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quarta-feira, 23 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23103: Álbum fotográfico do Joaquim Jorge, natural de Ferrel, Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) - Parte I: Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa"

Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O gen Arnaldo Schulz, de cigarro na boca,  inspecionando um abrigo. Na sua traseira, o comandante do destacamento, alf mil Joaquim Jorge.


Guiné >Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >   Local da parada: o pau da bandeira e o escudo das quinas, feito com garrafas de cerveja


Guiné > Região de  Quínara > CAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >  O escudoa das Quibas, feito com garrafas de cerveja, no local da parada


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas, pormenor: à esquerda, o alf mil Joaquim Jorge


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O alf mil Joaquim Jorge lendo o jornal "A Bola"


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Cartaz "Chegámos, Vimos, Vencemos"... O Joaquim Jorge com o bazuqueiro

Fotos (e legenda): © Joaquim Jorge  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fotos do álbum do nosso amigo e camarada de Ferrel, Peniche, o Joaquim Jorge, que comandou, na maior parte do tempo,  a CCAÇ 616 (Empada e Ualada, 1964/66), na qualidade de alf mil at inf (*).  Tem 20 referências no nosso blogue.

O destacamento de Ualada, a 4 km de Empada, a  sudeste, começou a ser construído em meados de 1965: 

"Foi com muita ansiedade e espectativa que chegou o dia dezassete de Março, pois foi neste dia que chegámos a Ualada (“Ponderosa”), distante quatro quilómetros de Empada, com armas, pás, picaretas, arame farpado, chapas de bidão e algumas rações de combate, prontos para a sua reconquista e instalação de um novo 'quartel' ", escreveu o Joaquim Jorge.

“Rancho da Ponderosa” foi o cognome que o Joaquim Jorge  lhe deu  em lembrança da série televisiva “Bonanza"... A série do faroeste "Bonanza", com a saga da família Cartwright, proprietária do rancho da "Ponderosa", no Nevada, estreou-se, na televisão americana, em 1959; foi um extraordinário caso de popularidade e longevidade; começou a ser exibida na RTP em 1961.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20246: Episódios da minha guerra (Manuel Viegas, ex-fur mil, CCAÇ 1587, Empada, Catió e Ilha do Como, 1966/68) - Parte I: O ataque ao destacamento avançado, "Rancho da Ponderosa", na tabanca de Ualada, subsetor de Empada


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 1587 (Cachil, Empada, Bolama e Bissau, 1966/68) > Ualada > Destacamento "Rancho da Ponderosa> O soldado Jorge Patrício, à porta do destacamento. A tabanca terá sido abandonada pela população e o destacamento desativado no segundo semestre de 1968 (, facto a confirmar), na sequência da retração e racionalização  do dispositivo no CTIG, no início do "consulado" de Spínola, altura (2º semestre de 1968/ 1º semestre de 1969) em que foram abandonadas outras posições como Ponta do Inglês, Gandembel,  Ganturé, Cacoca, Sangonhá, Beli, Madina do Boé, Cheche... (Em 2009, o José Patrício vivia em Viseu, já aposentado da função pública.)

O destacamento deve ter sido construído pela CCAÇ 1423 (RI 15, Tomar), que  ocupou o aquartelamento de Empada entre janeiro de 1966 e dezembro do mesmo ano, seguindo depois para o Cachil.  [Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves, Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, Capitão de Cavalaria Eurico António Sacavém da Fonseca, de novo Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, e de novo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves. Ostentou como Divisa “Firmes e Constantes”.]


(i)  a CCAÇ 616 (RI 1, Amadora), ocupou o aquartelamento entre abril de 1964 e janeiro de 1966, quando acabou a comissão. [Foi comandada pelo nosso grã-tabanqueiro , de Ferrel, Peniche,   alf mil Joaquim da Silva Jorge,  pelo cap mil inf  Francisco do Vale,  cap inf  José Pedro Mendes Franco do Carmo, de novo pelo alf mil inf Alferes Miliciano  Joaquim da Silva Jorge e cap cav Germano Miquelina Cardoso Simões; ostentou como Divisa “Super Omnia”]M

(ii) segui-se a Companhia de Milícias n.º 6, do recrutamento local, quem ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1965 e Dezembro de 1971, até à extinção da força.

Por informação posterior, do nosso amigo e camarada Joaquim Jorge, ficamos a saber que "quem "fundou e construiu a 'Ponderosa' foi a CCAÇ 616 da qual eu era comandante em 17 de Março de 1965."
Fonte: Cortesia do CM - Correio da Manhã, edição de 4/10/2009. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bolama > Nova Sintra > 1972 > Entrada do quartel dos Duros de Nova Sintra, a CART 2711, 1970/72... É possível que este pórtico, "!Rancho dos Duros", tenha sido inspirado pelos vizinhos,  mais antigos, do "Rancho da Ponderosa", destacamento de Ualada, subsetor de Empada,  ao tempo da CCAÇ 1587 (1966/68).

Foto (e legenda): © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


[Foto à esquerda: Manuel Rosa Viegas, ex-Furriel da Companhia de Caçadores, nº 1587, Empada , Catió e ilha do Como, entre 1966 e 1968; vive em Faro; é o mais recente membro da Tabanca Grande, nº 798 (*)]


Episódios da minha guerra (Manuel Viegas, ex-fur mil, CCAÇ 1587, Empada, Catió e Ilha do Como, 1966/68) - Parte I:  O ataque ao destacamento avançado, "Rancho da Ponderosa", na tabanca de Ualada, subsetor de Empada.


É com profunda nostalgia e tristeza que irei narrar algumas das operações em que colaborei e ataques e flagelações que sofri.

O episódio que irei transcrever em 1º lugar, não é o que mais me marcou psicologicamente, mas sim fisicamente.

Estava colocado em Empada e calhou a primeira vez, juntamente com o meu pelotão , que estava no destacamento avançado,  a cerca de cinco quilómetros de Empada, de nome "Rancho da Ponderosa" (**).

Tinha como finalidade fazer a segurança a uma pequena tabanca [, Ualada, a sudoeste de Empada,]   e ao mesmo tempo servia para resguardar a retaguarda da companhia de Empada.

O Rancho tinha uma circunferência de duzentos metros aproximadamente , e era ladeado de abrigos . Ao aproximar-se o sol posto e após os soldados terem jantado , aproximei-me deles e disse-lhes para iram para os abrigos , mas alguns deles não gostaram muito e um deles ainda disse “ o furriel Viegas é sempre o mesmo” , e três ou quatro por represália foram para a capelinha que lá tínhamos.

Acabei por me dirigir a eles diplomaticamente e fazer-lhes ver que estava na hora do inimigo atacar, a muito custo abandonaram a capelinha , tendo ficado para trás o Manuel dos Santos , que por coincidência era dos que com quem eu me dava melhor . A capelinha ficava junto ao abrigo do morteiro 81, passados alguns minutos dos soldados se retirarem para os abrigos , quase simultaneamente, atacaram-nos de norte para sul com canhões sem recuo , talvez tenha sido a primeira vez que utilizaram os mesmos.

Entretanto eu saltei para o buraco do morteiro , e o Manuel dos Santos rastejou até ás granadas que estavam próximas do morteiro , mas tanto ele como eu não tínhamos experiência de mandar as morteiradas , foi a nossa sorte, a falta de experiência , estas caíram próximas dos nossos abrigos onde eles estavam a alvejar o aquartelamento. Além das granadas que lhes caíram em cima, os dos abrigos responderam com todo o material que tinham.

O ataque não demorou muito, cerca de vinte minutos,  eles foram bastante flagelado, deixando algum material abandonado na sua retirada .

Uma das granadas caiu no aquartelamento , em cima da mesa do refeitório onde tínhamos acabado de jantar, os pratos, os púcaros e os tachos ficaram todos furados.

Eles estavam preparados para dar um golpe de mão, e matar-nos a todos, só que as coisas correram mal para eles, para nosso bem. Só com um senão da nossa parte que fica para toda a vida,  o Manuel dos Santos ficou surdo oito dias e eu fiquei surdo de um ouvido, e tanto ele como eu ficámos com um zumbido para toda a vida.

PS. - Supomos que eles tinham tudo planeado para dizimar o Rancho do Ualada ("Ponderosa") , porque nessa mesma noite eles anunciaram na rádio que tinham feito uma limpeza total e só se safou um cão.

Aproveito para dizer que a minha companhia até ao dia do embarque trouxe três flâmulas de ouro, salvo erro quem trouxe mais do que nós foram os paraquedistas  [, do BCP 12,] com cinco.

Manuel Rosa Viegas,
ex-fur mil, CCAÇ 1587 (1966/68)



Guiné > Região de Quínara > Carta de Empada (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Empada e, a sudeste, Ualala.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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Vd. postes de 


(...) Houve uma Companhia que em memória da célebre série da TV, "Bonanza",  fez um pórtico com o nome "Rancho da Ponderosa" e este vingou, ficando a ser conhecida por todo o branco como Ponderosa. 

(...) Em 1969 a Tabanca [, de Ualada, a sudoeste de Empada) ] estava deserta. Tinha sido abandonada e a população recolhida em Empada. Como tinha um bolanha muito produtiva, a população ia todos os dias para lá trabalhar nos campos de arroz e a minha Companhia fazia deslocar 2 Secções para o local, no sentido de proteger a população. Algumas das fotos que te envieiforam tiradas lá (, uma em cima de um bagabaga, pro exemplo). Vou ver se consigo um foto que já vi,  com o pórtico do Rancho da Ponderosa. (...)

9 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10643: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68) (Parte V): O subsetor de Empada

(...) Ualada era uma tabanca junto à bolanha do mesmo nome, e junto à qual existiu um destacamento defendido por 2 grupos de combate. Tendo o destacamento sido abandonado e destru[ido pelas nossas tropas, a população de Ualada refugiou-se em Empada. (...)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2504: BCAÇ 1860 (1965/67), o 3º Batalhão em Tite (Santos Oliveira)

Cópia da capa da brochura da História do BCAÇ 1860.
Foto: © Santos Oliveira. Direitos reservados.

O BCaç 1860 terá sido o 3º Batalhão a ocupar, melhorar e renovar aquelas Instalações de Tite (tanto, que quando regressei do Como/Cufar, saí para o almoço, Porta de Armas fora para me dirigir à Messe de Sargentos…que era no exterior), escreveu assim o nosso Camarada Fernando Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf.ª, Como, Cufar e Tite , 1964/66), a quem devemos o envio da História do BCAÇ 1860.



Tite. Na foto, a messe de Sargentos reporta a 1964, ainda com o BCAÇ 599.
Foto: © Santos Oliveira. Direitos reservados.
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BCaç 1860
1.Mobilização
O BCAÇ 1860 foi mobilizado pelo RI 15, aquartelado em Tomar.
Veio render o BCaç 599/RI 15 em duas fases. A primeira em Abril de 1965 e a segunda em Agosto do mesmo ano.

A maioria do pessoal é originário das Províncias do Norte (Minho, Trás-os-Montes e Douro), havendo ainda alguns elementos das Beiras, do Alentejo e do Algarve.

A concentração do pessoal (1ª e 2ª fases) fez-se no RI 15. A instrução decorreu nos moldes habituais tendo-se todos, de um modo geral, adaptado bem à ideia da breve vinda para o Ultramar.

A primeira fase, depois de ter passado por Santa Margarida, embarcou em Lisboa em 23 de Abril de 1965, no N/T Uíge, tendo comparecido à cerimónia da despedida um oficial General representando Sua Exª o Ministro do Exército.

A segunda fase teve uma cerimónia de despedida no RI 15. Embarcou em Lisboa em 18 de Agosto de 1965, a bordo do N/T Niassa.

A primeira fase era enquadrada pelos seguintes elementos (1):

Ten Cor Francisco Costa Almeida, Cmdt do B Caç 1860
Cap Inf Manuel Morujão Oliveira, Of. I. e Op.
Alf Mil Casimiro Costa Ferreira, Cmdt Pel. Reconhec.
" " António Carlos Agapito, Cmdt Pel. Sapadores
2º Sarg António Firmino Silva, Corneteiro
Furr Mil José Carlos Abrantes, Enfermeiro
" " José da Silva Soares, S.A.M.
" " Artur Sá Santos, S.A.M.
" " Manuel Castanho Morais, Sapador
" " Guilherme Medeiros Pacheco, Sapador
" " Joaquim Soares Simões, Transmiss.
" " Jorge Manuel M Lajas, S.A.M.

E a segunda pelos seguintes (1):

Maj Fernando M Jasmim de Freitas, 2º Cmdt BCaç 1860
Cap Manuel Pau Preto, Cmdt CCS
Alf Fernando Barreto, Ch Sec.
Alf Mil António A P da Fonseca, Transm.
" " Joaquim Pinto, Secret.
" " José M Brito Galvão, SAM
" " Joaquim Beirão H Ferreira, SMR
1º Sarg Maurício C A C Correia, Secret. Cmd
" " João António Madeira, Secret. CCS
Furr Mil Francisco Seixas Grelo, Op Inf
" " Sérgio do Rosário Maurício, Op Inf
" " Manuel da Costa Alonso, Op Inf
" " Mozart D Sousa Pires, Transm
" " José M C Boneca, Sapador
" " José Raul R Graciano, Amanuense
" " João M Borges de Campos, SM Mec Arm Lig
" Lúcio J Dias Segurado, SM Mec Viat
" " Victor M C Costa, AM Cont Pag

Em 28 de Abril de 1965, o N/T Uíge lançou ferro em Bissau. No dia seguinte, às 07H00, todo o pessoal da 1ª fase, em LDM, fez rumo ao Enxudé.

A chegada a Tite deu-se cerca das 11H00.

Em 23 de Agosto de 1965, chegou a Bissau a 2ª fase, tendo desembarcado no Enxudé no dia imediato.

2. Actividade do BCAÇ 1860

O esforço desenvolvido pelo BCAÇ 1860 nos diversos campos em que foi chamado a intervir pode considerar-se notável.

Nas páginas seguintes serão dados elementos significativos de todas as actividades, ao longo dos quase 24 meses de comissão, sempre em Sector Operacional.

Integrado no Agr 17 e, posteriormente no Agr 1975, sempre o BCAÇ 1860 deu o melhor de seu esforço num desejo sempre presente de bem cumprir as missões que lhe foram confiadas.

No resumo das actividades do BCAÇ 1860 inclui-se o período que decorreu entre 29 de Abril de 1965 e 24 de Agosto do mesmo ano, período esse que corresponde à permanência em Sector da 1ª fase do BCaç 1860, antes da chegada do pessoal da 2ª fase.

Imediatamente após a sua chegada à Guiné, o Bat. entrou em Sector. Foi-he atribuído o Sector S1, integrado no Agr. Sul.

O referido Sector apresenta a configuração de um rectângulo com 50x30 Kms, num total de cerca de 1500 Kms quadrados de superfície.

O terreno é plano, baixo, muito recortado por cursos de água e manchas de mato denso alternando com a nudez das lalas e das bolanhas.

A população está disseminada por todo o Sector, sendo mais densas populacionalmente as áreas de Tite, a leste da estrada Tite-Nova Sintra, regiões ribeirinhas do Geba e Península de Gampará. Distinguem-se as tabancas de Foia, Nã Balanta, Iusse, Bissassema de Cima, Brambanda, Nhala, Louvado, Bária e Jabadá.

As grandes riquezas do Sector são o arroz, gado vacum, frutas, mancarra e madeiras. O porto do Enxudé tem um movimento apreciável de passageiros e carga e serve toda a região de Tite. As principais localidades são Tite, Fulacunda, S. João e Jabadá.

Em Outubro de 1966 é atribuído ao Batalhão o Sub-Sector de Empada, enquadrando as penínsulas de Darsalame e Pobreza. Concomitantemente, passa a pertencer ao BCAÇ 1860 a CCAÇ 1423, aquartelada em Empada.

Sub-Sector rico, densamente povoado por populações somente controladas pelas NT em Empada, seria nele que se viria a efectuar a Operação Nora, que levou à captura de importantíssima quantidade de material de guerra.

O Destacamento de Ualada, local aprazível, foi pomposamente denominado pelas NT de Rancho da Ponderosa.

A actividade operacional desenvolvida desde Abril de 65 foi intensa.

Inicialmente, mercê de actuações tipo golpe de mão, executados pelas CART 565 e CCAÇ 797, o IN sofreu graves revezes, particularmente nas áreas de Guebambol, Jufã e Gâ Saúde em que perdeu grande quantidade de material, sofreu muitas baixas e viu os seus refúgios destruídos.

Depois, devido às alterações introduzidas pelo IN nos seus sistemas de detecção, ao uso de numerosas armadilhas e à dificuldade de se arranjarem guias de objectivos, houve necessidade de se abandonar as actuações daquele tipo, para se lançar mão de operações tipo batida, com efectivos que oscilavam entre uma e quatro Companhias.

Embora com resultados aparentemente menos espectaculares, este tipo de acções ajudou a manter a instabilidade do IN e a causar-lhe baixas importantes. É justo realçar o magnífico apoio que o BCAÇ 1860 recebeu da FA e das FN, quer pela cedência de meios de apoio quer em acções realizadas dentro do Sector.

As acções do BCAÇ 1860 tiveram o seu clímax na Operação Nora, realizada na Península de Pobreza, Sub-Sector de Empada, em que a par de importantíssima quantidade de material capturado - porventura a maior que se capturou na Província desde o início do terrorismo - se desarticulou completamente o dispositivo IN naquela área.

Tendo sido o BCAÇ 1860 o Batalhão em Sector com menor número de Companhias Operacionais, nem por isso a sua actividade foi menor, antes das maiores, conforme o atesta o elevado número de operações realizadas e a grande quantidade de material capturado.
Ficou-se devendo estes resultados ao excelente espírito de corpo e de missão que sempre existiu em todo o pessoal do Batalhão, agindo sempre como um bloco, sem quebras nem falhas.

As actividades operacionais de rotina do BCAÇ 1860 durante a sua permanência em Sector atingiram os seguintes quantitativos:

Emboscadas - 884
Viagens ao Enxudé - 853
Patrulhamentos - 1046
Patrulhamentos de itinerários - 157
Seguranças e Escoltas- 2160
Cerco/Limpeza povoações - 38
Kms percorridos - 35729
Operações ao nível de Batalhão
data, nome da op., região e efectivos envolvidos:
  • 09Mai65, Ivo, Gambinta e Bissassema, CCav 677 e CCaç 797
  • 25Mai65, Omo, Bissassema, Tite, S. João, CCav 677 e CCaç 797
  • 06Out65, Lenda, Gamol e Gangetrá, CCaçs 1420 e 1423
  • 06Out65, Lenda, Brandão e Serra Leoa, CCaçs 797 e 1424
  • 07Out65, Lenda, Gamol, CCaçs 1420 e 1423
  • 08Out65, Busca, Gamol e Gangetrá, CCaçs 797, 1420 e 1423
  • 18Out65, Ovo, Gamol, Bária e Sancorlá, CCaçs 797, 1420, 1423, 1424 e CCav 677
  • 14Nov65, Onça, Gampará, CCaçs 797, 1420, CCav 677 e Pel Páras
  • 10Jan66, Orfeu, Guebambol, CCaçs 797 e 1487
  • 22Jan66, Ozíris, Garsene, CCaçs 797 e 1487
  • 10Fev66, Osso, Pen, Jabadá, Jufá,CCaçs 797, 1487, CCav 677 e Pel Páras
  • 09Mar66, Nebri, Gã Chiquinho, Ganduá porto, CCaçs 797, 1487 e CCav 677
  • 30Mar66, Narceja, Gã Formoso, CCaçs 797, 1487, CCav 677, GrCmds, Pel Páras
  • 07Mai66, Novato, Flaque Cibe e Flaque Lala, CCaçs 797 e 1549
  • 09Mai66, Quiriri, Mato Grande, CCaçs 797 e 1549
  • 26Mai66, Quezília, Gã Saúde, Louvado e Erga, CCaçs 797, 1487, 1549 e 1499
  • 18Jun66, Naja, Pen, Jabadá, e Jufá, CCaçs 1487, 1549, 1566, Pel Mort 1039 e GrCmds
  • 08Ago66, Nervo, Gã Formoso, CCaçs 1487, 1499, 1549 e Cª Páras
  • 29Set66, Novilho, Umbá, Braia, CCaçs 1487 e 1591
  • 06Out66, Nalú, Gâ Formoso, CCaçs 1487, 1549, 1591 e 1566
  • 16Out66, Nêspera, Caur de Baixo Beafada, CCaçs 1567 e 1423
  • 08Nov66, Queima, Gã João, Garsene, CCaçs 1487 e 1549
  • 06Dez66, Nortada, Pen, Jabadá, Jufá, CCaçs 1487, 1549, 1566 e 3ª CCmds
  • 22Dez66, Nilo, Braia, CCaçs 1487 e 1624
  • 03Jan67, Navalhada, Guebambol, CCaçs 1487 e 1624
  • 07Jan67, Neon, Gã Valentim, CCaç 1566 e CArt 1613
  • 07Fev67, Quarentena, Gã Formoso, CCaçs 1549, 1567 e 1624
  • 25Fev67, Notário, Gamol, Bária, Gangetra, CCaçs 1567 e 1624
  • 06Mar67, Nora, Pen, Pobreza, CCaçs 1549, 1567, 1587 e CArt 1614
Operações isoladas executadas pelas sub-unidades do Batalhão
  • CArt 565 - 14
  • CCav 677 - 21
  • CCaç 797 - 45
  • CCaç 1420 - 14
  • CCaç 1423 - 6
  • CCaç 1487 - 28
  • CCaç 1549 - 30
  • CCaç 1566 - 22
  • CCaç 1567 - 4
  • CCaç 1587 - 8
  • CCaç 1624 - 8
  • Pel Mort 1039 - 14
  • Cª Mil 7 - 7
Desta actividade resultou a captura do seguinte material:
  • Canhão s/r B-10, 82 mm - 1
  • Morteiro 82 - 1
  • MP Zbroyovka, 7, 62 - 2
  • MP Goryunov, 7, 62 - 5
  • MP Degtyarev, 12, 7 - 3
  • ML Degtyarev- RPD, 7, 62 - 3
  • LGF Pancerova-P/27 - 1
  • LGF RPG2 - 3
  • PM M-23, 9 mm - 1
  • coldres, capacetes, cantis, cinturões, cargas propulsoras. cunhetes, medicamentos, canos....
Em consequência da mesma actividade o IN sofreu as seguintes baixas confirmadas, além de outras estimadas:
  • Mortos - 225
  • Feridos - 78
  • Prisioneiros - 563
  • Apresentados - 61
A par da intensa actividade operacional descrita, o BCAÇ 1860 dedicou-se a grande actividade nos campos psico-social, educacional, médico e de melhoramento de aquartelamentos.

Cabe aqui destacar o invulgar esforço que foi desenvolvido no melhoramento das instalações militares na sede do Batalhão. Como consequência desse esforço o actual aquartelamento de Tite pode ser considerado sem favor, como um dos melhores, senão o melhor aquartelamento de toda a Província.
Considerou-se muito importante este aspecto, porquanto para quem teve de permanecer 24 meses no mato, em constante actividade operacional, nada mais reconfortante do que umas boas instalações, onde foi possível recuperar as energias gastas nas sucessivas operações, de maneira a conseguir manter o mesmo ritmo de actividade ao longo de toda a comissão.

Deste modo se manteve o pessoal não operacional ocupado todos os dias, desde as 07H00 às 17H00, o que muito contribuíu para se manter um nível de disciplina altamente agradável, ao mesmo tempo que se conseguia que cada um praticasse , na medida do possível, no trabalho que já exercia na vida civil.
De igual modo, o esforço desenvolvido neste campo em Jabadá foi notável. Num local onde só existia uma tabanca, pode ver-se hoje um aquartelamento guarnecido por excelentes abrigo-casernas e outros edifícios construídos com o esforço dos militares ali estacionados.

A par destas actividades, desenvolveu o Destacamento de Jabadá uma intensa actividade operacional de que resultou um afrouxamento claro da pressão que o IN vinha exercendo sobre a tabanca e aquartelamento e que se cifrava em flagelações quase diárias.
Com o apoio da numerosa população, as NT ali aquarteladas construíram ainda uma pista, que permite a aterragem de aviões de pequeno curso e helicópteros.

Nos demais aquartelamentos do Sector também se mannteve actividade semelhante com o natural benefício para as populações e para as NT.
Dois anos se passaram no cumprimento de uma missão nem sempre fácil, bem pelo contrário, mas a nossa consciência diz-nos que a cumprimos o melhor que pudemos e soubemos.

O esforço pedido foi grande, é incontestável, mas a equipa que formámos tudo venceu, sem desfalecimentos, com a melhor boa-vontade e sem quebra de ritmo. Em qualquer aspecto, quer operacional, quer administrativo, quer ainda no contacto diário com as populações afectas a nós, ou até aquelas indiferentes, a nossa actividade foi grande e felizmente vimos sobejamente o proveito do nosso esforço.
No campo psico-social, procurámos em todas as oportunidades possíveis, desenvolver as actividades da população, quer criando um corpo de artífices, tão necessário à Guine, quer criando escolas no Enxudé, Ilha das Galinhas, Jabadá, Fulacunda, Empada e Tite, quer ainda fomentando-lhes a lavoura, não só com apoio técnico, mas também materialmente.
O aspecto religioso também não foi por nós descurado, dando possibilidade aos de religião moçulmana terem o seu templo para as suas orações. Para eles construímos a mesquita de Tite.

Por tudo o que nos foi permitido fazer, cremos que ao deixarmos a Guiné, deixámos uma região que sempre procurámos elevar e valorizar, constituída por homens de todas as cores, mas com um único desejo - manter Portugal Independente e Unido.


Aquartelamento de Tite. A foto da Porta de Armas é de 1964, aquando da partida do Fernado Santos Oliveira para a Ilha do Como/Cufar (BCAÇ 599).
Foto : © Santos Oliveira. Direitos reservados.

Ao regressarmos a nossas casas, embora possa parecer que a nossa missão findou, tal não sucede; ela terá que ser ainda maior e mais profunda, teremos que transmitir aos que nos rendem, aos nossos amigos e muito especialmente àqueles menos esclarecidos, os ensinamentos colhidos durante a nossa permanência, dizer-lhes que os nativos da Guiné necessitam do seu apoio e só assim poderemos afirmar que as vidas e o sangue dos nossos camaradas dados à Pátria tão abnegadamente, não o foram em vão.

Recompletamentos:
Devido a transferências foram aumentados ao efectivo do Comando e da CCS os seguintes oficiais e sargentos:
Cap Art Vítor M Torres Silva
Alf grad Capelão Francisco Borges Ávila
2º Sarg Eduardo da Silva Raposo
Furr Mil Helder M A Santos Costa
Furr Mil Rui Palmela Mealha
Sub-unidades do BCAÇ 1860
sub-unidade, sub-sector, período, cmdt
  • CArt 565, Fulacunda, antec. /10Ago65, Cap Reis Gonçalves
  • CCav 677, S. João, antec./ 20Abr66, Cap Pato Anselmo (2), Alf Ranito, Cap Fonseca
  • CCaç 797, Interv, 29Abr65/16Mai66, Cap Soares Fabião
  • CCaç 1420, Fulacunda, 11Ago65/08Jan66, Cap Caria, Alf Serigado, Cap Moura
  • CCaç 1424, S. João, 11Set65/25Nov65, Cap Pinto
  • CCaç 1423, Fulacunda e Empada, 30Out66/23Dez66, Cap Pita Alves
  • CCaç 1487, Fulacunda, 08Jan66/15Jan67, Cap Osório
  • CCaç 1549, Interv, 26Abr66, Cap Brito
  • CCaç 1566, S. João e Jabadá, 19Mai66, Cap Pala e Alf Brandão
  • CCaç 1587, Empada, 27Nov66, Cap Borges
  • CCaç 1567, Fulacunda, 01Fev67, Cap Colmonero
  • CCaç 1591, Fulacunda (treino op.), 18Ago66/01Out66, Ten Cadete
  • CArt 1613, S. João (treino op.), 03Dez66/15Jan67, Cap Ferraz e Cap Corvacho
  • CCaç 1624, Fulacunda, 05Dez66, Cap Pereira
  • Pel Mort 912, Jabadá, antec./26Out65, Alf Rodrigues
  • Pel Caç 955, Jabadá, antec./13Mai66, Alfs Lopes, Viana Carreira (3), Sales, Mira
  • Pel AM Daimler 807, Tite, antec./13Mai66, Alf Guimarães
  • Pel Art 8, Fulacunda, 10Fev66/03Mar66, Alf Machado
  • Pel Caç 56, Fulacunda e S. João, 31Out66, Alf Dias Batista
  • Pel Mort 1039, Jabadá e Tite, 26Out65, Alf Carvalho
  • Pel AM Daimler 1131, Tite, 12Ago66, Alf Antunes
  • Cª Mil 6, Empada, antec., Alf 2ª Mamadi Sambu e Dava Cassamá
  • Cª Mil 7, Tite, 05Ago65, Alf 2ª Djaló
Estas sub-unidades foram atribuídas ao BCaç 1860 durante a permanência em Sector (desde Abr65).
Contribuíu o BCaç 1860, durante a sua permanência em terras da Guiné, com a vida e o sangue dos seguintes militares, para quem vai a mais respeitosa homenagem e o agradecimento da Nação:
12Ago65, Fur Mil Júlio Lemos P Martins
12Ago65, 1º Cabo Inácio Freitas Ferreira
30Set65, Sold Aníbal A Pires
18Out65, Sold Diogo A Neves
01Nov65, Sold Manuel A A Nobre,
18Mar66, Sold Alberto T Silva
11Mai66, Sold Julde Mané
25Ago66, Sold José Maria F Carvalho
25Ago66, Sold Francisco António Lopes
06Out66, Alf Mil Carlos Santos Dias
29Dez66, Sold Malan Sambú
15Jan67, Sold António C do Nascimento
16Jan67, Sold Saliu Djassi
16Fev67, Sold Alberto Samba
01Mar67, 1ºCabo José Félix Lopes
04Abr67, Furr Mil Rui Palmela Mealha

Desaparecidos em Combate, em 07Out65, durante a op Lenda (4):

Alf Mil Vasco Nuno L de Sousa Cardoso
1º Cabo Fernando de Jesus Alves
Sold Armando Leite Nascimento
Sold José Ferreira Araújo
Sold José Vieira Louro
Sold Armando dos Santos
Quadro de Honra
Cruz de Guerra de 2ª Classe : 1
Cruz de Guerra de 3ª Classe : 3
Cruz de Guerra de 4ª Classe : 8
Mérito Militar de 4ª Classe : 5
Prémio Governador-Geral : 6
Louvores do Cmdt Chefe : 11
Louvores do Cmdt militar : 33
Louvores do Com Agr : 8
Louvores do Cmdt Batalhão : 186
Louvores do Cmdt Cª : 41
louvores do Cmdt Pel : 3
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Notas de vb:

(1) Os nomes dos restantes elementos constam na História do Batalhão, disponível no AH Mil.
(2) Transferido da CCav 489/BCav 490
(3) Esteve em formação no CICmds (Brá), tendo abandonado o curso
(4) Ver em "Rumo a Fulacunda", obra do nosso Camarada Rui Ferreira; Vd. também poste de 4 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2026: Antologia (61): Rumo a Fulacunda: uma estória que ficou por contar ou a tragédia das CCAÇ 1420 e 1423 (Rui Ferreira)
Vd também artigos de:
24 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2301: Tabanca Grande (41): Santos Oliveira, 2.º Sarg Mil de Armas Pesadas Inf.ª (Como, Cufar e Tite, 1964/66)
25 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2214: Historiografia de uma guerra (1): A questão (polémica) do início da luta armada (Abreu dos Santos)
18 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2190: PAIGC: Quem foi quem (4): Arafan Mané, Ndajamba (1945-2004), o homem que deu o 1º tiro da guerra (Virgínio Briote)
18 de Setembroe 2007 > Guiné 63/74 - P2115: Em busca de...(12): Notícias do desaparecimento de Júlio Lemos, ex-Fur Mil da CCAÇ 797, Tite, 1965/67 (Júlio Pinto)