sábado, 26 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6644: V Convívio da Tabanca Grande (7): Não há roncos grátis... Mas a gratidão é uma coisa muito bonita... Um Oscar Bravo a todos, dos participantes aos organizadores (Luís Graça)



Até ao dia de ontem, a Comissão Organizadora do V Encontro Nacional do Nosso Blogue tinha uma lista de 162 inscritos, dos quais  108 (66,7%, exactamente dois terços) eram membros titulares do nosso blogue, na sua grande maioria ex-combatentes: os restantes são acompanhantes (cônjuges e outros familiares ou amigos). Da malta combatente, temos 11 representantes da FAP, incluindo duas mulheres, as enfermeiras pára-quedistas, Giselda Pessoa e Rosa Serra... Da Marinha, infelizmente, desta vez não temos ninguém... O resto da maralha é/era do Exército.

Por região de residência, o sul estava sobre-representado (44,5%) por comparação com o Norte (30,3%) e o Centro (24,6%)...  Das Regiões Autónomas, e mais exactamente dos Açores, tínhamos um inscrito: o nosso camarada Tomás Carneiro, que vem expressamente de Ponta Delgada...

Registe-se mais, uma vez, o facto de termos largado ultrapassado  (apesar da crise, apesar da proliferação de tabancas e de convivios mais ou regulares dos nossos tabanqueiros...) o número de inscrições do ano passado (que foram 130)... Cerca de 55% dos inscritos de 2010, bisam em relação a 2009.

Infelizmente não vamos ter, entre nós, em Monte Real a presença de alguns dos organizadores de encontros anteriores: é o caso do Paulo Raposo (I Encontro, Ameira,  Montemor-O-Novo, 2006), Vitor Junqueira (II Encontro, Pombal, 2007)...

O III ( em 2008) e o IV (em 2009) Encontros foram realizados na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, e tiveram a assinatura do duo, já bem entrosado e experiente,  Carlos Vinhal / Joaquim Mexia Alves... O Carlos Marques dos Santos (que felizmente vai estar connosco, embora desta vez sem a sua Teresa) deu uma preciosa ajuda na realização do I Encontro... O Miguel Pessoa  também  já é um elemento imprescindível na realização destes eventos (esteve na CO do III, IV e V).

No final, só espero que,  apesar de  todo este reconhecimento, mais que justo, do talento e empenho destes magníficos camaradas (que são tão bons a organizar a ventos como foram tão bons a fazer a guerra-e-a-paz), a concorrência - neste caso, o IN -  não se lembre de vir à nossa Tabanca Grande aliciá-los com propostas indecentes de chorudos ordenados e escandalosas regalias... É que, muito honestamente, não temos capacidade para cobrir o lanço (dito de outro modo: não temos graveto...) nem, infelizmente, podemos recorrer a  nenhuma cláusula contratual que nos proteja contra estas formas de assédio e de dumping social (ou seja, de concorrência desleal)....

Aqui  fica a lista dos nossos amigos e camaradas que vão fazer, da jornada do dia 26, em Monte Real, um dia para curtir e mais tarde recordar... Bem hajam a todos!


NOME / LOCAL DE RESIDÊNCIA

Acácio Dias Correia e Maria Antónia - Algés / Oeiras
Agostinho Gaspar  (*) e Maria Isabel - Leiria
Alvaro Basto (*), Fernanda (*) e Rolando - Leça do Balio / Matosinhos
Amadu Djaló (*) - Amadora
Américo Batista - Lisboa
António Baia e Celeste - Amadora
António Barroso (*) - Vila Nova de Gaia
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António Graça de Abreu (*) - S. Pedro Estoril / Cascais
António José Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Marques (*) e Gina - Cascais
António Martins de Matos (*) - Lisboa
António Osório e Ana - Vila Nova de Gaia
António Paiva (*) - Lisboa
António Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Santos e Graciela - Loures
António Sousa Bonito - Montemor-o-Velho
Armando Neves Coelho - Lisboa
Arménio Santos - Oeiras
Belarmino Sardinha (*) e Antonieta (*) - Odivelas
Benjamim Durães (*) - Palmela
Carlos Marques Santos (*) - Coimbra
Carlos Nery - Alfragide / Amadora
Carlos Santos - Viseu
Carlos Silva (*) e Germana (*) - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal (*) e Dina (*) - Leça da Palmeira / Matosinhos
Casimiro Carvalho (*) e Ana - Maia
Coutinho e Lima (*) - Lisboa
David Guimarães (*) e Lígia (*) - Espinho
Delfim Rodrigues (*) - Coimbra
Eduardo Campos (*) e Manuela - Maia
Eduardo Magalhães Ribeiro (*) e Fernanda (*) - Porto
Eduardo Moutinho Santos - Porto
Fernando Franco (*) e Margarida (*) - Amadora
Fernando Gouveia (*) - Porto
Francisco Silva e Elisabete - Lisboa
Gil Moutinho - Fânzeres / Gondomar
Giselda Pessoa (*) - Lisboa
Henrique Matos (*) - Olhão
Hugo Guerra e Ema - Lisboa
Humberto Reis e Maria Teresa - Alfragide / Amadora
Hélder Valério de Sousa - Setúbal
Idálio Reis (*) - Cantanhede
J.L. Vacas de Carvalho - Lisboa
Jaime Brandão - Monte Real
Jaime Machado (*) e Maria de Fátima (*) - Matosinhos
Joaquim Mexia Alves (*) - Monte Real / Leiria
Joaquim Peixoto (*) e Margarida (*) - Penafiel
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Cabral (*) - Lisboa
Jorge Canhão (*) - Oeiras
Jorge Narciso - Cadaval
Jorge Picado (*) - Ílhavo
Jorge Rosales (*) - Cascais
José Armando F. Almeida e Teresa - Albergaria-a-Velha
José Barros Rocha (*) - Penafiel
José Brás (*) - Montemor-o-Novo
José Carmino Azevedo (*) e Maria do Amparo - Vale Frechoso / Vila Flor
José Eduardo Alves (*) e Maria da Conceição (*) - Leça da Palmeira / Matosinhos
José Eduardo Oliveira e Maria Helena - Alcobaça
José Estevão Pires - Vila Nova de Gaia
José Fernando Almeida (*) e Suzel (*) - Óbidos
José M. M. Cancela e Carminda - Boelhe / Penafiel
José Manuel Lopes (*) - Régua
José Manuel Matos Dinis (*) - Cascais
José Martins (*) e Manuela (*) - Odivelas
José Pedro Neves (*) e Ana Maria (*) - Lisboa
José Zeferino (*) - Loures
João Barge - Leiria
João Lourenço (*) - Figueira da Foz
João M. Malhão Gonçalves e Gracinda - Lisboa
João Parreira e Maria Isaura - Carcavelos
Juvenal Amado (*) - Fátima
Júlia Neto e Leonor - Queluz / Sintra
Luís Graça (*) e Alice (*) - Alfragide / Amadora
Luís Marcelino e Maria Rosa - Leiria
Luís R. Moreira (*) - Agualva-Cacém / Sintra
Luís Rainha (*) e Dulce - Figueira da Foz
Manuel Amaro (*) - Amadora
Manuel Azevedo Ramos e Francelina - Vila do Conde
Manuel Carmelita e Joaquina - Vila do Conde
Manuel Maia - Maia
Manuel Rebocho e Maria Jacinta - Évora
Manuel Reis (*) - Aveiro
Manuel Resende (*) e Isaura (*) - Cascais
Manuel Santos e Maria de Fátima - Viseu
Manuel Traquina (*) e Fátima (*) - Abrantes
Miguel Pessoa (*) - Lisboa
Mário Fitas e Helena - Estoril / Cascais
Mário Rodrigues Pinto - Barreiro
Paulo Santiago - Aguada de Cima / Águeda
Raul Albino (*) e Rolina (*) - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Ribeiro Agostinho (*) e Elisabete (*) - Leça da Palmeira / Matosinhos
Rosa Serra - Oeiras
Rui Alexandrino Ferreira (*) - Viseu
Silvério Lobo e Linda - Matosinhos
Simeão Ferreira - Monte Real / Leiria
Sousa de Castro - Vila Fria / Viana do castelo
Tomás Carneiro (*) - Ponta Delgada / S. Miguel / Açores
Torcato Mendonça (*) e Ana de Lourdes (*) - Fundão
Vasco da Gama (*) e Celeste - Buarcos
Vasco Ferreira e Margarida - Vila Nova de Gaia
Victor Barata (*) - Vouzela
Victor Caseiro e Celeste - Leiria
Victor Tavares - Recardães / Águeda
Virgínio Briote (*) e Maria Irene (*) - Lisboa
Xico Allen - Vila Nova de Gaia

(A negrito vão assinalados os camaradas que pertenceram à FAP: Pilotos, Especialistas, Çaçadores Pára-quedistas, Enfermeiras pára-quedistas: a asterisco, os que se inscreveram também em 2009).

É intenção da Comissão Organizadora observar um minuto de silêncio, antes do almoço, em memória dos camaradas do blogue, que já nos deixaram nestes últimos 6 anos (2004-2010):

Carlos Rebelo (1948-2009)
França Soares (1949-2009)
Humberto Duarte (1951-2010)
Joaquim Cardoso Veríssimo (1949-2010)
José (ou Zé) Neto (1929-2007)
Manuel Castro Sampaio, marido de Filomena Sampaio
Victor Condeço (1943-2010)
 

Esta lista de inscrições pode ser comparada com a do ano passado (n=130)




Por região de residência, em 2009, o Sul (Grande Lisboa e Sul) representava 43,9%, seguido do Norte (Grande Porto e Norte) com  35,4%  e do Centro (20,8%). A estrutura da população de inscritos, por região de proveniência, não difere, pois, quando comparamos 2009 e 2010. Este ano há uma diferença de 4/5 pontos percentuais, a favor do Centro e em detrimento do Norte. Creio que, em 2009,  ainda houve mais duas inscrições de última hora, incluindo a do açoriano Tomás Carneiro.

Resta mencionar o nome dos camaradas que trabalharam para que esta grande iniciativa fosse possível. O nosso destaque vai para o nosso co-editor Carlos Vinhal, o Joaquim Mexia Alves (que vai ser o nosso anfitrião) e o Miguel Pessoa (responsável pela feitura e distribuição dos crachás, mas também para o Jero, o Belarmino Sardinha e o Eduardo MR, também nosso co-editor, que completaram esta belíssima equipa.  Não posso deixar de recordar que o nosso JERO foi o primeiro a oferecer-se para realizar o V Encontro em Alcobaça... Vingou a tese de Monte Real. Parabéns ao nosso anfitrião! Até já... (LG)
 
______________
 
Nota de L.G.:
 
Vd. último poste desta série > 22 de Junho de 2010 >  Guiné 63/74 - P6627: V Convívio da Tabanca Grande (6): As inscrições terminam amanhã, quarta-feira, 23 de Junho de 2010 (A Organização)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Guine 63/74 - P6643: Memória dos lugares (86): Bachile, chão manjacho (José Romão, ex-Fur Mil, CCAÇ 16, 1971/73 / António Graça de Abreu, ex-Alf Mil, CAOP1, 1972/74)

Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 (1971/73) > O José Romão junto ao obus 10,5



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 (1971/73) > À caserna do José Romão



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 (1971/73) >Arrecadação de material de guerra



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 (1971/73) >A parada


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 (1971/73) >  Aspecto geral das instalações do aquartelamento


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 > Aspecto geral do aquartelamento

  


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Bachilé > CCAÇ 16 >  O José Romão (à direita) e o Bernardino Parreira.  Em fundo, lê-se: "Para uma Pátria una e indivisível, a Companhia Manjaca [,CCAÇ 16,] está defendendo o seu chão da cobiça de estranhos, ainda que tenha de derrmar o seu sangue2

Fotos: Jose Romão (2010). Direitos reservados  zecaromao@hotmail.com


1. Mensagem do José Romão (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863,  Teixeira Pinto, e CCAÇ 16,  Bachile, 1971/73), que  reside actualmente em Vila Real de Santo António (*)

Data - 23 de Junho de 2010

Assunto - Bachile

Uma boa noite para o amigo e Camarada Magalhães Ribeiro

Tenho estado a ver no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, notícias relacionadas com as zonas onde estive, entre 1971 e 1973 (Teixeira Pinto e Bachile).

Hoje estive a ler uma notícia, escrita pelo camarada António Graça Abreu, relacionada com o Bachile (**) e com a qual eu não estou totalmente de acordo.

Na primeira parte, tirando as casas pintadas de branco, porque não estavam pintadas, o resto está bem.

Na segunda parte é que nada bate certo. Ele diz e passo a transcrever:

António Graça de Abreu (AGA): “O aquartelamento é deplorável. Logo atrás do arame farpado há dezenas e dezenas de bidões cheios de areia rodeando umas tantas tabancas”

Romão (R): Ora isto não é verdade, porque só o aquartelamento é que estava rodeado de duas filas de bidões com areia, porque era a única protecção que tínhamos contra qual ataque inimigo e não tínhamos nenhumas tabancas a rodear o quartel.

AGA: "Depois há telhados em cimento armado cobrindo os tegúrios semi-afundados na terra,  habitados pelos nossos soldados, uns setenta a oitenta. É a protecção possível contra flagelações e bombardeamentos".

R: Os telhados não eram de cimento armado, mas sim de chapas de zinco aparafusadas a umas asnas de ferro e nem sequer estavam semi-afundadas, conforme posso provar nas fotos que envio. Todos os militares dormiam em casernas e não em abrigos porque também não haviam. Cada caserna estava dividida em três partes independentes: Uma para o Alferes, outra para os furriéis e outra para os soldados.

AGA: "E dão uma certa segurança aos homens brancos expatriados na terra dos negros comandados pelo alferes Rocha".

R: Os únicos homens brancos eram os oficiais e os sargentos, porque os soldados eram todos nativos. O alferes Rocha era unicamente comandante do meu pelotão. Quando eu cheguei ao Bachile,  o comandante era o capitão José Martins que depois foi rendido pelo capitão Abílio Dias Afonso.

Já são duas da manhã e por hoje nada mais tenho para escrever.

Um grande abraço para todos os camaradas.

Romão


2. Resposta do António Graça de Abreu, a pedido dos editores: Meu caro Zeca Romão:


Recebi via Magalhães Ribeiro e Luís Graça um comentário a um texto meu, no meu Diário da Guiné que junto em anexo.

Com todo o respeito, pela tua opinião, esclareço:

(i) Fui três ou quatro vezes ao Bachile,  ainda em 1972. Conheces melhor o lugar do que eu.

(ii) Escrevi este texto no início de Julho de 1972. É possível que tenha erros. Eu era periquito, tinha apenas oito dias de Guiné.

(iii) Mas, recordo-me que o aquartelamento estava em construção, em 1972. As fotografias que mandas são de Junho de 1972?  Não serão posteriores?

(iv) A companhia era africana, eu sei. Mas onde viviam as famílias dos militares africanos? O reordenamento, acabado de fazer,  estava vazio. Havia mais tabancas. Quase posso jurar que vi abrigos em cimento armado, como havia alguns em Teixeira Pinto. Quando vos atacavam o aquartelamento, onde é que vocês se abrigavam?

(v) Eu não disse que o Alf Rocha comandava a companhia. Só em caso de ausência do capitão isso eventualmente aconteceu.

(vi) Encontrei o capitão Martins em Macau, em Maio de 2009. Vive lá há dezasseis anos.

Leu o meu Diário da Guiné e gostou do que escrevi sobre o Bachile. (***)

Um abraço, e se quiseres o meu Diário da Guiné, diz, mando-to pelo correio. São 17 euros.

António Graça de Abreu

  ____________

Notas de L.G.:

(*)  Mensagem do José Romão, com data de 18 do corrente:

Amigo e camarada Magalhães Ribeiro: Obrigado por teres colocado a mensagem no Blogue. Por esse motivo, recebi vários contactos, entre eles uma chamada telefónica do Cap Martins, que actualmente reside na China e que esteve comigo na CCaç 16 no Bachile. Foi ele que me deu o contacto telefónico do meu camarada Bernardino Parreira.


Quanto ao convite para aderir ao Batalhão Tabanca Grande, aí vão os meus elementos e as duas fotografias.


José Quintino Travassos Romão
Residente em Vila Real de Santo António
Ex-Furrriel Miliciano
Guiné (Setembro de 1971 / Outubro de 1973).


BCaç 3863, CCaç 3461, em Teixeira Pinto,  e CCaç 16 no Bachile.


Fomos tirar o IAO a Bolama e depois o Batalhão foi para Teixeira Pinto, onde estive pouco tempo, porque fui para a CCaç 16 (Companhia Africana) até ao final da comissão. (...)


Travassos Romão

(**) 23 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6632: Memória dos lugares (79): Bissau, cidadezinha colonial (Parte IV) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)

(***) Vd. postes de:

8 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4483: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (11): Macau: A. Graça Abreu com José Martins, ex-Cap CCAÇ 16 (Bachile, 1971)

Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Circunscrição de Bafatá > Rio Beba > 1931 > ""Jangada no Rio Geba. Passagem entre Bafatá e Contuboel"... Imagem reproduzida em O Missionário Católico, Boletim mensal dos Colégios das Missões Religiosas Ultramarinas dos Padres Seculares Portugueses, Ano VIII, nº 81, Abril de 1931, p. 169 (Exemplar oferecido ao nosso blogue pelo camarada Mário Beja Santos). 

Imagem digitalizada e editada por L.G.


1. Contuboel,  20/6/69 (*)

Algures 
No lugar mais frio 
Da memória 
(Carlos de Oliveira: Micropaisagens). 


…Ou no lugar mais desconfortável da terra!  A paisagem barroca dos trópicos não é menos desoladora do que as ilhas caligráficas do poeta: sob a tela luxuriante da natureza, os homens recortam-se, quais sombras chinesas, numa fundo aridamente linear. Eu diria: pateticamente, de pé, no limiar da História.

Aqui a consciência humana tem a dimensão da tribo, do grupo étnico ou até da aldeia. Uma precária serenidade envolve a azáfama quotidiana destes povos ribeirinhos do Geba que, no meu eurocentrismo de viajante, recém-chegado e distraído, descreveria como felizes, gentis e hospitaleiros.

O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens grandes, sempre eles, a tagarelar uns com os outros sentados no bentém, mascando nozes de cola…

Em suma, um fim de tarde calma numa tabanca fula de Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI). E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...).


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590, mais tarde, CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479, mais tarde CART 11 e depois CCAÇ 11). Na Guiné nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro. Já muito depois do 25 de Abril,  descobri que ele era co-autor de um livro que li e apreciei sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha: Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp). Entretanto, aparece o blogue e, entre outras, publico esta foto... Em 4 de Julho de 2005, recebi a seguinte mensagem, assinada pelo Renato Monteiro:

"Amigo Luis: Muito surpreendido por me rever numa piroga no rio Geba. Na verdade, não me lembrava desse episódio. Não menos espantado por rever a picada do Xime e outros locais que, passado tanto tempo, ainda se encontram bem presentes na minha memória...

"Lamento, ao contrário, não ter reconhecido ninguém nas fotos nem, sequer, te referenciar. Não sei a explicação. Sou, na realidade, co-autor do livro que referes. Fico ao teu dispor para o caso de quereres comunicar, e feliz pela Internet ter possibilitado este reencontro".

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.


2. Contuboel, 15/7/69

Capri, c’est fini!... Ainda te lembras da velha canção do verão de há três anos, em Lisboa (i) ? Pois é, estão a chegar ao fim as férias de Contuboel, o dolce far niente da tropa tropical... Cheguei à Guiné há  mês e meio. E ainda não vi, não senti nem cheirei a guerra (a não ser talvez no percurso, em LDG, no Rio Geba, a caminho do Xime e depois no troço Xime-Bambadinca, no dia da nossa partida de Bissau para Contuboel: confesso que havia alguma tensão nos rotos dos periquitos...).

Acabámos os exercícios finais da instrução de especialidade, que decorreram entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel. Recebemos a visita do homem grande de Bissau (ii). Consta que já nos deu destino, a nós e aos nossos queridos nharros (iii).

Acabaram-se os passeios tranquilos pelo Rio Geba, de piroga. As idas a Sonaco, à civil. As conversas, ao fim da tarde, debaixo do poilão, com os
djubis, as bajudas e as mulheres grandes e os homens grandes. As conversas intelectuais com o meu amigo Monteiro (iv). Os meus vizinhos aldeões com quem gostava de conversar. As pacatas idas às hortas das proximidades para comprar bananas e abacaxis...

Vou ter saudades de Contuboel, das frondosas margens do Geba, da paisagem luxuriante, das amáveis lavadeiras mandingas, de mama firme, que encontrávamos pelo caminho. Mas, como diz a canção, é muito pouco provável cá um dia voltar. Em contrapartida não penso neste momento em Lisboa nem no meu regresso. Contuboel acabou: há agora muitos milhares de quilómetros para palmilhar, numa prova que é, para mim, para todos nós, o grande teste de resistência... e de sobrevivência.

Vou ter saudades das histórias que a
velhice de Contuboel nos contava. Madina do Boé, Fiofioli… Nós, os periquitos, ouvíamos com respeito a velhice e é, com natural apreensão, que nos preparamos para montar a tenda algures no chão fula. Dizem-me que marchamos, dentro de dias, para Bambadinca. Não gostei do sítio quando por lá passei, há um mês e meio. Ainda cheirava a pólvora... Em contrapartida, o aquartelamento é novo, oferecendo boas condições de alojamento, pelo menos para os oficiais e sargentos.

Março de 1969. Durante dez dias e dez noites, de 8 a 18 de Março, o triângulo Xime-Bambadinca-Xitole é passado a pente fino: 1300 homens, entre militares e carregadores civis, além da aviação e da artilharia, estão empenhados na grande operação de limpeza a que foi posto o nome de código de Lança Afiada (não tenho ideia se a marinha esteve envolvida, e em especial o corpo de fuzileiros, cortando a possível retirada do IN pelo Rio Corubal).

Estava-se então em plena época seca: o capinzal já não resiste às granadas incendiárias e as clareiras, abertas pelas queimadas na savana arbustiva, deixam entrever a imensa mole de vegetação tropical para além da qual fica
tabanca di bandido, em florestas sombrias onde coabitam dginé e najoré, e que na algaraviada dos meus nharros quer dizer irãs, diabos, diabretes, duendes e toda a espécie de espíritos (bons e maus)…

O objectivo da operação é, como sempre, aniquilar, capturar ou, no mínimo, expulsar o IN, destruir todos os seus meios de vida e recuperar a população sob o seu controlo... (À força, se a dita população não quiser voltar a viver sob a nossa bandeira e a nossa soberania).

A ideia de manobra é simples: da Ponta do Inglês (antigo aquartelamento das nossas tropas, abandonado em finais de 1968, se não me engano) à mata do Fiofioli, da estrada Mansambo-Xitole à Ponta Luís Dias (outrora um florescente entreposto comercial à beira rio) um enorme cilindro compressor irá empurrando tudo o que for balanta, beafada e bicho do mato para o Rio Corubal onde os esperam os pássaros de fogo dos tugas, os hipopótamos, os jacarés, as formigas carnívoras, os jagudis...

Oficialmente o dispositivo do IN na área compreendida entre a linha geral Xime-Xitole e a margem direita do Rio Gorubal foi desarticulado — um eufemismo, de resto, muito utilizado nos nossos relatórios militares para justificar resultados mais morais e psicológicos do que materiais em operações desta envergadura, e que quando muito só se realizam de dois em dois anos (Na verdade, não é todos os dias que nos podemos dar ao luxo de mobilizar o equivalente a um agrupamento, ou seja, dois batalhões).

Na prática, os roncos não foram espectaculares: para além de algumas toneladas de arroz destruídas, de muitas cabeças de gado mortas, de muita criação pilhada,  e de umas tantas casas de mato ou cubatas queimadas, enfim, para além de alguns contactos com o IN, sempre à distância, “o que contou sobretudo foi termos penetrado em santuários do IN tão míticos como a mata do Fiofioli” (diz-me um furriel da
velhice com quem gosto de conversar do passado recente). Fico a saber que o Fiofioli é um sítio tão temível para os tugas da Zona Leste como, noutros sectores, o Boé, o Cantanhez, o Morès, o Choquemone, o Caresse ou a ilha do Como.
- Afinal, nem hospital nem enfermeiras cubanas nem sequer o fantasma do Nino vestido à cowboy - comentava, entre irónico e desapontado, à mesa da lerpa, um outro furriel da
velhice de Contuboel - Foi só por dizer que estivemos na mata do Fiofioli… Nem sequer fiz o gosto ao dedo!

O que eu posso concluir destas conversas entre
periquitos e velhinhos, no meio de rodadas de cerveja e de uísque, é que depois do inferno de Madina do Boé, a Lança Afiada teve um certo sabor a vitória para as NT.

0 que se passara, entretanto, é que, na impossibilidade de resistir abertamente à contra-penetração das NT, a guerrilha ensaiara algumas manobras de diversão pelo fogo, enquanto as populações sob o seu controlo, previamente alertadas, se metiam na arca de Noé (quiçá com toda a bicharada do mato, os porcos, as galinhas), cambando o Rio Corubal e pondo-se a salvo na outra margem... Em suma a velha táctica dum conhecido mestre escola chinês: “dispersar quando o inimigo ataca, reagrupar quando o inimigo retira”…

Um mês depois, e quando os
tugas voltavam a dormir de cu para o ar, preparando-se para hibernar nos seus campos fortificados durante a estação das chuvas, os diabos negros da floresta desencadeavam uma série de acções que culminariam no ataque em força, inesperado e espectacular, a Bambadinca, a sede do comando do sector L1 até então inviolável...

Foi a 28 de Maio de 1969, à noite, estávamos nós a chegar a Bissau. Quando passámos por Bambadinca, oito dias depois, a caminho de Contuboel, não se falava de outra coisa… "Podíamos ter sido todos mortos ou apanhados à unha, tal era a bandalheira em que estava o quartel" - confidenciou-me o meu conterrâneo e amigo, o Agnelo, 1º cabo de transmissões da CCS... De facto, faziam-se quartos de sentinela... sem armas!

Ao que soube mais tarde, o comandante e o seu adjunto (v) apanharam uma porrada do Spínola /("levaram com os patins", na gíria de caserna)  e seguiram com guia de marcha para Bissau...

[ Excertos do
Diário de um Tuga. publicados na I Série do Blogue, e agora revistos



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte sobre o Rio Geba na estrada Bafatá-Contuboel > 16 de Dezembro de 2008, 13h41... > Nunca mais voltei a Contuboel nem passei sobre esta ponte (que, entretanto, deve ser sido reconstruída)... Mas o meu filho, João Graça, fê-lo por mim, sem eu sequer lhe ter pedido... Provavelmente por sugestão do Pepito, que trabalhou como engenheiro agrónomo em Contuboel depois da independência e por cujo círculo eleitoral foi inclusivemente deputado à Assembleia Nacional... 

Gostava que o Renato Monteiro, que é hoje um grande fotógrafo (com direito a entrada na Wikipédia...) comentasse esta foto... Debaixo desta ponte, num mergulho refrescante mas temerário para as águas do Geba, num dos nossos passeios de piroga, em Junho/Julho de 1969, ele poderia ter aqui encontrado a morte... Relembrei-lhe essa cena, para mim dramática (e que ele varreu completamente da memória, como todos nós fazemos com pesadelos e os acontecimentos de vida traumáticos),  quando nos reencontrámos, pela primeira vez em 2005, graças a este blogue... (LG)

Foto: © João Graça (2009). Direitos reservados


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) >  "Cais do Xime, a cores já esbatidas" (RM)…Atracagem de uma LDG - Lancha de Desembarque Grande... Em primeiro plano, o Fur Mil Renato Monteiro, meu amigo de Contuboel, que foi parar ao Xime (e depois ao Enxalé, destacamento do Xime, no outro lado do Rio Geba) por não morrer de amores pelo comandante da sua unidade de origem, a CART 2479 (1968/70)... Conheci-o em Contuboel, em Junho/Julho de 1969. Nunca mais o vi... Só há poucos anos nos reencontrámos... Graças ao blogue... É a história de um feliz acaso, já aqui contada . Ele era(é) o misterioso homem da piroga (**), fotografado comigo no Rio Geba, em Contuboel, uma das poucas fotos que tenho da Guiné.

 Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI).

E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Pitche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...)

Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.

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Notas  de L.G.:

(i) Canção, romântica, então em voga, nos idos anos de 1965/66, do francês Hervé Villard (n. 1946). A letra era típica da época, delicodoce, inócua, pacífica, para consumo de adolescentes apaixonados, quando ainda se ouviam canções francesas românticas na nossa rádio e os

 "Nous n'irons plus jamais,/ Où tu m'as dit je t'aime,/ Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années, /Nous n'irons plus jamais, /Ce soir c'est plus la peine, /Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années; Capri, c'est fini, /Et dire que c'était la ville / De mon premier amour, /Capri, c'est fini, /Je ne crois pas /Que j'y retournerai un jour" ...

Vd. vídeo no You Tube.

(ii) Forma carinhosa ou reverente como era tratado o general Spínola pela NT e pela população local que convivia connosco.

(iii) Termo algo depreciativo (tal como
tugas, sinónimo de brancos, portugueses) com que tratávamos os africanos da Guiné. Não se pode dizer que o termo fosse explicitamente racista. Era uma expressão de caserna.

(iv) Furriel miliciano Monteiro, da CART 2479 / CART 11, que seguiu para Piche, a nordeste de Nova Lamego (ou Gabu), com os seus africanos, na mesma atura em que nós (CCAÇ 12) seguimos para Bambadinca. Estes africanos fizeram a recruta e a instrução de especialidade juntamente com os nossos. Na altura Contuboel funcionava como um centro de instrução militar, tal como Bolama. Nunca mais o tornaria a ver, ao Renato Monteiro. Graças a este blogue,  ele localizou-me em 2005 e acabámos por nos (re)encontrar.

(v) BCAÇ 2852 (1968/70)
copains e as copines da França do acordeão e do Charlles de Gaulle preparavam para incendiar Paris:
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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6641: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (22): José Corceiro, um bom filho, um melhor pai, um avô babado


Foto 1 > 24/6/1948: O José Corceiro "ao colo de sua querida mãe"... Faz precisamente 62 anos que esta foto foi tirada... Era(é) dia de S. João na terra [, Sabugal,] do nosso camarada... E hoje também avô pela segunda vez...

1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo Trms, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71):


Data: 24 de Junho de 2010 15:05

Assunto: MOMENTOS DE REFLEXÃO

Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.

Envio estas linhas despretensiosas que caso achem que tem lugar, podem publicar.

Um Abraço
José Corceiro


2. Momentos de reflexão
por José Corceiro


Amigos tertulianos, permitam-me que partilhe convosco uma alegoria nostálgica, ou direi antes, um misto de tristeza e saudade envolvida por alegria e esperança.

Há momentos singelos na vida de cada um de nós, que merecem ser divulgados. Circunstâncias que nos impulsionam a agir num determinado sentido, sem razão aparente, que à luz do raciocínio puro são de difícil explicação, mas,  segundo a lei das probabilidades, o que é susceptível de acontecer mais tarde ou mais cedo acontece.

Estava descontraído a ouvir música e a ler um livro, comportamento habitual, com a mente concentrada na leitura sem outras inquietações. Nisto, num instante de descontracção impôs-se um desejo, sem que nada o justificasse, direccionando-me no sentido de uma determinada gaveta, das várias possíveis. Gaveta com diversos objectos, entre os quais uma caixa de madeira, não muito grande, que eu próprio tinha ali acomodado. 

Antes de abrir a caixa, veio-me à memória tudo o que ela continha no seu interior, pois eu mesmo religiosamente ali o tinha acondicionado. Abro o meu humilde relicário e deparo com o que deve ter sido a minha primeira fotogenia, eu ainda bebé nos braços da minha ditosa e saudosa Mãe, tinha eu dez meses de idade. Como que afago a foto, que já tive na mão centenas de vezes, eis que descubro nela algo que nunca me tinha apercebido antes. No verso da foto, num dos cantos, está escrito a lápis, já esbatido, mas ainda perceptível, a data 24-06-1948. Coincidência, faz hoje precisamente 62 anos que foi tirada a foto.

Analisando à luz da razão, o que agora sei tem toda a lógica: eu sabia que tinha dez meses de idade quando a foto foi tirada, isto está em conformidade com a data da foto e lembro-me que antigamente, na minha terra [, Sabugal,], era dia de S. João, festa de tradição, que vinha um fotógrafo ambulante que tirava fotos, a quem o pretendia, eu enquanto criança tirei outras neste dia.

Estava eu imbuído neste pensamento, quando recebo a notícia, dada pelo meu filho, Leandro Jorge, a comunicar-me que sou avô pela 2ª vez, pois nasceu a minha querida netinha Laura, que já era expectável que nascesse por estes dias.

A nostalgia foi invadida pela esperança.

Queridos amigos, são as leis da ordem natural da Natureza…

Aproveito para homenagear, singelamente, a mulher que foi a minha Mãe na minha vida e dizer-lhe que,  embora nos tenha deixado, continuo a sentir-me ao seu colo adorado e protector. Saúdo a minha netinha Laura, desejando-lhe uma vida graciosa e risonha, assim como não esqueço as outras mulheres da minha vida, às quais desejo tudo de bom.

A todos os avós, muita esperança e saúde para todos.

Um abraço

José Corceiro




Foto 2 - Tirada em Paris com os meus filhos, em 1982.. O peso da responsabilidade nos ombros, já é grande. 




Foto 3 - Junto do Museu do Louvre que,  por mais que visite, descubro sempre novidades. Como sempre, carregado de equipamento fotográfico, além da máquina de filmar, mais que uma de fotografia. Com os filhos, foto tirada em 1982.


Foto - 4 Algures na Europa, com o meu filho Gonçalo Afonso, em 1982.


Foto 5 - Continuação do canteiro do Jardim do Luxemburgo, em Paris, em 1982.




Foto 6 - O meu filho, Leandro Jorge, em 1978, no Parque Eduardo VII, Lisboa, a gritar que... é Pai!

Fotos: José Corceiro (2010). Direitos reservados 

2. Comentário de L.G.:

Vão me dar porrada, Zé, os mais ortodoxos,  que acham que nem a Torre Eifel nem o Parque Eduardo VII têm nada a ver com Canjadude, os Gatos Pretos, a porra da Guiné...  (Eu acho que tem, desde que os portugas do Vasco da Gama abriram os caminhos da globalização)...  Mas eu podia lá recusar a satisfação de um pedido como o teu, que nasce de um irresistível impulso de ir ao gavetão das fotografias, e fazer uma viagem de 62 anos ao passado ?!...

Poder... podia (quem tem a faca e o queixo na não, pode sempre...), mas não era a mesma coisa... No nosso blogue também há lugar para as crianças, os seus olhos espantados, abertos para a realidade das coisas grandes, a sua inigualável fotogenia... Esta série (Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres) (*) é também, ela, heterodoxa... Mais: é ostensivamente voyeurista, faz questão de entrar pela morança dentro dos nossos tabanqueiros... E, depois, logo hoje que acabas de ser avô pela segunda vez... Este é também um blogue de afectos... Um gesto de ternura é sempre algo de irrecusável. E como nós estamos necessitados de ternura, nestes tempos difíceis por que estamos a passar, nós, todos,  individuos, famílias, comunidades, povo!...

De uma penada acabamos de conhecer melhor o nosso camarada José Corceiro, junto daqueles que ele mais quer, a sua família, os seus filhos, os seus netos...

Tenho pena de não te poder dar um Alfa Bravo, no próximo sábado, em Monte Real. Vejo que não estás inscrito. Ficará para uma próxima... Curte agora as alegrias de ser filho, pai e avô, a par da fotografia, das viagens, da leitura, os teus lazeres... LG.

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Guiné 63/74 - P6640: Convívios (257): Encontro/Convívio do BCAÇ 2856, 19 de Junho de 2010, em Amarante (Jorge Tavares)


1. O nosso Camarada Jorge Tavares, ex-Furriel Miliciano Radiomontador, da CCS do Batalhão de Caçadores 2856 - Bafatá -, 1968/1970, enviou-nos as seguintes notícias da festa da sua CCS, em 23 de Junho de 2010.

Almoço/Convívio da CCS do BCAÇ 2856


Amigos e camaradas,

Mais uma vez estou a enviar duas fotos do nosso encontro anual realizado no dia 19 de Junho, em Amarante.


Neste encontro foram comemorados também os 40 anos do regresso a casa.
O próximo encontro ficou marcado para 18/06/2011, em Góis.

P.S. – Por vezes tenho recebido e-mails de Camaradas na procura de qualquer informação sobre outros camaradas do batalhão (CCAÇ 2435, 2436 e 2437). Como não sou eu o elo de ligação deste pessoal, aqui fica o endereço de e-mail de quem trata dos contactos da malta da CCS para os arquivos: manuelrosario@mail.telepac.pt

Fiquem bem,
Jorge Tavares
Fur Mil Radiomontador da CCS do BCAÇ 2856
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Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
20 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6619: Convívios (171): Encontro/Convívio do BCAÇ 3863 e CCAÇ 16, 1 de Maio de 2010, em Espinho (José Quintino Travassos Romão)

Guiné 63/74 – P6639: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (7): Sobre o poste P4533-15Jun2009, desastre no Cheche (Abreu dos Santos)

Jangada para travessia do Rio Corubal, no Che-che. © Foto de José Azevedo Oliveira, com a devida vénia.
1. O nosso Camarada-de-Armas Abreu dos Santos, enviou-nos uma mensagem contendo mais informação preciosa sobre o desastre do Checche, ainda referente ao dramático e mortífero desastre do Cheche, que, pela sua importância, passamos a publicar.
A mensagem foi previamente posta a circular entre vários Camaradas nossos, solicitando eventuais comentários, ou a prestação de qualquer outra achega, ou esclarecimento sobre este infeliz acontecimento.


2. Assim em 16 de Junho de 2010, o Abreu dos Santos, com o título: “20Fev69 - fuzos no Cheche”, enviou-me o seguinte e-mail:
MR,

Cf n/conversa de ontem, remeto à consideração breve extracto da minha "Outra História", na parte respeitante à operação de resgate dos malogrados militares afogados no Corubal, solicitando reenvio aos infra mencionados camaradas-de-armas, por forma que se pronunciem em vista a que seja editada e emitida informação – consolidada e sucinta –, a qual permita a qualquer visitante do v/weblog ficar a saber algo mais correlacionado ao "Desastre do Cheche"; e, indirectamente, aqueles (e outros veteranos) se questionem quanto a motivos que teriam levado a actual direcção-central da Liga dos Combatentes, ao desperdício de verbas na derradeira "missão de resgate" que, no final do pretérito Fevereiro, executou infrutiferamente (vd *.pdf anexo, que se encontra disponível no portal UTW).

3. No mesmo dia, 16 de Junho de 2010, procedi ao reenvio do e-mail para vários Camaradas nossos, de que possuo os seus endereços de e-mail, que tem acompanhado esta matéria:
Boa noite Amigos e Camaradas,

Reenvio-vos o e-mail infra do nosso Camarada Abreu dos Santos, para que analisem e digam, se assim o entenderem e quiserem colaborar, se têm algo a acrescentar.

As respostas podem ser enviadas para o meu e-mail, que depois reenviarei ao Abreu dos Santos:

magalhaesribeiro04@gmail.com

Um abraço Amigo do Magalhães Ribeiro

MR,

4. Passaram-se 7 dias e como não houve qualquer resposta, o Abreu dos Santos cedeu a mencionada informação:

MR,
Face ao tempo decorrido entre a t/msg e o dia de hoje, ficas com inteira liberdade para usar a m/info cf melhor te aprouver, mas sempre em vista do bem comum.

Abraço,

5. A informação divulgada é a seguinte:
Quanto ao poste > P4533, de 15Jun2009:

1969 - Fevereiro.20 (5ªfeira)
No centro-sudeste na Guiné, aterram no Cheche três Alouette-III de onde desembarcam 13 fuzileiros¹ sob comando do capitão-tenente fuzileiro especial Carlos Saraiva da Costa Pecorelli, acompanhados por 2 grupos com material da 2ªSecção de Mergulhadores-Sapadores da Armada, a fim de tentar recuperar corpos dos 47 militares² que há 14 dias foram vítimas de afogamento durante a travessia do Corubal.
Após várias operações de busca, a cerca de 400mts jusante do local do acidente, resgatam restos mortais (inidentificáveis) de 11 militares, seguidamente helitransportados para Bissau e sepultados no cemitério municipal.
¹ (2 oficiais, 1 sargento e 3 praças mergulhadores, mais 2 sargentos, 4 praças e 1 clarim)
² (26 da CCac1790, 19 da CCac2405, 2 do PelMil149)
_________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

2 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5920: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (6): Missão da Liga dos Combatentes resgata corpos (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6638: Lista alfabética dos 24 capitães que morreram em campanha no CTIG, dos quais 10 em combate, todos comandantes de companhias operacionais (9 Cap QP, 1 Cap Mil) (Carlos Cordeiro)




Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 > 1967 > O Cap Art Manuel Carlos Conceição Guimarães, morto aos 29 anos. Terão morrido 24 capitães no TO da Guiné durante a guerra colonial (1963/74). Excluindo um capitão de 2ª linha e um outro, de quem faltam elementos de identificação, sabemos que desses 22, dezassete eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos.  Dez, todos comandantes de companhias operacionais, morreram em combate,  sendo 9 do quadro e 1 miliciano. (LG)

Foto: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.




1. Mensagem do nosso amigo e camarada Carlos Cordeiro (*):


Data: 24 de Junho de 2010 04:09

Assunto: Capitães que morreram em campanha na Guiné


Caros Luís e Carlos,

Junto uma lista dos capitães mortos em campanha na Guiné, entre 1963 e 1974. Tinha dois erros no comentário que inseri no P 6621 (**): em combate faleceram nove capitães do quadro, um miliciano e um de 2.ª linha e não como lá dizia (10 do quadro).

A totalidade é de 24 e não 23, pois não tinha incluído o Cap 2ª linha Abna na Onça, que, aliás, é por diversas vezes referido no blogue.

Não consegui obter qualquer elemento relativamente ao Cap Joaquim Simão e é provável que ele não conste do Monumento aos Mortos do Ultramar.

Temos, então, que faleceram 16 capitães do quadro e 6 milicianos (não incluídos o Abna nem o Simão). Destes 22, 17 eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos. Todos os que morreram em combate eram, naturalmente, comandantes de companhias operacionais.

O nosso blogue tem referências a 12 destes camaradas mortos em defesa da Pátria.

Gostaria de deixar claro que esta listagem pode conter muitas falhas. Segui, exclusivamente, os recursos da Internet. Baseei-me na lista da Liga dos Combatentes e, a seguir, procurei os restantes dados (miliciano, comandante de companhia operacional...) que encontrei, geralmente, no site http://ultramar.terraweb.bis/, nas listagens elaboradas pelo camarada José Martins. Como é evidente, este sistema não é absolutamente seguro e o José Martins tem alertado para o número significativo de militares mortos que não constam da lista da LC [, Liga dos Combatentes].

A formatação da listagem fica ao vosso critério. Optei pela ordem alfabética, mas talvez até fosse melhor ter optado pela data da morte.

Um grande abraço,
Carlos

2. Lista alfabética dos capitães que morreram no TO da Guiné (Nome / Posto e arma / Subunidade / Causa / Data / Observações) [Entre parênteses rectos, informação adicional introduzida pelo editor]

por Carlos Cordeiro (*)


ABNA NA ONÇA:  Cap 2.ª linha / Polícia  Admninistrativa, natural de Porto Gole / Cart 1661 / Combate  (v., entre outros, os postes P CCCXXV – I Série, de 30/11/2005, 5122, de 17/10/2009 e P4820, de 14/8/2009).

- ANTÓNIO ALBERTO JOYCE FONS: Cap Grad Cav / Cmdt CCav 3365 / Doença /  26 de Maio de 1972.

- ANTÓNIO LOPO MACHADO DO CARMO: Cap Cav  / Cmdt ECav 252 / Combate (CG 2.ª)  / 14 de Março de 1963.

- ARMANDO ALMEIDA TAVARES : Cap SGE / CCS BCaç 512 / Doença / 2 de Maio de 1965. [Natural de Portalegre].

- ARTUR CARNEIRO GERALDES NUNES:   Cap Inf / Cmdt CCaç 1788 / Combate / 16 de Fevereiro de 1968 (v. poste P3813, de 29/1/2009).

- CARLOS BORGES DE FIGUEIREDO : Cap Mil  Art / Cmdt CArt 2742  /   Acidente com arma de fogo / 2 de Abril de 1972 (v. P5938, de 6 de Março de 2010).

- DINIS ALBERTO DE ALMEIDA CORTE REAL: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 1422 /  Combate / 12 de Junho de 1966.

- FAUSTO MANTEIGAS DA FONSECA FERRAZ : Cap Mil Grad Art / Cmdt CArt 1613 /  Acidente com arma de fogo / 24 de Dezembro de 1966 (v. poste P4968, de 17/9/2009).

- FERNANDO ASSUNÇÃO SILVA : Cap Inf  / Cmdt CCaç 2796 / Combate  / 24 de Janeiro de 1971 (vd. poste  P3451, de 13/11/2008).

- FRANCISCO VASCO GONÇALVES DE MOURA BORGES : Cap Cav / Cmdt CCav 2721 / Combate / 2 de Julho de 1970.

- FRANCISCO XAVIER PINHEIRO TORRES DE MEIRELES : Cap Inf / CCAÇ 508 / Combate / 3 de Junho de 1965). [Natural de Paredes]

- HELDER PEREIRA DOS SANTOS GARCIA: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 3548 7 Doença / 27 de Dezembro de 1972.

- ILÍDIO FERNANDO RODRIGUES DA CRUZ CALHEIROS : Cap SM /QG / Doença / 25 de Março de 1970.

- JOÃO BACAR DJALÓ : Cap Comando  / Cmdt 1ª CCmds / Combate / 16 de Abril de 1971 (v. poste  P2569, de 21/2/2008).

- JOÃO CARDOSO DE CARVALHO REBELO VALENTE : Cap Pil Av / BA 12, Bissalanca / Doença 14 de Outubro de 1963.

- JOÃO MANUEL DA COSTA CORDEIRO : Cap Pára-quedista  / Cmdt CCP 123 / BCP 12 / Acidente / 22 de Maio de 1974 (v. poste P4216, de 19/4/2009).

- JOAQUIM MANUEL BARATA MENDES CORREIA : Cap Mil  Inf / Cmdt 1ª Companhia do BCaç 4610 / Acidente de viação / 18 de Março de 1974.

- JOAQUIM SIMÃO – Cap  / (?) / Doença / (?)  (Não descobri qualquer informação. Pela pesquisa que fiz, não me parece mesmo que o nome apareça no Monumento aos Mortos do Ultramar. O José Martins vai resolver o problema).

- JOSÉ CARVALHO DE ANDRADE: Cap Cav  / QG  / Afogamento [no Rio Mansoa] / 25 de Julho de 1970. [v. poste P 3335, de 20/10/2008].

- JOSÉ JERÓNIMO DA SILVA CRAVIDÃO : Cap Inf  / Cmdt CCaç 1585 / Combate / 4 de Junho de 1967.

- LUÍS FILIPE REI VILLAR: Cap Cav / Cmdt CCav 2538 / Combate / 18 de Fevereiro de 1970 (v., entre outros, poste P1908, de 1/7/2007).

- MANUEL CARLOS DA CONCEIÇÃO GUIMARÃES: Cap Art / Cmdt CArt 1690 / Combate / 21 de Agosto de 1967  (v. poste P1745, de 9/5/2007).

- RUI ANTÓNIO NUNO ROMERO : Cap Mil  Inf  / Cmdt CCac 1565  /  Acidente com arma de fogo / 10 de Julho de 1966 (v. poste P2335, de 8/12/2007).

- VICTOR MANUEL MENDES FERREIRA: Cap Eng SM / DSM / Acidente / 28 de Setembro de 19/74. [v. poste P2192, de 18/10/2007]

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Notas de L.G.:

(*) Carlos Cordeiro: Membro da nossa Tabanca Grande; combatente em Angola, onde fez a sua comissão de serviço como Fur Mil At Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71; vive em Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, onde é professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores.

É irmão do infortunado Cap Pára-quedista João Manuel Costa Cordeiro, Cmdt CCP 123 / BCP (Guiné, 1972/74), morto em 22/5/1974, por acidente, em salto com pára-quedas.