sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22988: O segredo de... (36): Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74): louvado pelo comando do BART 3873, por, no decorrer da Acção Guarida 18, em 3/2/1973, em Ponta Varela, "ter a peito descoberto enfrentado o IN, abatendo um guerrilheiro"


Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, ea viver, até há alguns dias atrás em Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. Volta a Portugal por um período mínimo de seis meses.


Louvor


CTIG > Bambadinca > BART 3873 > 24 de outubro de 1973 > Ordem de serviço nº 251 > 


"Louvo o Fur Mil 13839871 Jorge Alves de Araújo, da CART 3494, por durante o desenrolar da Acção Guarida 18, realizada em 3 de fevereiro de 1973, no contacto havido com o IN, ter a peito descoberto enfrentado o IN, abatendo um guerrilheiro.

Pela sua decisão revelou dotes de coragem, pelo que é digno de público louvor."



1. Comentário do editor LG: 

O nosso querido amigo, camarada e coeditor  Jorge Araújo nunca fez gala, que eu saiba, deste louvor... que no tempo do gen Arnaldo Schulz daria, por certo, lugar à atribuição  de uma cruz de guerra... (Vd. poste P13844) (*)

Refere ele, mais abaixo, que "só após o falecimento da minha mãe, em 27Dez2015, é que tomei conhecimento da Ordem de Serviço n.º 251, do meu Batalhão, de 24 de outubro de 1973. Este documento foi encontrado no vasto espólio que me deixou (estou a falar de papel), e  ao qual designei, na altura, como o 'Baú de Minha Mãe' "... 

Ele não faz questão, mas eu faço, de partilhar este "segredo" na série que criámos há uns largos anos, em 30 de novembro de 2008,  "O segredo de...".  (**) 

(Tem ainda poucos postes, umas escassas três dezenas e meia, mas começou muito bem com um espantosa revelação do Mário Dias,  vd. poste P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações.)



CTIG > Bambadinca > BART 3873 > 24 de outubro de 1973 > Ordem de serviço nº 251 > 


Louvor atribuído o Cap Mil Inf José António de Campos Simão, da CCAÇ 12: "... por sendo comandante daquela CCaç, demonstrou capacidafr de comando, iniciativa e espírito de sacrifício, depois que a sua Companhia foi transferida para o Xime, passando de uma situação de intervenção para outra em que ficou responsável or uma zona de acção, que é a mais difícil do sector do Batalhão.

"Depis de um período bastante longo de adaptação à nova situação, a Companhia está agora a percorrer áreas de refúgio do IN, de muito difícil acesso. Pela competência demosntrada no comando da sua Companhia, é o Capitão Simão merecedor de ser galardoado com público louvor".




CTIG > Bambadinca > BART 3873 > 24 de outubro de 1973 > Ordem de serviço nº 251



2. Comentário de Jorge Araujo ao poste P22963 (***) 


Pois é, camarada António Duarte: há factos da nossa vida (de todos nós) que o tempo não consegue apagar... e então os da guerra... jamais!

Antes de mais, quero dizer-te, assim como ao colectivo da Tabanca, que deixei de dirigir a Tabanca dos Emirados desde a passada 6.ª feira, para recuperar o cargo na Tabanca do Pragal (Almada). Foram seis meses lá, e agora seis meses cá.

Quanto ao tema de hoje, que recuperas com grande oportunidade, sempre te digo que para mim não é uma efeméride, nem duas, mas sim três. Ou seja, foram as "cenas" da Acção Guarida 18, depois a viagem para Bafatá e, depois, o início do 2.º período de férias na metrópole. Foram muitas emoções em pouco tempo.

Ainda ontem, dia 2Fev2022, em contacto telefónico com o meu/nosso camarada Carneiro (ex-Alf Mil de Operações Especiais da minha CART 3494) recordámos o episódio ocorrido em 3Fev1973, na região da Ponta Varela. Ele já não participou nas últimas actividades efectuadas pela 3494, no Xime, devido ao facto de ter sido nomeado para as "africanas", tal como aconteceu com o camarada Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil de Operações Especiais da CART 3492).

Sobre o facto de ter estado no "frente-a-frente" (ao virar da esquina), o resultado do "encontro" deu lugar a um louvor atribuído pelo nosso Cmdt do BART 3873, TCor Tiago Martins (1919-1992), publicado em 24 de Outubro do mesmo ano, isto é, quase nove meses depois da ocorrência.

Como curiosidade, só após o falecimento da minha mãe, em 27Dez2015, é que tomei conhecimento da Ordem de Serviço n.º 251, do meu Batalhão, com a data indicada anteriormente. Este documento foi encontrado no vasto espólio que me deixou (estou a falar de papel) ao qual designei, na altura, como o «Baú de Minha Mãe».

Para completar este quadro de memórias, com quarenta e nove anos, vou enviar ao camarada Luís Graça, por correio interno, o documento supra, onde consta, também, um louvor atribuído ao Cap Mil Inf José António de Campos Simão, da CCAÇ 12, que agora recordaste.

Para ti e para o colectivo da Tabanca, envio um forte abraço de amizade.

Saúde.
Jorge Araújo
3 de fevereiro de 2022 às 22:45 


3. Mensagem do Jorge Araújo:

Data - quinta, 3/02/2022, 23:27 
Assunto - Efeméride com 49 anos -  03Fev7193/ 03Fev2022

Caro Luís,

Então como está a tua recuperação? Espero que estejas a registar boas melhoras..

Como referi no comentário ao poste do António Duarte, hoje editado, já regressei à "metrópole",  depois de uma comissão de seis meses lá para as bandas do Médio Oriente... Agora vão ser seis meses cá, até meados de Julho, para "nova corrida; nova viagem", como se diz nos equipamentos de diversão existentes nas feiras.

Vim alguns dias antes de caducar a minha estadia, pois precisava de tomar a 3.ª dose da vacina do Covid, uma vez que lá o não podia fazer. Além disso, havia também a necessidade de resolver alguns assuntos que a distância não o permite.

Tinha a intenção de te dar esta notícia em simultâneo com o envio de mais um texto de "memórias cruzadas"... mas o comentário, por não permitir juntar os documentos que prometi dar conta, fez com que a notícia do meu regresso tivesse de ser sem o texto terminado.

Assim, e para o que entenderes por bem fazer, anexo parte da Ordem de Serviço do BART 3873, relacionada com as ocorrências de que dou conta.

Até breve... fica bem.
Um abraço.
Jorge Araújo.
__________




14 comentários:

Valdemar Silva disse...

É muito interessante a redacção do Louvor '.....peito descoberto enfrentando o IN, abatendo um guerrilheiro'.
Em 1973, já havia tratamento de "IN" e "guerrilheiro" alterando o conceito de "grupo de terroristas" e "terrorista".
E pelo que podemos imaginar, não teria sido necessário um pst..pst para ter havido um frente a frente em combate.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Interessante a tua observação, Valdemar... Há, de facto, um dfierença não apenas semântica como conceptual, no tratamento dos combatentes do PAIGC no princípio e no fim da guerra... É outra geração que faz a guerra (e que vai terminar com ela)...E que é mais sensível às questões "políticas" que estão por detrás daquele conflito... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Os portugueses não são de se confessar... Em 15 anos, a nossa série "O segredo de..." teve 36 postes, o que dá uma média anual de 2,6 segredos contados ou partilhados...

Tambem o "segredo" do Jorge Araújo estava "guardado" num baú, o "baú da sua mãe" que ele herdou por morte dela, em 2015... Quantos baus e quantos segredos de camaradas nossos não anda por aí "esquecidos" ou "guardados a sete chaves"...

Jorge Araujo disse...

Camaradas,

Venho ao fórum adicionar mais algumas notas sobre o conteúdo acima:

1. - Depois de concluído o meu 2.º período de férias - 5 de Fevereiro a 10 de Março de 1973 - regressei ao meu "trabalho" voando para Bissau, tendo aí permanecido alguns dias, até ter apanhado "boleia" para o Xime. Aí chegado, verifiquei que a minha companhia tinha sido transferida para Mansambo, por troca com a irmã CART 3493. Chegado a Mansambo, tive conhecimento, de facto, por informação oral, que o Cmdt de Batalhão me tinha dado um louvor, por proposta do meu Capitão, Luciano Costa, mas nunca tive acesso ao conteúdo do mesmo.

2. - Por outro lado, a ocorrência foi em 3 de Fevereiro de 1973 e o louvor é publicado em Outubro do mesmo ano. Esta situação é, no mínimo, estranha.

3. - O que me causa algum espanto é a minha mãe ter em seu poder o Comunicado do Batalhão e eu, que estava, à época, no Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, que ficava a dois kms... nada. E, ainda hoje, não faço a mínima ideia como ele lhe chegou às mãos.

Coisas da guerra.

4. - Quanto ao "frente-a-frente", voltarei ao fórum daqui a uns minutos (talvez depois do jantar).

Até já! Que tenham, todos, um bom jantar.

Jorge Araújo.

Jorge Araujo disse...

Continuação,

Para quem não se lembre ou para aqueles que gostariam de saber, os acontecimentos relativos ao presente tema já aqui foram partilhados, duas vezes, em 2014.

- Na 1.ª vez, no P13839, de 02NOV2014, a propósito da caracterização da actividade operacional da minha CART 3494, por entendermos que ela se enquadrava nos objectivos do Blogue, por ser mais uma "peça" na reconstrução do puzzle da Memória (individual e colectiva) da guerra da Guiné (1963/1974).

- Na 2.ª vez, no P13844, de 04NOV2014, com reprodução parcial, relevando apenas o contexto onde decorreu a "acção", acima identificada, que acabaria por ficar ligada à atribuição do louvor, principal assunto deste poste.

- Para melhor entendimento/compreensão do sucedido e das suas consequências, tomei a liberdade de aqui, e agora, reproduzir alguns fragmentos:

(...)
No sábado de madrugada, dia 3, do aquartelamento do Xime saiu uma força mista de cerca de cento e trinta militares, entre guineenses e continentais, operacionais da CCAÇ 12 e CART 3494 (,,,)

(...) Em determinado momento do itinerário utilizado pelas NT, na zona da Ponta Varela, na parte inferior (sopé) de um terreno com declive acentuado, avistei um elemento do PAIGC, com farda escura, vagueando por ali aleatoriamente. Ainda lhe fiz sinal do cimo do declive mas não sei se me viu, uma vez que a progressão continuava o seu curso… e ele por lá ficou.

Com este facto na memória, e sem certezas quanto ao que deveria ter feito e não fizera, eis que, percorrida uma vintena de metros (. mais ou menos), ao contornar uma zona de vegetação com passagem por uma clareira, aqui fiquei diante de um outro vulto humano, de camuflado amarelado e portador de um RPG7.

Ficámos frente-a-frente a uma distância a rondar os dez metros, havendo ainda tempo para trocarmos olhares, num lapso de tempo que não é possível contabilizar, mas que impunha uma decisão pronta. Ao meu primeiro sinal [tiro] iniciou-se o «jogo de sobrevivência» que caracteriza estes contextos, e de que o episódio anterior me tinha servido de alerta.

(...)
A vida na guerra tem destas coisas. Chegado ao aquartelamento, são e salvo, dei cumprimento ao plano pré-definido, seguindo para Bafatá e depois para Bissau, onde pernoitei. No dia 5 de Fevereiro de 1973, lá estava eu no Aeroporto de Bissalanca (...), aguardando, ansiosamente, por outro momento pleno de significado: gozar o segundo período de férias em Lisboa, até ao dia 10 de Março de 1973, em família. Era a última etapa do itinerário iniciado na Ponta Varela (Xime) e concluído em Lisboa, quarenta e oito horas depois. (...)

Obrigado pela atenção,
Saúde,
Jorge Araújo.

Valdemar Silva disse...

Jorge Araújo, desculpa-me a confusão.
Isto de não ter nada que fazer, até dá para apanhar moscas a voar.
Não sei qual seria a guarnição militar da NT no Xime, talvez a nível de uma Companhia e uns milícias, julgo eu.
O caso que é referido do 'frente a frente' com o homem do PAIGC é da operação Guarida 18, que agora explicas 'saiu uma força mista de cento e trinta militares'. e 'Chegado ao aquartelamento, são e salvo. dei cumprimento ao plano pré-definido seguindo para Bafatá.
A minha confusão é ter saído uma força de cento e trinta militares, mais que uma Companhia quem é que ficou no aquartelamento (o António Duarte refere na Acção Guarida 18 3º grupo de Comb. CCAÇ12 e 3º. gr. Comb. CART3494). Por outro lado depois daquela cena do 'frente a frente' chegado ao quartel nem houve nenhuma 'conta lá como foi'

Quem me dera poder estar no Dubai a aturar o conta lá como foi aquela no Xime.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Jorge Araujo disse...

Caro camarada Valdemar,

Espero que já tenhas recuperado da «Operação Mosca no Ar», realizada esta noite. Acredito que durante o desenrolar desta "acção", para a qual é preciso fazer uso de técnicas especiais, não tenhas estado "frente-a-frente" com nenhum "achado macabro" como naquele já longínquo dia 23Mar70, em Cabuca, quando o teu 4.º GrComb, apanhou um valente susto... e mais qualquer "coisa".

Vamos, agora, ao que nos interessa:

1. - As "cenas" (fragmentos) relatados acima foram extraídos da minha narrativa editada no P13839, de 02Nov2014, ou, parte dela, no P13844, de 04Nov2014.

2. - Para melhor compreensão do sucedido terás/terão de ler/ver o "filme" completo, relendo o que nele consta, escrito na primeira pessoa.

3. - Quando se refere "força mista", estamos a falar de duas "forças" distintas, logo de Unidades diferentes, com quadros de comando próprios, isto é: a CART 3494 + a CCAÇ 12.

4. - A CART 3494 estava aquartelada no Xime e era constituída por três GrComb: o 1.º, o 3.º e o 4.º, uma vez que o 2.º GrComb estava destacado no Enxalé, tabanca situada na margem direita do Geba, que, certamente, ainda te recordas por lá teres passado.

5. - A CCAÇ 12 estava instalada na sede do BART 3873, em Bambadinca, como força de intervenção.

6. - Naquele dia 03Fev73, a CCAÇ 12 fez deslocar para o Xime, como reforço da minha Companhia, três GrComb. Saímos em conjunto (africanos e europeus - força mista), num total de cento e trinta elementos, sendo 70 da CCAÇ 12 e sessenta da CART 3494.

7. - Depois... Depois, já sabes o que aconteceu.

8. - Foi uma situação "macabra", bem diferente da tua, pois não existia escapatória... Certamente, que cada um de nós não gostaria de estar naquela situação... mas aconteceu... e agora?

9. - Já passaram quase cinquenta anos (meio século). Não há mais nada a fazer... simplesmente lamentar esta e milhares de outras semelhantes que aconteceram durante treze anos.

10. - Ficou esclarecido?!

Que tenhas/tenham um óptimo fim-de-semana.

Saúde.
Jorge Araújo.

Valdemar Silva disse...

Ó meu caro Jorge Araújo, obrigado pelo tua paciência.
Isto de andar a apanhar moscas a voar, não é tarefa fácil e até pode dar em "deixar de perceber" algum acontecimento importante. Sim, importante para nós, com vinte e poucos anos
que bem podíamos estar na Praia do Tarquínio, da Costa da Caparica, em vez de andar a matar ou morrer na guerra da Guiné.
Então, a minha confusão foi "3º Grupo Comb CCAÇ12 e 3º.Grupo Comb.CART3494", quando devia ser 3 Grupos de Comb CCAÇ12 e 3 Grupos de Comb CART3494, mal descrito no doc. do António Duarte, o que realmente seria mais de cento e trinta militares.
Por outro lado, deveria ter sido uma de 'não me chateiem que vou de férias' quando chegaste da operação e os curiosos te atiraram 'conta lá como foi isso do frente a rente', e depressa que se faz tarde para Bafatá apanhar a avião para Bissau.
Isto de passados 50 anos estarmos a falar destes assuntos poderá parecer uma de "apanhado", evidentemente que podíamos estar a falar do problema das alterações climáticas ou da extinção do dodó, mas falarmos da guerra da Guiné estará sempre presente numa qualquer conversa entre nós.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Jorge Araujo disse...

Caro Valdemar,

Folgo ao constatar que continuas em grande forma, sempre disponível para a narrativa, independentemente das adversidades/contrariedades/contratempos (sinónimos) que nos vão surgindo nesta (sempre curta) passagem terrena.

Conta comigo!

Um abraço.
Jorge Araújo.

Anónimo disse...

Francisco Santos (no facebook da Tabanca Grande):


Ninguém se deve envergonhar de ter cumprido o seu dever no que na altura era território nacional. Mas vir NOS NOSSOS DIAS especificar uma acção em que "matou um guerrilheiro" é desnecessário e de mau gosto. Concordo com o louvor, acto em campanha, acho até que se deve sentir orgulhoso dele , mas não faz sentido publicá-lo hoje.

https://www.facebook.com/people/Tabanca-Grande-Lu%C3%ADs-Gra%C3%A7a/100001808348667

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Tabanca Grande Luís Graça

Vim a terreiro em defesa do Jorge Araujo, dizendo em resposta ao Francisco Santos:

Camaradas, este poste P22988, não é da responsabilidade do Jorge Araújo, mas sim do editor Luís Graça... É bom que se leia a "minha explicação", que diz o seguinte:

(...) "O nosso querido amigo, camarada e coeditor Jorge Araújo nunca fez gala, que eu saiba, deste louvor... que no tempo do gen Arnaldo Schulz daria, por certo, lugar à atribuição de uma cruz de guerra... (Vd. poste P13844) (...)

"Refere ele, mais abaixo, que 'só após o falecimento da minha mãe, em 27Dez2015, é que tomei conhecimento da Ordem de Serviço n.º 251, do meu Batalhão, de 24 de outubro de 1973. Este documento foi encontrado no vasto espólio que me deixou (estou a falar de papel), e ao qual designei, na altura, como o 'Baú de Minha Mãe' ..

"Ele não faz questão, mas eu faço, de partilhar este 'segredo" na série que criámos há uns largos anos, em 30 de novembro de 2008, 'O segredo de.... ' (Tem ainda poucos postes, umas escassas três dezenas e meia, mas começou muito bem com um espantosa revelação do Mário Dias, vd. poste P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações.)" (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E mais acrescentei:

Francisco Santos, sei que não fazes (ainda) parte do nosso blogue nem provavelmente deves segui-lo... Recordo o que em tempos disse a própósito da série "O segredo de...":

(...) "Já se ouviram aqui histórias espantosas que seria uma pena ficarem para sempre no 'segredo dos deuses', o mesmo é dizer, perderem-se ... São histórias que seguramente nunca chegaram (nem chegarão) ao Arquivo Histórico-Militar, não sobrevivendo ao 'guardião da memória', que é cada um de nós... Claro que nenhuma delas vem 'alterar' a visão final da História com H grande... Mas essa será sempre mais pobre sem as nossas histórias com h pequeno"...

E lembrei ainda:

De resto, o propósito deste série é esse mesmo: ser uma espécie de confessionário (ou de livro aberto) onde se vem, em primeira mão, revelar "coisas" do nosso tempo de vida militar que, até então, por uma razão ou outra, guardámos só para nós...

É esperado que os nossos leitores não façam nenhum comentário crítico, e nomeadamente condenatório, em relação às "revelações" aqui feitas, mesmo que esses factos pudessem eventualmente, à luz da época, constituir matéria do foro do direito penal, militar ou civil, infringir a disciplina ou ética militar, etc. ...Saibamos ouvir ou ler sem julgar.

https://www.facebook.com/people/Tabanca-Grande-Lu%C3%ADs-Gra%C3%A7a/100001808348667


Tabanca Grande Luís Graça disse...

... Na realidade, e tendo em conta algumas discussões acaloradas que já geraram alguns postes desta série, "O segredo de...", tenho que concluir que não é fácil, na nossa cultura, "saber ouvir ou ler sem julgar"...

Em todo o caso, muito me honra sublinhar que, em 18 anos de existência, o nosso blogue tem sido mais um ponto de encontro do que um palco de disputas, mais uma ponte de ligação do que uma trincheira, uma fator de paz, de tolerância e de reconciliação do que uma fonte de incriminações e de revanchismos, e muito menos de ódios serôdios... Temos procurado partilhar melhórias (e também afetos)... Mas não escondemos que não é fácil falar do "antigamente da guerra", separando a verdade, o rigor dos factos, da ganga da propaganda e dos enviesamentos "político-ideológicos" (de um lado e do outro)... Não é fácil pormo-nos na "pele do outro", não é fácil ler as "narrativas" dos outros, não é fácil lidarmos com as nossas emoções recalcadas e memórias fragmentadas...

Daí não haver muitas tertúlias digitais, de antigos combatentes, por esse mundo fora...

joaquim disse...

Comentário que coloquei na página do Facebook da Tabanca Grande. Permitam-me a minha colherada, pois julgo que ninguém duvida do meu orgulho em ter servido na Guiné. O Jorge Araújo é digno deste louvor e o mesmo está aqui publicado e muito bem publicado. O único senão para mim não tem a ver com a publicação do mesmo, nem o tempo em que foi feita essa mesma publicação hoje em dia. A minha critica vai para quem naquele tempo redigiu este louvor. Não havia necessidade para dar este louvor de referir o que ali é referido, porque, se mais nada houvesse, há que respeitar a memória daquele que é louvado e que não quererá, penso eu, recordar este facto que não é de modo nenhum "agradável" para ninguém. Já basta o que recordamos permanentemente nas nossas memórias, para que ainda por cima no-lo venham recordar em algo que fica para sempre. Estou perfeitamente à vontade para fazer esta critica porque este era também o meu Batalhão, mas a critica iria, quanto a mim, para quem quer que fosse que redigisse ou assinasse um louvor nestes termos. Quanto ao mais um grande abraço ao Jorge Araújo.