Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 15 de janeiro de 2023
Guiné 61/74 - P23983: Parabéns a você (2137): Manuel dos Santos Gonçalves, ex-Alf Mil Mec Auto da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)
Nota do editor
Último poste da série de 9 DE JANEIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P23963: Parabéns a você (2136): Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798 (Gadamael Porto, 1965/67)
sábado, 26 de novembro de 2022
Guiné 61/74 - P23817: In Memoriam (463): Rui Alexandrino Ferreira (1943-2022)... Um excerto do livro "Quebo" (2014): Recordando os tristes acontecimentos que ensombraram Aldeia Formosa, na noite de Consoada de 1971, "se não a pior, uma das mais trágicas da minha vida"
(…) Sucedia que entre os fulas, para publicamemte mostrarem a grande amizade que os unia, estes se passeavam de mão dada. Tal facto foi originando alguns piropos da parte dos soldados metropolitanos, que foram agravando com o correr do tempo.
Longe de qualquer prática homossexual, que aliás não foi detetada nenhuma, na CCAÇ 18, durante todo o tempo em que lá estive (…). Os militares do [BCAÇ] 3852 pareciam, a este respeito, estar desinformados, pouco mentalizados, como se fosse coisa de que nunca tivessem ouvido falar.
Foram-se assim agravando as relações. E, se não me custa aceitar que havia alguns militares da [CCAÇ] 18, que estariam mais perto dos ideais do PAIGC, e atentos a uma oportunidade para lançar uma confusão, tal não me parece ter sido esse o presente caso.
Confusão que acabou por acontecer na noite da consoada de 1971. Foi seguramente, se não a pior, uma das mais trágicas da minha vida.
E tudo começou por uma violenta discussão entre africanos e metropolitanos no bar do Cabo Verdiano, envolvendo o campeonato de futebol da primeira divisão. Do Benfica ao Sporting (…), foi subindo de tom e passou para o futebol de Aldeia Formosa, onde tinha recentemente terminado o campeonato inter-unidades.
E assim, normalmente, acabava por vir a lume a minha própria pessoa. Não sendo efetivamente um elemento muito disciplinado, usando e abusando da força que então tinha, era extremamente corajoso, lutador e, sem ser violento, impunha o físico, nunca tirava o pé do sítio onde metia e raramente perdia um confronto a dois.
Tendo sido injustamente expulso durante um desafio por um furriel árbitro que, na busca de protagonismo, não encontrara melhor solução que me pôr fora de campo, ordenei então à equipa da 18 que abandonasse o terreno, pois o futebol para nós tinha acabado naquele momento.
Foi um alvoroço. Chamado às preces [ou à pressa ?] o comandante [ten cor inf António Afonso Fernandes Barata], [este ] ordenou-me que fizesse reentrar o pessoal no campo, ao que lhe respondi que nem pensar.
− Então mando-os eu entrar – retorquiu.
−Essa é que eu gostava de ver, entrar um que fosse, depois de eu ter dito para o não fazerem.
− Então, eu prego-lhe uma porrada.
− E eu preocupado com isso, seguramente viu daqui para melhor, porque não há nada mais perigoso em matéria operacional do que uma companhia africana. E venha quem os ature.
− Mau…, então vamos conversar. O que é o senhor quer ?
− Mande substituir o árbitro.
E assim foi feito (…).
Do futebol se passaram às malévolas insinuações, se julgaram ações, se estabeleceram suposições, numa alusão a eventuais práticas homossexuais, metendo pelo meio o uso dos balandraus, alguns ricamente costurados, que os fulas usavam em ocasiões especiais, mas que efetivamente mais pareciam vestimenta de mulher.
E tudo acabou num confronto físico, quando um soldado africano enfiou pela cabeça abaixo de um soldado africano uma cadeira. Criadas fixaram assim as condições para o pandemónio que se seguiu.
Impotente para reagir fisicamente, dada a diferença de arcaboiço, o soldado africano foi a casa buscar a arma. Os soldados metropolitanos refugiaram-se no quartel e os africanos instalaram-se numa casa fronteiriça a este, de onde desencadearam o ataque.
A notícia chegou como uma bomba à tabanca da [CCAÇ ] 18 [fora do quartel, onde ficavam o comandante e os demais graduados da companhia].
− Nosso capitão, o pessoal está todo aos tiros uns aos outros.
(…) Desatmado, usando, tal como me encontrava, as calças do camuflado e uma t-shirt branca, dirigi-me rapidamente ao local do conflito.
Já então o tiroteio era verdadeiramente infernal. Os soldados metropolitanos tinham começado a responder de dentro para fora do quartel. Tendo feito rapidamente um balanço à situação, só havia um solução: terminar imediatamente com a troca de tiros, antes que a situação ficasse incontrolável.
Identificando-me e ordenando, tão alto quanto consegui, que pusessem fim ao tiroteio, avancei direto à casa onde se encontravam entrincheirados os soldados da 18.
Os tiros passaram por mim zumbindo, dilagramas iam rebentando um pouco por todo o lado. E fosse por intervenção divina, por interferência de Nossa Senhora de Fátima que protege os portugueses quando estes se encontram em más situações, ou pela intervenção que era conferida pelo amuleto que me fora dado pelo Cherno Rachid Jaló, não sofri nem a mais ligeira beliscadura.
Continuando a avançar em direção à casa, consegui que os meus soldados a abandonassem e assim se findou o tiroteio. No rescaldo, e num balanço final, tinha um dos majores um dos lados da cara completamente esfacelado, por se ter mandado abaixo do jipe que estava a ser atacado.
Mais grave, estava o Virgolino Ribeiro Spencer, um dois furriéis da 18, que transitava de boleia na motorizada do Ganga, outro furriel da mesma 18, que era avançado de centro da seleção da Guiné (…)[com família no Pilão]… [E a propósito do Pilão], ainda estava bem presente na mente de todos a morte de quatro elementos da polícia militar, vítimas de uma granada que lhes meteram dentro do jipe.
Virgolino Ribeiro Spencer foi inacreditavelmente atingido por uma bala que, tendo feito ricochete no farolim, o foi apanhar naquele exíguo pedaço do seu corpo, que não estava protegido pelo corpo do Ganga. (…)
Evacuado para Bissau, na madrugado do dia seguinte, morreu um dia depois [na realidade, umas três semanas depois, em 15 de janeiro de 1972]. Para o seu velório e enterro, Spínola mandou-me buscar a Aldeia Formosa.
Foi mais uma noite de profundo desgaste psíquico, físico e mental. Com o calor que se fazia sentir, o corpo já tinha começado a decompor-se. A família, num cantochão, misto de prece e oração, lamentava em conjunto a sua morte. Toda a noite, sem descanso, sem tréguas, sem intervalos. De madrugada, [eu] tinha os nervos arrasados. O enterro constituiu mais uma provação.
Mas voltando a Aldeia Formosa e à noite das facas longas, findo o tiroteio e após ter passado pela enfermaria, dirige-me à sala de operações onde se encontrava reunido o comando do batalhão. O comandante propôs-me então que se esquecesse o que se tinha passado, não informando Bissau do sucedido.
Ao que lhe respondi que não precisava ele de se preocupar em prestar qualquer esclarecimento, pois a essa hora já por toda a cidade de Bissau se sabia o que se tinha passado, com base no agente da PIDE, em Aldeia Formosa.
− E mais, temos de nos preparar para amanhã receber a visita de Spínola.
E assim foi. Formadas as unidades, Spínola determinou que os comandantes das companhias fizessem sair os cabecilhas. E quando viu que os elementos da 18, que tinha mandado sair, estava um cabo com uma cruz de guerra (que ostensivamente colocara), dirigiu-se-me dizendo que não era forma de tratar um herói nacional. Ao que eu respondi:
−Que em matéria de cruzes de guerra, ele ainda ficava a perder comigo.
A verdade é que Spínola estava absolutamente determinado a arranjar alguém que arcasse com as culpas e, se eu não lhe tenho respondido com a mesma arrogância, ele tinha-me passado por cima.
Embarcados os elementos que tinham sido dados como cabecilhas, Spínola regressou a Bissau.
De seguida, mandou quês e apresentasse em Bissau o comandante do [BCAÇ] 3852 e enviou, para Aldeia Formosa, o brigadeiro Ramires, comandante do CTIG, que, tendo como escrivão o major Carlos Azeredo, elaborou o auto respetivo. (Aliás, Carlos Azeredo conhecia muito bem Aldeia Formosa, pois tinha aí comandado um COP).
Ouvidos exaustivamente todos os possíveis intervenientes, foi o comandante punido. Salvo erro, com 12 dias de prisão disciplinar, findos os quais, foi mandado regressar à Metrópole.
No rescaldo, a vida regressou a uma efetiva normalidade, melhoram as relações entre militares, e eu sentia que o grosso que tinha que fazer naquela comissão já estava feito.
A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18, a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.
Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spencer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois. (...)
Notas do editor:
(*) Último poste da sérue > 24 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23813: In Memoriam (462): Rui Alexandrino Ferreira (ex-Sá da Bandeira, Lubango, 1943 - Viseu, 2022), ten cor inf ref, ex-alf mil inf, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67); ex- cap mil, CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, 1970/72); autor de 3 livros de memórias: Rumo a Fulacunda (2000), Quebo (2014) e A Caminho de Viseu (2017)
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Guiné 61/74 - P22999: Usados & Achados: pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis" (11): em dia de namorados, relembrando uma peça do falar alentejano que é uma obra-prima de marotice e de saudável bom humor... (Manuel Gonçalves, ex-alf mil manut, CCS/ BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73)
A língua portuguesa é muito rica, não há dúvida... Quando toda a gente fala por estrangeirismos bacocos, neologismos ou no vaidoso jargão técnico, sabe bem lembrar a bela e rica linguagem popular alentejana contida neste delicioso e maroto texto. Deliciem-se.
Fonte: Adapt. livre de Dicionário de falares do Alentejo / Vítor Fernando Barros, Lourivaldo Martins Guerreiro. - 3ª ed., muito ampliada. - Lisboa : Âncora, 2013. - 294 p., a 2 colns ; 23 cm. - Bibliografia, p. 291-294. - ISBN 978-972-780-420-7 (Com a devida vénia...)
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Nota do editor:Último poste da série > 13 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22197: Usados & Achados: pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis" (10): Dia da espiga... para que não nos falte o pão (espiga de trigo), a alegria (videira), a paz (oliveira), a saúde (alecrim), o amor (papoila) e a sorte (malmequer)...
sábado, 15 de janeiro de 2022
Guiné 61/74 - P22908: Parabéns a você (2026): Manuel dos Santos Gonçalves, ex-Alf Mil Mec Auto da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)
Nota do editor
Último poste da série de 13 de Janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22901: Parabéns a você (2025): Maria Ivone Reis, Major Enfermeira Paraquedista Reformada (1961/74)
terça-feira, 11 de janeiro de 2022
Guiné 61/74 - P22897: Tabanca Grande (529): Alberto Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), natural de Vale Cambra, o primeiro grã-tabanqueiro do ano, o nº 856, embora infelizmente a título póstumo
Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCS/BCAÇ 3852 (1971/73) > De pé, Manuel Gonçalves, alf mil manutenção (CCS); em 1º palano: da esquerda para a direita, Alberto Bastos, alf mil op esp (CCAÇ 3399) e Carlos Santos, alf mil sapador (CCS)
Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCS/BCAÇ 3852 (1971/73) > Da esquerda para a direita: Mesquita, alf mil (Artilharia antiaérea); Rodrigues alf mil (C CAÇ 3399) Alberto Bastos, alf mil op esp (CCAÇ 3399(; Manuel Gonçalves alf mil manutenção (CCS) (em pé); e António Faria, alf mil cavalaria.
Mafra > EPI > COM > 1970 > 3º Turno de Instrução > 6ª Companhia de Instrução > 4º Pelotão > O soldado-cadete Alberto Tavares de Bastos, nº 127 (Imagem extraída da clássica fotografia de grupo. Cortesia de Joaquim Pinto Carvalho, que também pertenceu ao 4º Pelotão da 6ª Companhia)
1. O Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), foi o primeiro camarada da Guiné, que saibamos, a morrer este ano, logo no primeiro dia do ano de 2022 (*).
Foi desde logo nossa intenção, em honra da sua memória, integrá-lo na Tabanca Grande, a título póstumo. Acabámos de receber fotos dele do seu do tempo da tropa e da guerra, enviadas pelos seus camaradas e amigos Joaquim Pinto de Carvalho e Manuel Gonçalves.
Poeta (e homem de teatro: dramaturgo, encenador, ator), com vários livros publicados, foi ele o autor da letra do hino do BCAÇ 3852, datada de 12/6/1971, e reproduzida no seu livro de poesia Alguém (Lisboa, Chiado Editora, 2008, pp. 125/126).
É também autor do poema "Na estrada do Cumbijã", dedicado ao cap mil Vasco da Gama, comandante da CCAV 8351 (Cumbijã, 1971/73), "Os Tigres do Cumbijã" (, já publicado no poste P3640), e reproduzido, a pp. 138/139, no recentíssimo livro do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina (Guiné, 1972/74)". (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 2021.)
- Joaquim Pinto Carvalho,ex-alf mil at inf, CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73) (nº 633)
- Manuel Carmelita (ex-fur mil mecânico radiomontador, CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73)
- Manuel Gonçalves, ex-alf mil mec auto, CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73) (nº 776);
- Silvério Lobo, ex-sold mec auto, CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa e Buba, 1971/73
"O poema que dedicou ao Cap Vasco da Gama, para além de pôr em evidência as suas qualidades literárias , mostra um homem atento ao que o rodeia, amigo e fundamentalmente solidário.
"O meu singelo livro de memórias é pequeno para a grandeza do poema que dedicou à CCav 8351 e ao seu Capitão. Como alguém já referiu: Um Poeta não morre.
mas no verbo a leveza da corrente
genuína!
Tem nos gestos a garra e o voo do falcão
e a volúpia da serpente
que nos fascina!” (...)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 5 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22878: In Memoriam (424): Alberto Tavares de Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)... Natural de Vale de Cambra, onde era muito estimado, destacou-se como poeta e homem de teatroquarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Guiné 61/74 - P22878: In Memoriam (424): Alberto Tavares de Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)... Natural de Vale de Cambra, onde era muito estimado, destacou-se como poeta e homem de teatro
1. Morreu, no primeiro dia do ano de 2022, o nosso camarada Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73). (*)
A triste notícia foi-nos dada pelo Joaquim Pinto de Carvalho, ex-alf mil at inf. CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda), 1971/73, nosso grã-tabanqueiro nº 633 (**)
Pertenciam ao mesmo batalhão, o BCAÇ 3852, e eram amigos do peito, há meio século. Estiveram em Mafra juntos e acabaram por ser mobilizados para a Guiné e para a mesma unidade. O Joaquim e a Maria do Céu estavam desolados. Telefonei, de imediato ao Manuel Gonçalves, igualmente membro da nossa Tabanca Grande (nº 776), que também conhecia o Alberto Bastos, sendo do mesmo batalhão (***). Também o João Marcelino o conheceu. Telefonei igualmente ao Joaquim Costa, da CCAV 8351.
É nossa intenção, em honra da sua memória, integrá-lo na Tabanca Grande, a título póstumo, no caso de termos o OK da sua viúva, a fisioterapeuta e empresária Trindade Bastos. Procuramos também uma foto sua do tempo da tropa e da guerra. Será o primeiro representante da CCAÇ 3399 no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Poeta, desde menino e moço, foi ele o autor da letra do hino do BCAÇ 3852, datada de 12/6/1971, reproduzida no seu livro de poesia <i>Alguém</i> (LIsboa, Chiado Editora, 2008, pp. 125/126.
É também autor do poema "Na estrada do Cumbijã", dedicado ao cap mil Vasco da Gama, comandante da CCAV 8351 (Cumbijã, 1971/73), "Os Tigres do Cumbijã" (, já publicado no poste P3640), e reproduzido, a pp. 138/139, no recentíssimo livro do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina (Guiné, 1972/74") (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 2021).
2. R eprodução de notícia do jornal "on line" "A Voz de Cambra" (com a devida vénia...)
ATUAL > Morreu Alberto Bastos, o encenador, ator e escritor de Vale de Cambra
Janeiro 3, 2022
Cristina Maria Santos
Tinha 72 anos, mais de 50 dedicados à escrita e ao teatro, onde representou mais de 200 papeis diferentes. Alberto Bastos faleceu no primeiro dia do ano de 2022.
Alberto Bastos contava mais de meio século de carreira, com
um percurso marcado por várias atuações no teatro, mas também era reconhecido
pela sua veia humorística fora dos palcos.
Alberto Tavares de Bastos nasceu em S. Pedro de Castelões e escrevia desde a adolescência. Publicou os livros de poemas “Bailam Flores”, em 1999; “Um Grito na Noite dos Tempos”, em 2000; e “Alguém, em 2008. Publicou a sua primeira obra de teatro “Palco da Vida”, em 2006 e a “A Máscara”, em 2015.
Alberto Bastos pisou o palco pela primeira vez aos 12 anos, em 1960, no salão da fábrica “Almeida & Freitas”. “Foi o meu batismo artístico e lembro-me de rir muito e tremer”, recordou Alberto Bastos ao Voz de Cambra, em 2020.
De 1975 a 1978, fez parte do elenco cénico do Grupo
Recreativo e Cultural de Cavião e, a partir de 1993, integrou o Grupo Cénico da
Associação de Promoção e Desenvolvimento de Castelões (APDC), onde foi ator e
habitual encenador.
Participou em vários eventos do concelho, como; “Rusga à
Sra. da Saúde”; “…da Lusitânia ao Foral”; “Queima do Galhofeiro”; Carnaval de
Vale de Cambra, mas também em iniciativas em concelhos limítrofes, como por
exemplo: Viagem Medieval em Terra de Santa Maria e a Feira Medieval de S. João
da Madeira.
Entre muitas representações, em 2016, encenou a peça “Volfrâmio – Suor o deu, miséria o levou”, um trabalho de longa pesquisa, onde entrevistou alguns idosos que sobreviveram ao drama de outrora. “Não abandonei a arte e tenho no prelo uma nova peça em três atos, cuja publicação terá lugar quando a presente situação pandémica do país se desvanecer. Esta obra, ficará disponível para quaisquer grupos cénicos que queiram levá-la à cena”, explicou.
“Bem hajam, todos aqueles que me acompanharam ao longo deste longo percurso e ao público maravilhoso que nunca me regatearam aplauso e crítica. Obrigado”, concluiu
No primeiro dia do ano de 2022, Vale de Cambra lamenta e despede-se do artista que marcou o teatro no concelho.
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22866: In Memoriam (423): Jorge Cabral (1944-2021): cerimónias fúnebres, na Igreja do Lumiar, Lisboa, hoje, a partir das 17h00 (Pedro Almeida Cabral)terça-feira, 7 de setembro de 2021
Guiné 61/74 - P22521: Ser solidário (239): Para as crianças deslocadas em Moçambique, a Escola é uma primeira casa - Uma iniciativa da Helpo - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (Manuel Gonçalves, ex-Alf Mil)
1. Mensagem do nosso camarada Manuel Gonçalves, ex-Alf Mil Manut da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), com data de 6 de Setembro de 2021:
Boa noite
Venho por este meio partilhar com os meus contactos, a campanha que está a decorrer, numa parceria Helpo-Pingo Doce, de apoio às crianças no norte de Moçambique, como abaixo se pormenoriza.
Grato pela vossa solidariedade.
Manuel Gonçalves
Para as crianças deslocadas, a escola é uma primeira casa. No norte de Moçambique, 400 mil crianças ficaram sem casa, mas não têm que ficar sem escola. De 1 a 13 de setembro, compre um vale numa loja Pingo Doce e ajude na educação destas crianças.
Temos vindo a apostar na qualidade de ensino, formação, manutenção das escolinhas, atividades comunitárias, criação de atividades de geração de rendimento, que contribuem para a autossustentabilidade dos centros.
Nota do editor
Último poste da série de 25 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22314: Ser solidário (238): Ainda é possível fazer, até ao fim do mês, a consignação do IRS a favor da ONGD "Ajuda Amiga", NIPC 508617910, de que é presidente da direção o nosso camarada e amigo Carlos Fortunato, ajudando assim a finalizar a contrução da escola de Nhenque, Bissorã, que deve entrar em funcionamento no ano lectivo de 2021/22
segunda-feira, 6 de maio de 2019
Guiné 61/74 - P19753: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Nós vamos a Monte Real, sábado, dia 25 de maio, e já nos inscrevemos antecipadamente... (Ernestino Caniço / Tomar, José Barros Rocha / Penafiel, José Manuel Cancela e Carminda / Penafiel, Manuel Resende / Cascais, Manuel Gonçalves e Tucha / Cascais, Manuel Reis / Aveiro)
Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > A minha velha amiga Tucha (Maria de Fátima, que professora primária na Lourinhã no princípioda década de 1970) mais o seu companheiro e nosso camarada Manuel dos Santos Gonçalves, (ex-alf mil mec auto, CCS / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73). Em segundo plano, a mana da Tucha, a Maria Adelaide Fernandes Luís, e o seu companheiro (que também esteve no TO da Guiné), António Manuel Correia Luís...
O Manel Gonçalves andou pelo menos, 3 anos a prometer-me que ia "tratar dos papéis" para ingressar na Tabanca Grande... Com as idas a Monte Real, ganhou automaticamente esse direito... E finalmente deu o pequeno grande passo, juntando-se aos amigos e camaradas da Guiné que se sentam à sombra do mais frondoso (e famoso) poilão que existe na Internet, o da nossa Tabanca Grande. Foi no ano passado, em 2 de agosto...O seu lugar é o nº 776... Este ano volta, com a Tucha, a Monte Real.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
1. Estes (e estas) são mais alguns dos 85 camaradas e amigos/as da Guiné que já se inscreveram, antecipadamente, para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 25 de maio (*)...
Merecem o devido destaque neste poste, com uma pequena nota biográfica... E merecem também as nossas palmas... Pode ser que com o seu exemplo motivem os indecisos. De qualquer modo, é importante que nos conheçamos melhor uns aos outros. Outros nomes se seguirão nos próximos dias...
Não se esqueçam, camaradas e amigos/as, de trazer o vosso crachá, com o vosso nome. O Miguel Pessoa, da comissão organizadora, todos os anos envia, por mail, aos "periquitos", um ficheiro em "power point" com o logótipo da Tabanca Grande e um espaço em branco para escreverem o vosso nome. Depois é só imprimir. Podem pedir uma 2ª via, em caso de extravio.
Para quem ainda não se inscreveu no nosso Encontro Nacional, tome boa nota que o prazo termina na 6ª feira, dia 10... P'la Comissão Organizadora, LG.
Ernestino Caniço - Tomar
[ex-alf mil cav, Pel Rec Daimler 2208,Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970 a 1972; é médico; não costuma falhar os Encontros Nacionais da Tabanca Grande, desde o VI (em 2011); é membro da Tabanca Grande desde 21 de maio de 2011; tem mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue; o Carlos Pinto, ex-1.º Cabo Condutor/Apontador Daimler, do 2208, também costuma aparecer em Monte Real,mas razões de saúde podem-no impedir de vir este ano]
Porto Alto > 28 de julho de 2012 > I Encontro do pessoal do Pel Rec Daimler 2208 (Mansoa / Mansabá e Bissau, 1970/72)
José Barros Rocha - Penafiel
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
[ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70); tem 30 referências no nosso blogue; vem com frequência aos nossos encontros em Monte Real, o casal era um grande amigo e vizinho do Joaquim Peixoto, e continua a ser da Margarida Peixoto]
Manuel [Augusto] Reis - Aveiro
Manuel Resende - São Domingos de Rana / Cascais
[é o atual régulo da Magnífica Tabanca da Linha, sucedendo ao nosso saudoso Jorge Rosales, recentemente falecido; de seu nome completo, Manuel Cármine Resende Ferreira, foi alf mil CAÇ 2585 / BCAÇ 2884, Jolmete (, Pelundo, Teixeira Pinto), maio de 1969 / março de 1971; é o editor do blogue Memórias de Jolmete); edita também a página do Facebook da A Magnífica Tabanca da Linha, grupo fechado; tem mais de uma centena de referências no nosso blogue; é um excelente fotógrafo]
(*) Último poste da série > 6 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19748: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): tínhamos 83 inscrições até domingo à noite, dia 5... Mais alguns camaradas que vão estar em Monte Real, no dia 25: Agostinho Gaspar (Leiria); Armando Pires (Oeiras), Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã); Lucinda Aranha (Torres Vedras), Luís Paulino (Lisboa); Mário Magalhães (Lisboa)
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Guiné 61/74 . P19006: (De) Caras (117): A morte do fur mil, da CCAÇ 18, Virgolino Ribeiro Spencer, em Aldeia Formosa, em 15 de janeiro de 1972... Acidente ou homicídio na Consoada de Natal de 1971 ? A versão do Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS/ BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73).
Manuel Gonçalves, alf mil mec auto CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73) |
Em longa conversa que tive com ele, no passado dia 30 de julho, na Praia da Areia Branca, ele falou-me desses tempos em que esteve em Aldeia Formosa, aí tendo conhecido a CCAÇ 18 e o seu comandandnte, o ex-cap mil Rui Alexandrino Ferreira, nosso grã-tabanqueiro de longa data. (Tem 3 livros publicados, vive em Viseu e inbfelizmente sofre de doenca crónica degenerativa que o impede de continuar a colaborar com o nosso blogue.)
Também foi camarada, na CCS/BCAÇ 3852, do alf mil João Marcelino, que vive na Lourinhã, e que esteve presente no VII Enconro Nacional da Tabanca Grande (2012).
Oficialmente, o exército considerou a sua morte como "acidente". Na realidade, ele terá sido assassinado, quando crculava pela tabanca com a sua motorizada. Era um guineense, de origem cabo-verdiana, sendo naatural de Nª Sra. Natividade, Pecixe, Cacheu.
A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18, a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.
Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spemcer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois.
Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do último livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Coimbra, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do João Marcelino (que vive na Lourinhã, esteve presente no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2012, e que é amigo do autor desde a Guiné, tendo estado os dois juntos em Aldeia Formosa: o Rui como comandante da CCAÇ 18, o João Marcelino, "Joneca", como alf mil, CCS/BCAÇ 3852).
2. Não sei como é que o Rui Alexandrino Ferreira ficou na "fotografia". Nunca falei com
Confesso que ainda não li o livro e, portanto, não sei qual é a versão do Rui... O Manuel Gonçalves tem o livro e ficou de ver alguns pormenores. Nessa noite, o Rui saiu com o seu guarda-costas e mais uma pequena força com vista a serenar os ânimos. Terá sido recebido à granada. O guarda-costas provavelmente salvou-lhe a vida.
Temos também na Tabanca Grande o Manuel Carmelita (ex-fur mil mecânico radiomontador da CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), que nos pode dar a sua versão do que se passou nessa "noite dos horrores".
O Silvério Lobo, soldado mecânico, que esteve sob as ordens do Manuel Gonçalves, também é nosso grã-tahanqueiro e já voltou à Guiné inúmeras vezes, tem inclusive "cartão de residente"... Mas, a verdade, é que o caso do Virgolino Ribeiro Spencer é "virgem", aqui no nosso blogue (**)... Porquê tanto silêncio ?
Rui A. Ferreira |
Esse tenente coronel disse, ao alferes, que nesse dia "tinha acabado" a sua carreira militar... Já cá, na metrópole, o Manuel Guimarães soube, entretanto, do seu falecimento há uns anos.
O nosso conhecido Barros e Bastos (, o célebre BêBê, major art do BART 2917, Bambadinca., 1970/72, de seu nome completo Jorge Vieira de Barros e Bastos ), depois de promovido a tenente coronel, foi comandar o BCAÇ 3852.
O Manuel, com 12 anos de Pupilos do Exército, "teve alguns problemas" com o seu novo superior hierárquico. Em Aldeia Formosa, tinha outro "nickname", o Bagabaga...
Apelamos aos camaradas que estiveram em Aldeia Formosa, em 1972, para confirmar essta história. Não tenho, de momento, condições para falar com o Manuel Gonçalves, o Manuel Carmelita, o Silvério Lobo ou o João Marcelino nem muito menos com o Rui Alexandre Ferreira. (***)
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 15 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18925: Furriéis que tombaram no CTIG (1963-1974), por acidente, combate e doença - Parte I: Por acidente (n=68) (Jorge Araújo)
(***) Último poste da série > 6 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18989: (De)Caras (119): Sou dos que acreditam na história que o Cajan Seidi conta sobre o aniquilamento de cerca de vinte Homens Grandes da população de Jolmete, em 1964 (Manuel Carvalho, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70)