domingo, 9 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22186: In Memoriam (394): Jorge Oscar Machado Teixeira (1941-2021), 2º srgt QP, radiomontador, DFA, reformado, irmão mais velho do nosso camarada Virgílio Teixeira, e que esteve prisioneiro na Índia, em 1961/62




Uma flor no último adeus: "Jorge, meu irmão, meu herói, meu amigo, descansa em paz. Nunca te esquecerei! Teu irmão Virgílio. 9 maio 2021"

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde.



Date: domingo, 9/05/2021 à(s) 14:31

Subject: Morreu o meu irmão Jorge (, foto à esquerda)

Luís, estou com pouco tempo, por isso vou ser breve. Pelo titulo já viste que o meu irmão mais velho, 79 anos, fazia 80 em 29 de agosto, acabou os seus dias ontem dia 8. Por causa da 2ª dose da vacina. Não morreu da doença, morreu da cura.

Ele, sendo para mim, mais do que o meu pai, levei uma pancada grande.

Tentei por telemóvel informar as pessoas, mas algumas não são adeptas do WhatsApp,  a única forma de mandar fotos.
 
Ele vai estar agora em câamara ardente na Igreja de Paranhos. Amanhã será feita a cerimónia do funeral, com a presença de uma secção do aquartelamento da Serra do Pilar onde funciona a Central de Comando do Pessoal, para estes efeitos - Tel 222037300.

Depois o corpo será levado para a Senhora da Hora, Matosinhos, onde funciona a cremação.

Vou ao velório agora de tarde, levarei apenas uma flor, que será autorizada, não querem ramos nem coroas.

Junto a imagem e cartão de homenagem. A minha neta mais velha, mandou por WS uma foto com um ramo de flores dedicado a mim, é um amor.

O meu irmão, Jorge Oscar Machado Teixeira, 2º Sargento do Quadro Permanente, Rádio Montador, fez o curso em Paço d´Arcos. Foi enviado para a India, onde ficou prisioneiro, como já escrevi,

Depois em 1964 foi para Angola até 1966, chegou pouco antes de eu assentar praça. Muitos anos ausentes, mas sempre irmãos e do qual ainda agora escrevi, que foi mais que meu pai, por isso nunca o vou esquecer.

É tudo, não tenho fotos digitalizadas dele, nunca foram precisas. Saiu da tropa aos 30 anos, foi considerado como Deficiente das Forças Armadas, e pertence à ADFA.

Fez depois a sua vida de trabalho durante mais 40 anos, e estava reformado, com um coeficiente de invalidez de 91%.


Abraço,

Virgilio

2. Ainda há tempo aqui falámos do Jorge Teixeira e do seu pai, que serviram ambos na India... E eu sugeri ao  Virgílio Teixeira que partilhasse connosco o "álbum da família", respeitante à Índia. Veja-se o comentário dele, num poste do Cláudio Brito, neto do Fermando Brito (**): 

(...) O meu pai também embarcou para a India, não no Afonso de Albuquerque, mas no Quanza em finais de 1955, tinha então 38 anos. Era militar de carreira.

A primeira carta que recebemos com uma foto, no topo lá dizia: 'A bordo do Quanza a caminho da India' lembro-me como se fosse hoje. Depois mandou outra foto e carta também de Port Said no Egipto, um mês depois.

Ele foi em 1955 e regressou já no 3º trimestre de 1958. Tinha cá 5 filhos, um dos quais tinha acabado de nascer,  a 11 de dezembro desse ano.

O meu irmão mais velho, tem agora 79 anos, contra os meus 78 anos, também ele fez o mesmo percurso do pai, só que já no fatídico ano de 1961, tendo ficado prisioneiro durante mais de 5 meses, debaixo das botas daqueles indianos. Tinha então, apenas 20 anos, era militar de carreira e tinha ido antes do tempo para a tropa como voluntário, no intuito de arranjar uma profissão, que depois acaba por cumprir durante 10 anos. Ainda fez uma comissão em Angola de 63 a 66, ele a chegar de Angola e eu a partir para a Guiné.

A vida na India era dura, mas não sei se podemos comparar como um todo, com a nossa Guiné. O meu pai ainda fez uma comissão em Moçambique, entre 66/68, e voltou a fazer outra também na Guiné, entre 72/74, sendo um dos últimos militares Portugueses a abandonar a Guiné.

Tenho poucas fotos do meu pai na Ìndia, mas sei que ele se relacionava bem com as entidades locais, que lhe valeram, saber através deles de amigos, se o meu irmão estaria vivo ou não, essa noticia chegou antes da informação oficial, que era sempre filtrada.

 (...) Só queria saudar-te e gostava que mais jovens, da geração dos meus filhos, com 47, 48 e 50 anos, se virassem um pouco para a nossa história, que foi muito dura para tantas gerações.
Não tenho de me queixar muito, mas estão saturados de eu lhes falar sempre da Guiné, e das minhas mais de 1000 fotos que as coloco diariamente no meu computador, cada dia, tem uma como pano de fundo.

 (...) Obrigado também por honrares Portugal, uma grande Nação, que tinha um grande Império.

Um abraço, do filho de um companheiro do teu avô, que passou pelos mesmos locais. (...)

3. E depois em comentários dirido ao editor do blogue, acrescentou o seguinte, relativamente à proposta ara partikha das fotos da Índia:


(...) Luis, isto é um caso de família, que não é ainda altura de partilhar. Tudo isto está escrito naquilo que eu nomeei como a história da minha vida, há 10 anos que está lá. Existem pormenores que tenho de conversar com o meu irmão, já que o meu pai já não está, mas eu conheço toda a história que motivou a antecipação da tropa do meu irmão, e que levou a ter de ficar prisioneiro, que não foi fácil. 

Sabes, todos conhecem o episódio no campo de prisioneiros de Pondá, no qual foram perfilados uma quantidade de militares, entre os quais o meu irmão, com 20 anos, de frente a uma bateria de metralhadoras. Felizmente o fuzilamento não aconteceu. Ele agora está acamado há anos, totalmente dependente para todas as funcionalidades mais banais. Todos sofremos com isso. Vai fazer os 80 anos no nosso dia 29, não de janeiro mas em agosto.

(...) Falar da India e o inicio da nossa queda do Império, tem de ser feita com cautelas, pois como todos sabemos há diferentes sensibilidades, e pela minha parte, estou cético a um consenso sobre estas matérias, é o que deduzo destes anos que compartilhamos pensamentos. (...)

4. Comentário de LG:

Virgílio: é muito duro perder, depois dos nossos pais, os nossos manos. Percebo o teu sofrimento. E vai daqui, em meu nome e em nome da Tabanca Grande, a minha/nossa soliariedade na dor.  Afinal, somos já uma grande família. E quando alguém de nós, ou desta nossa  grande família, morre, estamos todos a morrer um pouco.  

É uma notícia dolorosa, e inesperada, a que nos dás.  Ainda há dias estávamos a falar do teu mano que ficara prisioneiro na Índia em 1961/62. Embora acamado, e dependente, estava vivo e falavas com ele. Nestas circunstâncias, com o fim da pandemia de Covid-19 (, assim o esperamos), a notícia da sua morte é, compreensivelmente, mais dolorosa ainda. 

Quando quiseres e puderes, diz-nos algo mais sobre o teu mano (, que foi também nosso camarada), e manda-nos mais fotos dele. 

Um abraço fraterno para ti e para a família. LG
____________


8 comentários:

Anónimo disse...



Sentidos pêsames camarada. Um abraço

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Boa noite,
Fiquei a saber que o crematório existe também no cemitério de Paranhos, por isso é lá e não na Senhora da Hora, que se fará a cremação.
Depois tem lá acho que se chama um 'Roseiral', onde serão depositadas as cinzas no seu recipiente, ganha-se em tudo em especial em espaço.

O funeral será então às 15,30h.

Obrigado
Virgilio Teixeira



Hélder Valério disse...

Caro amigo Virgílio

Os meus sentidos pêsames.
É sempre doloroso perder um familiar, um amigo.
Vai demorar tempo a "habituar" à ideia. Até lá, tem que se fazer o luto.
Mas agora o que é preciso é exaltar as qualidades, as boas lembranças, para assim prolongar as boas memórias.

Um abraço solidário.

Hélder Sousa

Jorge Araujo disse...

Caríssimo Camarada

Virgílio Teixeira.

As minhas mais sentidas condolência.

Um abraço. Jorge Araújo.

Valdemar Silva disse...

No "Correio da Manhã" de hoje: Portugal sem mortes relacionadas com a vacinação.
Este "coveiro da manha" está mal informado.

Sentidos pêsames

Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Caro Valdemar, acerca das morte pós-vacinação podes ler aqui: https://expresso.pt/coronavirus/2021-05-10-Covid-19.-Portugal-nao-regista-mortes-relacionadas-com-a-vacina-d2e3fb9e

Sobre a existência de um crematório na Senhora da Hora, informo que não é correcto. O Tanatório de Matosinhos está instalado no Cemitério nº 2, em Sendim, na União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira.

Ao camarada Virgílio Teixeira apresento as mais sentidas condolências pela perda do seu mano mais velho. Esta estúpida pandemia continua a dizimar os mais velhos, de uma maneira ou de outra.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira/Matosinhos

Anónimo disse...

Luis e restantes companheiros,
Estes 3 dias já chegaram ao fim, dos piores dos últimos tempos.
O homem, meu irmão, meu maior amigo, ja está nesta data em cinzas, realmente foi feito no excelente Crematórios de Paranhos, mesmo em frente à minha antiga Faculdade de Economia, que destino este...
Teve as honras militares comandadas por um Major, e uma força militar de 'secção com 6 homens'. Diz ele que há falta de activos militares.
As salvas de tiros de G3 levou-me para trás, 52 a 54 anos, no final, os militares foram apanhar as cápsulas, não sei se por obrigação, ou para mandar para derreter.
A cerimónia da bandeira foi um momento também muito pesado, a entrega à viúva da bandeira, etc.
Tirei algumas fotos, sei que isso não foi bem visto por alguns, mas é a minha sina.
Posso mandar algumas para complementar este acto. O último que tinha visto foi em 3 de Junho de 1995, a quando do funeral do meu pai. Nessa altura a força militar, maior, cortou o trânsito na entrada do cemitério, todos tiveram de assistir, quem ia de carro teve de parar, parecia as cerimónias do içar da bandeira, na Guiné e noutros lados.

Para finalizar, por agora, quero exprimir o meu agradecimento ao Luis, por ter feito este Poste, o qual ainda é apenas do meu conhecimento, e a todos pelas mensagens recebidas, que foram sentidas, talvez porque vai chegando a nossa vez, não se sabe quem vai a seguir.

Renovo os agradecimentos a todos os que escreveram e aqueles que leram.

Abraço,
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Em relação ao comentário do Valdemar, tem razão. O C.M. e outros, se dizem isso é falso. Temos aqui um flagrante exemplo, o meu irmão não morreu de COVID, mas sim por causa da Covid e das Vacinas que lhe deram, num estado de muita fragilidade, e quando a primeira já deu efeitos secundários a segunda foi fatal!
Não sei nem quero saber o porquê, já não resolve nada.
Eu acho que tudo isto da saúde, é uma questão de sorte, depende quem nos vai calhar na hora em que precisamos mesmo, e isso ou é o destino, ou o azar.
A Vacina dele, foi dada em casa, depois levado pelo INEM para o HPH de Matosinhos, e foi-se...

Eu já tomei a segunda na sexta feira e até hoje não tive o mínimo de efeitos, nem me lembro disso, mas não somos todos iguais.

Um amigo e companheiro da Guiné, foi à segunda e já teve febre atc, está vivo.~

Ele diz que eu sou Imortal!

Ab, Virgilio