitulada “O baque do pranto em dez poemas com terra e lágrimas”, é uma construção rigorosa e clássica, como se exemplifica
Não era dia nenhum
quando o pêndulo emudeceu
e o sorriso murchou
na flor da idade.
Não era tarde nenhuma
aquela hora
em que não se ouvia
a tua respiração.
- Jorge Cabral, diplomata de carreira, é portador de uma lírica luminosa, ritmada, cândida, pronta a ser soletrada na própria escola, como se exemplifica com o seu poema “Bom Dia, Menino”:
Bom dia, menino
Agora que saíste
vencedor
da tua primeira luta
pela vida
Sê bem-vindo
e perdoa-nos
pela imperfeita herança
deste presente amargo e fugaz feito
de esperança e ilusão
de jardins por regar
e corações por limpar
de penumbra por iluminar
e prantos por secar
de dor por consolar
e sonhos por realizar
de miséria por aliviar
e morte por ressuscitar
A coletânea inclui ainda poemas de Mariana Ribeiro, Pascoal D’Artagnan Aurigemma e Vasco Cabral. Enfim, um retrato das gerações mais jovens associadas à luta pela independência e amargados pelos sonhos desfeitos.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13162: Notas de leitura (592): "Operação Mar Verde" em banda desenhada, por A. Vassalo (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Conforme anota Leopoldo Amado na introdução, uma plêiade de jovens poetas entrou em cena no período que precede a independência guineense e nela vai viver as primeira décadas, são estros líricos que apontam para novas direções e, de um modo geral, a criança, em metáfora, é a tocha que ilumina os caminhos sombrios daqueles tempos de derrisão e múltiplas derrotas do sonho coletivo em tempos melhores, sonhos do desenvolvimento, da criatividade.
Tal como Cabral dizia que as crianças eram as flores da luta dos independentistas, estes poetas agarram-se à ternura e à inocência ofendidas para acender o rastilho da esperança, às crianças tudo se deve prometer, têm o futuro por sua conta.
Um abraço do
Mário
O Eco do Pranto:
A criança na poesia moderna guineense
Beja Santos
“O Eco do Pranto, A criança na poesia moderna guineense” é uma recolha e tem coordenação de António Soares Lopes, prefácio de Leopoldo Amado, Editorial Inquérito, 1992. Ao tempo, era pertinente a observação de Leopoldo Amado de que a poética guineense ainda estava profundamente marcada pela temática revolucionária, uma constante em obras como a de Vasco Cabral e Amílcar Cabral. A geração subsequente à independência tornou mais amplo o leque temático, e chegados os anos de 1990 era já possível pôr em coletânea poemas dedicados à criança, mesmo com ligações ao período libertador e ao tratamento poético, por vezes melancólico, dos estados de deceção pelo país à deriva, mais pobre e com elevado sentido de derrotismo. A coletânea abre as hostilidades com Agnelo Regalla, jornalista e político. Ele é autor da poesia “O Eco do Pranto”.
Associando Amílcar Cabral à expressão que as crianças eram as flores da luta em curso, dedicou ao líder assassinado um poema que assim se inicia:
No chão vermelho
Do teu sangue, camarada,
Caem como gotas de orvalho
As lágrimas sinceras da dedicação.
As flores da nossa luta
Que tu com carinho plantaste
Estão a desabrochar
Em gargalhadas infantis
- O poema “Saudade” é de 1973 e correlaciona a luta com o futuro melhor para as crianças:
Sinto… A amargura dos que vão
Na onda dos emigrados.
Sinto também,
A secura nos meus lábios
E o último prazer daquele beijo
Na tua face, Mãe.
Na minha bagagem,
Só roupas e alguns livros,
A tua fotografia
o sofrimento de um Povo escravo.
Trago ainda comigo
A recordação das crianças
Com fome e sem escola.
Estou a vê-las
Com cestos à cabeça,
E o passo apressado
De quem tem a noção do tempo;
E assim lá vão…
São homens pequeninos,
Sonhando com livros,
Brinquedos e jogos, como todas as crianças.
- António Soares Lopes, jornalista, denuncia no seu poema “Teto do Silêncio” as degradantes condições de vida da criança:
Ergo a minha voz
e firo o teto do silêncio
Nego a morte de crianças
porque há míngua de medicamentos.
Na angústia
liberto o verbo
mordo o pólen da desgraça
que graça
nesta África desventurada
em obra
e graça
subdesenvolvendo-se.
............
Exorcizo o paludismo
apeio a poliomielite
amputo a desgraça
encho a taça de ternura
e fica a graça da criança
florescendo a vida.
Conduto de Pina, técnico de artes decorativas, no seu poema “Criança” exalta a inocência, a candura, a promessa de amanhã radiosos, verseja em moldes clássicos:
Não sabes odiar, não sabes desprezar
Só queres criancinha, amigos arranjar
Na tua inocência, na tua espontaneidade
Dizes o que ouves, p´ra um novo amigo cativar.
- Félix Sigá, músico e compositor, dirige-se ao filho, pioneiro, acalenta-o com esperança em tempos de tanta desorientação:
Não deites lágrimas no meu pranto
............
Com liturgias frustradas
Esvaem-se idolatrias
por pseudo-mitos
E este Povo martirizado
embrenha-se sempre
pelas veredas do PAIGC
Na senda do progresso e felicidade
para sua e tua gerações
Hélder Proença, deputado escritor e responsável político, escreve uma vibrante elegia intitulada “O baque do pranto em dez poemas com terra e lágrimas”, é uma construção rigorosa e clássica, como se exemplifica
Não era dia nenhum
quando o pêndulo emudeceu
e o sorriso murchou
na flor da idade.
Não era tarde nenhuma
aquela hora
em que não se ouvia
a tua respiração.
- Jorge Cabral, diplomata de carreira, é portador de uma lírica luminosa, ritmada, cândida, pronta a ser soletrada na própria escola, como se exemplifica com o seu poema “Bom Dia, Menino”:
Bom dia, menino
Agora que saíste
vencedor
da tua primeira luta
pela vida
Sê bem-vindo
e perdoa-nos
pela imperfeita herança
deste presente amargo e fugaz feito
de esperança e ilusão
de jardins por regar
e corações por limpar
de penumbra por iluminar
e prantos por secar
de dor por consolar
e sonhos por realizar
de miséria por aliviar
e morte por ressuscitar
A coletânea inclui ainda poemas de Mariana Ribeiro, Pascoal D’Artagnan Aurigemma e Vasco Cabral. Enfim, um retrato das gerações mais jovens associadas à luta pela independência e amargados pelos sonhos desfeitos.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13162: Notas de leitura (592): "Operação Mar Verde" em banda desenhada, por A. Vassalo (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P13181 - Agenda cultural (317): «Toda a China» (Vol. II), de António Graça de Abreu: sessão de lançamento, dia 26 de Maio, às 18h30, na Livraria Bertrand, Picoas Plaza, Lisboa. Convite especial aos camaradas da Tabanca Grande
Convite para o lançamento do 2º volume do livro "Toda a China", do António Graça de Abreu. O 1º volume foi lançado em 22/10/2013, conforme notícia dada no nosso blogue
Antonio Graca de Abreu: [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74]
Meu caro Luís
Espero-te reabitado, com essas ancas e pernas capazes de correr pelo mundo. Ainda vamos um dia os dois, ou com um grupo de malta boa, a pé, até à Guiné.
Tenho mais um livro pronto, é o Toda a China II. Peço-te que publiques a notícia do lançamento no blogue.
É sempre bom ter a companhia dos ex-camaradas da Guiné nestes eventos. Dá-me mais força e alegria.
De resto neste segundo volume de tantas viagens pela China falo da Guiné. Transcrevo, da pag 73 :
"Outra vez os enormes atalhos da China.
24 horas certinhas de viagem desde Lisboa, (via Munique e Pequim) para Harbin, capital da província de Heilongjiang, a mais setentrional de todas as províncias chinesas,
paredes meias com a Sibéria Oriental russa. Um velhinho Boeing 737 da China Eastern, a companhia aérea destas paragens, faz as duas horas do voo final desde Pequim até Harbin. Lá em baixo, um vasto tapete de nuvens que escurecem com o avançar para norte e com o cair da tarde. Ao descer, acabamos de entrar por dentro das nuvens, com o avião a voar meio em parafuso, quase às arrecuas em busca do aeroporto de Harbin. Nuvens e mais nuvens negras, poços de ar e mais poços de ar, chuva e mais chuva. As cartilagens do avião gemem, rangem de velhice. Vai-se soltar uma asa, cair um motor. Perdi todos os medos de viajar de avião nos recuados tempos do meu Comando de Operações na guerra da Guiné, 1972/1974, nos DO 27, nos Noratlas, nos Dakotas, até nos helis, os fantásticos Alouette 3 voando a rapar sobre rios, bolanhas e florestas. Agora, Maio de 2013, não é exactamente receio mas uma acre sensação de desconforto.
De repente, no meio de tanta chuva, as nuvens acabam, ficam por cima e planamos a menos de um quilómetro do solo. Em baixo, corre o rio Songhua bordejado por diques, mais os campos de terra negra, e o aeroporto encharcado em água.Estou no norte da Manchúria, na província chinesa que dá pelo nome de Heilongjiang黑龙江 que significa “rio do Dragão Negro”. O rio, também conhecido como Amur, faz a fronteira com a Rússia e o esturjão é o mais famoso habitante das suas águas frias, porque as ovas do peixe são aqui transformadas, dizem, no melhor caviar do mundo. A província de Heilongjiang é cinco vezes maior do que Portugal e, tal como toda a Manchúria, só passou a fazer parte do Império chinês a partir de 1644 quando os manchus se assenhorearam do poder imperial em Pequim e depois em toda a China.
(...)"
Abraço forte,
António Graça de Abreu
2. Press-release da editora Guerra & Paz, enviado a 15 do corrente pelo autor:
Meu caro Luís
Espero-te reabitado, com essas ancas e pernas capazes de correr pelo mundo. Ainda vamos um dia os dois, ou com um grupo de malta boa, a pé, até à Guiné.
Tenho mais um livro pronto, é o Toda a China II. Peço-te que publiques a notícia do lançamento no blogue.
É sempre bom ter a companhia dos ex-camaradas da Guiné nestes eventos. Dá-me mais força e alegria.
De resto neste segundo volume de tantas viagens pela China falo da Guiné. Transcrevo, da pag 73 :
"Outra vez os enormes atalhos da China.
24 horas certinhas de viagem desde Lisboa, (via Munique e Pequim) para Harbin, capital da província de Heilongjiang, a mais setentrional de todas as províncias chinesas,
paredes meias com a Sibéria Oriental russa. Um velhinho Boeing 737 da China Eastern, a companhia aérea destas paragens, faz as duas horas do voo final desde Pequim até Harbin. Lá em baixo, um vasto tapete de nuvens que escurecem com o avançar para norte e com o cair da tarde. Ao descer, acabamos de entrar por dentro das nuvens, com o avião a voar meio em parafuso, quase às arrecuas em busca do aeroporto de Harbin. Nuvens e mais nuvens negras, poços de ar e mais poços de ar, chuva e mais chuva. As cartilagens do avião gemem, rangem de velhice. Vai-se soltar uma asa, cair um motor. Perdi todos os medos de viajar de avião nos recuados tempos do meu Comando de Operações na guerra da Guiné, 1972/1974, nos DO 27, nos Noratlas, nos Dakotas, até nos helis, os fantásticos Alouette 3 voando a rapar sobre rios, bolanhas e florestas. Agora, Maio de 2013, não é exactamente receio mas uma acre sensação de desconforto.
De repente, no meio de tanta chuva, as nuvens acabam, ficam por cima e planamos a menos de um quilómetro do solo. Em baixo, corre o rio Songhua bordejado por diques, mais os campos de terra negra, e o aeroporto encharcado em água.Estou no norte da Manchúria, na província chinesa que dá pelo nome de Heilongjiang黑龙江 que significa “rio do Dragão Negro”. O rio, também conhecido como Amur, faz a fronteira com a Rússia e o esturjão é o mais famoso habitante das suas águas frias, porque as ovas do peixe são aqui transformadas, dizem, no melhor caviar do mundo. A província de Heilongjiang é cinco vezes maior do que Portugal e, tal como toda a Manchúria, só passou a fazer parte do Império chinês a partir de 1644 quando os manchus se assenhorearam do poder imperial em Pequim e depois em toda a China.
(...)"
Abraço forte,
António Graça de Abreu
2. Press-release da editora Guerra & Paz, enviado a 15 do corrente pelo autor:
«Toda a China» constitui o primeiro olhar completo, global e compreensivo, de um português sobre a China. Depois de apresentar o primeiro volume em Outubro, António Graça de Abreu completa agora «Toda a China», um guia indispensável, que reúne as múltiplas vivências de 37 anos de viagens e estadas na China, tão grande como a Europa. Um título que chega às livrarias a 21 de Maio.
Pouquíssimos estrangeiros e não muitos chineses conhecerão o mundo chinês de forma tão exaustiva: são quase quatro décadas de extraordinárias jornadas contidas em livro.
Com uma escrita descomplexada e fascinante e com fotografias do autor, «Toda a China» é mais do que um guia de viagens. É um livro que nos dá a conhecer a história, o património cultural, as transformações sociais e políticas e a forma de vida da China. Seja pelas grandes cidades ou pelo infindável campo chinês.
De avião, por comboio, barco, autocarro, automóvel, mota, bicicleta, camelo ou teleférico, António Graça de Abreu percorreu 9,6 milhões de km2, 22 províncias, cinco regiões autónomas e quatro municípios centrais, além de Macau, Hong Kong e Taiwan. Um mundo inteiro que o autor lhe dá a conhecer em dois volumes de «Toda a China».
A sessão de lançamento de «Toda a China» (Vol.II) decorre no dia 26 de Maio, às 18h30, na Bertrand do Picoas Plaza, em Lisboa. Conta com apresentação da Prof.ª Dr.ª Annabela Rita, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Grata pela atenção,
Vânia Custódio | Comunicação
–––––––––––––––––––––––––
R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal
Tel. (+351) 213 144 488
Tlm. (+351) 913 050 026
Guerra e Paz
Pouquíssimos estrangeiros e não muitos chineses conhecerão o mundo chinês de forma tão exaustiva: são quase quatro décadas de extraordinárias jornadas contidas em livro.
Com uma escrita descomplexada e fascinante e com fotografias do autor, «Toda a China» é mais do que um guia de viagens. É um livro que nos dá a conhecer a história, o património cultural, as transformações sociais e políticas e a forma de vida da China. Seja pelas grandes cidades ou pelo infindável campo chinês.
De avião, por comboio, barco, autocarro, automóvel, mota, bicicleta, camelo ou teleférico, António Graça de Abreu percorreu 9,6 milhões de km2, 22 províncias, cinco regiões autónomas e quatro municípios centrais, além de Macau, Hong Kong e Taiwan. Um mundo inteiro que o autor lhe dá a conhecer em dois volumes de «Toda a China».
A sessão de lançamento de «Toda a China» (Vol.II) decorre no dia 26 de Maio, às 18h30, na Bertrand do Picoas Plaza, em Lisboa. Conta com apresentação da Prof.ª Dr.ª Annabela Rita, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Grata pela atenção,
Vânia Custódio | Comunicação
–––––––––––––––––––––––––
R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal
Tel. (+351) 213 144 488
Tlm. (+351) 913 050 026
Guerra e Paz
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