domingo, 6 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22974: In Memoriam (426): Paz para a alma de todos os nossos camaradas que morreram no desastre de Cheche, faz hoje 53 anos...Foram 47 vidas ceifadas na flor da idade... Estupidamente!... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)




Infografia: Jorge Araújo (2019) (*)


1. Mensagem de Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM,  CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):


Data - 6 frev 2022 18:26  
Assunto - Desastre do Cheche

Luis, boa tarde

Lembrei me agora que faz 53 sobre o desastre do Cheche,  com a jangada,  que ninguém ainda hoje sabe o que aconteceu na realidade.

Foram 47 vidas ceifadas na flor da idade. E estupidamente!  Da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 e da CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933.

O Cap José Aparício, comandante da nossa CCAÇ 1790,  já não nos podes contar, dizem que est
á doente, com doença degenerativa de evolução prolongada.

Paz para a alma de todos. (**)
.
Luís, se puderes fazer uma referência agradecia.

Saúde para todos.

Virgílio Teixeira (***)
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de maio de  2019 > Guiné 61/74 - P19788: Jorge Araújo: Ensaio sobre as mortes por afogamento no CTIG: Os três acidentes na hidrografia guineense (Parte III)


(***) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19474: Efemérides (298): A minha homenagem às 47 vítimas da tragédia do Cheche, há 50 anos, os mortos da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 e os mortos da CCAÇ 1790, do meu batalhão, BCAÇ 1933: que Deus e a Pátria jamais os esqueçam (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

8 comentários:

Anónimo disse...

Caros amigos,

Este é um dia inesquecível, hoje de manhã escrevi o dia 6 de fevereiro, dizia-me alguma coisa, mas a minha 'Mona' está a menos de 50%,devido às 3 anestesias gerais em apenas 15 dias, em dezembro de 2021, na sequência da minha maldita doença que me apareceu aos 79 anos.

Depois ao ver o futebol da TV lembrei-me inesperadamente, e muito embora a minha actual situação no blogue, escrevi ao meu amigo Luis Graça, um email pelo telemóvel, para ver se ainda saia hoje esta memória inesquecível.

Ele correspondeu ao meu pedido e estou-lhe grato, é justo que não se esqueça a morte inglória de tantos militares no rio Corubal.

Às famílias enlutadas, dos 47 militares, os nossos, (da familia dos Camaradas da Guiné), os nossos eternos pêsames e que Deus os guarde em paz lá no Olimpo, já que nem os corpos tiveram o seu funeral, mais que digno.

>braços e saúde,

Virgilio Teixeira




Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, serás sempre bem aparecido... E mais ainda que recuperaste de um grande problema de saúde, e estás de "volta do além"...

Fizeste bem em lembrar esta trágica data de 6 de fevereiro de 1969. Costumamos recordá-la quase todos os anos... Mas, como tudo, vai-se diluindo na memória de todos nós... Já não temos ânimo para recordar todas as efeméridas... Agora voltamo-nos para nós, e lambemos as feridas da velhice...

Estou contigo: paz às almas dos nossos camaradas. Infelizmente a maior parte dos corpos ficaram insepultos. Assino por baixo: estupidamente ceifados na flor da idade, para nada... E acrescento: mais um trágico acidente militar em que a culpa morreu solteira...

Ab, Luis

Valdemar Silva disse...

As notícias deste trágico acidente apareceram nos jornais do dia 8, dia 8!.
'Na passagem do Rio Corubal afundou-se uma jangada que transportava uma força militar havendo a lamentar a morte por afogamento 47 militares'.
E mais nada sobre a razão da passagem e o porquê jangada transportar tanta gente.
E estamos à espera do 'vai ser realizado um inquérito'.
E a guerra continuou com mais mortes, por mais 5 anos.

Coitados, nunca mais voltaram do outro lado do mar.

Valdemar Queiroz

José Botelho Colaço disse...

Valdemar Queiroz resumindo: As causas que fez a jangada adornar, motivo basta ler as declarações de dois ex-alferes presentes no local Rui Felício e Paulo Raposo para se fazer a análise e de quem a tentou branquear. cito aqui uma frase que um agrário faxcista apoiante do antigo regime gostava muito de dizer e dizia assim: "as cojas quando elas xe comexam é que xe deviam acabar que era para xe verem os defeitos" Fazendo fé nesta profecia não foi só a morte estupida de 47 militares foi a morte estupida de milhares dos dois lados milhares de deficientes físicos e stress póstraumáticos tudo por estupidez humana.

José Botelho Colaço disse...

Erro: na frase os termos começam e acabar devem ser lidos pela ordem inversa, ou seja quando xe acabam é que se deviam comexar.

Anónimo disse...

Realmente trata-se de muitas mortes estupidas, mas voltando o filme atrás, qual seria a posição do legitimo Estado Português, face ao massacre com que começou a guerra, falo de inícios de 1961, onde foram chacinados centenas de portugueses, com os maiores requintes de selvajaria, e depois 18 Dez 1961, com a invasão da nossa India Portuguesa?

Fazíamos o papel de cobardes e fugíamos todos?

Eu tenho dificuldade em perceber de politica, por isso não faço comentários.
Leia-se o artigo no Expresso, sobre o primeiro médico desertor, em 1961, de Angola, acabando por ir tratar os feridos do PAIGC, entre 1967/69. Precisamente o período em que lá estive.
A lembrança deste acontecimento tem a ver com pessoal do meu Batalhão e do Batalhão 2852, que foi render-nos.
É mais familiar a mim e outros, pois convivemos alguns meses juntos, conheci muita gente, e entre eles o Capitão Aparício.
Por isso este acontecimento é mais chegado a quem esteve e conhecia a malta da Companhia.
Já não digo o mesmo com a CC2405, embora sinta o mesmo para com esta rapaziada, na flor da vida.
Como se passou tudo, quem sabe a verdade sem esconder nada, eu não!

Penso que o Valdemar estava lá nessa época e deve saber mais pormenores.

Abraço a todos e saúde da boa,

Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

Virgílio sejas bem aparecido, e as melhoras com os teus problemas de saúde.
Pois, por causa dessa "da nossa Índia Portuguesa", e a mesma obstinação que nos obrigou a manter uma guerra por mais de uma década em vez de sermos utilizados no desenvolvimento do nosso atrasado País, deu aso a que acontecesse aquele terrível desastre.
Não, a minha CART2479 chegou quinze dias depois a Bissau, e fomos confrontados com o acontecimento que já todos sabíamos mais ou menos, só havendo dúvidas se teria havido ou não ataque à jangada.
Eram bem visíveis em Bissau os militares (periquitos ainda?) com crachás "Madina do Boé" amarelos que tinha chegado daquela zona, sempre a serem questionados sobre o que se tinha passado.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Rectificção
Evidentemente que é '..deu azo a que..'

Valdemar Queiroz