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sexta-feira, 3 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24115: Álbum fotográfico de Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70) - Parte II: Mais imagens de Ingoré... e de pessoal da CCAÇ 1801 (Ingoré, Bissum-Naga, São Domingos)


Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Despedida do pessoal da CCAÇ 1801 (1968/69), que estava em Ingoré e no destacamento de Antotinha  O Manuel Seleiro, nesta foto, parece ser o segundo, ao centro, de bigode,


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O quartel de Ingoré


Foto nº 9 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > "Dois batelões" (... no Leste, no rio Geba, eram chamados "barcos turras" que faziam transporte de mercadorias e de pessoal civil...)


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Pôr do sol

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal  (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Sedengal, Ingoré, Antotinha e rio Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do Manuel Seleiro (*), membro da Tabanca Grande nº 870 (**). Trata-se de mais algumas imagens de Ingoré, editadas pelo nosso blogue, com a devida vénia e a autorização do autor. Numa destas fotos vê-se pessoal da CCAÇ 1801, que estve destacado em Antotinha. A CCÇ 1801 passou por Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) (1968/69).  Sobre Ingoré temos mais de 80 referências. Ingoré fica na carta de Sedengal (1953) (escala 1/50 mil),

Recordamos que o Manuel Seleiro era o sapador do seu Pel Caç Nat 60. Tirou um curso de minas e armadilhas, de 10 dias, em Bissau. Quando lhe faltavam dois meses para terminar a comissão, foi vítima, em combate, da explosão de uma mina A/P. 

Mesmo totalmente cego, e apenas com dois dedos na mão esquerda, o nosso camarada edita dois blogues (Pel Caç Nat 60 e Luar da Meia Noite). Só reconhece as suas fotos pelas legendas (que procuramos manter). Segue (e comenta) o nosso blogue há muito. O seu exemplo de tenacidade, resistência, camaradagem, e amor à vida e à sua terra natal, Serpa, Baixo Alentejo,  é digno da nossa admiração e do nosso maior apreço. Podemos apontá-lo como um grande exemplo de capacidade de luta contra a adversidade.

Estas fotos, que constam, da  página pessoal do Manuel Seleiro, Luar da Meia Noite, também podem ser, algumas, da autoria do Nelson Gonçalves, que foi o segundo comandante do Pel Caç Nat 60 (criado em São Somingos, em 1968), e também ele vítima de uma mina (neste caso A/C), e DFA.

Julgo que o Nelson Gonçalves vive nas Caldas da Rainha, é viúvo da nossa amiga Manuela Gonçalves, a Nela, falecida em 2019; não temos, infelizmente, o contacto do nosso camarada Nelson Gonçalves que gostaríamos ainda dever sentado à sombra do nosso poilão.

Da CCAÇ 1801, só temos infelizmente quatro referências: o  Carlos Sousa, o Carlos Fernando da Conceição Sousa [ex-alf mil op esp /ranger, CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69] é membro da nossa Tabanca Grande. E é o único representante da CCAÇ 1801.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24067: Blogues da nossa blogosfera (177): Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/74), blogue criado por Manuel Seleiro, ex-1º cabo caçador, DFA, natural de Serpa - Parte I: Histórias de minas que marcaram corpos e almas...



Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > > Estrada São Domingos - Susana - Varela >  Nhambalã > 13 de novembro de 1969 >  O 1º cabo caçador Manuel Saleiro, que era o "sapador" do pelotão, aqui levantando uma mina anticarro... Foi desativada sem problemas... Mas a 30 metros havia outra... 


Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel  Caç Nat 60 (1968/70) >  Estrada São Domingos - Susana - Varela > Nhambalã > 13 de novembro de 1969  > O alf mil Nelson Gonçalves, cmdt do Pelotão, e o 1º cabo Manuel Seleiro, junto da primeira mina A/C. 


Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > E
strada São Domingos - Susana - Varela >  Nhambalã >  13 de novembro de 1969 > O 1º cabo Manuel Seleiro, que fazia parte da equipa de minas e armadilhas


Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) >Estrada São Domingos - Susana - Varela  >    Nhambalã > 13 de novembro de 1969 > Este é o buraco provocado pela segunda  mina anticarro, e o estado em que ficou a viatura onde seguia o alf mil Gonçalves.


Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > S/d > S/l > Legenda lacónica: equipa de minas e armadilhas... O Manuel Seleiro pode ser o primeiro do lado direito, em primeiro plano.

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Os créditos fotográficos das fotos de 13/11/1969 devem ser atribuídos ao fur mil Moreira, que vive hoje em Riba D' Ave. Ele foi o fotógrafo que estava lá, nesse dia fatídico de 13/11/1969. Em Nhambalã (n0me de uma localidade no setor de São Domingos). No blogue do Pel Caç Nat 60 as estão em formato reduzido, sem edição.



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Susana (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Susana e Nhambalã, na estrada de São Domingos-Susana-Varela

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Não é frequente encontrar-se, na Net, uma página ou um blogue dedicado a um Pelotão de Caçadores Nativos.  Uma agradável surpresa é o https://pelcac60guine.blogspot.com/ (Guiné. Pel Caç Nat 60). 

O criador e administrador do blogue é o 1º cabo Manuel Seleiro, DFA, natural de Serpa, a viver em Cascais,  e, como tal, fã  (com uma página de divulgação) do Cante Alentejano.  

Fundado em 2009, o blogue do Pel Caç Nat 60  tem cerca de 2 centenas de postes. Ainda está ativo, se bem que o maior número de postes se encontre no período de 2009-2015. Tem mais de 55 mil visualizações de páginas e 14 seguidores. 

Fica aqui o convite para o Manuel Seleiro, que segue o nosso blogue, para integrar de pleno direito a nossa Tabanca Grande. (**)

O 1º cabo caçador Manuel  Seleiro foi ferido, juntamente com o alf mil Hugo Guerra, na explosão de uma mina A/P, em 13 de Março de 1970. Os dois foram evacuados para o HMP, em Lisboa.  Ambos são DFA.

O Hugo Guerra é membro da nossa Tabanca Grande e já nos contou aqui a história atribulada da sua vida, incluindo o acidente, grave, com a mina que estava a ser desativada pelo Manuel Seleiro (***).

O Pel Caç Nat 60 tem cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue. 


Blogue do Pel Caç Nat 60 (1968/74), da autoria de Manuel Seleiro

História da unidade: 

(i) o Pel Caç Nat 60 foi formado a 7 de Maio de 1968, em S. Domingos; 

(ii) esteve com a CCS/BCaç 1933, CCaç 1790, CCaç 1791, em São Domingos, de maio a fins de novembro de 1968; 

(iii) o pessoal seguiu depois  para Ingoré, ficando adido à CCaç 1801 de novembro de 1968 até agosto de 1969; 

(iv) de regresso  a S. Domingos, em agosto de 1969, fica  adido à CCav 2539;

(vi) ficaria aquartelado em S. Domingos e Susana, até ao ano de 1974; 

(vii) o primeiro comandante  foi  o ex-alf mil  Luís Almeida, rendido pelo ex-alf mil Nelson Gonçalves (ao tempo do BCAV 2876, São Domingos, 1969/71); 

(viii) a 13 de novembro, de 1969 a viatura em que seguia  o Nelson Gonçalves, acionou uma mina A/C,  sendo este sido ferido com gravidade, e helievacuado para o HM 241 e depois para o HMP; 

(ix) de novembro de 1969 a janeiro de 1970, o pelotão foi comandado pelo ex-fur mil  Rocha

(x) em janeiro de 1970 o ex-alf mil Hugo Guerra comandava o pelotão,  sendo ferido no dia 10 de março,  quando o 1º cabo Manuel Seleiro desativava uma mina anti-pessoal.(...)


2. Tomamos a liberdade de reproduzir aqui, com a devida vénia,  um dos postes deste blogue, respeitante ao dia em que o alf mil Nelson Gonçalves foi gravemente ferido na estrada São Domingos-Susana, em Nhambalã, em 13 de novembro de 1969, quando a viatura em que seguia acionou uma mina: evacuado para o HM241 (e depois o HMP), foi-lhe  amputada uma perna (*).


São Domingos, 13-11-69

O Pel Caç Nat 60 e um pelotão da CCAV  2539 saíram numa coluna auto para uma missão a Susana/Varela.

A coluna era comandada pelo alf mil Nelson Gonçalves,  do Pel Caç Nat 60, encontrava-se na terceira viatura que era um Unimog novinho em folha, tinha uma semana...

No dia 13 de novembro (não sei se era sexta feira!)   
[por acaso, era um quinta-feira... Editor LG ]... O soldado Guilherme que fazia anos nesse dia teve uma sorte incrível, Três minutos antes da mina anticarro ter sido accionada,  o Guilherme ia a falar com o alferes Gonçalves junto à roda que accionou a mina anticarro.

Por um daqueles mistérios que ninguém sabe explicar,  o Guilherme avançou uns cinco metros para a frente da viatura,  Assim escapou a morte certa...

A primeira mina anticarro foi descoberta e foi desactivada pelo 1º cabo Seleiro, que está na foto com o alferes Gonçalves. A segunda mina anticarro estava a uns trinta metros   mais á frente num local que escapou aos homens das picas. 
[ Ou estava a 300 metros ? .. Editor LG ] (*)
.
Era uma ligeira subida onde o terreno era bastante duro, suponho que o que levou o IN a montar a mina naquele local foi que há algum tempo atrás caíra ali uma árvore de grande porte. Como havia vestígios de alguns ramos e folhas secas, era portanto o local certo para colocar a mina...

Na altura da explosão houve uns momentos de supresa, a reacção foi atirarmo-nos para o chão... Passados os primeiros minutos que antecedem o choque da explosão, esperávamos que houvesse uma emboscada...

Não foi o caso, a minha secção vinha na última viatura. Montada a segurança,  socorreu-se o alf mil Gonçalves que estava gravemente ferido, creio que a secção que ia na GMC na frente da coluna éra comandada pelo fur mil Félix Dias, da CCAV 2539,  que seguia com o alf mil Gonçalves para São Domingos...

Nós ficámos no local da viatura acidentada, decorridos uns dez minutos ainda não sabíamos do Gama, o condutor da viatura, perante o nosso espanto vimos sair do mato um homem mais parecido com um sonâmblo e a sua cara estava mascarrada, o seu olhar ausente,  o seu andar mais parecia um autómato,  foi preciso muito tempo para que falasse, mas não sabia o que se tinha passado ali... Este homem levou muitos dias para recuperar totalmente.

O Guilherme,  o soldado de transmissões, quando se apercebeu no que lhe podia ter acontecido,  chorava.

Nós só saímos do local cerca das 17h33 com a viatura acidentada para o quartel de São Domingos.

Manuel Seleiro
Primeiro Cabo

[Revisão / Fixação de texto / título / Notas em parênteses retos: LG ]

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P634: Uma mina na estrada de São Domingos para Susana (Manuela Gonçalves)



(...) Fiquei a comandar o Pel Caç Nat 60 e ainda tenho algumas lembranças de coisas que por lá aconteceram. Adiante.

No dia 13 de Março de 1970, ia comandar um patrulhamento até à fronteira e eis senão quando detectámos uma primeira mina reforçada, mas em tal estado de conservação que não houve qualquer problema para a levantar.

Tinha no Pelotão um Primeiro Cabo, de nome Seleiro, já com um longo historial de levantar minas e, depois de a vermos, concordei que ele a levantasse, o que foi feito sem qualquer problema. Passámos o detonador para a bolsa do enfermeiro e continuámos a progressão.

Como eu era sempre o terceiro ou quarto homem depois das picas, vi perfeitamente que os picadores tinham localizado qualquer coisa. Montada a segurança lá chamei de novo o Seleiro para conferenciarmos sobre aquela.

Depois de nos certificarmos que estava isolada, tinha que decidir se abortava a operação, rebentando a mesma e regressando a São Domingos, expostos a alguma emboscada do IN. Se fosse entendido desactivar a mesma, poderíamos ir ao objectivo e no regresso levantá-la sem qualquer perigo.

Um e outro rastejámos até à mina que parecia nova e eu comecei a dizer ao seleiro que a queria levantar. Ele acabaria a sua comissão dois meses mais tarde.

Comecei a suar por todos os poros e depois de olhar bem aquela malvada, disse ao Seleiro que não era capaz. Ele disse-me que não havia crise e tomou o meu lugar.

Deitado no chão a cerca de 5 metros, acompanhei todos os seus movimentos com angústia e só relaxei um pouco quando ele, de joelhos e com a mina na mão, prestes a desarmadilhá-la me chamou:

- Meu Alferes, olhe aqui.

Comecei a levantar-me e senti o estrondo infernal, o sopro que me projectou de costas, o sangue quente a escorrer na cara e os gritos dele a dizer que estava morto…

Mas não estava. Os nossos homens trataram-nos o melhor possível, pediram as evacuações e fizeram uma macas com bambus e camisas. Tinha medo de perder a consciência e passar para o outro lado.

Aguentei, em choque, até chegarmos ao HM 241 em Bissau e o que mais me agradava naquele desespero todo era continuar a ouvir o Seleiro a dizer que estava morto. Se ele se calasse, sabia que podia ter perdido um amigo.

Quarenta e oito horas depois chegámos ao aeroporto de Figo Maduro e, como já foi dito por um camarada nosso, fomos colocados dentro de ambulâncias militares e sem qualquer barulho para não acordar a cidade, levaram-me a mim para o HMP na Infante Santo e o Seleiro foi levado para o Anexo, em Campolide.(...)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24063: Roncos que davam prémios (em dinheiro)... mas podiam custar a vida: a deteção e levantamento de minas...

Guiné > Região do Cacheu > Chão felupe > 1974 > BART 6522/72 (1972/74) > Deteção e levantamento de minas A/P. António Inverno, (*)

Foto (e legenda):  © António Inverno (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Guiné > Região do Cacheu > Pel Caç Nat 60 > Estrada São Domingos - Susana > 13 de novembro de 1969 > A primeira mina A/C detetada e levantada: na imagem o alf mil Nelson Gonçalves e o 1º cabo Manuel Seleiro.

Foto (e legenda): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Citação: (1963-1973), "Guerrilheiros do PAIGC colocando uma mina", Fundação Mário Soares / DAC – Documentos Amílcar Cabral, disponível HTTP:http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43786 (com a devida vénia)

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  O rebenta-minas com rodado duplo à frente e sacos de areia na cabine, sem tejadilho... Uma GMC, adaptada, com 12 rodas...

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

1. As minas (A/C e A/P) e armadilhas (fornilhos, etc.) foram um dos "ossos mais duros de roer" na guerra que tivemos de enfrentar no TO da Guiné... Não sabemos quantas foram montadas, identificadas e levantadas... De um lado e do outro... Impossível haver estatísticas. Mas foram dezenas e dezenas, senão centenas, de milhares, ao longo dos anos, as minas que montámos, de um lado e do outro, para provocar baixas no campo do inimigo e desmoralizá-lo... Uma "arma suja", nesta e noutras guerras...

Pior ainda, não sabemos quantas foram accionadas pelas nossas viaturas, ou pelos nossos pés... Nem o número de mortos, feridos e incapacitados, provocados por estes engenhos mortíferos... Falamos de minas terrestres, mas também as havia aquáticas... 

As minas eram o terror de quem fazia colunas logísticas, de quem tinha que se deslocar por picadas (intransitáveis no tempo das chuvas...), de quem fazia operações no mato e tinha que se aproximar de alvos do inimigo... Era o terror de guias e picadores, dos condutores dos "rebenta-minas" (que seguiam à frente das colunas logísticas)... Mas também da população: muitas tabancas, em autodefesa, bem como destacamentos e aquartelamentos das NT, eram cercadas  por campos de minas... 

Enfim, toda a gente tem histórias de minas e armadilhas, teve camaradas que morreram ou ficaram feridos com o accionamento de minas, A/C ou A/P, mas também conheceu camaradas que foram heróis, sobretudo a leventar minas: sapadores ou graduados (alferes e furriéis) com o curso de minas e armadilhas que se tirava em Tancos, se não erro...

O tema está bem documentado no nosso nosso blogue. Temos cerca de 220 referências sobre minas e armadilhas (**)... 

O que toda a gente também sabe é que as minas também davam... "patacão", desde que fossem identificadas e levantadas, ou só identificadas e destruídas... A partir de 22/9/1967, uma mina anticarro (desde que detectada e levantada/capturada com todos os seus componentes) valia tanto como um canhão s/r, um LGFog (RPG 2 ou 7), morteiro pesado ou médio, ou seja, 2 contos (o que equivaleria, a preços  de hoje,  a 771 euros). A mina ou "fornilho, antipessoal, só valia metade, mil escudos... (Afinal, uma GMC, um Unimog ou uma Berliet sempre valia mais do que um homem.)

_____________

Capitulo IV - Ano de 1964 

Anexo n° 1 - Normas para a atribuição de prémios pela captura de material ao inimigo

(CIRCULAR N° 2219/B DE 25 DE Abril da 2ª- Rep/QG/CTIG)

1. Pela captura ao lN de pistolas, espingardas, pistolas metralhadoras e morteiros serão atribuídos prémios, desde que a sua apreensão se verifique nas seguintes condições:

a. Em acções de combate (sob o fogo do lN);

b. Como consequência directa de acções de combate.

Não é atribuído qualquer prémio ao material dos tipos indicados que seja simplesmente encontrado (inclui-se aquele que tenha sido abandonado pelo lN devido ao funcionamento de armadilhas montadas pelas NT).

2. Serão também atribuídos prémios pela captura de minas ou armadilhas  apess [antipessoal, A/P]  e minas ou fornilhos acar [anticarro, A/C].

A designação "fornilho", além do seu significado clássico, engloba também as cargas explosivas convenientemente preparadas e prontas a serem accionadas.

Terão a designação de fornilho acar [A/C]  ou armadilha apess [A/P] consoante a respectiva quantidade de explosivos e o fim a que se destinam.

A estes materiais serão atribuídos prémios nas seguintes condições:

a. Detectado e capturado com todos os seus componentes;

b. Detectado e destruído.

3. Os prémios a atribuir são os seguintes:










4. A atribuição de prémios individuais é dificil, além de se considerar passível de afectar a disciplina e a eficiência operacional das unidades, pelo que se considera excepcional.

Aos Comandos de Batalhão competirá definir, para cada caso, se o prémio deverá ser atribuído individual ou colectivamente.

5. Os Comandos de Batalhão, para os fins de atribuição de prémios, informam o QG das condições em que se verificou a apreensão de material (1.a. ou 1.b. e 2.a. ou 2.b.).

6. Os Comandos de Batalhão devem enviar ao QG, mensalmente, a relação do material apreendido.

7. Modelos para a relação a que se refere o número anterior.







8. A presente Circular substitui a de referência, n° 1843/B de 02Dez63.


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2014), pp. 288/289.


Capítulo I - Ano de 1967 (...): Directivas do Comandante-Chefe

Directiva para "Atribuição de prémos a militares e CIVIS por apreensão de material de guerra ao inimigo" do Comandante-Chefe de 22 de Setembro (referência ao oficio n° 1042/B, do SGDN, 2.ª Rep, de 31 Mar67). Esta directiva substituiu a distribuída com o n° 1980 em 101200Jul67.

" 1. Com vista a conseguir um procedimento uniforme nas Províncias Ultramarinas da Guiné, Angola e Moçambique quanto aos prémios a atribuir a militares e civis por apreensão de material de guerra ao inimigo, Sua Ex". o Ministro da Defesa Nacional, por seu despacho de 07Mar67, determinou o seguinte:

a - Os prémios devem ser iguais nas diferentes Províncias Ultramarinas e para os três Ramos das Forças Armadas;

b - Os prémios por captura de material inimigo devem ser atribuídos quaisquer que sejam as circunstâncias em que esta se efectue;

c - O montante dos prémios deve ser igual para militares e civis;

d - Deve ser também recompensado quem fornecer elementos que conduzam à captura de material do inimigo. O montante para cada caso deve ser fixado pelo Comando-Chefe;

e - No caso de apreensão do material levada a efeito por um grupo de civis ou unidade militar, a repartição do prémio pelos seus componentes ficará ao critério do Comando-Chefe;

f - Os prémios a atribuir deverão ser os constantes da tabela que a seguir se indica:


 [Tabela e negritos: editor LG ]


2. Os comandos dos três Ramos das Forças Armadas da Guiné, o Comando da Polícia de Segurança Pública da Guiné, a Organização Provincial de Voluntários, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado e os Serviços de Administração Civil da Província, devem fazer entrar em vigor, em 22/9/67 a tabela de prémios estabelecida pelo despacho de Sua Excelência o Ministro da Defesa Nacional referido no número anterior. [...]"

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2015), pp. 47-48

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7480: Estórias avulsas (46): Desminagem entre S. Domingos e Susana (António Inverno)

(**) Ver uma pequena amostra de postes:

4 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2327: PAIGC - Instrução, táctica e logística (6): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (VI Parte): Minas I (A. Marques Lopes)

8 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4304: (Ex)citações (27): Lembrando a memória de meu tio Manuel Sobreiro, morto por uma mina (Nelson Domingues)

4 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9850: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (52): Bula - A guerra das minas (2) - Os "eleitos"

4 de janeiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12540: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (5): Sou do famigerado XX Curso de Explosivos de Minas e Armadilhas, iniciado a 8 de Agosto e terminado a 17 de Setembro de 1966, na Escola Prática de Engenharia (EPE), em Tancos


11 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14993: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (15): De 19 a 22 de Junho de 1973


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6982: Blogues da nossa blogosfera (36): A Tabanca do Montijo, de João Manuel Félix Dias (ex-Fur Mil SAM, CCAV 2539 e CCAÇ 3, 1969/71)



Foi criado, em Dezembro de 2009,  mais um blogue sobre a guerra na Guiné (1963/74)... A iniciativa é do nosso camarada João Manuel Félix Dias, que pertence à nossa Tabanca Grande desde Setembro de 2008 (*). Nome do blogue: Montijo - Tabanca do Montijo. É "dedicada aos militares de Montijo que, naqueles anos de 1961/1974,  por trilhos, picadas e bolanhas com Sangue, Suor e Lágrimas contribuiram para elaborar o Nosso Historial".

Boa parte da rapaziada do Montijo, dos três ramos das Forças Armadas, são ou foram amigos de infância e de juventude do João, a quem damos os parabéns pela iniciativa (e o apoio que for necessário por parte da Tabanca Grande).


Eis como se apresenta o autor do blogue:

"Morei, algum tempo, no Alto das Vinhas Grandes. Em 1958 mudámos para a Rua E, (hoje, da Guiné) nº 4, no Afonsoeiro. Estudei até à 4ª. classe na Escola Reis,  junto ao Cinema. Preparei a Admissão na Farmácia Higiene, Prof. Pita, antes do Exame para o Ciclo Preparatório.

"Frequentei a velha Escola Técnica EICM até 1963. Saí com 15 anos e nesse mesmo ano comecei a trabalhar. Fiz um estágio na Soluz,  do Sr. Joaquim C. Tapadinhas e Quirino Correia. Algum tempo trabalhei em Lisboa na Rádio Escola. Também na empresa José Trindade Ventura - Carnes - que funcionava no quintal do Sr. Ilhéu. E durante mais tempo, até à tropa, trabalhei na Oficina  Joao Augusto Ramos. Contacto joaomanuel47@gmail.com  ou felixdias@msn.com  964451199 / 212316862, São Francisco, Alcochete".

No TO da Guiné o João Manuel Félix Dias foi Fur Mil Grad SAM, tendo passado pelas CCAV 2539 (S. Domingos) e 2540 (Sedengal) /BCAV 2876 (Ingoré, 1969/70) e  CCAÇ 3 (Binta, Guidaje, 1970/71).

A este batalhão, o BCAV 2876, pertencia o malogrado Cap Cav Luís Rei Vilar, comandante da CCAV 2538.

O João ia na coluna em que o Alf Mil Nelson Gonçalves, do Pel Caç Nat 60,  foi gravemente ferido numa A/C, na estrada São Domingos, Susana, a 13 de Novembro de 1969. (Há um blogue sobre o Pel Caç Nat 60, da autoria de Manuel Seleiro).

A mulher do Nelson Gonçalves, a Manuela Gonçalves (Nela) já escreveu, na I Série do nosso blogue,  sobre essse trágico episódio... Foi uma das primeiras mulheres a fazer parte da nossa tertúlia (hoje, Tabanca Grande). Tinha um blogue (Caminhos por onde andei) que já não está activo... Eu próprio lhe perdi o rasto. Eis o seu antigo email: misstrenga@gmail.com.




Blogue do Pel Caç Nat 60 (1968/74), da autoria de Manuel Seleiro

Ao telefone com o João, que tem uma excelente memória, fiquei a saber o seguinte:

(i) Ele cresceu n o Montijo, o pai era operário da Mundet, a fábrica de cortiça;

(ii) Hoje vive em São Franscisco, que pertence a Alcochete;

(iii) A ideia do blogue (**) surgiu-lhe quando estava desempregado;

(iv) Está a tentar reunir a malta da região, e fazer uma primeira reunião de convívio no Café Portugal;

(v) Foi vagomestre na CCAV 2539, mas levou uma porrada do capitão, acabando por passar um mês na CCAV 2540 e o resto da comissão na CCAÇ 3;

(vi) O vagomestre que ele foi render, teve uma comissão desgraçada: ficou até 1972 em comissão liquidatária; toda a gente roubava (a começar pela população civil a quem se dava boleia) quando da organização das colunas logísticas, de tal maneira que era preciso levar malta armada em cima das viaturas para dissuadir os ladrões; na mina em que foi ferido o Alf Mil Nelson Gonçalves, houve pilhagens de toda a ordem; 

(viii) Na CCAÇ 3 ele conseguiu convencer o capitão a arranjar mais um vagomestre: quando um ia a Guidage buscar os abastecimentos, ficava outro em Binta: tudo era conferido à partida e à chegada; ele não se queixa, na CCAÇ 3, teve uma comissão descansada;

(ix) Ouviu falar da história do Cap Luis Rei Vilar, da CCAV 2538, mas não sabe mais do que os boatos que circulavam; já conhecia aquele oficial deste Estremoz; achava que se devia pôr uma pedra no assunto;

(x) Tem, o contacto da Manuela Gonçalves (Nela) e de vez em quando trocam mensagens; o email dela é outro...

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3183: Tabanca Grande (85): João Manuel Félix Dias, ex-Fur Mil SAM, CCAV 2539, 2540 e CCAÇ 3, Guiné 1969/71

(**) Último poste da série > 21 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6203: Blogues da nossa blogosfera (35): Tabanca dos Melros, com sede no Choupal dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, aberta a todos os ECUS, ex-combatentes do ultramar...