"Foram longas, longas as esperas que os familiares dos presos políticos tiveram de aguardar junto ao forte de Caxias. Mas foram horas quer valeram a pena. Depois viriam os abraços, o recordar de uma lembrança antiga de muitos anos" (Flama, separata, 10/5/1974, pp. XXII /XXIII)
(Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXIII)
"A multidão já não tem dúvidas que de Caxias irão sair os familiares, os amigos,. os conhecidos há muito detidos. E mesmo com chuva não arredou pé. Tranquilamente. Aproveitando as horas para convívio. (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXIV)
"Uma cena das imedfiações de Caxias. Quem aguardará o menino ? Talvez um pai que não conheça ainda"... Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXV)
"O general António Spínola chega ao quartel-general da Cova da Moura. Eram 16:25 do dia 25 de Abril" (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXVI)
"Naq Cova da Moura, no Ministério da Defesa Nacional, ficou instalado o novo Quartel-General que até ao dia 26 funcionara no Regimento de Engenharia 1, na Pontinha" (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXVII)
(Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXVII)
"A zona da Cova da Moutra encontrava-se guardada por quatro carros blindados: um AML Panhard e três Chaimites. Naturalmente as atenções da miudagtem foram despertadas" (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXIX)
"Às 17:50 do dia 26 apresentaram-se à porta de armas do Ministério da Defesa duas das mais (infelizmente) conhecidas figuras da PIDE/DGS: Bernardino Leitão (inspetor) e Mortágua (chefe de brigada). Segundo soubemos terão ido colocar-se às ordens da Junta, terão sido mandados entrar pelo general Spínola que teria ordenado a sua prisão". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXX)
"A chaimite Bula que levou do quartel do Carmo o prof. Marcelo Caetano, transporta agora três elementos da PIDE/DGS reconhecidos e detidos no Bairro Alto" (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXX)
"25 de Abril : o povo esteve com as Forças Armadas" (Flama, separata, 10/5/1974, pág. XXXII)
Fonte: Excertos de Flama: revista semanal de actualidades, nº 1366, ano XXXI, 10 de maio de 1974, XXXII páginas. (Cortesia da Hemerateca Digital / Câmara Municipal de Lisboa)
(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição das imagens: LG)
1. Quarta (e última) parte da publicação de uma seleção de fotos da separata que o semanário "Flama" dedicou, tardiamente, em edição de 10 de maio de 1974, ao histórico dia de 25 de Abril. É uma das mais interessantes, belas e completas reportagens feitas pela nossa imprensa semanal da época. (Repare-se, todavai,que a revista concorrente, "O Século Ilustrado", adiantou-se, publicando logo, em 28 desse mês, uma edição especial: Suplemento. ao n.º 1895, 28 de Abril de 1974)
Estas fotos, menos conhecidas, serão também de fotojornalistas talvez menos conhecidos (do grande público) que o Alfredo Cunha e o Eduardo Gageiro, mas algumas são de grande interesse documental e de qualidade estética.
Vê-se que estavam a trabalhar, pela primeira vez, sem o medo da censura, apresentando por isso um belo e entusiástico trabalho de fotojornalismo. Sabemos que, em 1974, os fotógrafos de reportagem da "Flama" eram o António Xavier, o António Vidal e o Carlos Gil, justamente a equipa que assina (em grupo) as fotos desta separata (sendo o texto dos jornalistas António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais e Dionísio Domingos). É justo destacar aqui pelo menos o Carlos Gil (1937-2001), que tão precomente nos deixou e que está esquecido: um "reporter da guerra e da paz", como ficou conhecido.
Com a devida vénia aos autores e à revista (que já não existe), são fotos que pertencem à memória de todos nós, merecendo ser divulgadas em especial pelos antigos combatentes, alguns dos quais ainda estavam na Guiné, e outros eram leitores da "Flama".
É também uma homenagem a esta revista, que foi escola de jornalismo e fotojornalismo e que nos ajudou, a alguns de nós, na Guiné, a mitigar a saudade de casa e a preencher o tempo de solidão e lassidão que foi o nosso, naquela guerra.
2. Texto, produzido nos 40 anos do 25 de Abril > Jorge Mangorrinha | Hemeroteca Municipal de Lisboa (reproduzido com a devida vénia)
Revista fundada a 5 de fevereiro de 1937, como fonte de informação da Juventude Escolar Católica, autointitulando-se como “jornal ilustrado de actualidades”. Era dirigida, em 1974, por António dos Reis, que começara como repórter do "Novidades".
Contava, na época, com Edite Soeiro (chefe de redação), Carlos Cascais e António Amorim (subchefes de redação), para além de António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais, Dionísio Domingos, António Xavier, António Vidal e Carlos Gil, estes três últimos fotógrafos de reportagem, precisamente a equipa que assinou a principal peça jornalística dos acontecimentos, composta na rua Rodrigues Sampaio (50), em Lisboa.
No número de 17 de Maio, é apresentado um novo Conselho de Redação, constituído por Alexandre Manuel, António Amorim e António Xavier. A revista tinha atingido a sua maior tiragem, no início destes anos 70, com 30 mil exemplares e privilegiando os assuntos políticos importantes, ao mesmo tempo que dava destaque às figuras do mundo do espetáculo, em páginas muito ilustradas.
De vez em quando, tentava transgredir e passar ao crivo da Censura. O seu diretor preocupava-se, essencialmente, com a parte administrativa e com o tema e a imagem de capa. Ora, precisamente, chegados ao “virar da página” (Flama, 3 de Maio de 1974), nos três números posteriores ao 25 de Abril (3/10/17 de maio) outras tantas capas sugestivas.
Na primeira, a chaimite é o centro das atenções, e o povo à volta, tal como na edição seguinte, mas onde os protagonistas centrais são outros, Mário Soares e Álvaro Cunhal.
No número seguinte, as “Três Marias” [Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa] suspiravam pelo “fim de um escândalo” que abalara a sociedade por causa do livro "Novas Cartas Portuguesas" (Flama, 17 de maio de 1974). Regina Louro e António Xavier fizeram a reportagem.
Nas primeiras páginas da Flama, em Liberdade, há notícias sobre a libertação das mulheres e, também, sobre as dificuldades agrestes que assolavam os agricultores portugueses. Reportagens que já estavam escritas antes da mudança, pelo menos iniciadas. Esta mudança, porém, devolveu o sorriso a muitos portugueses, expresso nos textos e fotos das horas desse dia sem fim – “Dá resultado… vê-se na sua cara!”. Não, este não é o slogan do 25 de Abril, mas podia ser! É, tão-somente, o anúncio do creme anti-rugas que acompanha a coluna do primeiro editorial em Liberdade.
Mas, efetivamente o “virar a página”, de que esse editorial nos fala, devolveu aos portugueses a esperança e um novo ar nos rostos. Na Flama, lemos um dos mais expressivos conjuntos de reportagens dos novos tempos da imprensa nacional, nas páginas e separatas dedicadas ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio.
Dos tempos que não deixaram espaço a uma mudança não revolucionária, tal como foi o fim desta revista (2 de setembro de 1976), provocada por decisão da administração, dois anos depois, sem margem para a redação ainda se organizar para mais um número, na senda do que se passava noutros casos, em que quando uma publicação era suspensa eram os seus jornalistas que comunicavam o fim aos leitores.
Jorge Mangorrinha
Hemeroteca Municipal de Lisboa
Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 1365 (3 de Mai. 1974) a 1367 (17 de Mai. 1974)
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Nota do editor:
Jorge Mangorrinha
Hemeroteca Municipal de Lisboa
Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 1365 (3 de Mai. 1974) a 1367 (17 de Mai. 1974)
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Nota do editor: