Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Rosa Exposto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rosa Exposto. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 26 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26618: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (8): Grande coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade, a da Rosa Exposto!..


As enfermeiras paraquedistas, da esquerda para a direita, Maria Rosa Exposto  (*) e Maria La Salette. Imagem obtida a partir de foto de grupo, da autoria de Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). O Fernando Miranda é membro da União Portuguesa dos Paraquedistas (grupo público no Facebook, entretanto suspenso desde 16/1/2023). 


Edição do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025), com a devida vénia..


 
1. Os riscos que corriam as nossas enfermeiras paraquedistas não eram poucos nem pequenos.  Riscos para a sua saúde e segurança no palco de guerra... Riscos físicos e psicológicos (e, em menor grau, químicos e biológicos, já que lidavam com sangue, derivados do sangue e produtos de primeiros socorros usados a bordo)...  Riscos não só por andarem de avião, de serem atingidas pelo fogo do IN ou de sofrerem um acidente em terra ou no ar, como sobretudo devido à  exposição a situações de grande stress, durante as evacuações de doentes e de feridos graves,  tendo que saber lidar com a vida e a morte, a dor e o sofrimento, a violência e o descontrolo emocional dos evacuados,  etc.

Este relato da Maria Exposto, transmontana de Bragança, ex-alf grad enf pqdt, do 4º Curso (1964), é bem revelador das situações mais insólitas e imprevistas que podiam ocorrer... Era preciso muita coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade ...

 Grande mulher e grande profissional, a Rosa Exposto,  que soube salvar uma vida ou mais do que uma... na situação a seguir descrita.

Este caso devia fazer parte da "casoteca" das nossas escolas que formam profissionais que têm de lidar com distúrbios emocionais, crises e outros conflitos podendo pôr a risco a vida do próprio e de terceiros: polícias, militares, bombeiros, médicos, enfermeiros, psicólogos, etc.

A situação descrita (um distúrbio emocional, ou "transtorno de ansiedade",   frequente e muitas vezes associado ao álcool nos quartéis do mato)  podia ter redundado em tragédia como aconteceu noutros sítios. É pena não podermos identificar o local e a subunidade. 

A Rosa  diz-nos apenas que foi "algures na Guiné",  e o quartel  (talvez provavelmente um destacamento) era tão pequeno que nem tinha um pista de aterragem para uma avioneta, nem talvez sequer um heliporto. (**)

No fim "tudo acabou em bem", mas ela confessa, com toda a humildade, que sentiu muito medo e suores frios quando se apercebeu do que estava em jogo... Um homem perturbado e com uma arma na mão é sempre imprevisível...



Fonte: Excerto de "IX. Os riscos que corríamos". In: "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp.  302-302 (com a devida vénia).

(Seleção, digitalização, edição da foto, título do poste: LG)


__________________


Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

25 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26614: Desaparecido do nosso radar (3): Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista, do 4º curso (1964)... Tudo indica que tenha ficado, como enfermeira civil, na FAP.

15 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26392: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (2): O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ?... "Nunca vos esqueci nem esquecerei", escreveu ela em depoimento para o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed., 2014, pág. 403)

(**) Último poste série > 13 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26578: Nunca tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (7): Cristina Silva, ten grad enf pqdt, a única das 46 que foi ferida em combate

terça-feira, 25 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26614: Desaparecido do nosso radar (3): Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista, do 4º curso (1964)... Tudo indica que tenha ficado, como enfermeira civil, na FAP.



A  foto é do Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). 11 de jnho de 2022: "Recorda: estas três camaradas e e colegas, da esquerda para a direita, enfermeiras paraquedistas Mariana Palma Gomes, Rosa Exposto e Maria La Salet. Grandes mulheres, grandes sorrisos. "

O Fernando Miranda é membro da União Portuguesa dos Paraquedistas (grupo público no Facebook, entretanto suspenso desde 16/1/2023)



Maria Rosa Exposta, transmontana de Bragança, ex-alf graduada enfermeira
 paraquedista, fez a primeira comissão no TO da Guiné, em 1966. 
Nasceu c. 1942.  E do 4º curso (1964).



1. Continuamos sem ter notícias da Rosa Exposta, uma das três Rosas das 46 enfermeiras paraquedistas. 

O que é feito da Maria Rosa Exposto ? Há tempos correu, por aí, pelos "mentideros" das redes sociais, a notícia da sua morte... O que nos deixou sobressaltados...  Mas pode ter isso outra Rosa, outra Exposto...

Mas nenhuma das suas antigas camaradas (a Rosa Serra, a Maria Arminda, a Giselda...) puderam confirmar ou infirmar essa infeliz notícia, que esperamos, de todo o coração, seja falsa. (*)

Infelizmente, não temos dados biográficos detalhados sobre a Rosa Exposto qu  bem gostaríamos de vê-la aqui, na Tabanca Grande. Não sabemos onde vive. (**)

Encontrámos no "Diário da República", II, Série, nº 168, de 24--7-1986, uma referência a Maria Rosa Exposto Olivença,  promovida, por progressão na carreira, desde 1-1-1986, à categoria de enfermeira de grau 1, 3º escalão, do quadro geral do pessoal civil da Força Aérea...

Tudo indica que é ela, e que tenha ficado na FAP, sendo eventualmente Olivença o seu apelido de casada. É uma pista.

2. Taambém passou pela Guiné...
 


Fonte: Excerto de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pág. 175.


3.   Não sabemos ao certo quantas das antigas 46 enfermeiras paraquedistas (formadas em Tancos, entre 1961 e 1974) já deixaram a Terra da Alegria. No livro supracitado, publicado em 2014 (pp. 438-439), eram já nove: 

  • Maria Celeste (Costa) (1973), 
  • Maria da Nazaré (1984),  
  • Maria Amélia (1992), 
  • Maria Soledade (2001), 
  • Delfina (2005), 
  • Maria Zulmira André (2010), 
  • Maria Piedade (2011), 
  • Manuela (2011), 
  • Amália (2012).   

A estas há que acrescentar mais os seguintes 2 nomes, coautoras do livro
  • Maria do Céu Pedro  (2022)
  • Maria Ivone Reis (2022) 
Ao todo, 11  em 46.

______________

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26392: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (2): O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ?... "Nunca vos esqueci nem esquecerei", escreveu ela em depoimento para o livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed., 2014, pág. 403)


Guiné > Região do Oio > 
Jumbembem > CART 730 (1964/66) e CCAÇ 1565 (1966/68) > Domingo, 10 de julho de 1966 > Um dia trágico: pormenor da evacuação do cap mil inf Rui Romero, na foto a ser transferido para a maca do helicóptero Alouette II... A enfermeira paraquedista é (pou parece ser)  a alf Maria Rosa Exposto. (*)

Em primeiro plano, de costas, e quico na mão, o 1.º cabo operador cripto Florival Fernandes Pires, natural de Portalegre, que foi, com o Artur Conceição, sold trms, uma das primeiras testemunhas das circunstâncias trágicas em que morreu o cap mil inf Rui Anónio Nuno Romero, cmdt da CCAÇ 1565, de 32 anos, casado, pai de 2 filhas menores, natural de Portalegre, residente em Lisboa, filho de pai militar, desenhador de construção civil a frequentar o curso de arquitetura quando foi chamado para o curso de capitães.

O Artur Conceição estava a 2 metros do local da tragédia. Embora já cadáver, o corpo do malogrado oficial foi levado de helicóptero para o Hospital Militar de Bissau  e o funeral realizou-se um mês e tal depois em Lisboa, no cemitério do Alto de São João. A enfermeira na foto parece ser a Rosa Exposto, do curso de 1964, segundo apurámos junto do nosso camarada Miguel Pessoa e das nossas camaradas enfermeiras paraquedistas Giselda Pessoa e Maria Arminda.

A CCAÇ 1565 foi mobilizada pelo RI 1, partiu para o TO da Guiné em 20/4/1966, e regressou a 22/1/1968. Esteve em Bissau, Jumbembem, Canjambari e Bissau. Comandantes, além do cap mil inf Rui António Nuno Romero: cap inf José Lopes e cap mil inf José Alberto de Sá Barros e Silva (vivia em Lisboa em 2007).

Por sua vez, a CART 730 / BART 733, foi mobilizada pelo RAL 1, partiu para o TO da Guiné em 8/10/1964, e regressou a 14/8/1966. Pasou por Bironque, Biossorã, Jumbembem e Farim, Foi seu comandante o cap art Amaro Rodrigues Garcia. O BART 733 esteve em Bissau e Farim.

Foto ( e legenda): © Artur Conceição (2007). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).

Maria Arminda Santos: (...) "A partir daí a guerra na Guiné estava instalada e assim que foi possível fomos colocadas na Base de Bissalanca, para o início das evacuações aéreas com enfermeiras. Havia os aviões Auster e os helicópteros Alouette II; nestes não nos era possível acompanhar de perto os feridos, os quais eram transportados fora do helicóptero, numa espécie de caixas colocadas por cima dos patins do heli, uma de cada lado. Nos Auster a maca quase entrava pela cadeira ao lado do piloto e na cauda do avião.

"Felizmente mais tarde chegaram os DO-27 e os Alouette III, onde passámos a fazer inúmeras evacuações, adaptando e modificando os meios sanitários e a nossa actuação, com a finalidade de uma mais eficaz prestação de cuidados aos feridos, os quais iam sendo cada vez em maior número. Infelizmente tivemos que chegar a fazer evacuações no Dakota, quando havia ao mesmo tempo muitos feridos e a pista era adequada para a sua aterragem." (...)  (**)

Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Maria Rosa Exposto, ex-alf grad enfermeira paraquedista

Brevet nº 2846, 26-4º enf nov 64




1. O que é feito de ti, Maria Rosa Exposto ? Há tempos correu, por aí,  pelos "mentideros" das redes sociais, a notícia da tua morte... O que nos deixou sobressaltados... Boato ? Mentira ? Verdade ? Quem desejaria a tua morte, a ti, que salvaste tantas vidas ?!... 

Mas nenhuma das tuas antigas camaradas (a Rosa Serra, a Maria Arminda, a Giselda...) puderam confirmar ou infirmar essa infeliz notícia, que esperamos, de todo o coração, seja falsa.

Infelizmente, não temos dados biográficos detalhados sobre ti, Rosa. Não sabemos onde vives. E o que é feito de ti... Havia três enfermeiras paraquedistas com o nome ou apelido Rosa: 

  • a Rosa Serra (que é membro da nossa Tabanca Grande, minhota de V. N. Famalicão);
  • Maria Rosa Mota (com o casamento, Maria Rosa Mendes) (que vive em Faro, presumindo nós que é algarvia);
  • e tu, Maria Rosa Exposto (transmontana de Bragança, dizem-nos).
Sabemos que fizeste  a tua primeira comissão na Guiné. Como alferes graduada. Estiveste com a Maria Arminda. Republicamos acima  uma foto em que tu apareces na evacuação do cap mil inf Rui Romero, "vítima de acidente com arma de fogo", em 10 de julho de 1966. 

É muito provável que depois da Guiné tenhas passado também pelos TO de Angola e Moçambique. E, tudo indica, pelos dois ou três teus escritos (no vosso livro, "Nós, enfermeiras paarquedistas", 2ª ed., 2014) que tenhas voltado à Guiné em 1969.

Não sabemos a que curso pertenceste mas deverá ter sido o 4º curso (1964) (o 5º Curso é já de 1966). Segundo tu própria nos contas, no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas", a tua "primeira comissão foi na Guiné, após um pequeno 'estágio' nos Açores" (pág, 175). Não dizes o ano, mas terá sido em 1966, a avaliar pela foto que nos mandou o nosso camarada Artur Conceição (que vive na Amadora, ex-sold trms, CCAÇ  730, 1964/66).

Sabemos que és transmontana de Bragança. E estudaste enfermagem em Coimbra (pág. 175), na então Escola de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca (hoje integrada, desde 2004, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra).

A Rosa Serra (que foi a corrdenador do vosso livro) não também não me soube responder a algumas questões que lhe pus a teu respeito. Sabe que tu eras mais velha (a Rosa Serra nasceu en 1946, tu provavelmente em 1942). E, há uns anos atrás, quando te telefonou, ficou a saber que já eras viúva e tinhas um filho. A Maria Arminda não falava  contigo  há um ano. Sabia que vivias para os lados de Portalegre. 

Também não sabemos qual era o teu apelido de casada. Mas tudo indica que o teu nome completo seja Maria Rosa Exposto Olivença.  Encontrei-o no "Diário da República" (II Série, nº 168, de 24/7/1986): foste promovida, por progressão na carreira, desde 1/1/1986, à categoria de enfermeira de grau 1, 3º escalão, do quadro geral do pessoal civil da Força Aérea... Terás lá ficado até quando ? 

Participaste  no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2014). Desse livro vamos destacar o seu testemunho de vida (pág. 403).

Não te conhecemos pessoalmente. Mas queremos que te juntes a nós, com os amigos e camaradas da Guiné, queremos que se sentes à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, ao lado da Giselda, da Rosa Serra, da Maria Arminda, da Aura Teles e da Ivone Reis (que infelizmente já morreu em 2022).

Recordemos que terminas o teu depoimento, para o vosso livro coletivo, com um agradecimento à FAP pela oportunidade que te deu de te realizares como ser humano e como enfermeira, e com palavras de grande nobreza para com aqueles com quem trabalhaste e conviveste: "Nunca vos esqueci nem esquecerei!"...

Não nos cansamos de lembrar, no nosso blogue, que  vocês, as ex-enfermeiras paraquedistas, são as únicas mulheres a quem, "de jure" e "de facto", podemos chamar camaradas de armas, no sentido puro e duro da etimologia da palavra...  




Fonte: "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pág. 4032 (com a devida vénia)  (***)

_______________

Notas do editor:



(**) Vd. postes de