Em 26 de fevereiro [ 1974] , pelas 22h10, deflagrou um engenho explosivo no café “Ronda”, principalmente frequentado por militares de várias patentes. É uma café situado na principal artéria da cidade [ de Bissau] . Da explosão resultaram 1 morto civil africano, 14 feridos civis, sendo um grave, e 49 feridos militares, sendo cinco graves.
A análise dos estilhaços leva a admitir com probabilidae elevada que o engenho fosse constituído por 1 ou 2 granadas defensivas F-1 (russa), com espoleta de retardamento, MUV-2 , do mesmo tipo dos engenhos colocados no autocarro da FAP em 21 de janeiro [ de 1974] e em viatura miliatr em Bula em 24 de agosto de 1972.
Iniciadas averiguações pela PSP local, DGS-Bissau e autoridades militares, Comando da PSP difundiu comunicado geral de informação. Não houve o menor incidente durante festejos do Carnaval. Idêntico comunicado segue para o Ministério do Ultramar.
Informação errada no nosso blogue: o atentado terrorista contra o Café Ronda, em Bissau, não se deu em 1973 mas em 1974, em 26 de fevereiro. E foi da responsabilidade do PAIGC, que quis mostrar, no 1º aniversário da morte de Amílcar Cabral, que podia atingir alvos urbanos e civis no coração da capital...
Felizmente que a incursão pela "guerrilha urbana" ficou por ali...mas foi o suficiente para causar algum alarme entre os militares e suas famílias, que viviam em Bissau... (Resta saber se Amílcar Cabral, se fosse vivo, aprovaria este tipo de escalada da guerra, com recurso a atentados cegos, causando vítimas também entre a população civil.)
Subject: Disparidades de datas da ocorrência: Bomba no Café Ronda em Bissau
Caro amigo e camarada:
Como já sabes, estou a finalizar o meu livro "Heróis do Mar, Bombolom, Cimboa" sobre a minha estada na Guiné, entre 3 de Março de 1973 a 22 de Agosto de 1975 quando regressei a Cabo Verde e os primeiros cinco anos aqui.
Grosso modo, a 1.ª parte, Heróis do Mar, é essencialmente a minha vivência do último ano da Guerra em Bissau, pois cheguei em 3 de Março de 1973; a 2.ª parte é já a situação depois do 25 de Abril de 1974, a retirada da tropa portuguesa, o meu trabalho na Rádio Bissau (inicialmente Rádio Libertação); a 3.ª parte é a minha experiencia na Rádio Voz di Povo, depois Emissora Oficial, aqui na Praia, Cabo Verde.
Comigo, estão vários convidados, pessoas que comigo viveram muitos acontecimentos, tudo com o apoio de documentação, jornais, etc. Na primeira parte, socorri-me de muitos dos depoimentos/testemunhos de acontecimentos de 1973/74 narrados no teu Blog, assim como documentos que foram publicados. Obrigado pois ao Blog, que permite esta comunicação entre antigos militares e obrigado ao seu coordenador/moderador, que me deu a possibilidade de utilizar muita dessa informação publicada, citando é claro a fonte, um dever sagrado do jornalista.
Posto isto, devo dizer que entrei numa fase de verificação, reverificação, confirmação de fontes, datas, etc. e é justamente por isso que agora entro em contacto contigo para te expor o seguinte, sobre o acontecimento que foi a explosão de uma bomba no Café Ronda, em Bissau:
1. Na seguinte página do nosso blog,
6 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13698: Os Últimos Anos da Guerra da Guiné Portuguesa (1959/1974) (José Martins) (9): 7 de Abril de 197https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/10/guine-6374-p13697-os-ultimos-anos-da.html
encontram-se várias efemérides e na parte «Acontecimentos no período relacionados com a Guiné», diz o seguinte:
"26 de Fevereiro de 1973 explosão de uma granada de mão no Café Ronda em Bissau causando 1 Morto e 62 feridos."
2. Na seguinte pagina do nosso blog
27 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11164: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (6): Regresso a Bissauo meu camarada Abílio Magro, que comigo esteve em Santa Luzia, no QG, diz nas suas recordações:
(...) Bomba no Café Ronda
O Cafe Ronda situava-se na Av da República, um pouco mais abaixo do cinema UDIB e do lado contrário ao deste. Segundo me recordo, possuía uma espécie de esplanada coberta e ali se juntavam muitos militares (uns fardados, outros trajando à civil) que lá bebiam o seu cafézinho ou "bejeca", entre outras coisas. Tinha também um pequeno balcão que dava para uma rua transversal e onde também se podia beber o "cimbalino" ou a "bejeca", de pé e do lado de fora, com um atendimento muito mais célere.Numa determinada noite do ano de 1973, eu e mais dois ou três camaradas meus, tomamos o nosso cafézinho no balcão referido e seguimos de imediato para o cinema UDIB para assistir à exibição de um qualquer filme que por lá andava.
Poucos minutos depois do início da exibição do filme, dá-se um tremendo rebentamento lá fora e, quase de seguida se ouvem diversas viaturas com buzinadelas e sirenes, indiciando haver constante transporte de feridos. É interrompida a exibição do filme e surge uma voz aos altifalantes do cinema, solicitando a todos os médicos que, eventualmente, por ali se encontrassem, o favor de se dirigirem de imediato ao Hospital Militar.
Estão mesmo a ver onde este vosso camarada se dirigiu para ver o resto do filme, né? Pois, acertaram! Direitinho às Instalações Militares de Santa Luzia, onde se encontrava implantado o seu maravilhoso "T2"!
Tinham colocado uma bomba no Café Ronda, que explodiu quando este se encontrava repleto de clientes, tendo causado alguns mortos e muitos feridos. Nesse atentado ficou gravemento ferido um "piriquito" com 2 ou 3 dias de Guiné e que eu tinha conhecido no dia anterior, pois tratava-se do "pira" que ia substituir na CSJD o meu camarada Fur Mil Costa que terminara a sua comissão e tinha já viajado para a Metrópole. Aquele "piriquito" acabou por ser evacuado para Lisboa e soubemos mais tarde que aí falecera. Recordo-me do nome - Romão. (...)
3 . O meu colega jornalista Nelson Herbert refere no nosso blog
26 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9401: Memória dos lugares (171): A minha Bissau, nas vésperas do 25 de Abril de 1974 (Nelson Herbert)https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2012/01/guine-6374-p9401-memoria-dos-lugares.html
(...) Tive vários colegas portugueses, grandes amigos de infância que gostaria um dia poder rever (...)
Entre esses amigos, recordo-me perfeitamente do Zé (ligeiramente mais velho, 1 a 2 anos pelo menos), do Becas, seu mano mais novo, da minha idade... colega das pescarias no lodoçal das bolanhas, junto ao quartel da Marinha! O pai era militar... habitavam uma residência, mesmo em frente à messe dos sargentos da Força Aérea, por sinal meus vizinhos. Hoje calculo que o pai fizesse parte da "psico", contavam ingenuamente os filhos, ante a inocência geral...Armadilhado pelas células clandestinas do PAIGC, numa bela noite, o muro foi-se pelos ares… Isto, minutos depois do autocarro azul ter partido do local para a viagem do costume! Nesse dia felizmente bem mais cedo que o habitual!
Não houve vítimas, nem entre o pessoal da Forca Aérea nem entre a "meninada" que nas redondezas costumava brincar ao cair da noite!!! (...)
5. Nma reportagem na RTP intitulada Canquelifá, a última operação dos Comandos - YouTube já no final aparece esta imagem que refere a data 27Fev74 !!!!
Vd. fotograma do vídeo reproduzido acima e cujo teor é reproduzido
Caro Luis, face a tantas datas e desencontros, estou na dúvida quanto à minha recordação! Poderei estar errado! Eis porque entro em contacto contigo e com os camaradas, talvez consiga mais algum depoimento/informação sobre esse acontecimento….
Chamo atenção, como jornalista, para o facto de o relatório «sobre a situação militar no TO da Guiné no ano de 1974» ter a data de 1975, logo ter sido elaborado pelo menos 3 anos depois.... A mensagem confidencial que envio, leva a varias interrogações, sobre a hora e a data do acontecimento… Será que houve duas, ou mais, explosões no Café Ronda?!
Espero que este assunto possa despertar algum interesse e eu possa receber alguma luz.
Apresento melhores cumprimentos e desejos de muita saúde
Forte abraço
Carlos Filipe Gonçalves
Jornalista Aposentado
II. Resposta do editor LG:
Meu caro Carlos Filipe: obrigado pelo desafio que nos colocas... Tens toda a razão, vai por aqui um grande trapalhada de datas... E tu próprio estás equivocado.
A análise da mensagem (confidencial) que o Com-Chefe do CTIG manda para Lisboa, não deixa qualquer dúvida: o engenho eplosivo (uma ou duas granadas de mão defensivas, de origem russa,com espoleta ao retardor) lançada no Café Ronda foi no dia 26 de fevereiro de 1974, portanto ao tempo do gen Betencourt Rodrigues e não do Spínola.
Tanto o José Martins como o Abílio Magro apontam o ano de 1973. A informação está errada. O atentado terrorista contra o Café Ronda, em Bissau, não se deu em 1973 mas em 1974, em 26 de fevereiro. E foi da responsabilidade do PAIGC, que quis mostrar, no 1º aniversário da morte de Amílcar Cabral, que podia atingir alvos urbanos e civis no coração da capital... Mas parece que nesta altura as BR - Brigadas Revolucionárias, da Isabel do Carmo e do Carlos Antunes, também deram um arzinho da sua graça, colocando um engenho explosivo no QG, em Santa Luzia (quatro dias antes...). O seu a seu dono.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 31 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22053: Casos: a verdade sobre ...(21): a jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche, já era assente em três canoas, no meu tempo, c. set 1967 / c. abr 1968 (Abel Santos, sold at, CART 1742, Nova Lamego e Buruntuma, jul 1967 / jun 1969)
38 comentários:
O Francisco Carrola tem, na sua página do Facebook , de que somos amigos, uma mensagem de 2017 (!) que só agora vi:
(...) "Boa Noite....estive na Guiné....Olossato....será que alguns dos menbros do blog Tabanca Grande estiveram nessa localidade...??? Gostava de trocar falas com eles e partilhar fotos. Abraço. (...)
Respondi agora mesmo:
(...) Francisco, o mais simples é "dares a cara" no blogue... Tenho um lugar para ti, à sombra do nosso mágico e fraterno poillão, o nº 841... E acabo de reproduzir duas fotos tuas, do Café Ronda... com a devida vénia...
Temos muita malta do Oio (incluindo o Olossato)... Vd. o blogue: tens cerca de 160 referências ao Olossato:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Olossato
... Não tinha ideia do Café Ronda, no meu tempo (1969/71)... Mas eu não vivi em Bissau, passei por lá,algumas vezes... LG
Nelson Herbert
10 mai 2021 20:09
Oi Luis e Carlos… antes de mais , as minhas mantenhas… sao e salvo depois de ter sobrevivido a Covid que me quis trocar as “voltas” em termos de efeitos colaterais. Mas ja estou recuperado e de volta ao trabalho.
Mas vamos ao que interessa…
Só pra precisar aqui um aspecto ou disparidades a que o Carlos Gonçalves faz referência: o muro a que faço referência no post é pois o muro mesmo defronte à Messe dos Sargentos da Forçaa Aérea, na rua Engenheiro Sa Carneiro (a tal que ia dar aos servicos da Metereologia)...
A casa era habitada por um alto oficial militar e o muro era usado como “banco” ou ponto de espera diário pelo pessoal da messe da Força Aérea que, de rotina, lá apanhava o autocarro que os levava às sessões de cinema na Base de Bissalanca.
Foi esse muro que foi armadilhado pelo pessoal da Zona Zero ou da clandestinidade do PAIGC em Bissau e que foi parcialmente “pelos ares” …
Sem vitimas, já que o autocarro por obra de qualquer “Iran” resolveu fazer escala nesse dia alguns minutos mais cedo. Quando o autocarro já dobrava a Rua Sa Carneiro, lá no topo da rua junto a Metereologia/ Cabaret Chez Toi, deu-se então a explosão da bomba…
Portanto trata-se de um “atentado” da mesma época que o do Café Ronda e do veiculo armadilhado de um inspector da PIDE estacionado à porta do cinema UDIB… sá que nao tenho presente as datas mas creio que o do Cafe Ronda foi o éltimo dessa série…
Mas em todo o caso, Carlos sugiro que consultes tambem o recem lancado livro do Carlos Carvalho/ Inacio Carvalho (https://expressodasilhas.cv/cultura/2020/01/30/memorias-da-luta-clandestina-de-inacio-soares-de-carvalho/67739) ai na Praia…
No livro com o qual estive envolvido … contem alguma recolha de informações … depoimentos em entrevistas feitas ao pessoal da Zona Zero do PAIGC e a propósito desses e de outras acções clandestinas em Bissau…
Mantenhas de Terra Longe
Nelson Herbert Lopes
Carlos Filipe Gonçalves
10 mai 2021 19:29
Olá Luís:
Coincidência, estava agora mesmo a ver o teu post no Blog, quando chega esta tua mensagem. Muito obrigado pela ajuda. Agora vou ler e reler e depois proceder às correcções no livro. Brevemente darei notícias.
Um forte abraço e como sempre desejo de muita saúde.
Aquele abraço
Carlos Filipe Gonçalves
Jornalista Aposentado
Não me recordava destes atentados em Bissau, quer dizer que acção do PAIGC expandia-se para a guerrilha urbana.
Estávamos nos finais de 1973 início de 1974, com o cada vez maior abandono (estratégico?!) de tabancas e regiões, com os mísseis a atacar a nossa FA e com o início de atentados urbanos, afinal a guerra não estaria virada para um controlo a nosso favor e nem se quer para um "empate" como tem sido aventado.
Valdemar Queiroz
"Mentira"
Convém repor a verdade
Os engenhos explosivos colocados junto à messe da F.A., no café "ronda" assim como a do Q.G. foram colocadas por um alferes que pertencia às B.R..
Nunca foi política do PAIGC fazer guerrilha urbana com atentados deste tipo até porque seria politicamente negativo ao ser muito mal visto pela população.
POR FAVOR NÃO ME VENHAM COM A ARGUMENTAÇÃO DAS PROVAS.
Posteriormente o dito alferes foi preso pela Pide.
Uns dias depois quando se projetava um filme no QG, alguém pegou fogo a uma carteira de fósforos quando pretendia acender um cigarro e na confusão que se gerou alguns saltaram para dentro da piscina que estava quase vazia, com pernas partidas como consequência.
No mato gozamos com a situação.
AB
C.Martins
Caro Nelson Herbert
Com todo o respeito as informações recolhidas em entrevistas a pessoal do paigc dito da "zona zero" não passavam de falácias que foi muito comum entre eles.
Volto a recordar os "pilotos" dos migs que nunca existiram.
Toda a propaganda do paigc era tão ridícula e falaciosa que passou a ser um programa de humor.
Não ponho em causa a luta de libertação nacional que foi muito bem conduzida.
Provavelmente conheceste uns putos "gabarolas".
Convém recordar que à volta de Bissau estava um batalhão a fazer segurança e havia vários controles feitos pela PM, e como qualquer ditadura tinham informadores da pide entre a população.
Claro que havia infiltrações nomeadamente de guerrilheiros que tinham nacionalidade portuguesa que iam visitar familiares e certamente aproveitavam para recolher informações, inclusivé tinham infiltrados entre as N.T., Já para não falar dos "gilas".
Rápidas melhoras
C.Martins
1. C. Martins, desconhecia esta história das Brigadas Revolucionárias em Bissau... Nesta tese de doutoramento em História, citada a seguir, lê-se (pág. 315):
(...) as BR foram a única organização que conseguiu levar a luta armada portuguesa até ao teatro de guerra com o ataque ao Quartel-Geral das tropas portuguesas em Bissau, em 22 de Fevereiro de 1974. (...)
Não há, porém, referência ao ataque ao Café Ronda, em 26 do mesmo mês e ano.
Fonte: Ana Sofia de Matos Ferreira - Luta Armada em Portugal (1970-1974): Tese de Doutoramento em História, Especialidade em História Contemporânea. Lisboa: Universidade NOVA d4e Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Maio de 2015, 331 pp. (Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História, realizada sob a orientação do Professor Doutor Fernando Rosa, com o apoio financeiro da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia.)
Disponível aqui em formato pdf:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/16326/1/Tese%20Doutoramento%20Luta%20Armada%20em%20Portugal.pdf
2. Já agora, veja-se mais estes excertos (pág. 316):
(...) Ao longo dos treze anos de guerra foi possível recorrer a jovens que sabiam manejar armas, o que os tornava potenciais guerrilheiros. Com o crescimento do descontentamento face à manutenção da guerra e face ao regime, estes jovens tornavam-se um alvo fácil de aliciamento das organizações de luta armada, o que poderia levar à multiplicação das acções armadas contra o regime.
Esta radicalização da luta contra o regime terá contribuído para o apressar do golpe militar do 25 de Abril. A utilização da força das armas como forma de pôr termo ao regime terá condicionado a formação e a politização do movimento militar que o derrubaria.
O Movimento dos Capitães tendo a sua génese numa reivindicação corporativa vai, em
poucos meses, evoluir para a necessidade de derrubar o regime pela força. O descontentamento político, a agitação social, o cansaço de uma guerra sem fim à vista e a crescente hegemonia política, ideológica e cultural das esquerdas inspirou a crescente e rápida politização do Movimento dos Capitães, mais tarde, Movimento das forças Armadas. (...)
Luís Vaz
segunda, 10/05/2021, 22:13
Olá Luís, tudo bem contigo?
Em resposta às dúvidas levantadas, não encontrei nada nas agendas do meu falecido Pai, no entanto lembro-me desse acontecimento mas não da data. Descobri este documento na NET e confirma-se a data referida, a saber:
"Fevereiro, 26 - Atentado num café de Bissau. Este atentado seguiu-se a outros ataques a autocarros da Força Aérea. Duas granadas de mão defensivas com disparador de atraso explodiram no recinto do café Ronda, em Bissau, causando cinco feridos graves e 44 feridos ligeiros entre os militares e um morto e 13 feridos entre os civis."
Grande abraço
Votos de saúde
Abraço
Luís Vaz
______________
Fonte: Seminário “Guerra de África – Portugal Militar em África 1961- 1974 – Actividade Militar”, realizado no IESM - Instituto de Estudos Superiores Militares, em 12 e 13 de Abril de 2012.
Notas sobre as Conclusões do Seminário “Guerra de África – Portugal Militar em África 1961-
1974 – Atividade Militar” realizado no IESM em 12 e 13 de Abril de 2012
Por Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso
http://ultramar.terraweb.biz/Seminario_GuerradeAfrica_IESM_12_13Abr2012.htm
O Valdemar Silva a acreditar nas aldrabices e mentirolas do PAIGC, mais teses académicas, com o Fernando Rosas por detrás, esse esquerdopata da nossa pobre e falsificada História. Claro que não íamos ganhar aquela guerra, mas por favor sejam dignos e honestos. É preciso vir o C. Martins explicar, em meia dúzia de frases certeiras, o que estava a acontecer.
Abraço,
António Graça de Abreu
No vídeo citado pelo Carlos Filipe Gonçalves, o Luís Cabral reivindica, sem sombra para dúvidas, a autoria, por parte do PAIGC, dos ataques a viaturas militares, em janeiro de 1974, e depois ao Café Ronda... Vê o vídeo ao minuto 13...
https://www.youtube.com/watch?v=bWb-XeQo99Y
E, antes de morrer, assassinado, Amílcar Cabral defendeu a escalada da guerra até Bissau...
Também o antigo dirigente das Brigadas Revolucionárias, Carlos Antunes (1971/74), aqui entrevistado, reivindica para o seu grupo o ataque ao QG, referido acima pelo C.Martins (contemporâneo dos acontecimentos, emboa estivesse em Gadamael, no sul...).
Vè o vídeo no minuto 17... O vídeo é da RTP: série documental "A GUerra", realizada por Joaquim Furtado (17 episódios)...
Segundo o Luís Cabral, entrevistado pelo Joaquim Furtado, no vídeo surpracitado, diz que um dos participantes nestas acções de "guerrilha urbana" foi o cantor José Carlos Schwarz, que viria a morrer prematuramente aos 27 anos, em Havana, em 1977...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Jos%C3%A9%20Carlos%20Schwarz%20%281949-1977%29
Mas o Nelson Herbert Lopes tem mais informação sobre o pessoal do PAIGC da "zona zero", de Bissau...
Sobre as "Memórias da Luta Clandestina", de Inácio Soares Caravlho, ver aqui alguns excertos... No 25 de Abril de 1974, ele estava ainda detido na Ilha das Galinhas...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/In%C3%A1cio%20%20Soares%20%20de%20Carvalho
A guerra verdadeira de libertação do jugo colonial português, teve inicio como «guerra urbana e clandestina» e não como «guerra do mato» e aberta.
Esse início foi em Luanda a 4 de Fevereiro de 1961, com ataque â Casa de Reclusão, morreu um cabo da guarda, (que eu conhecia)e 7ª esquadra onde foram assassinados 6 p0lícias.
Iniciou como guerra urbana e penso que nunca mais se repetiu, embora apareça este caso de Bissau no finzinho da guerra, que se fica na dúvida se virou política do PAIGC ou não.
Nunca os «estudantes do império» futuros verdadeiros senhores das colónias (FRELIMO, PAIGC, MPLA) tinham levado a sua guerra para o mato, se um partido tribalista não tivesse assustado toda a gente, principalmente assustado esses «estudantes», com uma guerra espalhada, generalizada e absolutamente aberta na região dessa tribo, norte de Angola.
E os estudantes desistiram da guerra urbana, como tinha iniciado a 4 de Fevereiro de 1961 em Luanda.
E em Luanda, paradoxalmente, iniciou-se uma vida especialmente tranquila e agradável e próspera durante 13 anos, mas o seu fim estava a preparar-se em Bissau.
Olá Camaradas
Só uma pequena rectificação: a espoleta utilizada é VPF, como se pode ler na MSG.
Trata-se uma espoleta que "fazia par" com a espoleta MUV (ambas soviéticas e com uso universal em minas, armadilhas e sabotagem.
Um Ab.
António J. P. Costa várias
Depois de ter dado uma breve vista de olhos pelos comentários acerca do que aconteceu no café ronda, recorda-me bem desse acontecimento, bastante perturbador para quem gostava de passear pela cidade, nesse tempo a minha companhia estava no Combis, inicio de 1974. Não vi foi ninguém falar sobre o que aconteceu, certa noite quando começaram a ouvir-se rebentamentos, dizia-se que era na zona do pilão... não sei o que terá acontecido, mas a quase totalidade dos elementos da nossa companhia, a 3493, estiveram várias horas em cima das viaturas prontos a sair, até que próximo da meia noite os rebentamentos começaram a deixar de se ouvir e ouve ordem para desmobilizar. Eu estava de serviço, cabo dia, mesmo que a companhia tivesse saído dessa tinha-me "safado" não mais soubemos o que se terá passado.
António Eduardo Ferreira
Carlos Filipe Gonçalves (by email)
11 mai 2021 19:30
Olá Camaradas e amigos:
Foi um prazer receber mensagens tão depressa, o que demonstra o interesse que o tema «Bomba no Café Ronda» despertou, mas, para mim, o mais importante ainda, foi ter recebido notícias do amigo Nelson Herbert que tem estado desaparecido , os nossos contactos esfriaram um pouco...
Outra grande surpresa para mim, foi ter recebido novidades do amigo Abílio Magro, que tenho seguido nos seus post no Blog… mas, é um privilégio depois de mais de 47 anos ter reencontrado esse amigo, dos nossos tempos no QG de Santa Luzia em Bissau.
Depois desta alegria, do reencontro com velhos amigos (Luís, não fiques zangado, nós estamos, muito mais em contacto, não é?). Mas, dizia, vamos a uma resposta, digamos mais imediata. Por isso, dou conhecimento deste email a outro «Tabanqueiro» Manuel Amante da Rosa, este, também camarada que estava em Bissau, naquela época e no QG de Santa Luzia e que já no terreno à procura de informações do «outro lado».
Assim:
1 – Ao Nelson Herbert, digo que tenho e já li o livro que ele sugere “Memórias da Luta Clandestina”. Vou relê-lo e brevemente darei uma resposta, mas, de memória, julgo que o livro não faz referencia ao assunto que estamos a tratar…
2 – Ao Abílio Magro, um muito obrigado, por nesta tua missiva… sobretudo por teres alargado, um pouco o leque das tuas memórias, quanto a esse acontecimento.
3 – Vou esperar mais reações, para eu poder ter uma ideia mais clara do acontecimento e da data desta ocorrência! Nomeadamente espero uma reacção do nosso camarada Manuel Amante da Rosa, que me prometeu, iria contactar a viúva da pessoa que colocou os engenhos… já agora espero que o Manuel me ponha em contacto com essa pessoa, para eu obter um depoimento que poderei incluir no livro. Por outro lado, Manuel, sinceras desculpas, não te ter metido nesta «bronca», logo que te falei desse acontecimento, mas eu não queria te «contaminar» com estas informações «díspares» sobre a Bomba no Café Ronda. Eu queria obter algo de fonte «limpa» que és tu, claro!
Voltarei ao contacto convosco, espero que conseguimos, o melhor possível e sobretudo a verdade.
Um forte abraço para todos
Carlos Filipe Gonçalves
Jornalista Aposentado
Diz o Tó Zé:
(...) "a espoleta utilizada é VPF, como se pode ler na MSG.Trata-se uma espoleta que "fazia par" com a espoleta MUV (ambas soviéticas e com uso universal em minas, armadilhas e sabotagem." (...)
Obrigado pelo esclarecimento, para mais de um perito, mas eu não consigo descobrir, na mensagem, a sigla "VPF", mas sim "MUV-2".
Carlos, fico feliz por poder fazer uma ponte com Cabo Verde, e em especial, com o Mindelo, onde vives e onde o Nelson também tem casa. Sabes da minha ligação afectiva com a tua terra...
Fico a saber que o Nelson também passou por uma experiência dura, apanhou a Covid-19 mas felizmente recuperou e está bem... Espero que todos vocês já se tenha vacinado: eu apanhei ontem a 2ª (e última) dose da Pfizer... e tive hoje, à tarde, uns pequenos sintomas febris (37,2) que resolvi com meio Benuron...
Também não tenho notícias do nosso amigo (e camarada) Manuel Amante da Rosa, mas fico na expectativa de ele aparecer aqui e partilhar connosco mais informações sobre o caso da explosão no Café Ronda...
É fantástico podermos estar, ao fim destes anos todos, e depois de um ano e tal de pandemia, a partilhar memórias comuns da Guiné e de uma guerra que nunca deveria ter acontecido, mas aconteceu...
Mantenhas. Luís
O cerne da questão já foi abordado pelo António Rosinha, o C.Martins e o António Graça de Abreu.O PAIGC não precisa escrever a sua história, alguém do"nosso lado"
o tem feito e fará.
Apetece-me evocar um filósofo francês, cujo nome não me ocorre agora mas em que em determinada altura, face a outras "discussões" terá desabafado:
Cristo morreu Marx Também e eu próprio não me sinto lá muito Bem!
Abraço
Carlos Gaspar
Costume-se dizer 'estou a falar chinês, ou quê?', como não falo chinês e nem sequer patoá, por isso todos perceberam ter utilizado a informação do Carlos Filipe Gonçalves, do abate dos nossos aviões por mísseis, do abandono/retirada de regiões do território para postar opinião do andamento da guerra na Guiné.
Afinal, aqueles referidos atentados em Bissau não foram obra de PAIGC e foram uma mentira de propaganda, agora não sei se vão aparecer mais umas mentiras sobre a queda de aviões por 'falha técnica' e o abandono/retirada de extensas regiões por razões sanitárias devido a pragas de mosca tsé-tsé.
Graça Abreu essa da esquerdopata é novidade e de dopatas é só escolher quem não gostamos, como da nossa História só me interesso pelo Matoso e resto são teorias/pontos de vista que o contraditório pode avaliar. E quero lá saber do Rosas, já quanto ao espólio dos escritos da Sociedade de Geografia não sei não.
Abraços e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Café Ronda.
O Café Ronda não era apenas café, era também pensão com quartos colectivos, tipo caserna onde pernoitavam muitos militares de passagem a caminho da metrópole de férias ou de regresso à província. O que foi o meu caso Novembro de 1972.
Era um ponto de encontro dos militares colocados em Bissau e também de malta como eu vindos do mato. No tal balcão para o exterior, além das cervejas, café, etc, vendia sorvetes muitos procurados por serem bons e porque o calor estimulava o consumo.
Sobre a explosão no café e no autocarro da força aérea a notícia correu por toda a província causando alarido especialmente na tropa sediada em Bissau. O autocarro passou a ser vasculhado antes de entrar em serviço.
Embora sendo da força aérea o autocarro era muito utilizado pelo pessoal do exército principalmente por quem estava no QG e ia assistir ao cinema na base aérea. O que foi várias vezes o meu caso.
O receio de o usar não durou muito tempo.
O caso da piscina do QG numa sessão de cine foi uma consequência da estado de espírito dos militares. A piscina que podia ser utilizada, com condicionalismos, pelos sargentos era em algumas noites usada como cinema ao ar livre e foi numa desses sessões que o pânico se generalizou com a caixa de fósforos a arder. Uns diziam que foi uma brincadeira parva outros que foi um acidente a caixa começar a arder.
Como a malta tinha 20 e poucos anos em poucos tempo tanto o Café Ronda como a piscina voltou à normalidade.
João Candeias, Guiné abri de 72 a maio de 74.
Estes casos (Café Ronda, viaturas militares...) foram esporádicos, não tiveram continuidade e devem ter sido obra de "aprendizes"... E felizmente não tiveram consequências de maior (apesar de se lamentar a morte de um civil e vários feridos graves, entre vucis e militares, no Café Ronda, em 26/2/1974).
Em janeiro de 1974, o edifício dos CTT é objeto de arremesso de uma granada de mão, defensiva, de origem chinesa,,, mas sem consequências de maior... Foi mais exatamente no dia 18/1/1974, às 20h45. O efeito foi mais psicológico. Após buscas pelas NT, foram encontradas mais duas granadas, do mesmo tipo, chinesas, que não rebentaram ou que provavelmente foram arremessadas com cavilha de segurança, por algum aprendiz de guerrilheiro...
Na mesma altura, hiuve uma história semelhante em Bambadinca:
Tudo indicava que havia, por esta altura, uma célula ativa do PAIGC na localidade de Bambadinca... Essa hipótese já sido levantada pelo comando do BART 3873 quando em novembnro de 1972, a PIDE/DGS [, de Bafatá,] efetuara uma prisão, de um elemento ligado à comunidade caboverdiana, prisão essa que foi seguida de distribuíção de planfletos denunciando a atuação da polícia política. Tanto para o PAIGC como para as NT, Bambadinca era uma posição estratégica, porta de entrada para o leste (mas também para o sul), económica. demográfica e militarmente muito relevante.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2015/07/guine-6374-p14890-album-fotografico-de.html
Não sei se houve mais casos de "guerrilha urbana" noutras partes da Guiné... A Guiné era um país rural e o PAIGC nunca teve expressão urbana... Referiamo-nos sempre aos guerrilheiros do PAIGC como os "homens do mato"... Aderir à guerrilha era "ir no mato"... Por outro lado, tirando Bissau, Bafatá, Bamnadinca, Nova Lamego, Teixeira Pinto e pouco mais não havia centros urbanos np território...
E em Bissau, ao longo da guerra, os militares sempre se sentiram em segurança, à vontade... Quantos não passaram uma ou mais noites no mal afamado Pilão ?!... Havia uma "economia de guerra" e o PAIGC não se podia dar ao luxo de "hipotecar" o apoio da população civil de Bissau...
É natural que, entre os estudantes e algumas camadadas da população urbana, com consciência política, houvesse simpatisantes e militantes do PAIGC... Infelizmente não temos números para ilustrar a maior ou menor adesão da população de Bissau à "luta de libertação"...
E também em Cabo Verde o PAIGC não quis (ou não conseguiu) enveredar pela "guerrilha urbana"... Mas talvez os nossos amigos de Cabo Verde possam dizer-nos algo mais sobre o assunto...
O Café Ronda que conheci e frequentementei era um ponto de encontro de militares, exército e paraquedistas, na sua grande naioria e em passagem de ida ou regresso à metrópole ou às respectivas unidades.
Mas destacava-se pelas dormidas tipo caserna onde fiquei umas noites em Novembro de 1972 a quando da minha vinda de férias a Portugal ao fim de 7 meses em Cabuca e por ser simultaneamente Casa de Câmbio. O dono cambiava a 110% o escudo da metrópole pelo "peso" da Guiné. No fim da comissão em maio de 1974 o câmbio já estava a 20%. Muitos militares usaram o estatuto e trocar em Lisboa, ali para o lado da Estefânia, a ela por ela. Eram os comerciantes que a troco da comissão os usavam os militares no negócio.
No fim da comissão com a entrega da guia de marcha recebiamos uma boa maquia de patacão que, no meu caso, usei uma parte para comprar bilhete na TAP, o restante cambiei em Lisboa.
Concluindo o Café Ronda não era um lugar muito aprazível em comparação com o Café Bento batizado pelos militares como Quinta REP onde à sombra de árvores frondosas passávamos algumas horas em tertúlia bebendo enquanto nos engraxavamas botas/sapatos.
Noutro estilo o Pelicano na orla marítima com ementa extensa e lugar obrigatório para jantar.
João Candeias
Candeias
Em 1969 e 1970, também em passagem para férias, lembro-me de ficar numa Pensão em frente das instalações da Meteorologia, mas julgo não ter nenhum Café-Explanada, só se o Café Ronda era afastado da casa da Pensão ou era noutro sítio. Não me lembro desse Café Ronda, ou então ainda não existia.
A Pensão parecia uns adidos da tropa: camas da tropa, lençóis da tropa, falta de almofadas como na tropa e o dono também era um tropa. Parece que funcionava como se fosse em comissão de serviço e quando acabava havia o "trespasse" a outro tropa interessado que chegava.
Sobre o câmbio do escudos do BNU (pesos) também funcionava os 10%, mil escudos do BdP custavam mil e cem do BNU. No avião TAP no regresso fim da comissão foram esturradas as últimas notas de mil do BNU em compras no avião e julgo que o comissário de bordo não fazia acertos de câmbio no preço dos produtos.
Sobre Cabuca, por lá passei várias vezes e foram Pelotões da minha CART.11 "Os Lacraus" que, além de segurança a colunas e de operações na vossa zona, montaram a segurança durante o período de tempo da construção dos vários pontões da estrada que ligava até à de Nova Lamego-Piche.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Valdemar.
Ao ler o teu comentário recordei - me que o dono era um militar de carreira, da marinha, nós milicianos dávamos-lhes outro nome. A espelunca e o recheio condiz, camas da tropa, os lençóis não recordo. Utilização era tipo cama quente e como a malta preferia dormir na cidade ia ficando e pagando.
Eu só fiquei dessa vez. Nas outras vezes que vi a Bissau fiquei na pensão no primeiro andar por cima da Casa das Ostras um pouco mais cara, sem ser luxo, mas nada tinha em comum.
Um abraço
João Candeias
Nelson Herbert (by email)
12 mai 2021 16:09
Saudacoes em especial ao Carlos (Calu ). Sá pra te confirmar.. acabas por ter razão… parte relativa a esses atentados em Bissau, acabou por não fazer parte do livro sobre a “Clandestinidade” …O Carlos Carvalho acabou a instantes por me confirmar o facto…
Ainda se trabalhou esse “facto” para o livro cuja “impressão” ainda recebi nem li devido à suspensao temporária das ligações Cabo Verde / EUAS... mas uma das então “impressões” a ficar patente na recolha de informaç~so na altura é a de que havia uma diferença de opinião gritante entre os “mais velhos” da clandestinidade e do prório “Conacry” e a geração jovem, na sua maior parte entao alunos do liceu, militantes da clandestinidade, que não poupavam esforços e críticas aos “Mais Velhos” por aquilo que consideravam “reservas” quanto à oportunidade da tal “ guerrilha urbana… a tal “geração” que acabou por levar a cabo tais acções…
Dos contornos e razões falamos depois…
Mas na necessidade de aprofundares, a questão até há bem pouco tempo -antes dessa Covid- continuavam ainda em vida em Bissau alguns dos jovens que tomaram parte na iniciativa… Resta localizá-los !
Mantenhas. O meu email continua o mesmo. Estou é temporariamente inactivo das redes sociais.
Nelson H Lopes
JÁ AGORA----
Gostava de saber quem incentivou, promoveu ou organizou as manifestações de putos adolescentes, supostamente estudantes, em Bissau entre junho e julho de 1974, contra a PERMANÊNCIA DOS CABO-VERDIANOS NA GUINÉ.
É que eu andei por lá a apagar "fogos" armado em "policia de choque" a mando superior, obviamente, logo eu que só tinha a experiencia de fugir da dita, comandada pelo célebre capitão maltês.
Só a compreensão do comandante do GA7, me valeu porque recusei uma segunda ordem.
Para refletir e discutir
AB
C.Martins
Camaradas:
Como já informei por mail o meu amigo/camarada Kalu, na hora do rebentamento no café Ronda eu estava no cinema UDIB a ver um filme e o meu irmão Álvaro andava por ali com uns amigos a passear e viu mesmo sair do café um negro correndo desenfreadamente em direcção a eles e jorrando abundante sangue pela cabeça e que caiu aos seus pés morto. Talvez fosse este o tal empregado que morreu.
Ora o meu irmão Álvaro passou à disponibilidade 26/02/1974. Portanto nessa data já não estaria na Guiné.
Também não pode ser a data de 26/02/73 porque eu só cheguei à Guiné em Março/1973.
Parece-me mais correcta a data de setembro/outubro - 1973.
Julgo que a data de fevereiro de 74 é a data da bomba no QG. Esta tenho quase a certeza que foi em 1974.
Vai por aí grande confusão!
Abraços
Acabo de confirmar com o meu irmão Álvaro e ele realmente já não se encontrava na Guiné em 27/02/74 e também se lembra da bomba no café Ronda no ano de 1973.
Também confirma que já lá não estava aquando da bomba no QG e, portanto, esta foi colocada após a do café Ronda e não uns dias antes como afirmam no blog.
Naquele tempo rebentavam muitas vezes granadas em Bissau. Era o pão nosso de cada dia.
Não teria sido uma acção destas, já depois da bomba no QG? Dizem que foram 2 granadas e o que sempre constou em 1973 foi uma mochila/saco que foi deixado no café com explosivos.
Terão havido duas detonações? Há que investigar!
Abraços
Venho aqui só porque vi 31 comentários, logo pensei haver muitas contradições.
Passei pela Guiné, set67-Agosto69.
Estive muitas vezes em Bissau, que conheço quase muito bem.
No meu tempo não existia semelhante nome, Ronda, deve ser coisa nova.
O Bento era o local de encontro por excelência, além de outros, que a maioria já conhece. o Grande Hotel, O Solar dos 10 e imensas cervejarias e cafés a servir ostras e camarão, acompanhadas de grandes cervejas - as Bazukas.
Nunca tive qualquer tipo de incomodo em Bissau, já falei demais sobre as minhas investidas pelo Pilão, e outros locais cobiçados, e pelas redondezas de Bissau, em cima da minha motorizada, e assim me deu na tola de ir de Bissau até Mansaba, sozinho, até que uma coluna militar, quando já ia de Nhacra a caminho de Mansoa, me mandou para trás.
Felizmente não estive lá nessa época, se houve qualquer rebentamento foi mera casualidade. Nesse tempo, 73-74, tinha lá o meu pai, oficial de carreira, e um amigo meu, ex-Juiz do Supremo, e não tenho ideia de me contarem nada disto, pese embora, e sem duvida aconteceu, pelos testemunhos que li por alto, pois é muita coisa e já são horas de ir dormir.
Não morreu ninguém, certo? Não me pronuncio sobre isto, pois não estava lá, estava sim, cá, e já com 3 filhos.
O resto pode ser a politica da 5ª REP onde todos sabiam de tudo...!!
Uma boa noite e Boas histórias tenho de Bissau, pena é não ter passado lá toda a comissão.
Abraço a todos,
Virgilio Teixeira
Estávamos em Agosto de 1970. Numa das muitas colunas que fiz a Mansoa, veio ter comigo um senhor gordinho, careca, "entradote", e em pânico, dizendo que ia a caminho de Mansabá para ocupar o cargo de 1º Sargento na CART 2732. Disse-lhe que era furriel miliciano e, que entre muitas funções, também colaborava na secretaria do Comando. Nunca mais me largou. Perguntou-me se continuava a haver muitos ataques ao quartel, como era a estrada até lá, etc. Confessou-me que "noutra vida" já tinha estado em Mansabá, conhecia bem a estrada que no tempo dele se fazia em horas porque havia necessidade de picagem já que as minas inimigas eram mais que muitas e as constantes emboscadas que naquele itinerário eram o pão nosso de cada dia. Percebendo o seu estado de inquietação, "sosseguei-o" dizendo que a estrada estava já toda alcatroada, pelo que as minas já não eram problema, mas que quanto às emboscadas, nada podia garantir uma vez que a mesma (estrada) era atravessada pelo carreiro que ia em direcção ao Morés, e que os ataques a Mansabá aconteciam regularmente. O senhor fez questão de ir na minha viatura e, chegado ao destino, apresentei-o ao 2º Rita que "respondia" pela Companhia.
Uns meses mais tarde, tínhamos um condutor já com muitos meses de Guiné que tinha ido para a CART 2732 por ter sofrido mais um castigo. Completamente apanhado pelo clima e não tendo já nada a perder a não ser a própria vida, uma noite, resolveu roubar um Unimog e desatou a acelerar até Bissau. Passou por Cutia a alta velocidade pelo que foi dado o alerta para Mansoa. Não me lembro já, mas dali não terá passado.
Vem isto a propósito de quê? O nosso camarada Virgílio Teixeira (Guiné, 1967/1969), um operacional dos papéis (sem ofensa) atreveu-se a pensar em ir de Bissau a Mansabá de motorizada? Não dá para acreditar, só mesmo por inconsciência ou desconhecimento.
Carlos Vinhal
Fur Mil Art MA
CART 2732
Mansabá - 1970/72
A cronologia mais completa, exaustiva, válida e fiável que conheço é da de "Os Anos da Guerra Colonial (1961 - 1975), de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes (Matosinhos: Quidnovi, 2010). Uma obra encicloédica (mais de 880 pp.), de consulta obrigatória, pese embora alguns erros e omissões na cronologia, o que é desculpável, dada a complexidade e multiplicidade de acontecimentos ocorridos nos diversos territórios entre 1961 e 1975...
Em relação à Guiné a aos acontecimemtos de 1974, não há dúvidas:
Janeiro, 21 - "Primeira acção do PAIGC na cidade de Bissau, comlançamento de engenhos explosivos contra autocarros da Força Aérea";
Fevereiro, 20 (... mas há quem diga que foi a 22) - "Rebentamento de uma carga explosiva no
Quartel -General do Exército (CTIG) de Bissau, tendo sido ferido um oficial, acção reivindicada pelas Brigadas Revolucionárias#.
Fevereiro, 26 - "Atentado num café de Bissau (...)", referência explícita ao Café Ronda... "AS autoridades portuguesas atribuiram a autoria destes rebentamentos a elementos do PAIGC, vindos da região Oeste".
Sim foi verdade e tenho fotos. Na realidade foram as 2 razões apontadas. Desconhecimento, inconsciência [muita]. A juntar apanhado, a bebida é o desprezo pela vida e situação. Além de uma estúpida insencacao de medo. Mas ainda andei uns 50.60 km por estrada deserta. Dá para perguntar quantos operacionais dá G3 [sem ofensa] fizeram algo parecido. A grande maioria não dava um passo fora das instalações militares sem ser em grupo de combate e afins. Também reconheço que não me devo orgulhar destes feitos e de outros que não vêm a propósito
Cada um é como é, temos de nos respeitar uns aos outros. São precisas mais fotos? Continuo a não reconhecer este café ronda, no meu tempo, é depois como aqui se constatou nos vários comentários
Bom dia, e abraço aos nossos bravos. Virgílio Teixeira, ex alferes miliciano dos dos papéis [sem ofensa e muito orgulho só alguns especiais conseguiram lá chegar
]
Porto 14maio21
correcçãp:
- 'incensação de medo' era o que queria dizer.
Virgilio Teixeira
(operacional dos papeis...)
Vai ficar assim para futuro, já todos sabem quem sou.
correcçãp:
- 'incensação de medo' era o que queria dizer.
Virgilio Teixeira
(operacional dos papeis...)
Vai ficar assim para futuro, já todos sabem quem sou.
Evaristo Reis
(Pensão Ronda/Café Ronda, assim se podia designar na altura em que lá estive, Novembro de 1971/ a Novembro 1973. fica localizada na Avª do Palácio do Governador para o cais.
Para afinar as memórias dos que tem debatido o local como uma espelunca que mais parecia a cama quente , tenho a dizer o seguinte; era uma casa bastante limpa com proprietários muito eficientes, tive o prazer de serem meus amigos, sr António Santos e Esposa, civis com meia desena de anos mais que eu, já tinham uma filha com cerca de 2 anos que se licenciou em farmácia.
Posso informar que durante a minha comissão que foi passada em Bissau, almocei lá quase todos os dias.
Na verdade eu era militar mas em comissão civil a dirigir as obras da C M de Bissau que tinha a secção de obras a escassos metros do local.
Também posso dizer que nos últimos meses de 1973, tive a oportunidade de fazer obras de renovação no Ronda, nomeadamente na esplanada, que três meses depois foi alvo da dita explosão.
O proprietário quando veio para Portugal depois da independência estabelece-se com um Restaurante famoso na região de nome "A Paragem" junto a uma paragem de autocarro, zona de Fernão Ferro. Aqui está restabelecida a verdade. Um abraço a todos.
Evaristo Reis
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