Mostrar mensagens com a etiqueta Rui Felício. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rui Felício. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14516: Os nossos encontros e desencontros (1): Ameira, 14 de outubro de 2006: (i) um belo momento de fraternidade que me foi dado viver (Jorge Cabral); (ii) não conhecia ninguém mas senti-me como se todos me fossem familiares (J. Casimiro Carvalho); (iii) o reencontro de um geração valorosa (Rui Felício); (iv) fez-me bem à alma (Fernando Franco)



Montemor-O-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > Um momento de fraternidade, pensa (e sente) o Jorge Cabral, em primeiro plano, tendo à sua direita o nosso baladeiro de Bambadinca (1969/71), e hoje fadista amador, o Zé Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206. 

De pé, afinando as gargantas ou cantando ao desafio, outras duas grandes aves canoras: o Fernando Calado e o Manuel Lema Santos, o exército e a marinha de braço dado... O fotógrafo que estava de serviço apanhou o flagrante, era o David Guimarães, radiante, felicíssimo...

Foto: © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados.


1. E sobre este momento, o nosso I Encontro Nacional, escreveu o "alfero Cabral": 

(...) "Também eu quero testemunhar o quanto me senti feliz, no nosso almoço na Ameira, o qual consubstanciou o mais belo momento de Fraternidade, que me foi dado viver. Sim, estamos todos unidos pela fortíssima corrente da Solidariedade. Aprendemos na Guerra a partilhar alegrias e tristezas e a compreender o Outro. Nunca estivemos sós porque contámos sempre com o ombro do Camarada Amigo. É disso que sentimos saudades!" (...)

O nosso "ranger" J. Casimiro Carvalho, "herói de Gadamael",  escreveu o seguinte (**): 

(...) "Não conhecia ninguém mas senti-me como se todos me fossem familiares... Que sensação tão boa, indescritível, senti-me como peixe na água e as senhoras então... sempre interessadas e atentas... Fiquei muito comovido quando uma delas leu o meu texto que pus à disposição, na mesa, e a seguir as lágrimas lhe correram pela cara, como se a história fosse de um seu familiar muito próximo... Bonito !!!" (...) 

Por sua vez, o Rui Felício (ex-alf mil, CCAÇ 2405, Mansoa, Galomaro e Dulombi, 1968/70, tal como o Paulo Raposo e o Victor David), referiu-se ao nosso econtro nestes termos (***): 

(...) uma jornada inesquecível, [que] só foi possível porque existe o blogue que tu criaste e que, com tanto trabalho e mérito, vais gerindo, coordenando e engrandecendo. (...) Sou dos que naquela época era contra a guerra, mas nunca confundi isso com o dever de a fazer o melhor e mais profissionalmente que me fosse possível, quanto mais não fosse para garantir aos soldados à minha responsabilidade o regresso a casa, sãos e salvos. (...).

Refira-se por fim mais um depoimento, a título ilustrativo, o do Fernando Franco (****)

(...) Andava mesmo a precisar deste encontro, em que muitos dos meus companheiros em meu redor sentissem o mesmo que eu. Mais uma vez obrigado, pois vim de peito cheio. (..:)


Foto: © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados.


Foto nº 1

Montemor-o-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > O grupo de camaradas fotografados, por volta das 13 horas, antes do almoço no Restaurante Café do Monte, na Herdade da Ameira. Ainda não tinham chegado todos... De qualquer foi o ano em que ainda "cabiam todos" na fotografia...


Foto  nº 1A

(i) Da esquerda para a direita, na primeira fila, António Baia (de óculos escuros, 1.º cabo aux enf, pertenceu também ao BIG – Batalhão de Intendência da Guiné, tendo estado integrado num Pelotão de Intendência, o PINT 9288, Cufar, 1973/74), José Bastos, Pedro Lauret, Lema Santos, (dois imediatos da LFG Orion, embora em épocas diferentes), Sampedro (foi capitão em Fajonquito, veio com o Manuel Pereira), Manuel Pereira;

(iii) na segunda fila,  Carlos Vinhal (nosso coeditor), Fernando Franco, Fernando Chapouto, Magalhães Ribeiro, Zé Luís Vacas de Carvalho (na ponta).


 Foto nº 1B

Da esquerda para a  direita: (i) na primeira fila, Aires Ferreira (de óculos escuros), Vitor Junqueira (também de óculos escuros, mas de perfil), David Guimarães, José Casimiro Carvalho (de joelhos), Fernando Calado (ex-alf mil, CCS do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), Tino Neves, Jorge Cabral e, por fim, Luís Graça;

(ii) na segunda fila, Neves (um empresário que veio com outro empresário, de quem é amigo,  o Martins Julião, da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72), Humberto Reis (de óculos escuros), Virgínio Briote (nosso coeditor, de perfil), e  Raul Albino...

Aqui estão só 23... Faltavam outros camaradas que foram pioneiros nestas lides, e que por uma razão ou outra não estão na foto: lembramo-nos de mais 12:
Paulo Santiago, Carlos Fortunato, Carlos Santos, de Coimbra  (que trouxe notícias do Rui Alexandrino Ferreira), António Pimentel, Paulo Raposo e Carlos Marques dos Santos (os dois organizadores do encontro), António Santos (que veio com a esposa Graciela Santos), Hernâni Figueiredo, José Martins, Rui Felício, Victor David, Sérgio Pereira...

Nesse primeiro encontro do nosso blogue, éramos um pouco mais de 50, contando com as nossas companheiras... No último encontro, o X, em Monte Real, no passado 18 de abril de 2015,  juntámos 4 vezes mais... No grupo de homens, os únicos totalistas dos 10 encontros são: o António Santos, o Carlos Vinhal, o David Guimarães, o Jorge Cabral, o Luís Graça e o Raul Albino.


Foto nº 2

Montemor-o-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > O grupo das nossas esposas... Aqui estão 13, mas eram mais...



Foto nº 2 A  > Com a devida salvaguarda por qualquer lapso de memória, o nossos editores reconhecem na primeira fila, a partir da esquerda: Lígia Guimarães, Dina Vinhal, Alice Carneiro, Celeste Baia...


Foto nº 2 B

Na primeira fila, a partir da esquerda: Graciela Santos, Irene Briote, Teresa Reis (, esposa, já falecida, em 2011, do Humberto Reis) e uma quarta senhora que não identificamos...[ Atrás delas, à esquerda, reconhece-se o Fernando Chapouto e o pira de Mansoa, o nosso ranger e coeditor Magalhães Ribeiro, ]...


Foto nº 2 C

Nesta ponta direita, só reconhecemos a  Margarida Franco e a Judite Neves... Totalistas dos 10 encontros são a Lígia Guimarães, a Dina Vinhal e a Graciela Santos

Fotos: © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem de LG e CV]
______________

Notas do editor:



sábado, 13 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11837: Op Mabecos Bravios (1-8 de fevereiro de 1969): a retirada de Madina do Boé, com o trágico desastre no Cheche, na travessia do Rio Corubal, foi há 44 anos (1): Relato do cmdt da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Galomaro e Dulombi, 1968/70)



Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > A travessia, em jangada, do Cheche (que ficava do outro lado, na margem direita).


Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > Uma coluna logística: Madina do Boé-Cheche-Canjadude-Nova Lamego (1)


Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > Uma coluna logística: Madina do Boé-Cheche-Canjadude-Nova Lamego (2)


Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > Finalmente a rendição !



Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). >  O interior do aquartelamento e da tabanca



Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). >  Um cemitério de vitaturas



Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). >  Discreta mas orgulhosa, a bandeira nacional.




Guiné > Zona leste > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). >  A mascote da conpanhia.


Seleção de algumas fotos, notáveis, do álbum do Manuel Caldeira Coelho (ex-fur mil trms,  CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68).


Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar]


1. A Op Mabecos Bravios, destinada a cobrir a retirada das forças estacionadas em Madina do Boé, que teve  um desfecho trágico para 46 camaradas nossos, da CCAÇ 2405 (Galomaro) e da CCAÇ 1790 (Madina do Boé), mais um civil guineense.

Aconteceu há 44 anos, quase meio século. A efeméride passou quase despercebida, em 6 de fevereiro de 2013.

 Na história do BCAÇ 2852 (Bambadinca,19768/70) há uma versão parcial do relatório dessa  operação de triste memória, relativa á participação da CCAÇ 2405 (Galomaro e Dulombi, 1968/70) que formava o Destacamento F. Vale a pena reproduzir esse documento (Cap II, pp. 36-38).

 Em Fevereiro de 1969, a CCAÇ 2405 estava sediada em Galomaro, com um pelotão em Samba Juli, outro em Dulombi e um terceiro em Samba Cumbera. Voltamos a transcrever o post de 2 de Agosto de 2005, com o relatório da Op Mabecos Bravios, o que se justifica pela efeméride (o 44º  aniversário desse dia trágico de 6 de Fevereiro de 1969).

É também um pretexto para a nossa Tabanca Grande  prestar a sua sentida homenagem aos camaradas desaparecidos para sempre nas águas do temível Rio Corubal, quer os da CCAÇ 2405, comandada pe.lo cap mil inf Novais Jerónimo, quer os da unidade de quadrícula de Madina do Boé, a CCAÇ 1790, comamdada pelo cap inf José Aparício (que conheci pessoalmente há uns tempos, em Lisboa,  juntatmente com o cap mil António Vaz).

A evocação desse dia negro na história da guerra colonial da Guiné e a homenagem aos nossos mortos já aqui foram feitas, ainda na I Série do nosso blogue, por camaradas como o  José Martins (ex-furriel miliciano de transmissões da CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70): vd., por exemplo,  poste de 4 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCV: Madina do Boé: 37º aniversário do desastre de Cheche (José Martins), bem pelo Rui Felício, um dos três alf mil da CCAÇ 2405 que participaram na Op Mabecos Bravios (poste de 12 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXVI: O desastre do Cheche: a verdade a que os mortos e os vivos têm direito (Rui Felício, CCAÇ 2405).

E ainda recentemente puiblicámos fotos, tiradas opelo Xico Allen, na sua viagem de 1998, mostrando restos do cemitério de viaturas em que se transformou a picaca Canjadude - Cheche - Madina do Boé - Beli (*). Mas sobre esta operação ea  trágica travessia do Rio Corubal, em Cheche, no regresso a Nova Lamego,  ainda nem tudo estará dito e escrito. Nomeadamente, há falta de documentação fotográfica. Paer os membros da Tabanca Grande mais recentes, julga.se oportuno voltar a mexer neste doloroso dossiê das nossas memórias.


2. Extractos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Classificação: Reservado. Cap. II. 36-38.
.

Iniciada a Op Mabecos Bravios, em 1 [de Fevereiro de 1969], com a duração de 8 dias, para retirar as nossas tropas de Madina do Boé. Entre vários destacamentos, tomou parte no Destacamento F a CCAÇ 2405 [ .Comandante: Cap. Mil. José Miguel Novais Jerónimo; 1º Grupo de Combate – Alf Mil Jorge Lopes Maia Rijo; 3º Grupo de Combate – Alf Mil Rui Manuel da Silva Felício; 4º Grupo de Combate – Alf Mil Paulo Enes Lage Raposo].

Desenrolar da acção:

O Dest F com o efectivo de 112 homens (4 oficiais, 10 sargentos e 98 praças - estão incluídos 1 secção de sapadores e 8 condutores auto), saiu de Galomaro em 1 de Fevereiro de 1969, pelas 9.30h, e chegou a Nova Lamego por volta das 13.00h do mesmo dia, sem qualquer novidade.

Aqui fizeram-se os preparativos finais da organização da coluna que partiu às 5.30h do dia 2 [D]. 

Abro [o autor do relatório] um parêntesis para discordar do pormenor da organização da coluna:

Os meus condutores e mecânicos tiveram que conduzir e dar assistência técnica a viaturas que não lhe pertenciam e das quais desconheciam as mazelas. Daqui resultaram perdas de tempo inúteis e uma tremenda confusão resultante do facto de os atiradores terem guardado parte dos seus haveres e utensílios militares em viaturas que supunham pertencer às unidades e que, sem que se saiba porquê, foram trabalhar para unidades diferentes.

A coluna saiu de Nova Lamego para Canjadude com o pessoal totalmente embarcado e atingiu-se esta povoação por volta das 9.00h sem qualquer problema. A partir de Canjadude a coluna progrediu com guardas de flancos tendo o Dest F colaborado na guarda da rectaguarda da coluna fazendo uma progressão apeada que não estava prevista.

Atingiu-se o Cheche [entre Canjadude e Madina do Boé] por volta das 17.00h (sempre com uma cobertura aérea excelente).

 Imediatamente os Dest D e F fizeram a transposição do [Rio] Corubal e foram ocupar as posições estratégicas previstas. Já escurecia e o Dest D levava 1 minuto de avanço sobre o Dest F. Subitamente o 1º Pel[otão] revelou achar estranho algo que se passava à nossa direita, parecendo-lhes ter visto elementos estranhos. Por outro lado o guia assegurou tratar-se de turras pelo que a Companhia tomou posições de combate, lançando-se ao solo e imobilizando-se. Seguiram-se dois disparos rápidos de morteiro (os clarões foram facilmente visíveis quando as granadas saíram à boca da arma). Foram tiros curtos na direcção sudoeste, e os rebentamentos deram-se próximo do local que o Dest F iria ocupar daí a momentos.

O IN não voltou a manifestar-se mas obrigou-nos a uma vigilância nocturna permanente e a uma mudança de posição por volta das 23.00h.  Às 20.00h ouviram-se na direcção oeste dois tiros que me pareceram de arma nossa, fazendo fogo de reconhecimento.

 Pelas 5.30h [do dia 3, D + 1] mandou-se um Pelotão a Cheche buscar um Pelotão do Dest E que fazia guarda imediata às viaturas e que eu devia levar até Madina.

Pelas 6.30h dirigi-me à zona do Dest E onde se organizou a coluna com o Dest F à frente e uma guarda de flanco avançada e o Dest D atrás igualmente com guarda de flanco. Iniciei o movimento guiado com carta e bússola porque a marcha foi feita a cerca de 200 metros (mínimo) da estrada. O meu objectivo era surpreender o IN pela rectaguarda tanto mais que os aviões me anunciaram haver possibilidade de sermos emboscados.

Cerca [ das 10.00h ] o Dest F sofreu um violento ataque de abelhas e teve que recuar cerca de um quilómetro para se reorganizar de novo. Um soldado, em consequência, ficou imediatamente fora de acção. Foi pedida a respectiva evacuação bem como a de outro soldado que apresentava sintomas de insolação.

As evacuações fizeram-se para Nova Lamego dos 1ºs cabos Carlos G. Machado, Agostinho R. Sousa, e dos soldados José A. M. S. Ferreira, Manuel N. Parracho,  Benjamim D. Lopes,  Fernando A. Tavares,  Cândido F. S. Abreu,  António S. Moreira e, para Bissau, O 1º Cabo Adérito S. Loureiro. [Omitem-se os nºos mecanográficos. L.G.]

 O héli desceu mais tarde para reabastecer o pessoal de água.

 Reiniciada a marcha, sofremos segundo ataque de abelhas que inutilizaram mais uma praça para quem teve de ser pedida mova evacuação. Entretanto, eram 14.30h, e mais 2 soldados, esgotada a sua provisão de água, apresentavam sintomas de insolação. Foram evacuados conjuntamente com 2 praças do Dest D que apresentavam sintomas semelhantes (vómitos, intensa palidez, olhos dilatados, respiração frenética).

O Dest D passou para a frente e reinicou-se a marcha, sempre fora da estrada até à recta que leva a Madina. Nada mais se passou além do sofrimento intenso das tropas por via do calor. O Det D foi reabastecido de água. Atingimos Madina  [do Boé] por volta das 19.00h  [do dia 3] desligados do Dest D que prosseguiu a sua marcha quando F teve que parar para reajustar o dispositivo e tratar os mais debilitados (4 praças e 1 furriel).

Houve descanso em Madina e tomou-se uma refeição quente. 

No dia 4 (D + 2) o Dest F dirigiu-se para [ Felo Quemberá,  ilegível] ocupando a posição 3 que se  atingiu sem dificuldade por volta das 11.00h. Alternadamente ocupou-se as posições 3 e 4 de acordo com o plano.

Em D + 3 [5 de Fevereiro de 1969] por volta das 7.30h recebemos ordens do PCV [Posto de Comando Volante] para a abandonar a nossa posição e seguir ao encontro da coluna. Uma hora depois atingimos o campo de aviação de Madina onde fomos reabastecidos de água e r/c [rações de combate].

Pelas 9.00h a coluna pôs-se em movimento e meia hora depois 4 carros da rectaguarda tiveram um acidente. Não obstante, a coluna prosseguiu e o pessoal do Dest F mais os mecânicos resolveram a dificuldade.

Entretanto, o final da coluna pôs-se em movimento acelerado para apanhar as viaturas da frente e deixaram a guarda da rectaguarda isolada no mato, num momento particularmente difícil em que precisávamos evacuar 2 soldados vencidos pelo esgotamento físico e nervoso (2 noites seguidas sem dormir, ataque de abelhas em D +1, intenso calor).

O Comandante da coluna ordenou que se fizesse a evacuação e o reabastecimento de água. Feitos estes, iniciou-se a marcha e a breve trecho tomámos contacto com a coluna e tudo correu normalmente até ao Cheche. A cobertura aérea pareceu-me impecável.

Próximo de Cheche recebi ordens para ocupar a posição que ocupara que tivera em D / D+1 porque o Exmo. Comandante da Operação [, cor inf Hélio Felgas,] entendeu dever poupar alguns quilómetros ao Dest F e D, bastante atingidos pela dureza dos respectivos percursos. Essa foi a razão porque não transpus o [Rio] Corubal em D + 3 [ 5 de Fevereiro] só o vindo a fazer em D + 4 [6 de Fevereiro] por volta das 9.00h.

O IN continua sem se manifestar (ou sem se poder manifestar). Durante a transposição do Corubal a jangada em que seguiam 4 Gr Comb [da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790], respectivos comandos e tripulação afundou-se espectacularmente acerca de um terço da largura do rio, provocando o desaparecimento de 17 militares do Dest F e grandes quantidades de material perdido.

 Por voltas das 10.00h de D+ 4 [6 de Fevereiro] saímos de Cheche para Canjadude que atingimos por volta das 16.30h com o pessoal deste Dest embarcado.

Descansou-se e em D + 5 [7 de Fevereiro] às primeiras horas a coluna pôs-se em movimento para Nova Lamego que foi atingida por volta das 11.00h. Às 12.00h as tropas ouviram uma mensagem do Exmo. Comandante-Chefe [, brig António Spínola,]  que se deslocou propositadamente para a fazer.

Permaneci em Nova Lamego para organizar a coluna do dia seguinte. Às primeiras horas de D + 6 [8 de Fevereiro] iniciei o movimento para Galomaro onde cheguei cerca das 10.30h.
[Revisão de texto: L.G.l

Nota de L.G. - Sabemos que a 10 de fevereiro de 1969, o 2º cmdt do BCAÇ 2852 (1968/70), o maj inf Manuel Domingues Duarte Bispo, deslocou-se de Bambadinca a Galomaro "onde assistiu a missa celebrada pelo capelão do BCAÇ 2856, por intenção dos desaparecidos na Op Mabecos Bravios" (HU, Cap II, p. 46). O nº (e a identificação) dos mortos (17) da CCAÇ 2405 não constam do relatório da Op Mabecos Bravios que acima se transcreve. Falta-nos o(s) relatório(s) de outras forças que participaram, na Op Mabecos Bravios, nomeadamente da CCAÇ 1790 (que sofreu 29 mortos). Na realidade, na época esse tipo de baixas era contabilizada sob a categoria do "desaparecido".

____________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 10d e julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11822: Álbum fotográfico do Xico Allen: região do Boé, 1998: trágicos vestígios 'arqueológicos' da guerra colonial, entretanto já destruídos ou desaparecidos...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11447: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (10): Regresso a Samba Cumbera, a sudoeste de Galomaro, 42 anos depois...

1. Mensagem do Rui Felício, com data de 19 do corrente:

Meu Caro Luis Graça,

Retomando uma longa ausência e na sequência dos teus últimos e-mails, deixo à tua consideração a eventualidade de publicação do texto que anexo, rememorando a última das passagens que fiz pela Guiné, esta há cerca de dois anos.

Um abraço

Rui Felicio
[ Ex-Alf Mil Inf,
3º Gr Comb
CCAÇ 2405
Dulombi, 1968/70]


2. Estórias de Dulombo  (10) (*) > Regresso à Guiné

Estava destacado com o meu pelotão em Samba Cumbera, pequena tabanca perdida no mato.

Há dois dias que chovia torrencialmente, sob um céu plúmbeo, abafado, abrasador. Um rio de lama saltitava pelos degraus de terra batida de acesso ao abrigo subterrâneo, coberto com grossos troncos de palmeira, com terra e com chapas de zinco. Lá dentro, precocemente enterrado, eu jazia exausto, fraco, cheio de febre, estendido no colchão de espuma empapado em suor. Em volta da cama de ferro, no lamaçal castanho de uns 10 centímetros formado pela água que entrava no abrigo, boiavam pequenos objectos, uma bota, um cinto, umas chinelas de plástico.

O médico estava na sede do Batalhão a muitos quilómetros de distância e, com a picada intransitável, tornava-se impossível deslocar-me até ele.

Desde anteontem que não comia nada. O estômago não aguentava qualquer bocado de comida, nem sequer a água que de vez em quando eu tentava beber para matar a sede intensa que me secava, expulsando-a em prolongados vómitos. Era a segunda vez em pouco tempo que era acometido por um fortíssimo ataque de paludismo.

O Samba, chefe da tabanca, e a sua jovem e bonita filha Fatwma, assomaram à entrada do abrigo, e ele chamou-me no seu português arrevesado:
- Alfero! Pudi entra? Bo stá milhor?

Resmunguei que estava pior, mas que sim, que podia entrar, e ele curvou-se, desceu para o abrigo, chapinhou no lamaçal e, com um molho de ervas na mão, disse-me:
- Tem mezinho manga di bom, qui bai cura alfero!

A Fatwma começou a esfregar as ervas que o pai lhe dava, na minha testa, nos lábios, no pescoço e no peito, formando com o suor, uma pasta esverdeada à medida que as ia esmagando. Ardia um pouco, mas nada que não se suportasse.

Senti-me psicologicamente melhor. Principalmente porque alguém se preocupava comigo. Com alguém que era um intruso em terra alheia!

No dia seguinte, amainado o temporal, cambaleante, trôpego, consegui enfiar-me no Unimog com meia dúzia de soldados. Vencemos os obstáculos da picada numa viagem lenta e atribulada e chegámos horas depois a Bafatá, onde o médico me deu duas injecções que me aliviaram o mal.

Passados 42 anos, por sinuosos carreiros que a mata invadira há muito e por onde o jeep abria caminho com dificuldade, afastando à sua frente os intrincados ramos da floresta, voltei ontem a Samba Cumbera [, a sudoeste de Galomaro, vd. carta Duas Fontes]. Disseram-me que o Samba já morreu há muitas luas. A Fatwma, abriu um largo sorriso ao reconhecer-me e correu a ir buscar uma cabaça com água fresca. Pareceu-me ver lágrimas nos olhos dela e senti-as também nos meus.
Está velhota a Fatwma, mas ainda é uma mulher muito bonita...

Nota de rodapé:

Tento resumir as características da doença, na minha ignorância médica, sujeita às correcções dos especialistas na matéria, aquilo que nos era ensinado nos manuais militares:

A malária é uma doença potencialmente mortal se não for atacada a tempo. Durante muito tempo supunha-se que a sua causa provinha directamente da proximidade de terrenos pantanosos fétidos e daí o seu nome originário de “mau ar” que redundou em malária. Descobriu-se que, afinal, a causa estava numa bactéria injectada no nosso sangue pela picadela do mosquito “anofelis” que a transporta consigo. O que explica a relação entre esse insecto e o seu habitat perto dos pântanos. Este mosquito alimenta-se exclusivamente do sangue dos mamíferos, razão da sua ferocidade e persistência, ditadas pela sua própria sobrevivência.

A bactéria, acomodada no circuito sanguíneo humano, imune às defesas do organismo, desenvolve-se, destrói paulatinamente os glóbulos vermelhos, ataca o fígado e vai enfraquecendo as resistências, provocando sintomas que na fase inicial da doença se assemelham a uma gripe forte, degenerando em febres altíssimas, vómitos, debilitação geral e prostração física e psicológica.

Na Guiné chamam-lhe paludismo, que deve ser prevenido, com tomas regulares semanais de comprimidos ou injecções de medicamentos elaborados à base de quinino.

Rui Felício - 29/06/2011
( Ex-Alf.Mil. CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70 )
__________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

9 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXIX: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (1): O nosso vagomestre Cabral

(...) O Natal aproximava-se… Antes da data prevista, chegara-nos um presente inesperado! Um periquito…. O furriel Cabral foi-nos mandado para substituir o furriel vagomestre, uns meses antes falecido em acidente de viação na estrada de Galomaro-Bafatá numa viagem de reabastecimento de viveres à nossa Companhia… O Cabral era uma jóia de pessoa, simpatiquíssimo, um tanto ingénuo e crédulo, sempre bem disposto e que rapidamente granjeou a estima de todos. (...)


14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVII: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (2): O voo incandescente do Jagudi sobre Madina Xaquili

(...) Ao cair da tarde, com a luz alaranjada do sol a começar a esconder-se na linha do horizonte poente, o Paulo Raposo, alferes da CCAÇ 2405, de quem guardo as mais pistorescas histórias, estava sentado perto do bunker do Capitão, com o olhar fixo num ponto afastado a sul do aquartelamento, perto do arame farpado. Aproximei-me e comentei:
- Eh, pá, não estejas a pensar na morte da bezerra… Já faltou mais e não tarda estaremos em Lisboa a beber umas imperiais e a olhar as bajudas brancas que por lá abundam. (...)


19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (3): O dia em que o homem foi à lua

(...) 20 de Julho de 1969. Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transístores que nos mantinham ligados ao mundo. Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo. (...)


5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço

(...) Daí a poucos dias íamos finalmente embarcar em Bissau no Carvalho Araújo para o ansiado regresso… Tínhamos acabado de receber no Dulombi a Companhia de atónitos periquitos que, durante uma semana, iam ficar em sobreposição connosco. Acolhemo-los com o aquele ar superior de guerreiros invencíveis, calejados pelos combates, a pele tisnada dos sóis tropicais, e além das costumadas praxes, meio inofensivas, que exercemos sobre eles, dedicámos-lhes, com a proverbial simpatia característica dos Baixinhos do Dulombi, um hino de recepção ao periquito que ainda hoje cantamos em todos os almoços anuais de comemoração que realizamos. (...)


18 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1085: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (5): O improvisado fato de banho do Alferes Parrot na piscina do QG

(...) Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários. Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967. Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de não te rales, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum. (...)


27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1217: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (6): Sinchã Lomá, o Spínola e o alferes que não era parvo de todo

(...) Sinchã Lomá é uma pequena tabanca a Sudoeste de Dulo Gengele e esta por sua vez fica a Sul de Pate Gibel. Quando a CCAÇ 2405 chegou a Galomaro, destacou três dos seus Grupos de Combate para regiões circundantes da sede da Companhia com a missão de marcar posição no terreno e fazer ao mesmo tempo uma espécie de guarda avançada para protecção da Companhia. A mim, coube-me ir para Pate Gibel, a tabanca mais a sul de Galomaro. (...)


8 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1352: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405)(7): Perigos vários, a divisa dos Baixinhos de Dulombi (Rui Felício)

(...) No terço final da comissão, com a Companhia finalmente concentrada no Dulombi, pensou-se em encontrar um emblema e uma divisa para a nossa Unidade. Não deveríamos deixar acabar a comissão sem legar aos vindouros um símbolo que nos identificasse, tal como a maioria das outras unidades já o tinham feito. Acolhida a ideia, estabeleceu-se um período de tempo para que fossem apresentados projectos para futura escolha daquele que merecesse o consenso geral. E assim surgiram meia dúzia de ideias para a o emblema da Companhia. (...)


30 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2073: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (8): O Fula, a galinha e o vestido

(...) Galomaro, Maio de 1981. Passados 11 anos após o regresso da CCAÇ 2405, retornei à Guiné, em 1981, naturalmente já civil, e passei alguns dias em Galomaro onde esteve sediada a Companhia antes da sua deslocação final para o Dulombi. Percorri, de jeep ou de bicicleta, toda aquela região que tão bem conheci por força dos patrulhamentos militares efectuados entre 1968 e 1970. (...)


26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2683: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (9): O Jorge Félix e o Prisioneiro

(...) Num certo dia de Agosto de 1969, o Jorge Félix transportou no seu helicóptero um grupo de paraquedistas que iam fazer um assalto, a uma base do PAIGC, identificada pelos serviços de informações militares da Guiné, como estando localizada na região de Galomaro. Ao procurar local para a aterragem perto do objectivo, em plena mata, o Jorge Félix foi descendo o helicóptero e, a uns 5 metros do chão, a deslocação de ar provocada pelo movimento das pás do aparelho, afastou uma série de ramos de arbustos deixando a descoberto um guerrilheiro do PAIGC que ali se havia emboscado. O homem estava armado com um RPG7, e a granada colocada, apontando para o helicóptero, o que naturalmente deixou em pânico o piloto e os tripulantes. (...).

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11423: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (16): Respostas (29/30) de Rui Felício (CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70) e José Francisco Borrego (GA 7, Bissau, e 9º Pel Art, Bajocunda, 1970/72)


Resposta nº 29 > Rui Felicio [ex- alf mil, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70] [, foto à esquerda]

(1/2)  Por telefonema do Vitor David  (ainda era o Blogue-Fora-Nada).
(3)  Não. [O Rui consta da lista dos 111 tertulianos da 1ª série, e faz parte da rede atual da Tabanca Grande, desde 11 de fevereiro de 2006,  razão por que recebeu este questionário] (**) (***)
(4) No inicio, diariamente. Actualmente de tempos a tempos.
(5) Não tenho mandado.
(6)  Conheço [, a nossa página do Facebook].
(7) [Vou] mais vezes ao blogue
(8)  O que gosto mais são das histórias menos ligadas à guerra
(9) O que gosto menos são os relatos de combates e de actos de heroismo
(10) De facto, noto lentidão no acesso,  o que prejudica visitas mais frequentes.
(11) O blogue representa um repositório importante de factos testemunhados por quem neles interveio.
(12) Já. No de Montemor o Novvo (um dos primeiros) [, Aliás, o nosso I Encontro Nacional, em 14 de outubro de 2006, na Ameira]
(13) Não, [não tenciono ir ao VIII Encontro Nacioanl, em Monte Real, no dia 8 de junho].
(14) Tem e deve manter-se porque representa um contributo histórico insubstituivel.
(15) ...


Reposta nº 30 > José [Francisco Robalo] Borrego [, hoje ten cor ref., pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72]


[Foto à direirta: o nosso camarada o José Borrego, em Bissau, no ex-GA7, em janeiro de 2012] 

(1) Descobri o blogue em 20008.
(2) Através do camarada António Graça de Abreu.
(3) Sim, desde Outubro/Novembro de 2008. [Mais exatamente, desde 12 de novembro de 2008].
(4) Semanalmente.
(5) O último material que enviei foi aquando da minha visita à Guiné em janeiro de 2012.
(6) Confesso que não [, não conheço a página da Tabanca Grande no Facebook].
(7) Vou mais vezes ao blogue.
(8) O caudal de informação.
(9) Nada a referir.
(10) Não tenho sentido dificuldades [, no acesso do blogue]..
(11) Representou reviver o passado; ir ao encontro de mim próprio; grande fonte de informação.
(12) Sim, em 2012 [,VII Encontro Nacional].
(13)  Este ano não tenciono ir por motivos familiares.
(14) Sim, o blogue ainda tem muito fôlego, e o moral elevado, tanto mais que há milhares de camaradas que ainda não se manifestaram.
(15) Só tenho elogios a fazer ao blogue, principalmente, por ser o grande elo de ligação entre camaradas e amigos que foram companheiros de sofrimento e que, na 1ª pessoa, puderam relatar as suas boas e más experiências em terras da Guiné.


________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11420: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (15): Respostas 27 e 28, de Manuel Carvalho (ex-Fur Mil da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) e Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidage, 1973/74)

(**) Vd. I Série, postes de:


(...) (ii) Temos depois outra mensagem de outro camarada da CCAÇ 2405, já aqui apresentado anteriormente, o Rui Felício, juntamente com o Victor David. Foi-me enviada ontem à noite:


(...) "Caro Luis Graça,
"Passei o dia de hoje em Coimbra almoçando com o Vitor David a quem me ligam laços profundos de amizade e camaradagem.

"Falámos do blogue cuja utilidade é inquestionável e que tanto mais se valorizará quanto os contributos para o esclarecimento das coisas que se passaram na Guiné se multipliquem.

"Foi um dia agradabilíssimo na companhia, à beira do Mondego, da mulher e da filha do Vitor David, ambas simpatiquíssimas, e do meu próprio filho que me acompanhou de Lisboa até Coimbra onde estuda.

"O Vitor David incentivou-me a enviar-te o texto que escrevi e que lhe dei a ler sobre o desastre do Corubal, pedindo-te que decidas sobre se o mesmo deve ou não ser divulgado no teu blogue.

"Espero vir a conhecer-te pessoalmente em breve... Pelos elogios do Vitor David a teu respeito, fiquei ansioso por esse momento se proporcionar.

"Um abraço, Rui Felício (ex- Alf Mil Inf CCAÇ 2405)"


11 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXIII: O IN emboscado a caminho de Dulombi (CCAÇ 2405, Galomaro, Julho de 1969)

(...) Pouco ou nada se tem aqui falado do subsector de Galomaro que, em 1968/70, era guarnecido pela CCAÇ 2405, a sacrificada companhia que viu morrer 17 dos seus melhores elementos na travessia do Rio Corubal, em 6 de Fevereiro de 1969, em Cheche, na retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).

A essa companhia pertenciam os nossos amigos e camaradas Victor David e Rui Felício. O primeiro já entrou para a nossa tertúlia. O segundo mandou-me há dias (9 de Fevereiro) a seguinte mensagem:

"Meu Caro Luis Graça,

"Por indicação do meu amigo de juventude e mais tarde camarada de armas na CCAÇ 2405, Victor David, tive conhecimento e acesso ao excelente blogue que criaste sobre a nossa passagem por terras da Guiné.

"Transmitirei aos meus conhecidos e amigos a existência do blogue e procurarei colaborar nele se tal for possivel, levando ao conhecimento de todos alguns episódios marcantes das nossas vidas, relativamente à nossa estadia na bela e martirizada terra da Guiné.

"Até breve e um abraço" (...)



Tertúlia > Amigos & Camaradas da Guiné

A. Marques Lopes, A. Mendes, Abel Maria Rodrigues, Afonso M.F. Sousa, Aires Ferreira, Albano Costa, Amaro Samúdio, Américo Marques, Ana Ferreira, Antero F. C. Santos, António Baia, António Duarte, António J. Serradas Pereira, António (ou Tony) Levezinho, António Rosinha, António Santos, António Santos Almeida, Armindo Batata, Artur Ramos, Belmiro Vaqueiro, Carlos Fortunato, Carlos Marques dos Santos, Carlos Schwarz (Pepito), Carlos Vinhal, Carvalhido da Ponte, David Guimarães, Eduardo Magalhães Ribeiro, Ernesto Ribeiro, Fernando Chapouto, Fernando Franco, Fernando Gomes de Carvalho, Hernani Acácio Figueiredo, Hugo Costa, Hugo Moura Ferreira, Humberto Reis, Idálio Reis, J. C. Mussá Biai, J. L. Mendes Gomes, J. L. Vacas de Carvalho, João Carvalho, João S. Parreira, João Santiago, João Tunes, João Varanda, Joaquim Fernandes, Joaquim Guimarães, Joaquim Mexia Alves, Jorge Cabral, Jorge Rijo, Jorge Rosmaninho, Jorge Santos, Jorge Tavares, José Barreto Pires, José Bastos, José Casimiro Caravalho, José Luís de Sousa, José Manuel Samouco, José Martins, José (ou Zé) Neto , José (ou Zé) Teixeira, Júlio Benavente, Leopoldo Amado, Luis Carvalhido, Luís Graça, Luís Moreira (V. Castelo), Luís Moreira (Lisboa), Manuel Carvalhido, Manuel Castro, Manuel Correia Bastos, Manuel Cruz, Manuel Domingues, Manuel G. Ferreira, Manuel Lema Santos, Manuel Mata, Manuel Melo, Manuel Oliveira Pereira, Manuel Rebocho, Manuela Gonçalves (Nela), Mário Armas de Sousa, Mário Beja Santos, Mário Cruz, Mário de Oliveira (Padre), Mário Dias (ou Mário Roseira Dias), Mário Migueis, Martins Julião, Maurício Nunes Vieira, Nuno Rubim, Orlando Figueiredo, Paula Salgado, Paulo Lage Raposo, Paulo & Conceição Salgado, Paulo Santiago, Pedro Lauret, Raul Albino, Renato Monteiro, Rogério Freire, Rui Esteves, Rui Felício, Sadibo Dabo, Sérgio Pereira, Sousa de Castro, Tino (ou Constantino) Neves, Tomás Oliveira, Torcato Mendonça, Victor David, Victor Tavares, Virgínio Briote, Vitor Junqueira, Xico Allen, Zélia Neno.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11167: In memoriam (141): Nuno Felício (1974-2013), jornalista da Antena 1, filho do nosso camarada Rui Felício (ex-alf mil, CCAÇ 2405, Mansoa, Galomaro, Dulombi, 1968/70)

1. Morre aos 38 anos, Nuno Felício, natural de Coimbra, jornalista, filho do Rui Felício, membro da nossa Tabanca Grande desde a primeira hora:

O jornalista Nuno Felício, de 38 anos, natural de Coimbra, subeditor do turno da tarde da Antena 1, terá morrido no domingo, durante o sono, mas o seu corpo apenas foi descoberto hoje, soube o Expresso.

Nuno Felício, que no passado jogara basquete continuava a praticar desporto, desta feita corrida, e estava a preparara-se para ir fazer uma minimaratona. No sábado de manhã foi correr com uns amigos, voltou para casa e partir daí já ninguém mais o viu.

A falta de resposta aos telefonemas efetuados, ao longo de domingo, pela namorada e pela família levaram-nas a desconfiar de que algo se passava. Hoje, acabariam por descobrir o cadáver, dando a ideia de que Nuno Felício terá perdido a vida enquanto dormia.
Nuno Felício fazia parte da equipa da RDP há seis anos, a última vez que se fez ouvir aos microfones foi na síntese de notícias das 18h30 de sexta-feira.

Licenciado em Jornalismo pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, apesar de ser da rádio, o jornalista gostava de escrever e por isso alimentava alguns blogues.

Anabela Natário

Fonte: Expresso, 18/2/2013 (Reproduzido com a devida vénia....)


[O jornal universitário de Coimbra, A Cabra.net, fez-lhe, em 20 do corrente, um justíssima homenagem]


2. Texto do inconsolável pai, Rui Felício, na sua página no Facebook [, foto atual à esquerda]:

Domingo, 24 de fevereiro de 2013, perto de Lisboa

INJUSTIÇA E DOR

Sentado à lareira, contemplo as brasas incandescentes, o crepitar dos troncos, as labaredas a lamber as paredes de tijolo.

Discorro sobre a justiça. Não sobre aquela que os humanos desenharam e construiram que é composta pela dialética, pelas provas e contraprovas, pelos argumentos e pelos formalismos em que, queremos acreditar, na nossa presunção e na nossa ignorância, hão-de conduzir ao apuramento da verdade. E ao consequente castigo dos culpados.

Não, não é sobre essa que me questiono! Porque sabemos que essa justiça, na sua génese, padece do pecado original da imperfeição humana. A justiça em que penso é outra, é a ideal, é aquela em que a infalibilidade deveria imperar, indicando-nos as causas e as razões das coisas.

É um raciocinio feito ao contrário, aquele que desenvolvo. Em que parto do castigo já aplicao para perceber a sua razão de ser, para conhecer os factos que a ele conduziram. Sem respostas, pergunto, choro, grito revoltado, olho retrospectivamente os acontecimentos, procuro neles um fio condutor, uma lógica. Mas nada!

Sinto-me impotente para entender o que me sucedeu. Disponho-me a assumir as minhas culpas se as houve. Sujeito-me à punição mais severa, em troca desta que me foi dada sem qualquer explicação, sem nenhuma acusação sequer. Abdico até da minha defesa se necessário for.
Mas imploro a misericórdia da substituição da minha pena! Que impiedoso universo é este que pune sem julgar? Que deplorável justiça é esta que, sem a menor explicação, me levou o meu filho na idade dos sonhos?

Rui Felicio

3. Comentário do editor Luis Graça, em nome de toda a Tabanca Grande:

Rui, só hoje soube da trágica notícia da morte do teu filho. É devastador para um pai e para uma mãe. É uma dor tão grande que tem de ser partilhada por todos os teus amigos. ATabanca Grande e os teus camaradas da Guiné estão contigo e com a tua família neste momento duríssimo das vossas vidas. Permite-me que faça este singelo poste In Memoriam ao teu Nuno. Não o conhecia. Mas os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são. Um grande Alfa Bravo. Luís Graça


4. Mensagem do Rui Felício a todos os amigos que estiveram com ele neste momento de grande dor e solidão:

AGRADECIMENTO

Na impossibilidade prática de o fazermos pessoal e individualmente como desejariamos, a minha familia e eu vimos manifestar por este meio a todos aqueles que nos acompanharam na dor imensa que sobre nós se abateu, a nossa eterna gratidão pela solidariedade, conforto e apoio recebidos e que nos ajudaram a suavizar o atroz sofrimento que nos aperta o coração.

Familiares e amigos nossos percorreram, alguns deles, longas distâncias para estarem presentes na despedida do Nuno. Desde África. Desde vários países da Europa. Desde muitas terras do nosso País. Desde Coimbra, onde o Nuno estudou e tinha as suas raízes familiares. E, claro, desde Lisboa onde muitos residem.

As lágrimas contínuas da sua namorada inconsolável, as lágrimas que rolavam dos olhos dos seus colegas e dos seus amigos, a maioria dos quais nós nem sequer conheciamos, faziam soltar as nossas de forma incontrolável, pela genuina verdade de uma amizade que ignorávamos ou cuja pujança e plenitude desconheciamos, e impressionaram-nos profundamente.

Ficámos a saber, porque tal era visível e evidente, que não estavam ali presentes por mero circunstancialismo mas sim pela profunda amizade e consideração que por ele nutriam. A disponibilidade de todos os seus colegas e quadros da RDP para nos ajudarem no que fosse preciso foi uma atitude espontânea que muito nos sensibilizou e que jamais esqueceremos.

Finalmente, que nos seja permitida uma referência especial ao brilhante improviso do elogio fúnebre pronunciado por Daniel Belo que a todos comoveu e que a nós calou fundo nos nossos corações. Em si mesmo, traduziu e demonstrou de forma eloquente e cabal, a verdadeira família que é o conjunto dos profissionais da rádio e televisão públicas.

Já nos orgulhávamos da personalidade do Nuno caracterizada pela sua simplicidade e aversão a protagonismos.A sua perda não nos sobreleva a dor que será eterna, mas esse orgulho, por vossa causa, é agora ainda maior.

Um forte abraço aos colegas e amigos no nosso querido Nuno cujos testemunhos nos confortaram e confirmaram as qualidades intrinsecas da sua simples e dedicada vivência, forjada e moldada pelo amor, pelos sãos critérios e pelo bom senso.

Obrigado a todos!

Rui Felicio
com,
Rosantina Felicio
e com,
Alina Lagoas



Montemor-o-Novo > Ameira > Herdade da Ameira > Restaurante Café do Monte > 14 de Outubro de 2006 > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita: Rui Felício, Maria Alice Carneiro (esposa do Luís Graça), António Pimentel (que veio propositadamente do norte, com o Hernâni Figueiredo), o Victor David e a esposa e, por detrás, o Paulo Raposo, o nosso amável anfitrião. O Rui, o Victor e o Paulo foram alf mil at inf da CCAÇ 2405 (Mansoa, Galomaro e Dulombi, 1968/70).... O "reencontro de uma geração valorosa", escreveu o Rui...

Foto: © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.

__________

Nota do editor:

Útimo poste da série > 19 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11116: In Memoriam (140): Major General Jaime Neves, falecido no Hospital Militar Principal de Lisboa em 27 de Janeiro de 2013 (José Martins)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10481: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (61): Notícias do Luís Antunes, ex-1º cabo enf, CCAÇ 2405 (Galomaro e Dulombi, 1968/70), que participou na Op Lança Afiada (Sónia Antunes / Paulo Raposo / Rui Felício)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1968 > O Alf Mil Raposo, de óculos escuros, com o Furriel Ribas, à sua esquerda, e alguns soldados, observando uma "jiboia" morta pelas NT...  Na realidade, trata-se de uma pitão africana, uma "Pyton sebae", popularmemte conhecida como "irã cego". na Guiné-Bissau... Pode atingir os 6 metros de comprimentos, não é venenosa e não constitui um perigo real para os seres humanos... As jiboias só existem no Novo Mundo (América Central e do Sul). (LG)

Foto: © Paulo Raposo (2006). Todos  os direitos reservados


1. Mensagem da nossa leitora Sónia Antunes, com data de 30 de setembro último:

Assunto - Operação Lança Afiada

Caro Luís Graça,

É com muita emoção que li no seu blog, o texto (e não apenas este texto) P4484: Fauna & flora (20): Histórias de grandes serpentes: da jibóia de 7 metros.

Escrevo-lhe porque no texto do camarada Paulo Raposo há uma breve referência ao meu pai: "agarra num tronco de um ramo verde, e, pondo-se à frente dela, bate-lhe continuamente na cabeça, até a cobra se ver perdida.Uma vez perdida, morde-se a ela própria, para não se humilhar à mão do enfermeiro Luís". 

O meu pai era o 1º cabo enfermeiro Luís Antunes que pertencia à companhia de caçadores  2405, do Batalhão 2852.  Com o meu pai, estavam também os enfermeiros José Antunes Claudino (que faleceu na Operação Lança Afiada), e o enfermeiro António Sousa. 

Escrevo-lhe porque o meu pai tem inúmeras fotografias e na altura também escrevia no seu diário onde relatava detalhamente cada dia como combatente na Guiné Bissau, inclusive o terrível episódio da Operação Lança Afiada. O meu pai lembra-se perfeitamente do Paulo Raposo assim como do Furriel Ribas que,  segundo o meu pai, era de Chaves e também está na fotografia.

Se tiver algum conhecimento de colegas que também estiveram com o meu pai, na CCAÇ  2405/BCAÇ  2852, agradecia que entrasse em contacto comigo ou com o meu pai.

Obrigada.

Fico à disposição para qualquer informação.

Cumprimentos
Dra Sónia Antunes



2. Resposta de L.G. (com conhecimento ao Paulo Raposo e ao Rui Felício, ex-alf mil da CCAÇ 2405, e nossos grã-tabanqueiros da primeira hora):

Sónia:

Os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são!... Deixe-me dizer-lhe quanto me sensibilizou o seu mail. Vou pô-la imediatamente em contacto com o Paulo Raposo, alferes da companhia do seu pai. Gostaríamos muito que o seu pai se juntasse a este grupo de bravos da Guiné: já somos mais de 580, de A a Z... 

Para isso bastam 2 fotos (digitalizadas) + 1 história!... (Uma foto do tempo da tropa e outra atual... Se o seu pai não tiver um endereço de email, podemos contactar-nos através do seu... Temos bastantes filhas de camaradas nossos a fazer essa "boa acção").

Por favor, traga-nos o seu pai até nós, com as suas fotos, com os excertos do seu diário, com a sua vontade de partilhar memórias e afetos que não se apagam mais,,, Vai fazer-lhe bem a ele e a todos nós!... Temos mais camaradas (incluindo os restantes alferes) da CCAÇ 2405 (Clque aqui)

Um Alfa Bravo (ABraço) para o seu pai, um beijinho para si. Luis Graça. (**)

PS - Sei que a Sónia mandou também um mail de igual teor ao Paulo Raposo e este já entrou em contacto com ela e  com o Luís Antunes.


3. Mensagem do Rui Felício:

Meu Caro Luis Graça,

Agradeço-te a bondade das tuas palavras elogiosas a meu respeito, especialmente no que toca ao link que incluis no teu e-mail e que remete para um texto que em tempos escrevi para o teu/nosso blog, a propósito da ida do Homem à Lua.

Sobre o assunto propriamente dito, julgo que o meu amigo Paulo Raposo é a pessoa indicada para falar da operação Lança Afiada, tanto mais que é sobretudo a soldados do seu pelotão, que a missiva que recebeste se refere.

Um grande abraço

Rui Felicio
ex-Alferes Miliciano da CCAÇ 2405
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de junho de 2009 >  Guiné 63/74 - P4484: Fauna & flora (20): Histórias de grandes serpentes: da jibóia de 7 metros (Paulo Raposo) ao irã-cego (Clara Amante)


Vd. também a I Série do nosso blogue, poste de 8 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXXIII: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (6); Mansoa, baptismo de fogo

(...) 2. Um belo dia o meu grupo de combate estava encarregue de levar e proteger os homens que iam limpar do capim uma faixa grande de ambos os lados da estrada. Assim evitávamos que tivessemos emboscadas coladas à picada.

Dirigimo-nos para o local de trabalho em duas viaturas. Parámos precisamente no sítio aonde tínhamos terminado o trabalho no dia anterior, ou seja ainda na zona já descapinada.

Quando parámos, saltaram do capim alguns elementos IN para a estrada. Fizemos fogo, eles fugiram e não responderam. Se tivéssemos parado 50 metros mais à frente, tínhamos caído na emboscada.

Recuperados da emoção, os homens começaram o seu trabalho e eu dirijo-me para um tronco de árvore, que estava caído, para me sentar. Ao aproximar-me do tronco, este mexe-se. Era uma jiboia, com sete metros de comprido. Enfiei-lhe um carregador em cima e ela continuava bem viva. O Cabo enfermeiro Luís, agarra num tronco de um ramo verde, e, pondo-se à frente dela, bate-lhe continuamente na cabeça, até a cobra se ver perdida.

Uma vez perdida, morde-se a ela própria, para não se humilhar à mão do enfermeiro Luís. (...)

(**) Último poste da série > 23 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10294: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (60): Obrigado, querido blogue, pelo reencontro do Xico Coelho, ex-fur mil da CCAÇ 2466 (Bula e Encheia, 1969/70), de quem, tinha perdido o rasto... Natural de Portel, vive em Almada, e chegou até mim através do blogue (Armando Pires)

sábado, 1 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10313 Efemérides (108): No dia em que o primeiro homem pisou a lua... Neil Armstrong (1930-2012), um herói do nosso tempo, visto de Samba Cumbera, tabanca fula a sudoeste de Galomaro, longe do Vietname, a 400 mil km de distância do nosso satélite (Rui Felício / Luís Graça)



Neil Armstrong (1930-2012), antigo combatente da guerra da Coreia, astronauta da NASA, o primeiro homem a pisar a lua... Foto da NASA, tirada a 1 de julho de 1969. (Fonte: Wikipédia).


1. Ontem foi um dia especial, 6ª sexta-feira, 31 de agosto de 2012... Dia de lua cheia, a "lua azul" (nome da lua quando ocorre duas luas cheias no mesmo mês: tinha ocorrido uma primeira lua cheia a 2 de agosto e a agora ocorreu a segunda: é um fenónemo com alguma raridade, acontece em cada  dois anos e picos...  A lua azul anterior ocorreu em dezembro de 2009, e a próxima será em julho de 2015).

Por estranha coincidência ou não, o primeiro homem que pisou a lua, Neil Armstrong, foi ontem a enterrar, numa cerimónia privada. Tinha morrido dias antes, a 25 de agosto de 2012. Com 82 anos. Na Grécia antiga, seria um herói, um semideus. Para os norte-americanos, e para todos os habitantes do planeta, o dia 20 de julho de 1969 foi uma datas mais memoráveis do séc. XX, e o comandante da missão Apolo 11 tornou-se um "ícone global", A família definiu-o como um "herói americano relutante"...Milhões de pessoas viram-no, pela televisão, em direto, descer na superfície lunar. Ele e Edwin Aldrin foram os primeiros humanos a descer no satélite da terra e explorar, durante 2 horas e meia, a sua superfície.

Nascido em 1930, Neil Armstrong começou por servir o seu país, na marinha de guerra, foi piloto e combateu na guerra da Coreia. Entrou para a NASA em 1962 e em 1965 comandou a missão Gemini VIII, indo pela primeira vez para o espaço.

Em 20 de julho o nosso camarada Rui Felício estava com o seu grupo de combate reforçando o sistema de autodefesa de uma tabanca, Samba Cumbera,  a sudoeste de Galomaro. Ele era um dos "baixinhos de Dulombi", alf mil da CCAÇ 2405, adido ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Eu. por minha vez,  tinha chegado Bambadinca, sede do setor L1, em 18 de julho, vindo de Contuboel. A minha companhia, CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12), passava a estar às ordens do comando daquele batalhão.

Em 20 de julho de 1969, domingo, não soube lamentavelmente desse grande acontecimento, de imediato reconhecido como um marco na história da humanidade. Ou se soube, não me lembro. Alguns dias depois, a 24 de julho, 3 grupos de combate da minha companhia tiveram o seu batismo de fogo, em farda nº 3, ainda nem sequer tinham chegado os camuflados para os nossos  soldados africanos. Em Madina Xaquili, a sudeste de Galomaro... na Guiné, longe do Vietname, a menos de 400 mil km da lua... 

Sobre esta efeméride o Rui Felício, um, homem sábio, escreveu um poste de antologia, na I Série do nosso blogue (nº 640, de 19 de março 2006).  Muitos leitores não o conhecem, nem ao poste nem ao autor. É da mais elementar justiça reeditá-lo. É ao mesmo tempo quádrupla homenagem, (i) ao Rui Felício, português, ecuménico, tolerante, sábio;  (ii) ao seu companheiro daquela noite, o Samba, chefe da tabanca de Samba Cumbera, um outro homem sábio, fula, guineense, muçulmano;   (iii)  ao primeiro homem que pisou a lua e que acaba de nos deixar, um herói do nosso tempo; e  ainda, e porque não, (iv) à lua, ora azul, ora vermelha, ora prateada, o satélite do nosso planeta que nos fascina, emociona, inspira, intriga, interpela, provoca, desafia...e a quem os cães ladram...LG


A lua, nosso satélite... Foto da NASA


Aldrin, da missão Apolo 11, na superfície lunar, em 20 de julho de 1969. Foto da NASA.



31 de agosto de 2012 > A minha "lua azul", tirada de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, Portugal... (Foto de Luís Graça)




2. O dia em que o homem foi à lua
por Rui Felício


Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta [, Neil Armstrong] afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transistores que nos mantinham ligados ao mundo.

Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo.

Mas nos confins da mata, longe de toda a civilização, a importante notícia precisava de ser partilhada e divulgada... Os soldados se encarregariam de o fazer à sua maneira, junto das bajudas. Por mim, preferia meditar sobre o assunto, silenciosamente... Afinal os nossos avós jamais imaginariam que alguma vez o homem pudesse chegar à Lua, apesar de Júlio Verne, o visionário do século anterior, já o ter previsto…

E, longe das mais modernas evoluções da ciência e da tecnologia, os naturais da Guiné que nasciam e morriam na sua aldeia da selva sem nunca sairem do pequeno perímetro onde viviam, muito menos sonhariam com essa utópica possibilidade de o homem chegar à Lua.

Como muitas vezes fazia, depois de jantar, sentei-me numa cadeira de fula, onde descansava semi deitado, olhando o céu, nessa noite muito limpo e estrelado…Bem alto, a luz branca da lua, em quarto crescente, derramava-se pela orla da floresta e pelos cones de capim dos telhados das tabancas, desenhando sombras fantasmagóricas pelo terreno limpo do centro da aldeia.

E mantive-me assim deitado, o olhar fixo na lua, tentando perscrutar o mais pequeno sinal da presença do homem que eu sabia estar ali vagueando, em qualquer lugar do Mar das Tempestades…

Não sei quanto tempo assim me mantive, absorto, atento e quieto… Despertei e voltei à realidade com a voz do meu simpático amigo Samba, Chefe da Tabanca de Samba Cumbera, que me perguntava se podia sentar-se a meu lado, para o qual arrastara uma cadeira semelhante à minha…

Era um homem de grande cultura árabe, que conhecia muito da história do islamismo, que sabia com um estranho rigor a exacta direcção de Meca, que lia e escrevia árabe, que conhecia em pormenor toda a história dos Fulas e da razão de ser da sua permanência na terra da Guiné… Para onde, dizia, foram empurrados em sucessivas lutas tribais com os seus rivais Mandingas…

As nossas conversas eram normalmente muito agradáveis e, posso dizer, sempre aprendi mais com ele do que ele comigo…Temos a tendência e o preconceito de avaliar os outros pelos nossos parâmetros e pela nossa cultura, catalogando-os de bárbaros e analfabetos só porque não têm o conhecimento e a instrução, medidos pelos nossos padrões.

Aprendi que no meio daquela gente existiam homens com conhecimento mais vasto e aprofundado que muitos dos nossos soldados… O Samba era um deles…Perguntou-me porque estava tão pensativo e quieto… Respondi-lhe que aquela noite era muito especial para o mundo, porque estava se passando algo que nunca antes tinha acontecido…

Franziu o rosto, comentando que, pelo meu ar, não devia ser coisa boa… Sorri, dizendo-lhe que era exactamente o contrário…E, embora sabendo de antemão a resposta, perguntei-lhe apenas como forma de iniciar a revelação do que estava acontecendo:
- Sabes que neste preciso momento um homem como nós caminha na lua que está ali em cima diante dos nossos olhos?

A reacção foi inesperada e contrária a tudo o que eu teria imaginado:
- Alfero! Não é um homem como nós, não! É o profeta Maomé que, juntamente com Alá, dali nos vigia a todos, para nos proteger, nos ensinar o caminho justo e para nos castigar quando dele nos desviamos…

E prosseguiu:
- Como é possível que homem grande e instruído como o Alfero, só hoje soubesse isso? Não entendo mesmo!...

Pensei durante uns segundos se devia argumentar, puxar dos meus galões de homem civilizado, e demonstrar-lhe a minha superioridade, provando-lhe que não era nada daquilo que ele dizia. Desisti de o fazer…

Afinal, ambos nos estávamos alimentando de sonhos… e, cada um à sua maneira, sentíamo-nos felizes pela beleza insubstituível de um luar africano em noite calma e limpída…Independentemente de quem lá estava caminhando naquele momento…

Rui Felício,
Ex-Alf Mil Inf,
3º Gr Comb
CCAÇ 2405
(Dulombi, 1968/70)

P.S. - Passados dias, com a chegada de um jornal de Lisboa, mostrei-lhe as fotografias do astronauta pisando a Lua. E, então expliquei-lhe o que realmente se tinha passado naquela noite… Pelo seu ar meio trocista, ainda hoje não sei se o convenci… Mas como ele também não me convenceu que por lá andavam Alá e o Maomé, ficamos quites, cada um na sua... em paz!

_____________


Notas do editor:


Último poste da série > 10 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10246: Efemérides (107): Dia 10 de Agosto de 1972 - Naufrágio no Rio Geba de um sintex com pessoal da CART 3494 (Jorge Araújo)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8101: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (2): Como o tempo passa! ... (Rui Felício, CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70)

1. Mensagem do nosso camarada Rui Felício, ex- Alf Mil, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Galomaro e Dulombi, 1968/70) [Juntamente com o Paulo Raposo, o Victor David e o Jorge Rijo, o Rui faz(ia) parte dos famosos Baixinhos de Dulombi, os quatro alferes milicianos da CCAÇ 2405]. Jurista, vive em Lisboa. Conhecemo-nos no I Encontro Nacional do nosso blogue, na Ameira, Montemor o Novo, em 14 de Outubro de 2006.




Data: 11 de Abril de 2011 12:18


Assunto: Re: 7º aniversário do nosso blogue > 23 de Abril de 2011


Caro Luís Graça,


O tempo passa... Não me tinha apercebido que o teu blog já conta 7 anos!


Parabéns pelo excelente trabalho de organização que tens desenvolvido, com a prestimosa dedicação de alguns eficientes colaboradores que dão a esta publicação um lugar de topo na recordação de uma fase incipiente da vida da nossa geração. Que nos acompanhará sempre, que jamais se desvanecerá da nossa memória, enquanto por cá andarmos.


E que,  a esse desiderato, adiciona o mérito, não menos importante, de lembrar às gerações posteriores que a guerra de África foi mais do que um simples conflito armado com todos os males que qualquer guerra traz. Foi, sobretudo, a descoberta da solidariedade que, por vezes escondida, nos momentos difíceis se revelava e animava os jovens desterrados nos confins da selva.


Foi também o conhecimento de outros povos, de outras culturas, de outras mentalidades.
Com os quais partilhámos o nosso conhecimento e de quem obtivemos a sabedoria que não vem nos livros.


Um abraço
Rui Felício




Escrito e Lido é o Blogue do nosso camarada Rui Felício. Desde 1 de Dezembro de 2010. "Episódios que são sementes da vida"... Já sabíamos, do nosso blogue, que ele era um exímio contador de histórias... Infelizmente, não tem aparecido, nos últimos anos... Temos no nosso blogue (I e II Série) alguns das suas estórias de Dulombi que merecem figurar numa futura antologia do nosso blogue... Aqui ficam os links e algumas deixas...




9 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXIX: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (1): O nosso vagomestre Cabral


(...) O Natal aproximava-se… Antes da data prevista, chegara-nos um presente inesperado! Um periquito…. O furriel Cabral foi-nos mandado para substituir o furriel vagomestre, uns meses antes falecido em acidente de viação na estrada de Galomaro-Bafatá numa viagem de reabastecimento de viveres à nossa Companhia… O Cabral era uma jóia de pessoa, simpatiquíssimo, um tanto ingénuo e crédulo, sempre bem disposto e que rapidamente granjeou a estima de todos. (...)


14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVII: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (2): O voo incandescente do Jagudi sobre Madina Xaquili


(...) Ao cair da tarde, com a luz alaranjada do sol a começar a esconder-se na linha do horizonte poente, o Paulo Raposo, alferes da CCAÇ 2405, de quem guardo as mais pistorescas histórias, estava sentado perto do bunker do Capitão, com o olhar fixo num ponto afastado a sul do aquartelamento, perto do arame farpado. Aproximei-me e comentei:
- Eh, pá, não estejas a pensar na morte da bezerra… Já faltou mais e não tarda estaremos em Lisboa a beber umas imperiais e a olhar as bajudas brancas que por lá abundam. (...)


19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (3): O dia em que o homem foi à lua


(...) 20 de Julho de 1969. Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transístores que nos mantinham ligados ao mundo. Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo. (...)


5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço


(...) Daí a poucos dias íamos finalmente embarcar em Bissau no Carvalho Araújo para o ansiado regresso… Tínhamos acabado de receber no Dulombi a Companhia de atónitos periquitos que, durante uma semana, iam ficar em sobreposição connosco. Acolhemo-los com o aquele ar superior de guerreiros invencíveis, calejados pelos combates, a pele tisnada dos sóis tropicais, e além das costumadas praxes, meio inofensivas, que exercemos sobre eles, dedicámos-lhes, com a proverbial simpatia característica dos Baixinhos do Dulombi, um hino de recepção ao periquito que ainda hoje cantamos em todos os almoços anuais de comemoração que realizamos. (...)


18 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1085: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (5): O improvisado fato de banho do Alferes Parrot na piscina do QG


(...) Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários. Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967. Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de não te rales, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum. (...)


27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1217: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (6): Sinchã Lomá, o Spínola e o alferes que não era parvo de todo


(...) Sinchã Lomá é uma pequena tabanca a Sudoeste de Dulo Gengele e esta por sua vez fica a Sul de Pate Gibel. Quando a CCAÇ 2405 chegou a Galomaro, destacou três dos seus Grupos de Combate para regiões circundantes da sede da Companhia com a missão de marcar posição no terreno e fazer ao mesmo tempo uma espécie de guarda avançada para protecção da Companhia. A mim, coube-me ir para Pate Gibel, a tabanca mais a sul de Galomaro. (...)


8 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1352: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405)(7): Perigos vários, a divisa dos Baixinhos de Dulombi (Rui Felício)


(...) No terço final da comissão, com a Companhia finalmente concentrada no Dulombi, pensou-se em encontrar um emblema e uma divisa para a nossa Unidade. Não deveríamos deixar acabar a comissão sem legar aos vindouros um símbolo que nos identificasse, tal como a maioria das outras unidades já o tinham feito. Acolhida a ideia, estabeleceu-se um período de tempo para que fossem apresentados projectos para futura escolha daquele que merecesse o consenso geral. E assim surgiram meia dúzia de ideias para a o emblema da Companhia. (...)


30 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2073: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (8): O Fula, a galinha e o vestido


(...) Galomaro, Maio de 1981. Passados 11 anos após o regresso da CCAÇ 2405, retornei à Guiné, em 1981, naturalmente já civil, e passei alguns dias em Galomaro onde esteve sediada a Companhia antes da sua deslocação final para o Dulombi. Percorri, de jeep ou de bicicleta, toda aquela região que tão bem conheci por força dos patrulhamentos militares efectuados entre 1968 e 1970. (...)


26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2683: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (9): O Jorge Félix e o Prisioneiro


(...) Num certo dia de Agosto de 1969, o Jorge Félix transportou no seu helicóptero um grupo de paraquedistas que iam fazer um assalto, a uma base do PAIGC, identificada pelos serviços de informações militares da Guiné, como estando localizada na região de Galomaro. Ao procurar local para a aterragem perto do objectivo, em plena mata, o Jorge Félix foi descendo o helicóptero e, a uns 5 metros do chão, a deslocação de ar provocada pelo movimento das pás do aparelho, afastou uma série de ramos de arbustos deixando a descoberto um guerrilheiro do PAIGC que ali se havia emboscado. O homem estava armado com um RPG7, e a granada colocada, apontando para o helicóptero, o que naturalmente deixou em pânico o piloto e os tripulantes. (...).
_____________


Nota do editor:


Vd. poste anterior da série > 13 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8091: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (1): Um Oscar Bravo (OBrigado) a quem nos visita, lê, comenta, divulga, alimenta, critica, incentiva, avalia, escrutina, ajuda a crescer e a melhorar... A todos os autores, comentadores, leitores, a todos/as os/as amigos/as, camaradas e camarigos/as da Guiné (A equipa editorial)


(...) Em qualquer dos casos, aqui fica o apelo, aos resistentes, aos resilientes, aos sobreviventes, aos bravos da Guiné: Ajudem-nos a todos nós, editores, colaboradores permanentes e autores, a fazer "mais e melhor"... E sobretudo, tragam caras novas, histórias novas, fotos novas (do "baú velho")... E a quem ainda tem pachorra de ir visitar o nosso blogue, uma ou até mais vezes por dia, o nosso Oscar Bravo!!! (...)