Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Filhos do vento. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Filhos do vento. Mostrar todas as mensagens

sábado, 12 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27008: S(C)em Comentários (75): Filhos de tuga ?!... Muito bem, serão "centenas, serão milhares", diz a Catarina Gomes... "Restos de tuga", diria a "Maria Turra", com sarcasmo, crueldade, desumanidade e racismo... E então os "filhos da guerra" de pais cabo-verdianos, guineenses, angolanos, moçambicanos, e quiçá goeses, macaenses e timorenses ? E os "filhos de Amílcar Cabral" ? E os filhos dos "combatentes da liberdade da Pátria" ? E os "filhos dos cubanos" ?... São "restos... de quê" ? ...Parece aqui haver também alguma ingenuidade...





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > O Dauda "Viegas", "filho do vento" e "mascote da companhia"... Cresceu, casou, teve duas filhas, vivia  em Bissau, morreu por volta de 2009, com cerca de 45 anos... Em miúdo, em 1967/68,  vivia em Guileje praticamente com os militares, que o alimentavam e cuidavam dele... Dizia-se, na caserna, que era a cara chapada do pai.

Foto do album do nosso saudoso capitão José Neto, ex-cap SGE (1929-2007).

Foto (e legenda): © José Neto (2005). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Quantos filhos, de mulheres angolanas, guineenses e moçambicanos, e de soldados portugueses, "ficaram para trás" ? É uma pergunta dolorosa, mas tem que ser feita... Ou noutros termos: quantos "filhos de tuga" ficaram sem pai ?

Não gosto da expressão "filhos de tuga"... Nem muito menos da expressão profundamente cruel, desumana, racista, usada pelo PAIGC, "restos de tuga"...

Também não gosto da expressão "filhos do vento", da autoria do meu amigo e camarada José Saúde... 

Vejamos: Portugal mobilizou cerca de 800 mil homens para os teatros de operações da guerra colonial. Mas desses 30% eram soldados do recrutamento local, que também deixaram filhos nos sítios por onde passaram... Todos eles, brancos e negros, tinham capacidade de procriar...

Sendo africanos, mas deslocados, os eventuais filhos dos nossos camaradas oriundos de Angola, Guiné e Moçambique também seriam "mestiços" (termo genérico e mais "neutro"  para designar pessoas com ascendência de duas ou mais etnias diferentes) ... 

Mas não  teriam, tal como os filhos de portugueses da metrópole, traços do fenótipo caucasiano... Logo, seriam mais fáceis de passar "despercebidos" nas suas comunidades...  E não seriam tão facilmente vítimas de discriminação, perseguição e "bullying", com base na "cor da pele", tal como os "filhos de tuga"...

Enfim, é bom não esquecer esta realidade, complexa e sensível, da mestiçagem (filhos de um branco e de uma negra, filhos de negros de diferentes territórios e etnias, filhos de brancos e de mestiços filhos de mestiços e mestiços)...que vem complicar as nossas contas, a nossa abordagem do problema e sobretudo a procura de soluções para este "drama social" criado pela guerra...

Mas também serve para "desmistificar" muita coisa... Há filhos da guerra de pais portugueses, cabo-verdianos, guineenses, angolanos, moçambicanos, goeses, macaenses, timorenses...

Por que razão  é que falamos "apenas" dos "fidjus di tuga" ?

Os americanos também tiveram esse problema... Chamaram a esses filhos bastardos da guerra "amerasians", amerasianos, "G.I. Babies" e outros "mimos", filhos de soldados americanos, brancos e agro-americanos,  e de mulheres vietnamitas, mas também cambojanas, laocianas, coreanas, tailandesas... Parte desses soldados eram de origem afro-americana (sobrerrepresentados no seio dos G.I., a "tropa-macaca" norte-americana) ... Os seus filhos teriam um fenótipo diferente...

Cabo Verde, que não conheceu a guerra, também deu homens para a guerra. Tal como Macau. E provavelmente São Tomé e Príncipe. Sem esquecer Goa, Damão e Diu, que só foi ocupada pela Índia, em finais de 1961.

Com toda a certeza, ou com base na lei das probabilidades, os 30 % de militares que integraram o "exército colonial", os guineenses, os angolanos e os moçambicanos , também espalharam alegremente o seu ADN por aquelas terras. Muitas das relações com mulheres locais, mesmo consentidas ( o que provavelmente terá sido o caso, mesmo que "assimétricas", do ponto de vista do poder) eram desprotegidas... Ainda não havia o HIV / SIDA e pensava-se que a "bala mágica", a penicilina, curava tudo (as doenças sexualmente transmissíveis).

E os cubanos que fizeram a a guerra da Guiné ? E combateram, a partir de 1975, em Angola ? E os "combatentes da liberdade da Pátria" ? Enfim, os " filhos de Amílcar Cabral"... são restos de quê...? A pergunta não ofende...Todos tinham, afinal, uma moral, "revolucionária", uns , "reacionária", outros...


2. Em Portugal (mas também em Angola, Guiné e Moçambique) nunca saberemos responder à questão: " Quantos foram, ou ainda são, os filhos dos militares portugueses, metropolitanos e do recrutamento local, que ficaram para trás ?"...

Catarina Gomes, que tem feito jornalismo de investigação nesta área (tem livros e um documentário, a passar na RTP, "Filhos de Tuga"), diz que não sabe: fala numas centenas, que podem ser uns milhares... 

A associação guineense "Fidju di Tuga" tem 50 membros

A Embaixada Portuguesa em Bissau nunca fez, ao que saibamos, nenhum levantamento de pessoas (hoje na casa dos 50/60 anos) com eventual origem portuguesa, filhos de militares portugueses, que passaram pela Guiné, entre 1961 e 1974... Tem nunca saberemos os que já morreram, como o Dauda, ou  foram vítimas de infanticídio.

Acho que temos que voltar à "guerra do Vietname", revisitar o drama dos "children of the dust", os "amerasians", cujo númeo se estima em 25 mil / 50 mil... 

(Continua)

____________________

 Nota do editor LG. : 

terça-feira, 8 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26994: S(C)em Comentários (73): Filhos do vento, náufragos do império: e tudo o vento levou... (Domingos Robalo / Luís Graça)

O nosso Zé Saúde
com a menina do Gabu
(c. 1973/74)
1. Sobre o documentário "Filhos de Tuga", realizado opro João Gomes e Catarina Gomes  (série de 3 episõdios que começou na RTP1 no dia 2 de julho, e que vai continuar nos dias 9 e 16, às quartas, às 22:29) (*), ficam aqui dois comentários:

(i) Domingos Robalo:

Estou expectante em ver a série de 3 episódios que se inicia hoje na RTP1, sobre o tema em questão (Filhos de Tuga").

Tema nada fácil de abordar entre nós, soldados combatentes, não só porque estamos a uma distância de 50 anos, mas porque muitos de nós já partiram, sem sentirem uma palavra de conforto como reconhecimento por uma entrega nem sempre bem compreendida.

Mas a história tem destas coisas: ela é simplesmente escrita pelos vencedores e aqui os combatentes foram os vencidos e sempre ostracizados. Ainda assim, atrevo-me a divagar sobre o assunto de uma forma indisciplinada.

Fui para o CSM, nas Caldas, com 20 anos e 3 meses de idade. Passei à disponibilidade 43 meses depois, sendo que os últimos 24 meses foram cumpridos na Guiné 69/71.

Não estou comprometido com descendentes “filhos do vento”, embora conheça dois ou três casos, um dos quais assumiu com a desmobilização, a paternidade de uma criança que trouxe com ele e aceite pela namorada.

A vida desta família teve um desenvolvimento igual a todas as outras ditas normais. Mas, a questão parece ser a seguinte: porque não foram assumidas muitas outras paternidades?

Na sequência do movimento dos capitães e posterior revolução, toda a relação entre colonizador e colonizados ficou inquinada e hoje, as relações com esses países independentes há 50 anos continuam pouco amistosas, para além das relações Estado a Estado de forma envergonhada. A própria CPLP é um flop.

Restaram então filhos não reconhecidos, militares fuzilados em alguns desses países, nomeadamente na Guiné e uma quase proibição de se falar da “ guerra colonial “ como forma de carpir tempos traumáticos para uma juventude, que tinha sido muito mal tratada pelo poder colonial.

Muitos problemas têm origem nesta proibição que eu designo como “suportar em silêncio” o que devia ter sido proclamado ao vento. No envolvimento destes silêncios estão os “filhos do vento” que não puderam ser proclamados. Durante anos viveu- se em silêncio, constituíram-se famílias e os ventos dissolveram os “filhos do vento”. Fico a aguardar pelo primeiro episódio de hoje na RTP 1, às 22h00.

(ii) Luís Graça (*)

Vi o 1º episódio do documentário realizado por João Gomes e Catarina Gomes, que me despertou sentimentos contraditórios...São seres humanos com histórias pungentes, que não pedem mais nada do que o sonho (impossível, na maioria dos casos) de ainda virem a conhecer o pai biológico e sobretudo ver reconhecido o seu direito a ter a nacionalidade portuguesa...

São homens e mulheres na casa dos 50/60 anos (o mais velho terá nascido em 1963, o mais novo em 1975)...Têm uma associação ("Fidju di Tuga"), onde se reunem de tempos a tempos, são poucos, tratam-se por irmãos e irmãs, vão todos os anos depositar uma coroa de flores ao "pai desconhecido", no talhão dos combatentes portugueses, no cemitério de Bissau...

Têm uma visão idealizada do pai (que só conhecem pelas histórias contadas pelas mães...) bem como do longínquo Portugal... Tiveram infâncias tristes, magoadas, cruéis, vítimas de racismo, de bullying, de maus tratos... Sobreviveram...

Temos a obrigação, enquanto blogue, de fazer algo mais por estes homens e mulheres que, apesar de tudo, ostentam dignidade, querem ser conhecidos, reconhecidos, ouvidos... É o mínimo a que têm direito. Nem sequer são "portugueses"... Precisam de apoio psicológico e jurídico (que a embaixada portuguesa em Bissau podia dar, enquanto não há uma "solução política" para este drama humano e social..., afinal os "filhos de tuga" não são mais do quer  do "náufragos do império", como tantos outros").

Com tantas ONG a trabalhar na Guiné, e ainda ninguém se "lembrou" e teve compaixão por "estes restos de tuga" (a não ser alguns de nós, como a Catarina Gomes, o José Saúde, o Pepito, o Cherno Baldé...). (Apesar de tudo, há uma centena de referências no nosso blogue aos "filhos do vento"...).(**)

 (Revisão / fixação de texto: LG)
________________


Notas do editor LG:


Vd. t6ambém poste de 4 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26981: Diálogos com a IA (Inteligència Artificial) (5) : a origem da expressão "Filhos do Vento" (="Filhos de Tuga") e a "paternidade" do José Saúde

(**) Último poste da série > 12 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26910: S(C)em comentártios (72): Em Fulacunda, a tropa mal tinha o necessário para a sua própria alimentação, quanto mais alimentar 400 bocas civis e muçulmanas (Cherno Baldé, Bissau)

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26981: Diálogos com a IA (Inteligència Artificial) (5) : a origem da expressão "Filhos do Vento" (="Filhos de Tuga") e a "paternidade" do José Saúde




21 "filhos do vento" ou "fidju di tuga" (10 homens, 11 mulheres), membros da associação "Fidju di Tuga", criada em 2013 (com a ajuda da jornalista e escritora Catarina Gomes)

Fotogramas: Filhos de Tuga > Ao Pai Desconhecido | Episódio 1 de 3 | Duração: 52 min | RTP 1 | Episódio 1 | 02 Jul 2025 (realização: João Gomes e Catarina Gomes, 2025) (*)

 (Cortesia de  RTP > Programas TV)

Edição de imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


(...) A Associação Fidju di Tuga/Filho de Tuga-Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes na Guiné-Bissau foi criada em 2013 para representar os chamados Fidju di Tuga, expressão que traduzida do crioulo significa Filho de Tuga, e que durante todas as nossas vidas foi usada para nos designar/ insultar na Guiné-Bissau.

Somos filhos de ex-combatentes portugueses que estiveram na Guiné-Bissau durante a guerra colonial/guerra da libertação e que tiveram filhos com mulheres guineenses e os deixaram para trás. Muitos de nós até hoje apenas sabem os apelidos e patentes dos nossos pais, dados incompletos que não nos permitiram saber quem é nosso pai português e tentar entrar em contacto com ele.

Criámos esta associação para representar todos estes filhos que ficaram. Somos actualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau. Estimamos que existam pelo menos meio milhar de "filhos de tuga" espalhados pelo país, todos nascidos durante os anos da guerra ou no ano imediatamente a seguir ao regresso definitivo das tropas portuguesas.

Os nossos pais estiveram na Guiné-Bissau ao serviço do Estado Português. Os abaixo-assinados vêm por este meio pedir o reconhecimento do seu legítimo direito à nacionalidade portuguesa como filhos de pais portugueses, solicitando que a sua causa seja debatida no Parlamento português. (...)

 

I. Perguntámos à IA (Inteligêrncia Artificial) qual a origem da Expressão "Filhos do Vento" ? (**)

(i) Resposta do ChatGPT:

A expressão "filhos do vento" tem origens e significados variados, dependendo do contexto cultural, histórico e simbólico em que é usada. Aqui estão algumas das principais origens e interpretações:

1. Origem Poética e Simbólica

A expressão "filhos do vento" é frequentemente usada de forma metafórica ou poética para descrever pessoas ou seres associados à liberdade, velocidade, evasão, natureza ou espiritualidade.

"Vento" simboliza o que é invisível, livre, incontrolável e poderoso, e "filhos do vento" seriam aqueles que compartilham essas qualidades. Pode referir-se a espíritos livres, nómadas, viajantes, povos indígenas, ou mesmo animais velozes.

2. Ciganos e Povos Nómadas

Em algumas culturas, "filhos do vento" é uma expressão associada ao povo cigano, por causa de sua vida nômade e da forma como se movem livremente pelo mundo.

O termo expressa tanto a admiração pela liberdade do estilo de vida quanto, por vezes, um olhar romântico ou exótico sobre esses povos.


II. E no contexto da guerra colonial na África Portuguesa, nos anos 60/70 ?

(ii) Geminia IA / Google:

A expressão "filhos do vento" em blogues sobre a Guerra Colonial Portuguesa em África refere-se às crianças nascidas de pais militares portugueses e mães africanas durante o conflito.

O termo evoca a ideia de que essas crianças eram, de certa forma, "levadas pelo vento", ou seja, deixadas para trás, muitas vezes sem o reconhecimento paterno ou o suporte dos seus pais biológicos após o fim da guerra e o regresso dos militares a Portugal.

É uma expressão que sublinha o abandono, a falta de raízes e a identidade complexa que muitas dessas crianças enfrentaram, sendo muitas vezes estigmatizadas ou tendo dificuldades em serem integradas tanto na sociedade africana quanto na portuguesa.

Essa expressão tornou-se mais conhecida, por exemplo, com a obra "Furriel Não É Nome de Pai",  de Catarina Gomes, que explora precisamente as histórias e o destino dessas crianças.

É importante notar que, em outros contextos, "filhos do vento" também é uma expressão usada para se referir ao povo cigano, devido ao seu estilo de vida tradicionalmente nómada e livre. No entanto, no contexto da Guerra Colonial, o significado é específico e está ligado ao legado humano do conflito.


III. O que quer dizer a expressão "filhos do vento", ou também "fidju di tuga", usada por exemplo em blogues como "Luís Graça & Camaradas da Guiné" ?


(iii) ChatGPT:

A expressão "filhos do vento" ou "fidju di tuga" (em crioulo guineense, literalmente "filho do português") tem um significado simbólico e histórico profundo, especialmente em contextos relacionados com a Guerra Colonial Portuguesa e os seus desdobramentos sociais, culturais e identitários.

1. "Filhos do vento"

Esta expressão é usada para se referir a indivíduos, muitas vezes mestiços ou filhos de soldados portugueses com mulheres locais (guineenses, angolanas, moçambicanas, etc.), nascidos durante ou após o período da Guerra Colonial (1961–1974). 

O termo "vento" sugere algo efémero, transitório ou invisível — como se essas pessoas fossem o resultado de encontros passageiros ou relações informais durante o tempo da guerra.

Conotações:
  • Pessoas sem paternidade reconhecida oficialmente.
  • Crianças deixadas para trás por soldados portugueses ao regressarem a Portugal.
  • Vidas marcadas por um certo abandono ou ausência de raízes claras.

2. "Fidju di tuga"

Em crioulo guineense: "Fidju" = filho | "di" = de | "Tuga" = português (forma informal, muitas vezes usada para referir-se ao colonizador)

Este termo pode ser usado de forma neutra ou afetiva para designar:

  • Filhos de portugueses com mulheres guineenses;
  • Pessoas mestiças, vistas como pertencentes a dois mundos (o africano e o europeu);
  • Às vezes também tem uma carga crítica ou irónica, dependendo do contexto.

No contexto do blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné":

Este blogue é mantido por ex-combatentes da Guiné e muitos dos textos são memórias pessoais, reflexões sobre a guerra, e histórias humanas. Nesses textos, "filhos do vento" são frequentemente mencionados com um tom nostálgico ou reflexivo, abordando o legado humano da presença portuguesa em África, sobretudo as ligações afetivas que deixaram marcas profundas, tanto nos soldados como nas populações locais. (...
)
 

IV.  O escritor e antigo combatente José Saúde ("Um ranger na guerra colonial", Edições Colibri, Lisboa, 2020) reivindica a "paternidade" da expressão. Certo ?

(iv) ChatGPT:

Sim, está certo: o próprio José Saúde — ex‑furriel na Guiné e autor de Um ranger na guerra colonial — reivindica a paternidade da expressão “filhos do vento”. 

Foi ele quem, num post no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, pela primeira vez, em 2011,  utilizou essa metáfora para designar os filhos nascidos de relações fugazes entre militares portugueses e mulheres guineenses, e que ficaram na Guiné sem pai identificado após o regresso dos soldados a Portugal (...)

Nesse post, Saúde lançou o tema ao desafiar os camaradas a partilharem relatos:

“Camaradas: quantas crianças mestiças, cuja paternidade era imputada a militares, 'tugas'… vocês conheceram…?” (...) 

Outros ex‑combatentes começaram a usar a expressão “filhos do vento” e reconheceram que ela surgira exatamente da iniciativa de Saúde .

Assim, de facto, José Saúde é considerado o criador do termo, e não apenas um dos que o popularizou.



(v) Gemini IA / Google:

É um facto que José Saúde, autor do livro "Um ranger na guerra colonial", é uma figura proeminente na discussão sobre os "filhos do vento" e reivindica ter sido o primeiro a utilizar e divulgar essa expressão para se referir às crianças nascidas durante a Guerra Colonial Portuguesa, fruto das relações entre militares portugueses e mulheres africanas.

Em vários blogues e publicações sobre o tema (...),  é possível encontrar referências onde se agradece a José Saúde por ter cunhado ou popularizado a expressão "filhos do vento", reconhecendo o seu papel na visibilidade desta questão. A sua contribuição foi fundamental para trazer à tona este aspeto sensível e muitas vezes silenciado do legado da Guerra Colonial.

A expressão "filhos do vento" ("fidju di tuga" é outra designação comum, usada pelos próprios e que carrega o estigma da sua origem) capta a essência da situação dessas crianças: a sua condição de terem sido, muitas vezes, deixadas para trás, sem o reconhecimento do pai e sem um lugar social definido, vivendo num "limbo" identitário.


V. Blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", queres tu dizer ?!


(vi) Gemini IA / Google

Sim, é precisamente esse blogue!

O blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" é uma referência importante e amplamente reconhecida para a memória da Guerra Colonial Portuguesa, especialmente no que diz respeito à Guiné-Bissau. Ele serve como um vasto arquivo de testemunhos, fotografias e discussões entre ex-combatentes, historiadores e interessados no tema.

Como pode ser visto nos resultados da pesquisa, o blogue tem um histórico de abordar a questão dos "Filhos do Vento" e faz menção a José Saúde, reconhecendo o seu contributo para a visibilidade deste assunto. É um espaço onde se partilham memórias, se promovem debates e se procura reconstituir o "puzzle" da experiência da guerra, incluindo os seus legados humanos e sociais.

É um recurso valioso para quem procura aprofundar o conhecimento sobre a Guerra Colonial e as suas diversas dimensões.



VI. Contrariamente ao que se passou na guerra do Vietname, relativamente às "dust children", em Portual náo existem estimativas sobre o número de crianças nascidas de relações, fora do casamento,  entre militares portugueses e mulheres africanas (angolanas, guineenses, moçambicanas) durante a guerra colonial (1961/75)... Porquè ?


(vii) ChatGPT:

Essa questão é muito pertinente e toca em temas sensíveis da história recente portuguesa. A ausência de estimativas sobre o número de crianças nascidas de relações entre militares portugueses e mulheres africanas durante a guerra colonial (1961–1975) pode ser explicada por vários fatores, tanto políticos como sociais e culturais.

Aqui estão algumas das razões mais relevantes:
 
1. Silêncio e negação pós-colonial

Após o fim da guerra colonial e a descolonização (1975), Portugal passou por um processo de transição política (Revolução dos Cravos) que tentou, em grande parte, “virar a página” da era colonial. Este desejo coletivo de esquecer ou silenciar o passado contribuiu para que muitos temas, como estas relações e as crianças delas resultantes, não fossem alvo de estudo nem debate público.

2. Estigma e discriminação

As crianças mestiças (ou "filhos da guerra") muitas vezes enfrentaram discriminação nas sociedades africanas e portuguesa. Em muitos casos, essas crianças foram marginalizadas ou não reconhecidas pelos pais portugueses, o que contribuiu para o apagamento da sua existência oficial.

3. Falta de registos oficiais

As relações entre militares e mulheres locais, muitas vezes casuais ou não institucionalizadas, raramente eram registadas oficialmente. Mesmo quando havia reconhecimento, este nem sempre se traduzia em registos civis. Sem dados oficiais, torna-se muito difícil fazer estimativas fiáveis.

4. Diferenças de contexto em relação ao Vietname

Nos EUA, o caso das “dust children” ou "Amerasians" foi muito mediatizado, e houve até programas de repatriação. Isso nunca aconteceu em Portugal, onde não houve pressão internacional ou movimentos sociais significativos para o reconhecimento ou proteção destas crianças.

5. Falta de investigação académica

Só mais recentemente a historiografia portuguesa começou a olhar com mais atenção para a dimensão humana e social da guerra colonial. O foco esteve durante décadas mais centrado em aspetos militares, políticos ou estratégicos.

Apesar desta invisibilidade, há um crescente interesse académico e social em Portugal sobre estas memórias silenciadas. A recuperação destas histórias é essencial para compreender o impacto humano da guerra colonial. (..:)


 
VII. Dz-me algumas fontes


(viii) ChatGPT:

 (...) Em síntese

Estima-se que existam centenas — talvez milhares — de crianças nascidas de relações entre militares e mulheres africanas, mas não há dados oficiais nem registos sistemáticos .

O tema foi documentado no jornalismo (como por Catarina Gomes) e em projetos académicos (CES-UC).

A maioria das fontes enfatiza o silêncio institucional, o estigma social e a falta de reconhecimento legal.


(Pesquisa, seleção, revisão / fixação de texto, negritos, título: LG)
_______________

Notas do editor:

(*) ´Vd. poste de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26977: O segredo de... (50): uma recordação que ainda hoje me persegue: fiquei com fama de ter agredido um 1º cabo, "branco" da CCAÇ 2701 (e para mais meu conterrâneo de Águeda) para defender a honra de uma "preta" (mulher de um soldado meu, do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72) (Paulo Santiago)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Saltinho >O crachá da CCAÇ 2701, "Os 3 SSS" (Saltinho, 1970/72)., comandada pelo cap inf Carlos T. Clemente.  Cortesia de Paulo Santiago.



1. Mensagem do Paulo Santiago, ex-alf mil inf,  cmdt Pel Caç Nat 53 (Saltinho, 1971/73) (é um histórico da nossa Tabanca Grande, tem já cercad 2 centenas de referências desde 22/6/2006).


Data - quarta, 2 de julho de 2025, 18:22

Assunto - Recordação que me incomoda de tempos a tempos


Luis,

Estes últimos textos sobre os "filhos do vento" vieram acordar uma mágoa com 54 anos.

Foi em julho de 1971, viria de férias em agosto,encontrava-me no bar após o jantar quando o meu soldado Mamadú Baldé entra transtornado.

- Alferes, o nosso cabo Manuel C... tentou abusar da minha mulher, agrediu-a.

Fiquei de cabeça perdida, ficaria sempre aqui com a agravante de o Manuel C... ser meu conterrâneo, da mesma freguesia.

Procurei o abusador e, quando o encontrei, dei-lhe uma carga de pancada.

Escapou-se para o abrigo onde foi buscar a G3. Teve azar,entretanto vieram outros elementos do Pel Caç Nat 53, detiraram-lhe a arma e levou mais uns murros.

O Manuel C... desapareceu nessa noite em direcção desconhecida. Apareceu passados três dias.

O Cap inf Carlos T. Clemente, cmdt da CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72), mandou formar a companhia e disse ao cabo Manuel C... para dizer onde tinha andado e qual fora a intenção ao fugir.

Fugira com intenção de ir para a República da Guiné mas tivera receio de cair nalguma armadilha ou mina, e não se tinha afastado muito do quartel e do rio Corubal. Comera umas folhas e bebera água do rio.

Este cabo, da CCAÇ 2701,  tinha a especialidade de atirador mas não saía para o mato,estava na arrecadação de material de guerra com um 2º sargento.

Quando chegou ao fim da explicação dos três dias de ausência,diz o Clemente:

- O alferes Santiago vai decidir qual a punição a dar-te.

Fiquei lixado. Eu, conterrâneo do abusador, que também estava para vir de férias, é que ia decidir a punição.

Claro que o Manuel C... ficou sem o castigo merecido.

Apesar da ausência de punição, fiquei, à data, com a fama de ter agredido um conterrâneo para defender uma preta.

Acrescento: o tipo está num país da América do Sul, e os familiares "rezam" para que ele não venha a Portugal porque da única vez que veio, houve graves problemas.

O Manuel C... devia ter levado uma "porrada", não levou, e ainda hoje, quando me lembro, fico incomodado.

Paulo Santiago

PS - Luís, fica ao teu critério, publicar ou não.


2. Comentário do editor LG:



Paulo, obrigado pela confiança que depositas no blogue, na pessoa do seu editor, e teu velho amigo e camarada. Decidi partilhar o teu "segredo", por uma mão cheia de razões:

(i) não éramos meninos de coro;

(ii) este caso e o seu desfecho são exemplares e merecem ser conhecidos;

(iii) que fique claro: houve casos de violação (ou de tentativa de violação) de mulheres da população civil (e também de prisioneiras) no TO da Guiné; muitos ou poucos, não sabemos, não há estatísticas; houve casos, como em todas as guerras;

(iv) na guerra não vale tudo, e o exército português tinha princípios e valores;

(iv) este caso envolveu um graduado (1º cabo) d CCAÇ 2701, " branco" (e por sinal teu conterrâneo) e a mulher de um teu soldado, do recrutamento local, do Pel Caç Nat 53;

(v) houve violência (física), não chegou a haver violação; o que não atenua a gravidade do comportamento do teu subordinado;

(vi) tu eras comandante operacional de um subunidade, adida ao CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72);

(vii) com estrito respeito pela hierarquia, o cap inf Carlos T. Clemente (hoje cor ref), não quis fazer o "by pass", isto é, quebrar a unidade comando-controlo;

(viii) não podias deixar de agir, sob pena de perderes a autoridade e o respeito dos teus homens;

(ix) e agiste à boa maneira da malta de cavalaria e dos paraquedistas: uns bons murros valiam mais, naquele contexto, do que uma "porrada" averbada na caderneta militar (não faço juízos de valor nem discuto se, face ao RDM, tinhas outras alternativas);

(x) podia ter ficado cara a tua atitude lúcida e corajosa: o cabo "abusador" foi buscar a G3 com intenções malévolas (talvez de "vingança"); foi felizmente desarmado e, em desespero de causa, decidiu desertar; cobardolas e arrependido, voltou para o quartel ao 3º dia;

(xi) a lição que tu lhe deste, não sabemos se ficou para a vida; mas 1º cabo Manuel C... deveria ter-te ficado agradecido por não quereres vê-lo embrulhado numa folha de papel selado; se o caso chegasse ao com-chefe, o gen Spínola, o teu homem nem saberia de que terra era;

(xii) o caso foi público e notório (agressão a um elemento civil, insucordinação e tentativa de deserção), mas mesmo assim omiste o seu apelido, como de resto mandam as nossas regras editoriais;

(xiii) espero que ele, algures, na América Latina, ainda te possa ler, e mostrar, memso que tardiamente, arrependimento e gratidão (neste caso, pelo teu sentido de justiça);

(xiv) e, por fim e não menos importante, deves sentir orgulho, mesmo ao fim destes 54 anos (!), de não teres cedido à tentação do "nacional-porreirismo" e teres sabido defender a honra de uma mulher (para mais, mulher de um soldado teu), de acordo com o nosso código de ética como militares;

(xv) mais do que "oficial e cavalheiro", soubeste respeitar a tua consciência e honrar a tua farda!

...De qualquer modo, Paulo, e como já aqui temos dito, nesta série "O segredo de...",  há vítimas nem lugar para a vitimização, não há heróis nem vilóes... Em contrapartida, também não consentimos que camaradas insultem outros camaradas, seja a que pretexto for (e, muito menos, na sequência da revelação de um "segredo", seja qual for o seu conteúdo).  

Uns e outros teremos de ser razoáveis e tolerantes, dois exercícios (o da razoabilidade e o da tolerância) que nem sempre não fáceis... Esta série funciona como um verdadeiro... "confessionário". E ir ao "confessionário" é, antes de mais, "desabafar" sem receio de ser criticado (e muito menos  crucificado na praça pública). Vir aqui dar a cara e contar um "segredo" também é um ato de coragem.

Guiné 61/74 - P26975: (Ex)citações (435): Não tememos vir a público falar sobre os filhos que por lá ficaram nos três teatros de guerra, Angola, Guiné, Moçambique... (José Saúde, escritor, e ex-fur mil OE/Ranger, CCS / BART 6523, Nova Lamego, 1973/74)

1.  Comentário do José Saúde 
ao poste P26972 (*)

Camaradas,

O tema é real. Reconheço que, em princípio, não terei sido bem interpretado por alguns dos camaradas, mas o tema é exatamente verdadeiro. Não é, ou foi, ficção. 

Não tememos falar sobre os filhos que por lá ficaram nos três teatros de guerra Angola, Moçambique e Guiné, cuja vinda ao mundo foi originada por camaradas nossos, e não me excluo, que em certos momentos de amor físico lá deixavam "sementes" que originaram crianças com a patente lusa. 

Por isso, arrisquei trazer a público a questão dos "filhos do vento", algo que se assimilava a um tabu, melhor, a uma caixa hermeticamente fechada no silêncio dos deuses e "ai, Jesus, quem porventura o fizesse", pois logo vinha a misericórdia em que os mais atrevidos, neste caso eu assumo-o com inteira justeza, eram zurzidos com as mais díspares "soberbas" posições, que eu próprio admiti e compreendi, mas jamais me vergando a quem assim o entendia. 

Respeita escrupulosamente opiniões adversas.

Somos, hoje, camaradas que militamos na casa dos 70 ou 80 anos, por conseguinte tudo é passado, mas lembrem-se, e sempre, que nós, "os tugas", éramos "miúdos" na casa dos 20, 21, 22 ou 23 anos, por conseguinte, nunca esqueçam que houve crianças, hoje homens e mulheres, que ao longo da vida se confrontaram com problemas tribais que lhe atribuíram um símbolo de valores na verdade nefastos.


Bem-haja a hora em que aqui no nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou no livro "Um Ranger na Guerra Colonial, Guiné-Bissau,  1973/1974" (Edições Colibri, Lisboa)=, trouxe o tema a público e que resvalou para patamares superiores e, quiçá, impensáveis.

Deixo uma troca de mensagem entre este vosso camarada e a jornalista Catarina Gomes, autora dos episódios (que começam a ser exibidos na RTP, na quarta, dia 3) (*)

Abraço, camaradas, Zé Saúde (**)
_________________

Troca de mensagens recentes entre o José Saúde e a Catarina Gomes:

José Saúde:

Catarina, o tema foi tabu ao longo de vários anos, todavia, valeu a minha iniciativa em trazer a público os "filhos do vento" que abriram estradas para que hoje essa temática deixasse de ser um misterioso mundo onde se cruzavam segredos que poucos ousavam, e ousam, admitir. Mas, a humanidade, sim nós seres pensantes que fomos meros protagonistas na guerra colonial, conhecemos essa realidade.

 Quando lancei o tema, quer no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou num dos meus livros já editados (11) - "Um Ranger na Guerra Colonial, Guiné-Bissau,  1973/1974" (Edições Colibri, Lisboa), fui sujeito aos mais fúteis comentários, porém, nada me incomodou e segui em frente, dado que eu, afinal, tinha razão e sabia daquilo que falava. 

Para esses homens e mulheres, outrora crianças, deixo expresso o meu singelo sentimento de solidariedade. Sejam felizes, porque são gentes com sangue de tuga. Eu testemunhei e afirmei-o conscientemente.

Catarina Gomes:

José Saúde: Foste tu quem abriu esta caixa, que continua a reservar surpresas. Muito obrigada. Beijinhos




Capa do livro do José Saúde, que foi apresentado na Casa do Alentejo, Lisboa, em 8 de fevereiro de 2020, pelo major general Raul Cunha e por Luís Graça.


(...) Era linda! Por ironia do destino não consigo lembrar-me do seu nome. Sei, e afirmava o povo com certezas absolutas, que era filha de um camarada, furriel miliciano, que anteriormente esteve em Nova Lamego. Era uma criança dócil. Meiga. Recordo que a sua mãe era uma negra, muito negra, com um rosto lindo e um corpo divinal. Conheci-a e verguei-me perante a sua sensibilidade feminina. Da menina, agora feita senhora, nunca mais soube.(...) A menina foi, afinal, mais um dos “filhos do vento” que marcaram os conflitos em África. (***)


O Zé Saúde, alentejano de Aldeia Nova de São Bento, a viover em Beja,  "ranger", jornalista e escritor, foi o primeiro a levantar aqui, entre nós, a dolorosa e delicada questão dos "filhos do vento"...

A expressão "filhos do vento" foi usada pela primeira vez em 19/9/2011 (***).

 Temos uma centena de referências a esta temática ("filhos do vento" e "fidju di tuga"). 
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29

(**) Último pposte da série > 2 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26974: (Ex)citações (434): Uma questão de "falso pudor"... (José Teixeria, régulo da Tabanca de Matosinhos; ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70)

(***) Vd. poste de 19 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8798: Memórias de Gabú (José Saúde) (3): reflexos de uma guerra que deixou marcas no tempo: “Filhos do vento”

terça-feira, 1 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29



Filhos de Tuga > Ao Pai Desconhecido | Episódio 1 de 3 | Duração: 52 min | RTP 1 | Episódio 1 | 02 Jul 2025

Houve um tempo em que Fernando Hedgar da Silva pensou que o pai português se chamava Furriel. Só em adulto percebeu que, afinal, furriel não era nome e sim o posto do militar que esteve com a mãe durante a guerra. Pensou que era caso único. Acabou por descobrir que havia muitos como ele na Guiné-Bissau: chamam-lhes «filhos de tuga» ou, se os querem magoar mais, «restos de tuga». 

Fernando criou uma associação para os defender ("Fidju di Tuga"). Todos os anos organizam uma «Homenagem ao pai desconhecido», uma cerimónia em que depositam coroas de flores em campas de militares portugueses mortos na Guerra Colonial. Dizem que só vão parar quando os pais os reconhecerem ou, pelo menos, Portugal.




A Procura








José Saúde


terça, 24/06, 16:45 (há 7 dias)



Luís, interessante este tema. Repara onde os "Filhos 


Filhos de Tuga > A Procura | Episódio 2 de 3 ! Duração: 52 min | RTP >  07 jul 2025 | 22: 29

A mãe da moçambicana Rosa Monteiro nunca lhe escondeu que o pai era um marinheiro português. No tempo da guerra, o militar esteve colocado na terra delas, junto ao Lago Niassa, no Norte de Moçambique. A filha sabia pouco sobre o pai, além do apelido Monteiro, o posto militar que ocupava e o modelo da lancha onde navegava. Rosa andou uma vida inteira a tentar ir a Portugal descobrir o pai. Acabou por ser um ex-combatente português, marinheiro como o pai, a dar-lhe a mão.

Fonte: RTP > Programas TV

 

1. Amanhã. quarta, dia 2 de julho de 2025, estreia, na RTP1,  a série documental "Filhos de Tuga", da autoria de João Gomes e Catarina Gomes. Produção: RTP. São 3 episódios, cada um com a duração de 52 minutos.

Sinopse: Conheça a história de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante a Guerra Colonial em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique

Uma série documental que aborda um problema desde sempre abafado pela História: a existência de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante os 13 anos de Guerra Colonial - em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - e que deixaram para trás, não os reconhecendo e, muitas vezes, ignorando até a sua própria existência.

Os autores percorreram os territórios das três antigas frentes de combate para trazer à luz do dia o drama silencioso destes herdeiros perdidos do império lusitano, esquecidos por Portugal e desprezados nos seus países, onde são depreciativamente tratados por "filhos de tuga" ou mesmo "restos de tuga". 

Mais de meio século depois, a sua ambição continua a ser apenas uma: conhecerem os pais, ou mesmo a família que têm do outro lado do mar. Mas é um desejo que sempre lhes foi negado, deixando uma dor que, por muito tempo que passe, não desaparece.

Como pano de fundo, permanece uma questão: terão os "filhos de tuga" direito a um reconhecimento do Estado português, que lhes deverá prestar toda a informação possível quanto aos seus laços de sangue paterno?

Fonte: RTP > Programas TV

Próximas emissões deste programa

02 Jul 2025 | 22:29 | RTP1

10 Jul 2025 | 22:30 | RTP Internacional


Ficha Técnica:

Título Original : Filhos de Tuga | Realização: João Gomes, Catarina Gomes | Produção; RTP e Nanook |  Autoria: Catarina Gomes | Ano2024 | Duração: 52 minutos

.______________

Nota  do editor

segunda-feira, 3 de março de 2025

Guiné 61/74 . P26545: Por onde andam os nossos fotógrafos? (41): Jorge Pinto (ex-alf mil, 3.ª C / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) - Parte VI


Foto nº 1 A Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > "Ensinar a ler e escrever a criançada. Era um ponto de honra. Juntamente com a escola regimental é do que mais me orgulho do tempo vivido na Guiné. Além das crianças também muitos soldados tiraram a 4ª classe e puderam tirar a carta de condução."

[O segundo miúdo, a contar da direita para a esquerda, tem fenótipo (feições) caucasiano, devendo ser filho de um militar branco... LG]



Foto nº 2 e 2A Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 2 A > Um arruamento  de Fulacunda... O Jorge Pinto passeando pela tabanca....


Foto nº 3A > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº  3A > "Conversando na tabanca. Estes momentos eram bons. Ao fim da tarde, antes do jantar, alguns militares passeavam pela tabanca  e normalmente havia sempre companhia para “dois dedos de conversa”. Os temas eram diversos: como era Fulacunda antes da Guerra, os piores ataques que tinham sofrido durante Guerra, familiares que viviam no mato, Ramadão e as alterações às rotinas da vida, falta de arroz na tabanca, brigas dos homens com as suas mulheres, poligamia"…


Foto nº  4A > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  "Criançada, junto messe oficiais. Era a hora de se beber uma fanta, sentados nos degraus de acesso à messe, enquanto as mães lavadeiras faziam a entrega da roupa lavada."

[A menina está sentada à direita do Jorge  tem fenótipo (feições) caucasiano, devendo ser também filha de um militar branco... LG]




Foto nº  5 e 5A  > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  "Em primeiro plano, lavadeiras fazendo entrega de roupa... Parte central do quartel, casernas e torre  de transmissões (em segundo plano), edifício comstruído  pelos 'Boinas Negras'  (CCAV 2482, 1969/70)."



Foto nº 6 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > Capa do jornal de caserna, mensal, "O Serrote", edição nº 1, 1973, editado pela 3ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74). Diretor: alf ml [Jorge] Pinto.


Fotos (e legendas): © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação de uma seleção das melhores fotos do álbum do  Jorge Pinto ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (*).


Natural de Turquel, Alcobaça, o Jorge é hoje professor do ensino secundário, reformado; vive na  Linha de  Sintra; membro da Tabanca Grande desde 17/4/2012, com mais de 6 dezenas de referências no blogue...É também membro da Tabanca da Linha. 

Pela qualidade técnica e estética, pela sensibilidade sociocultural bem como pelo interesse documental dos seus "slides", estamos a republicar, depois de reeditadas, algumas das suas melhores fotos (*ª).

Acrescente-ase que no seu tempo havia, em Fulacunda, um pelotão de artilharia constituído essencialmente por soldados fulas, furriéis e alferes da metrópole.

Os espaldões dos três obuses 14 estavamnotopo norte/noroeste do aquartelamento. Os morteiros 81 estavam junto dos abrigos a norte/nordeste. A metralhadora Breda estava instalada num abrigo a nordeste.

Havia abrigos defensivos em redor do aquartelamento e interligados por vala: três ao longo da pista, (oeste/noroeste), dois do lado norte e ainda mais dois a este/sudeste.A sul a defesa estava "entregue" ao pelotão de milicias que vivia na tabanca.

Os ataques provenientes de Sul eram pouco prováveis devido à existência dos braços de rio, como o Fulacunda, afluente do Rio Grande de Buba.

Havia ainda outros abrigos, no interior do quartel, mas sem função defensiva: torre de transmissões, cripto, mecânicos...

Recorde-se que 3ª C/Bart 6520/72 partiu do RAL 5 em 26.06.72 e regressou a 21.08.74. Teve como comandante o capitão mil  inf João Mouzinho Serrote. 

Publicava um jornal de caserna, mensal, a stencil, "O Serrote". O diretor era o alf mil Jorge Pinto (vd. foto nº 6, da capa da edição nº 1, 1973).

(Seleção, revisão / fixação de texto;: LG)
_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >  9 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26476: Por onde andam os nossos fotógrafos (37) ?: Zeca Romão, de Vila Real de Santo António, ex-fur mil at inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3963 e CCAÇ 16, Teixeira Pinto e Bachile, 1971/73) - Parte II

(**) Vd. poste 18 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26400: Por onde andam os nossos fotógrafos? (40): Jorge Pinto (ex-alf mil, 3.ª C / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) - Parte V

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25912: Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar: uma visão pessoal (Excertos) (Jaime Silva) - Parte IX: Testemunho 4: "Assumi a minha filha!" (Manuel Barros Castro,ex-fur mil enf, CCAÇ 414, Catió, 1963/64, e Cabo Verde, 196465)

 


(...) Era linda! Por ironia do destino não consigo lembrar-me do seu nome. Sei, e afirmava o povo com certezas absolutas, que era filha de um camarada, furriel miliciano, que anteriormente esteve em Nova Lamego. Era uma criança dócil. Meiga. Recordo que a sua mãe era uma negra, muito negra, com um rosto lindo e um corpo divinal. Conheci-a e verguei-me perante a sua sensibilidade feminina. Da menina, agora feita senhora, nunca mais soube.(...)  A menina foi, afinal, mais um dos “filhos do vento” que marcaram os conflitos em África. (*)

O Zé Saúde, alentejano de Aldeia Nova de São Bento, "ranger", jornalista  e escritor, foi o primeiro a levantar aqui, entre nós, a dolorosa e delicada questão dos "filhos do vento"... Temos uma centena de referências a esta temãtica ("filhos do vento" e "fidju di tuga").



SILVA, Jaime Bonifácio da - Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar : uma visão pessoal.

In:  Artur Ferreira Coimbra... [et al.]; "O concelho de Fafe e a Guerra Colonial : 1961-1974 : contributos para a sua história". [Fafe] : Núcleo de Artes e Letras de Fafe, 2014, pp. 23-84.


.

Jaime Bonifácio Marques da Silva (n. 1946): 

(i) foi alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72); (ii) tem uma cruz de guerra por feitos em combate; (iii) viveu em Angola até 1974; (iv) licenciatura em Ciências do Desporto (UTL/ISEF) e pós-graduação em Envelhecimento, Atividade Física e Autonomia Funcional (UL/FMH); (v) professor de educação física reformado, no ensino secundário e no ensino superior ; (vi) autarca em Fafe, em dois mandatos (1987/97), com o pelouro de desporto e cultura; (vii) vive atualmente entre a Lourinhã, donde é natural, e o Norte; (viii) é membro da nossa Tabanca Grande desde 31/1/2014; (ix) tem 85 referências no nosso blogue.

.

1. Estamos a reproduzir, por cortesia do autor (e com algumas correções de pormenor), excertos do extenso estudo do nosso camarada e amigo Jaime Silva, sobre os 41 mortos do concelho de Fafe, na guerra do ultramar / guerra colonial. A última parte do capítulo é dedicada a testemunhos e depoimentos recolhidos pelo autor (pp. 67/82).


Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar – Uma visão pessoal [Excertos] 


Parte IX:  Testemumho 4: "Assumi a minha filha!" (Manuel Barros Caastro,ex-fur mil enf, CCAÇ 414, Catió, 1963/64, e Cabo Vderde, 1964/65) (pp. 75/77)





Testemunho 4


No seu relacionamento com a população nativa, quem deixou por lá os chamados “ filhos do vento” ou assumiu os filhos, perfilhando-os e trazendo-os consigo para a Metrópole?


Já perto do final da sessão, levantei esta questão pertinente, dirigindo-me aos presentes: "Quantos de nós deixaram por lá os, hoje, designados 'filhos do vento' 
 e não assumiram?"

Manuel Barros Castro,
ex-fur mil enf, CCAC 414,
 Catió, 1963/64,
e Cabo Verde, 1964/65)

Ato contínuo, o ex-furriel Castro, presente na sala, levanta imediatamente o braço e diz: "Eu assumi".

O Manuel Barros Castro /foto à direita, c. 1963) fez o favor de me relatar esta sua história de vida no 28 de novembro de 2013. É natural de Fafe, e deu-me autorização para publicar este texto, lido por si, previamente.

Esteve na Guiné e pertenceu a uma companhia operacional ndependente (atiradores) , CCAÇ  414, sediada em Catió, onde o pessoal se instalou em tendas de lona. Tinha a especialidade de enfermeiro.

Desembarcou em Bissau no dia 21.3.63 e regressou a Portugal a 4.5.1965.

Formou Companhia em Chaves e, esta, esteve mobilizada para Moçambique, sendo à última hora desviada para a Guiné.

Nas conversas que, entretanto, ele fez o favor de ter comigo (eu conhecia a filha, mas não conhecia o contexto que tinha gerado a situação), ao falarmos do nosso relacionamento com as mulheres africanas, disse, eu, a determinada altura: "Até por que havia algumas facilidades de relacionamento pelo facto de algumas se oferecerem para ser as nossas lavadeiras"

- Não. Ela não era a minha lavadeira. Houve empatia entre os dois. Eu, como enfermeiro, dava apoio à população, distribuía medicamentos e foi nesta circunstância que a conheci, disse, emocionado. Emociono-me, sempre, que falo neste período da minha vida.

A gravidez foi problemática e a jovem, apesar de ser acompanhada por dois médicos militares, teve que ir para Bissau, por falta de condições.

Em Bissau, para onde a companhia (CCAÇ 414) se tinha deslocado temporariamente, soube, por uma tia da jovem, que esta estava hospitalizada e, numa das vezes qua a visitou, perguntou-lhe se ela concordava em entregar-lhe a filha, ao que ela respondeu que só queria que ela fosse branca. Era uma jovem sem instrução que, embora não fosse católica, concordou em batizar a filha.

Após 18 meses no mato, a Companhia, em vez de ficar em Bissau como estava previsto inicialmente, foi parar a Cabo Verde, alterando os planos do Furriel Castro. Disse que já tinha tudo preparado para instalar a filha, conhecida já como “a menina da Companhia” e protegida da esposa do Comandante da Companhia.

A menina nasceu a 16 de maio de 1964 e foi-lhe dado o nome de Lurdes Maria Biai Barros Castro. A Mimi, para a família e amigos.

A Companhia esteve nove meses em Cabo Verde e durante esse tempo a Mimi esteve, primeiro, internada num orfanato em Bissau, por interferência do Bispo de Bissau, depois ao cuidado da madrinha, uma senhora nativa que era funcionária nos CTT de Bissau, para quem o Castro mandava mensalmente uma pensão.

Alguns anos depois (1969) de ter terminado a Comissão, a madrinha da Mimi veio a Portugal trazer a menina, cuja mãe, entretanto, falecera.

A Mimi fez o seu percurso escolar em Fafe, tal como os irmãos (um irmão e uma irmã), concluiu o Curso de Professores do 1.º ciclo e casou com um colega professor. 

Infelizmente, faleceu com 45 anos em setembro de 2009 de doença incurável, quando trabalhava numa escola do concelho da Póvoa do Varzim, Maceira da Lixa, deixando uma filha de 11 anos.

Disse-me, ainda, que sempre se revoltou contra a falta de responsabilidade daqueles camaradas de armas que não assumiram os filhos que deixaram por lá, e conheceu alguns casos, alguns de oficiais, tanto na Guiné como em Cabo Verde.

Contou-me um episódio, relativamente recente, em que uma mulher guineense a residir nos Estados Unidos, filha de uma situação ocorrida na sua Companhia e que tinha descoberto a morada do pai, fez questão de vir a Portugal encontrar-se com o pai no aeroporto, só para lhe dizer:  "Eu sou sua filha, aquela mulher ali é a minha mãe. Eu não quero nada de si. Vim só para o conhecer. Passe muito bem!"

Na última vez em que nos encontrámos, comentámos a mentalidade daquela época, dos preconceitos sociais em relação à “cor” da pele e à rejeição social, sobretudo nas aldeias do Norte e interior do país, em aceitar casos destes. 

Diz que sentiu bem os “olhares” quando a filha chegou. Aliás, quando se referiam à filha, perguntavam-lhe: "Então como vai a sua filha adotiva?"... E o Manuel Castro respondia, perentório: “Eu não a adotei. A menina é mesmo minha filha”.

Disse-me, ainda, que no dia do funeral da filha, a madrinha (de quem já falei) estava em Portugal e esteve presente. Acrescentou que as pessoas, ainda hoje “cochichavam ao ouvido” e perguntaram-lhe se ela não seria a mãe. Teve que esclarecer que a mãe já tinha falecido e que aquela senhora era a madrinha da Mimi.

Contou-me, também, que num dos encontros da Companhia, alguém (que ele identificou) lhe perguntou: "Trouxe a miúda, porquê?”.

Uma história de vida edificante, sem dúvida. É exemplar e merece ser conhecida.

A história do Manuel Castro está contada, por sua autorização, no blogue sobre a Guerra Colonial, “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, onde pode ser consultada. Uma história exemplar. (**)

Agradeço-lhe publicamente o seu testemunho. Muito obrigado.

(Revisão / fixação de texto: LG)
__________________

Notas do editor:


(**) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense, e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23741: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte V: 4º e último episódio, "Laços de Sangue", hoje, 5ª feira, dia 27, às 20h00, na SIC Notícias, Jornal da Noite


Série documental "Despojos de guerra", 4ª episódio: "Laços de sangue", Fotograma do "trailer" (3' 58''). Um dos entrevistados é o José Maria Indequi, secretário da direção da Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau (FIDJU DI TUGA).

1. Sinopse, com a devida vénia, SIC Notícias > 25 out 2022, 12h17;

Chamam “filhos de tuga” aos mestiços nascidos das relações entre militares portugueses e mulheres africanas que foram deixados para trás. Entre a revolta e a esperança, ainda hoje tentam encontrar um nome de pai e descobrir a outra metade da sua identidade, como sucede aos irmãos Elva e José Maria Indequi.

"Despojos de Guerra" revela histórias extraordinárias de espionagem, patriotismo, sobrevivência e romance, tendo como pano de fundo a guerra colonial portuguesa em África (1961 a 1974).

Com recurso a imagens de arquivo extraordinárias e pela primeira vez submetidas a um processo de colorização inédito em Portugal, esta série documental, com assinatura de Sofia Pinto Coelho, vem dar voz a heróis anónimos que relatam agora, na primeira pessoa, as encruzilhadas que enfrentaram em tempo de guerra e de descolonização.

"Despojos de Guerra" é uma coprodução da Blablabla Media com a SIC, com o apoio à inovação audiovisual do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual.

Esta quinta-feira é apresentado o último episódio da série documental "Despojos de Guerra", disponível na plataforma Opto.

Sobre este tema, e sob o descritor "filhos do vento", temos mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue. ]