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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25204: Notas de leitura (1669): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (13) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Fevereiro de 2024:

Queridos amigos,
Não vale a pena determo-nos muito tempo sobre os primeiros meses da governação de Spínola, são bem conhecidas as suas diretivas, as admoestações e castigos a oficiais de superiores removidos para a metrópole, a sua estrondosa exposição no Conselho Superior de Defesa Nacional onde aludiu à probabilidade de um colapso militar, tendo recebido, como contrapartida, alguns milhões para o seu programa Por Uma Guiné Melhor e alguns recursos militares. Os autores dão conta de que a retirada de quartéis na zona Sul e Leste suscitou um novo quadro de atuação para a Zona Aérea, as chamadas ZLIFA conheceram uma substituição praticamente semântica, se bem que continuasse a existir, em poder do PAIGC, sistemas de defesa antiaérea operacionais, particularmente na zona Sul. Aqui se faz um sucinto relato deste período inicial da governação de Spínola.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (13)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Capítulo 4: “A pedra angular”


Muitos autores já se debruçaram sobre o diagnóstico feito por Spínola, passados os três primeiros meses desde que chegara à Guiné em maio, deixou relatórios bem incisivos e dirá mesmo na reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional que poderia estar iminente um colapso militar. Não esconde que o PAIGC tomara a iniciativa militar, estava mais motivado, cada vez mais bem armado e que controlava um conjunto impressionante da superfície do território. Terá mesmo provocado um sobressalto nos altos-comandos quando alertou para que tal colapso iria criar “uma onda imparável de apoio aos movimentos de libertação”, suscetível de levar Angola e Moçambique à independência. Ao formular a sua estratégia para evitar tal colapso, o Governador e Comandante-chefe advertiu que a guerra revolucionária que se enfrentava na Guiné tinha que ser totalmente invertida com a conquista das pessoas, não podia haver uma abordagem puramente militar, mas sim “uma solução genuína, clara e decisiva através da revolução social, com programas que concretizassem as justas aspirações do povo”. A peça central deste seu programa foi designada “Por Uma Guiné Melhor”.

O governo de Marcello Caetano abriu os cordões à bolsa, vieram meios para a construção de aldeamentos, mais escolas, postos médicos, estradas e portos. Aumentou o número de matrículas escolares, surgiram empreendimentos infraestruturais, intensificou-se o apoio à agricultura e surgiram os Congressos do Povo, era um compromisso de Spínola para dar à população uma aparência de representação política. Através deste conjunto de programas, Spínola esperava privar o inimigo de razões para mais adesões a apoio a luta armada.

Entrou em marcha a operação dos reordenamentos, Spínola pretendia que estes novos aldeamentos separassem fisicamente a população que aceitava a soberania portuguesa da que apoiava o PAIGC, e assim também se privaria estes insurgentes de fontes de informação, alimentação e de locais de presença temporária. Igualmente foi implementada uma campanha psicológica para que as populações participassem neste conjunto de reformas. Mas não havia ilusões, tais programas não obstavam a que se dinamizasse uma mentalidade ofensiva e para tal o novo comandante-chefe determinou mudanças nas Forças Armadas. A princípio, Spínola norteava-se com uma economia de recursos, dada a improbabilidade de muito mais reforços, provocou mudanças na quadricula, procurando gerar a concentração no dispositivo militar, foram retirados efetivos militares de locais junto das fronteiras com a República da Guiné e na área do corredor de Guileje, bem como no Boé; obviamente que este abandono de posições abriu espaço, tanto no Sul como no Leste a uma maior presença dos grupos insurgentes. Amílcar Cabral fez questão de anunciar que a retirada destas posições portuguesas era o prenúncio para vitórias de decisivas. Mais tarde, Nino Vieira veio vangloriar-se de que podiam avançar muito mais quilómetros sem avistar o inimigo.

Para tirar partido de que estavam em curso grandes mudanças político-militares, Joaquim da Silva Cunha, Ministro do Ultramar, visitou a Guiné durante nove dias em março de 1970, foi uma sucessão de eventos cuidadosamente planeados para se mostrar o andamento do programa Guiné Melhor e também para mostrar ao Governo que havia uma ampla liberdade de movimentos em toda a Província. Com efeito, o ministro visitou diferentes partes do território, apareceu a ser saudado com entusiasmo em todos os lugares. E mesmo quando Silva Cunha foi a Madina do Boé, quartel de onde as forças portuguesas se tinham retirado em fevereiro, o helicanhão sobrevoava a visita meramente propagandística do ministro, como observou o Coronel Kruz Abecassis, o ministro partiu e o PAIGC regressou. A retirada de guarnições periféricas criou desafios e oportunidades para a Zona Aérea, ficou delineado de forma mais clara áreas seguras de áreas contestadas. Com a redistribuição das forças de superfície, Spínola apelou à Força Aérea para compensar os setores mais vulneráveis com apoio de fogo oportuno e expandiram-se áreas reservadas, tanto como zonas exclusivas de intervenção aérea ou de intervenção de artilharia móvel ou de forças aerotransportadas.

Schulz, com a concordância da Zona Aérea estabelecera a chamada Zona de Livre Intervenção da Força Aérea (ZLIFA) e Spínola implementou novos procedimentos, introduzindo o conceito de Zona de Intervenção do Comando-Chefe (ZICC), foram criadas sete ZICC, mais ou menos correspondendo às chamadas regiões “libertadas” do PAIGC ou territórios desocupados recentemente pelas forças terrestres portuguesas e onde agora a Força Aérea poderia atuar por ordem direta do comandante-chefe, sem necessidade de coordenar as suas operações com os comandos locais. As ZICC permitiam à Zona Aérea a agir rapidamente quando surgiam informações que necessitassem respostas imediatas.

Para gerir de forma mais eficiente os meios aéreos que estavam atribuídos à Zona Aérea, Spínola dividiu conceitualmente, os ativos, uns dedicados a apoio direto às unidades (logística, ligação, reconhecimento e apoio de fogo), e outros como componente aérea da manobra do comando-chefe. Spínola atribuía uma grande importância a esta componente dada a precariedade dos percursos terrestres e a sua limitada capacidade de reagir em tempo útil – era a “pedra angular“ da sua estratégica. Spínola enfatizava que o objetivo não era o da aniquilação do inimigo, ele precisava de tempo para alcançar objetivos primários do seu programa socioeconómico e, portanto, a Força Aérea desempenhava um papel crucial de apoio logístico e informações de ataque ou assalto e até de retaliação nas áreas transfronteiriças. Spínola foi confrontado pela retoma da guerra pela supremacia aérea. Em 28 de setembro de 1968, um par de Fiat lançara foguetes para silenciar “armas pesadas não especificadas” que tinha disparado contra eles durante uma missão de reconhecimento armado perto de Guileje. Três meses mais tarde, em 6 de janeiro de 1969, quatro Fiat atingiram uma ZPU-4 de 14,5 mm que estava a apoiar um ataque do PAIGC ao quartel de Gadamael, no extremo norte da Península do Quitafine. Veio-se a saber mais tarde que a arma antiaérea fora destruída e danificadas armas pesadas, todo o pessoal que operava a arma antiaérea morrera, as tropas portuguesas que foram inspecionar o terreno recuperaram a mira ótica da ZPU-4.

Embora se tenham registado incidentes esporádicos noutros lugares da Província, o ambiente antiaéreos mais intenso permanecia no Sul, particularmente no Quitafine. Em finais de 1968, um par de Fiat que patrulhavam esta região avistaram uma ZPU-4 na abandonada aldeia de Cassebeche estava cercada por cinco ou seis armas antiaérea de 12,7 mm. Dadas as dificuldades até então sentidas em destruir armas antiaéreas apenas mediante ataques aéreos, Spínola ordenou um ataque de forças paraquedistas para garantir a eliminação da ameaça após uma série de ataques aéreos. O Comandante-chefe determinou que a operação fosse adiada na esperança que o PAIGC ainda concentrasse mais meios adicionais de defesa aérea na região, o elemento surpresa ficou à espera de uma nova data, sabia-se estar em presença de um inimigo alertado e bem-preparado.

Uma escola primária a funcionar em zona de soberania portuguesa. O programa Por Uma Guiné Melhor privilegiava a educação (Arquivo da Defesa Nacional)
Ministro do Ultramar na sua visita à Guiné em março de 1970, imagem efetuada na região do Gabu (Coleção António de Spínola)
Imagem tirada durante a retirada do aquartelamento de Madina do Boé, em fevereiro de 1969, veem-se em primeiro plano Spínola e a seu lado o Coronel Hélio Felgas, Comandante do Agrupamento de Bafatá (Coleção Álvaro B. Geraldo)
Zonas de intervenção do Comandante-chefe, agosto de 1970 (Matthew M. Hurley)
Poster de propaganda evocativo da viagem de Silva Cunha à Guiné, em março de 1970 (Coleção José Matos)

(continua)
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Notas do editor:

Post anterior de 16 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25176: Notas de leitura (1667): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (12) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 19 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25189: Notas de leitura (1668): "Amílcar Cabral e o Fim do Império", por António Duarte Silva; Temas e Debates, 2024 (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24537: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (102): Há uma diferença entre o "capim" e o "colmo" (utilizado na cobertura das moranças) (Cherno Baldé)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael - Porto > s/d [1973?] > Tabanca, reordenada pelas NT. Em primeiro plano, do lado esquerdo, uma morança ainda com a tradicional cobertura de "colmo" (palha) (material que não deve ser confundido com o "capim")... As casas reordenadas já eram revestidas com "chapa de zinco".

Foto: Autor desconhecido. Álbum fotográfico Guiledje Virtual. Gentileza de: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007).




Guiné >Região de Tombali > Gadamael - Porto > 1968 > A construção do primeiro reordenamento do CTIG, na opinião do cor art ref António J Pereira da Costa, membro da nossa Tabanca Grande. As casas ainda eram cobertas a colmo.

Fotos (e legenda): © António J. Pereira da Costa (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > Aspeto do reordenamento feito pelas NT. Matofarroba ficava/fica, a 2km/3km, a sul de Cufar.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento e tabanca de Cutia > Uma jornada de capinagem... A população da tabanca é balanta.



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Bissá > c. 1970 > Celeiro para a "bianda", neste caso o arroz... Em balanta, chama-se "flu". Ao fundo, a tradicional casa balanta, ecológica, feita de adobe e colmo.

Fotos (e legenda): © José Torres Neves (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Cherno Baldé  (nosso colaborador permanente, assessor para as questões etnolinguísticas, vive em Bissau, tem 280 referências no nosso blogue) ao poste P24519 (*):

(...) Sobre a afirmação do(s) Editor(es) de que o capim à volta das localidades e picadas seria a "base de cobertura das casas (palhotas)" dos nativos não é exacta. 

Neste caso podemos falar, para fazer a distinção, de capim vs palha (colmo) (**):

(i)  o capim nasce em todos os sítios e, sobretudo, em zonas do mato com ou sem arvoredo;

(ii) a palha (colmo), que servia para cobrir as casas, nasce somente nas partes altas das bolanhas ou lálas, são mais finas, de uma cor entre o castanho e o amarelo, brilhantes e mais resistentes aos insectos roedores (bagabagas) podendo atingir a altura entre 1,20 m até 2m com variações que vão do norte ao Sul em função do volume de chuvas e fertilidade dos solos.

Contudo, esta excelente espécie nativa de palha das bolanhas, outrora muito apreciada e utilizada para a cobertura das casas de colmo em África a fim de amenizar o calor sufocante durante a época seca, está a desaparecer pouco a pouco, vítima das mudanças climáticas e diminuição das chuvas no território. 

Se na Guiné, sobretudo no Sul, ainda vai resistindo, nos países do sahel há muito que já tinha desaparecido, constituindo assim uma das principais razões do aumento da procura das chapas de zinco para a cobertura das casas em toda a zona África ao sul do Sahara. (...)

30 de julho de 2023 às 19:24 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de julho de 2023  Guiné 61/74 - P24519 Fotos à procura de... uma legenda (175): Capinadores e "homens armadas" em Cutia, tabanca e destacamento no setor de Mansoa, ao tempo do BCAÇ 2885 (1969/71) (José Torres Neves, capelão)

(**) Último poste da série > 29 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24438: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (101): Pedido de apoio para a obtenção de antigos manuais escolares do PAIGG (com destaque para o livro da 4ª classe). editados na Suécia, em Upsala, impressos na Wretmans Boktryckeri AB (Jorge Luís Mendes, Primeiro-Conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil)

sábado, 29 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24516: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte V: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: as primeiras duas baixas em combate


Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956)  (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Catió e alguns rios envolventes: Tombali, Cobade, Umboenque, Ganjola, etc.

Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1960)    (Escala 1/50 mil)  > Posição relativa de Cabedú, e dos rios Cumbijã e Cacine.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de alguns alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (*). É mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.

Uma cópia da história da unidade foi oferecida ao Centro de Documentação 25 de Abril, em vida, pelo então major general Monteiro Valente, ex-elemento do MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como no pós- 25 de Abril. (Foi também comandante da GNR, e era licenciado em História pela Universidade de Coimbra.)
 

Acrescente-se ainda que o cap inf Monteir0 Valente, entre outros cargos e funções, foi instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974). (Foto à direita, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).

Uma cópia (não integral) desta história da CCAÇ 2792, chegou-nos às mãos há uns largos tempos.


História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte V:

Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970:   as primeiras duas baixas em combate


3.Actividades: 

a. Inimigo

(i) Catió: 

Às 20h21, do dia 30 de novembro de 1970, o IN flagelou o reordenamento de Ilhéu de Infandre, à distância,m com armas pesadas (Morte 82), instaladas na bolanha de Catunco (Ilha do Comoo). A reação consistiu na resposta da artlharia de Catió, sendo efetuada uma patrulha ofensiva de reconhecimento na manhã seguinte.

A 28, às 6h30, o IN flagelou Catió com foguetões 122. Os projeteis resultaram curtos no alcance, não produzindo danos, Foi efetauada imediata contraflagelação sonre a base de fogos de Boche-Bissá.

Em 4 de dezembro. às 00h14, nova flagelação de Catió com foguetões 122 mm. Foram ouvidos 4 rebentamentos que resultaram curtos, não provocando danos.

(ii) Cabedú: 

Em 30 de dezembro, pelas 10h11, o IN reagiu a uma patrulha das NT, emboscando-as em Cacine 5 D1-94, e causando-lhe duas baixas.

Apreciação: A atividdae IN não teve expressão significativa. A acção sobre o reordenamenmto de Ilhéu de Infanda teve, provaveelmente,  a intenção de  experimentar a reação das NT, recém-chegadads.

Nas acções de flagelação o IN procurou causar baixas e danos, furtando-se com esses procedimentos ao contacto com as NT que lhe poderiam causar baixas,

b. Nossas Tropas (NT)

Durante o período (novembro-dezembro de 1970) procedeu-se à rendição das guarnições de Catió e Cabedú, Simultaneamente, e ainda durante o perído de sobrepposição,  procurou-se reconhecer a ZA, de modo a permitir o seu conhecimentio e familiarizar os Gr Comb  com o terreno de atuação.

A atividade adotada foi baseada em patrulhamenntos constantes.

(i) Cató:

Foram realizadas as seguintes patrulhas de reconhecimento:
  • Bolanhas situadas entre os rios Cobade e Camechae (21 novembro de 1970);
  • Região de Cubaque (24 nov);
  • Bolanhas situadas a sul do rio Cagopere (1 dez);
  • Estrada Catió-Cufar (2 dez);
  • Região de Cuducó (14 e 20 dez);
  • Região de Cubaque (18 dez).

Diariamente 1 Gr Comb garante a defesa do reordenamento do Ilhéu de Infanda

(ii) Cabedú:

A pequena guarnição de Cabedú, fronteira ao Cantanhez onde o IN dispõe de ampla liberdade de ação e posições muito fortes, continuou a adotar o sistema de armadilhamento, herdado da guarnição anterior, em que procura isolar a área, sob o seu controlo, da que se encointra sujeita ao IN.

Foram realizadas as seguintes patrulhas de reconhecimento:
  • Cabanças do rio Lade (5 e 6 dez);
  • Região de Madina (7  e 23 dez);
  • Região de Cabanta (10 dez)
Nesta ação de patrulhamento ofensivo às região de Cabanta, a 10 de dezembro, as NT foram emboscadas com armas automáticas ligeiras, LGFog e Mor 60, por um Gr IN na região de Cacine 5 D1-94, sofrendo as primeiras baixas em combate no TO da Guiné: 

- Sold at inf, nº mec 00504170, Manuel Pereira Gomes (viria a facelecer a caminho do HM 241);

- Sol at inf, nº mec. 00555870, Josué Ferreira da Silva (viria a ser evacuado para o HMP em 1 de fevereiro de 1971). 

Foram os primeiros militares da Companhia a regar com o seu sangue o solo da Guiné.

Outras patrulhas de reconhecimento:
  • Região de Tarrafo (14 e e 25 de dez);
  • Região da Ponte (16 e 27 dez);
  • Região de Candasse (?)  (19 dez).

No decorrer da patrulha de reconhecimento, do dia 27, as NT accionaram  uma armadilha que por elas havia sido implantada., sofrendo 3 feridos ligeiros (1 militar e 2 milícias): 

- solda at inf nº mec  00777770, Miguel Cuerreiro Correia; 
- cmdt Pel MIl nº 141/66, Duramane Aidorá;
-  sold mil nº 146/60, Lamina Camará.

O 5º Pel Art executou fogos de flagelação.

No campo socioeconómico e psicólófgico, há a destacar o reordenamento do Ilhéud e Infanda:

Recebeu esta sububnidade a missão de cocnluir o reordenamento do Ilhéu de Infanda. trata-se de um reordenamento situado  a cerca de 5 km  a SE de Catió, constituído por 108 casas,e  que agrupa as populações  das antigas tabancas do Ilhéu de Infanda e Quibil, num total de 700 pessoas

Fonte: Excertos da história da unidade, pp. 22/II a 24/II. 

(Seleção / revisão e fixação de texto / substítulos / negritos: LG)
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Nota do editor:

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23380: Reavivando memórias do BENG 447 (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, cmdt do Pelotão de Transportes Especiais, Brá, 1968/71) - Parte X: A "guerra do cimento"


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez1967/fev1971)

Data - terça, 10/05/2922, 18:41
Assunto -  A minha história no BENH 447
 
Boa tarde,

Caro Luís, espero que tudo bem contigo.
Com um final e principio de anos tristes, primeiro por falecimento de minha Mãe, depois de um seu irmão, meu tio aí da Lourinhã, e depois da avó da minha nora. E do covid que atacou o meu netinho. Felizmente ele recuperou.

No entanto todos os dias tenho lido o blog. Recordado bastante e, ficando mais informado e mais culto.

Hoje a "reboque" de um dos últimos posts do Ex-Capitão Magro  (*)  resolvi mandar um texto. Se achares algum interesse,  publica antes do almoço do BENG 447 de 24 de Junho (**) , senão tudo bem.

Um abraço
João Rodrigues Lobo




A minha história no BENG 447

por João Rodrigues Lobo


Na sequência do post do ex-capitão “Magro” (*), relembro que, como comandante do PTE do BENG 447 nos anos de 1969 e 1970, fui o responsável pelos transportes de e para o BENG.

De salientar que, durante estes dois anos, contei com todo o apoio do Comando do Batalhão, nomeadamente. Ten-Coronel Bernardino Pires Pombo, Major Diogo da Silva e Major/Ten-Coronel João António Lopes da Conceição (Foi por escolha de Spinola como Major e lá graduado em Ten-Coronel) e Major Santos Maia.

Fui em rendição individual em Dezembro de 1968 e saí em Janeiro de 1971, não tendo conhecido quer o meu antecessor quer o meu sucessor. Gostava de os conhecer e trocar impressões, embora não saiba sequer os seus nomes.

Encontrei no P.TE  uma “equipa” de dois Sargentos do quadro e quatro Furriéis milicianos. Bem como cerca de noventa condutores-auto, com cerca de metade guineenses e outra metade “continentais”. Todos aregaçavam as mangas e cumpriam as suas missões. Nunca deixarei de dar o mérito que merecem aos Condutores-Auto, nestes teatros de operações em que por vezes injustamente tendem a ser esquecidos.

Como já referi o P.TE recebia, conferia e transportava todo o material que se destinava ao BENG desembarcado dos navios mercantes, no cais novo, vindos do Continente, e conferia, transportava e expedia, no Pigiguiti, pelas LDM e LDG da Marinha, e por coluna auto, para a Guiné. De salientar a excelente cooperação com a Marinha.

Dito isto, cheguei, ao BENG,  aparecendo num jeep do QG que lá me levou, pois pedi boleia, casual,a um condutor que tinha ido a Bissalanca, e que me deixou á porta do QG com a mala, onde o oficial de dia após várias diligências lá descobriu o meu destino, pois quando aterrei em Bissalanca ninguém me esperava nem eu sabia qual a unidade do meu destino (nem o BENG de mim sabia). Aliás estive cerca de uma semana em Cabo Verde a aguardar avião militar, pois tinha ido para lá também de avião
militar de Angola.

Fui então recebido e colocado no PTE. Tendo então começado a aperceber-me e a tomar conta da situação, o que gradualmente, com o strees operacional de um periquito que era, fui organizando o modo de trabalhar, racionalizando o uso de recuros humanos e viaturas disponiveis para a exigência dos vários transportes a realizar, com a pressão acrescida da prioridade aos Reordenamentos dada pelo Comandante Chefe e necessidades das obras nas estradas e aquartelamentos.

Nos primeiros dias, e com os transportes em curso sem parar, solicitei a lista completa dos Homens adstritos ao Pelotão, mapeando a localização de todos os condutores-auto. (com um episódio caricato que já contei no blog). Solicitei a listagem completa de todas as viaturas existentes (de todos os tipos, desde Jeep, plataformas de Transporte de Máquinas Henschel, de carga Mercedes, autotanques, de transporte de pessoal, Unimogs,Volksvagen, Land Rover e outras, e até o monstro gigante de aço Continental que só o grande condutor Simão conduzia! 

Com a colaboração das Oficinas auto e Tenentes Geraldes e Garcia. (Com ele numa foto no blog). Conferi a distribuição das viaturas pelos condutores, que actualizei, quais as viaturas inoperacionais ou paradas por avaria, quais os condutores eventualmente sem viatura, ou no desempenho de outras funções. Isto foi feito em prazo “util”.

Depois a operacionalidade: Avaliação da distribuição das viaturas, sua redistribuição perante as necessidades, Tendo em atenção que poderiam ser insuficientes para o tranporte do cimento dos
navios, para o qual solicitávamos ao Quartel General o aluguer de viaturas civis para esse transporte sempre que se justificava. (frequentemente devido ás várias solicitações de transporte para as obras).

A redistribuição fez-se com sucesso, e a falta de viaturas passou a não se fazer muito notada. Para as obras e deslocações locais foram sempre encontradas soluções e para as descargas e transporte de cimento reduziu-se ao minimo estritamente necessário o uso de viaturas civis fornecidas pelo QG (que mesmo assim eram muitas). 

Felizmente o mais “complicado” foi a redistribuição dos Jeep, pois todos os ilustres capitães precisavam de transporte para acompanhamento de obras e deslocações várias. Mas com apenas alguns pequenos “atritos” lá se convenceram perder o Jeep exlusivo e a requisitar o Jeep quando fosse preciso. Só alguns não gostaram que um Alferes tivesse o “seu” Jeep sempre disponivel, dia e noite, mas, como era mesmo necessário que eu acompanhasse sempre os movimentos e operações nos cais e era eu que o conduzia, lá me foram aturando. Bem-hajam.

Aqui chegados, e começando pelos materiais a receber nos armazéns do porto, sabia que os volumes e caixotes de Engenharia vinham todos sinalizados com um circulo vermelho e preto, também me apercebi da falta de alguns que deveriam ter chegado e não os encontrávamos. E, de outros que esperavam por “papelada” para sair do porto e que demoravam dias parados nesses armazéns. Era impensável a falta e o atrazo.

Consegui que uma vez descarregados e estando no Armazém, com ou sem “papelada” fossem listados e imediatamente transportados para o BENG, eu próprio com os Furriéis milicianos nos encarregámos dessa tarefa. O que resultou e poucos mais se “perderam” nesse período. 

Depois o cimento ! Assitindo á primeiras descargas, (entre 60.000 e 100.000 sacos cada), fiquei estupefacto com o cimento de que perdia, pois ao ler os autos de recepção sancionados pelo QG e, os que eu tinha de conferir, davam uma quebra de cimento entre 5% e 10% conforme a descarga. (A quebra seria dos sacos que se romperiam durante a manipulação no navio, do navio para o cais, do cais para as viaturas e das viaturas para o depósito do BENG. )

10% ou mesmo 5% de quebra era uma montanha de cimento. Das duas três, ou ficava no porão do navio e voltava para o continente ou caía no cais, onde seria dificil circular,e iria parar á água e o navio encalhava.!!!

De notar que juntamente com o cimento “militar” também vinha cimento importado pelos grandes comerciantes civis, nos mesmos navios.

Com a minha cabeça a trabalhar, e andando permanentemente no meu Jeep durante as descargas, percorrendo Bissau e os trajetos para o Batalhão descobri “coisas” interessantes. Algumas vou contar: Razão das quebras reais; O manuseamento dos sacos de papel do cimento. No porão colocavam-se os sacos nas lingadas que eram descarregadas no cais, os sacos eram transportados para zona própria e aqui manuseadas para um empilhamento, sendo depois manuseados para carregar as viaturas.
Perdia-se mesmo muito cimento, mas 10% ???.

Primeira acção: Escala de serviço com a permanência nos cais, em todas as descargas e algumas cargas ,de um Furriel Miliciano e um condutor-auto com Jeep. Estes Furriéis Mil, por quase imposição minha, foram dispensados pelo Comandante de prestar serviços de sargento de dia e de prevenção do Batalhão enquanto as descargas ou cargas durassem. Como os movimentos eram práticamente continuos, alguns Furriéis Mil poucos serviços fizeram, o que deu algum “atrito” com os Sargentos do Quadro, mas
sem hipóteses para estes, pois os resultados da acção começaram a ser evidentes.

As viaturas encostavam ao navio e as lingadas iam directamente para estas. Que grande diferença. E então o tempo poupado logo na carga das viaturas foi notório. Mesmo assim a quebra continuava grande e, a vinda do cimento ainda demorava, bom, como o calor era muito, nas minhas voltas encontrei viaturas civis, que trabalhavam á hora, encostadas a descansar á sombra em percursos alternativos. Também me chegou ás orelhas que algumas paravam para “conversar” nalgumas obras civis em curso. 

Como também havia descarga de cimento para firmas civis, por vezes simultaneamente, foi dificil perceber se essas viaturas eram dessas firmas ou nossas. (tendo acabado com uma dessas conversas, ainda um “sacana” da Pide que era empregado num restaurante local, me tentou demover com um falso facto por ele criado para me chantagear, mas teve azar e ficou bem caladinho depois). 

Acção: Mandei comprar cartolina amarela e recortámos castelos de Engenharia, com cerca de 40 cms de altura que colávamos no lado direito do parabrisas. Tiro certeiro, não mais as encontrei a descansar.

Acção: as viaturas eram registadas com a hora de saída do cais e registada a hora da sua entrada no Batalhão na porta de armas (o que nunca tinha sido feito antes).

Acção: Verifiquei também que era dificil ir acompanhando o volume da descarga, quanto tinha
sido desembarcado e quanto faltava, pois a quantidade de sacos variava por viatura,.

Acção: Cada viatura, independentemente da capacidade apenas transportava 100 sacos. (Aqui ainda me “chatearam” porque perdia capacidade de carga de algumas maiores).

Quando por necessidade e possibilidade utilizámos as plataformas estas só traziam 400 sacos. Assim o controle bastava ser por viatura e já não era preciso contar os sacos á chegada ao depósito.

Controlo total. Muitas horas de aluguer poupadas. Menos viaturas civis contratadas. As viaturas eram contratadas pelo QG mas havia uma muito interessante, que fazia sempre um bom serviço e era sempre contratada. ( De quem seria?, mas tudo legal, e não não era minha, um abraço para Tondela). Maior rapidez na descarga e recepção no depósito do Batalhão.

E, imprevisto: Os autos de recepção deixaram de mencionar quebras!

Mais ainda, O BENG 447 começou a ter mais cimento do que lhe era destinado ! Porquê?
Eis o segredo, com a devida vénia e, se algum dos intervenientes estiver a ver, as minhas desculpas.
Realmente ainda ficava bastante cimento no porão do navio dos sacos que se rompiam(e já não no cais devido á descarga direta).

Pedi, no que fui atendido, na carpintaria do Batalhão, que me fizessem umas caixas de madeira com 1 m3  de capacidade com 4 mosquetões na parte de cima aberta. E, no fim da descarga dos sacos, os “estivadores” enchiam, à pazada, as caixas que eram enviadas para o nosso depósito. Ora como as firmas civis que também importavam cimento não se podiam dar a esse luxo... Sem nossa intenção, o cimento dos sacos deles que se tinham rompido misturava-se com o nosso...

No fim de uma dessas maravilhosas descargas ainda tive a visita no Batalhão de um senhor importante do comércio local que me acusou de trazer cimento dele. Educadamente o acompanhei ao depósito onde lhe disse que todos os sacos com a sua marca que eventualmente encontrasse os poderia levar, assumindo eu a culpa de os ter indevidamnete trazido. É óbvio que não encontrou nenhum, o cimento a granel não tinha marca... E, já não muito educadamente, o acompanhei á saída do Batalhão.

Não posso esquecer como todos colocámos o grande espaço do PTE o seu parque de viaturas e suas instalações bem limpas e arranjadas, até com alguma sinalização!

Este poste já vai longo e, em breve, tentarei enviar outro a relatar mais episódios que agora relembrados possam ter algum interesse nostálgico após mais de 50 anos.

E, camaradas daqueles tempos no BENG 447, apareçam no próximo almoço, para trocarmos impressões sobre o que esrevi acima e mais que nos ainda lembramos. (***)
__________

Notas do editior:

(*) Vd. poste de 10 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23252: 18º aniversário do nosso blogue (14): até meados de 1971, o Serviço de Reordenamentos do BENG 447, com o apoio das unidades militares e as populações locais, construiram 8 mil casas cobertas a colmo e 3880 cobertas a zinco

(**) Vd. postes  de:

6 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23147: Convívios (922): XXXVII Encontro Nacional dos Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 - Brá/Bissau/Guiné, a ter lugar no dia 25 de Junho de 2022 na Tornada/Caldas da Rainha (Lima Ferreira, ex-Fur Mil)

(***) Último poste da série > 8 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22790: Reavivando memórias do BENG 447 (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, cmdt do Pelotão de Transportes Especiais, Brá, 1968/71) - Parte IX: Qual a razão da minha ida da RMA para o CTIG ? Duas histórias... A autorização, anual, passada pela PIDE para poder entrar a bordo dos navios no porto de Bissau, e o "motorista" protegido do capitão da Polícia Militar......

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Guiné 61/74 – P23277: (Ex)citações (408): Os Serviços de Reordenamento da Guiné pelo BENG 447 e tropas de quadrícula, apoiados pelas populações locais (José Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 16 de Maio de 2022 onde nos fala, a pedido do editor Luís Graça, da cooperação da 3327 com a população no reordenamento de  de Bissássema:

Mano Carlos, amigos e companheiros,
O Luís Graça sugeriu que um simples comentário meu fosse publicado como “poste” e pediu-me a adição de mais algumas fotos.
Tal como afirmei no comentário inicial, a minha integração nas tropas africanas da Guiné aconteceu alguns dias antes da CCaç 3327/BII17, a minha companhia ter ido para Bissássema, subsector de Tite. Fiz os possíveis para me colocar no “terreno”, mas admito a possibilidade de alguma falha factual. As fotos que tenho foram-me cedidas por diferentes fontes, a quem presto a devida vénia.


Dito isto, para além do serviço militar da sua responsabilidade nas matas da Guiné, importa realçar o trabalho insano desenvolvido por aquela CCaç 3327/BII17 em prol das populações daquela zona e que perduraram no tempo.
Sem lá ter estado, os meus companheiros daquela companhia certamente compreenderão no meu desabafo, o orgulho que ainda hoje sinto pelo seu trabalho, pela sua abnegação, pelo seu sacrifício, pelo respeito pelas populações locais, pelo seu companheirismo, pela amizade que desde então perdura entre todos.


Este foi o comentário que fiz ao Poste Guiné 61/74 - P23252: 18º aniversário do nosso blogue (14): até meados de 1971, o Serviço de Reordenamentos do BENG 447, com o apoio das unidades militares e as populações locais, construiram 8 mil casas cobertas a colmo e 3880 cobertas a zinco e que mereceu a atenção do Luís Graça:

"Caros amigos e companheiros,
Eu saí para as tropas africanas nas vésperas da minha companhia, a CCaç3327/BII17, ir para o sector de Tite. Os dados que a seguir registo foram tirados da História da Unidade e de alguma consulta com os meus companheiros que lá estiveram.
A CCaç 3327/BII17 assumiu a responsabilidade de Bissássema, subsector de Dita, no dia 19 de Novembro de 1971, altura em que deu início a uma das suas responsabilidades, o reordenamento de Bissássema. Com a ajuda das populações daquele local, até ao fim do mês de Maio de 1972, construiu 100 (cem) casas cobertas a zinco. Relembro aqui que era Chefe de Tabanca o guineense Augusto, várias vezes referenciado em outros artigos.
Após a construção daquelas casas, ainda antes do tempo das chuvas, a companhia construiu mais um edifício para ser usado como messe da oficiais e sargentos. Os edifícios destinados ao aquartelamento também sofreram remodelações com a cimentação de paredes e chãos, sendo que a cantina das praças foi aumentada para sala de convívio.
Durante o período foi acabada a estrada e alcatroamento da que ligava Bissássema a Tite. Também foi construído um furo artesiano, tendo a CCaç 3327/BII17 procedido à construção dos fontenários. Também se fez a electrificação do perímetro. Também se procedeu à abertura e manutenção de uma agropecuária que visava a melhoria da agricultura e das espécies animais.
E mais, talvez a melhor obra da CCaç 3327, pelo impacto que poderá ter tido na vida das pessoas, sobretudo as crianças de então, foi a construção de duas escolas e o professorado (por militares) do ensino primário. Para o interesse que possa ter para a nossa história, a companhia tinha duas equipas na construção das casas. Não posso precisar o número de militares em cada equipa, mas o pessoal envolvido andaria por um pouco mais de duas secções e junte-se a isso um pelotão destacado em Tite. A falta desses efectivos nas actividades militares era compensada com a adição de dois grupos de milícias, os Pelotões de Milícias n°s 294 (38 milícias) e 295 (39 milícias) perfeitamente integrados nos grupos de combate da companhia.”

Foto 1 – Construção de uma casa no Reordenamento de Bissássema. Na foto o 1.° Cabo At Inf José Silveira Leonardes, o Sold At Inf João Lourenço de Avelar Ventura e o Sold At Inf Idalmiro Neves de Melo procedem à cobertura da nova casa.
Foto 2 – Aspecto da Tabanca de Bissássema. Os dois primeiros edifícios faziam parte do aquartelamento.
Foto 3 – Coluna auto onde são bem visíveis elementos da CCaç 3327 e dos Pelotões de Milícia (desconheço o nome dos dois milícias na foto). De frente para nós, na fila de trás, da esquerda para a direita: o 1.° Cabo Jorge Manuel da Ponte Moniz (já falecido) e o Furriel Mil Henrique Francisco Garrido. Com as costas viradas para nós e pela mesma ordem, o 1.° Cabo Telegrafista Álvaro Ferreira Pereira, o Sold Manuel Alberto da Silva Rocha (já falecido) e o 1.° Cabo Carlos Manuel da Silva.
Foto 4 – Da esquerda para a direita: o Sold At Inf NM 11532470, Raimundo Henrique da Silva, (já falecido) e o 1.° Cabo At Inf NM José Marcelino Gonçalves de Sousa, no regresso de uma operação à Península da Junqueira onde foi apreendido algum material IN.
Foto 5 – 1.° Cabo José Sousa (CCaç 3327/BII17) junto do Monumento da CCav 2765 aos seus mártires de guerra.
Foto 6 – O mesmo monumento, mas do outro lado, com a inscrição da CCaç 3327 com o cuidado em juntar a inscrição dos Pelotões de Milícias.
Foto 7 – Cópia de um documento da História da Unidade referindo a visita do Ministro da Defesa Horácio Sã Viana Rebelo.
Foto 8 – O Alferes Agostinho Morgado Barata Neves (2), se bem julgo saber, na altura a comandar o aquartelamento de Bissássema, cumprimentando o Ministro da Defesa, Horácio Sá Viana Rebelo. O Alferes Francisco João Magalhães (1), coadjuvado que foi pelo Fur Mil Manjuel Lopes Daniel e, no impedimento deste, pelo Fur Mil João Alberto Pinto Cruz, era o oficial responsável pelas construções do Reordenamento de Bissássema, aguarda a sua vez para cumprimentar o Ministro da Defesa Nacional. Entre outros oficiais, o General Spínola (3) acompanhou esta visita Ministerial.
Foto 9 – Documento retirado da História da Unidade que atestam alguns dos trabalhos realizados pela CCaç 3327/BII17 no reordenamento de Bissássema e arredores (escolas de Feninque e Fóia. Estes trabalhos prolongaram-se e foram concluídos no mês de Novembro e primeira semana de Desembro.
Foto 10 – Elementos da CCaç 3327/BII17 na capinação e limpeza do auqrtelamento de Bissássema.
Foto 11 – O 1.° Cabo At Inf Carlos Manuel Fragoso de Medeiros conduzindo as suas tropas, devidamente “fardadas” para o tempo, os alunos (as) da escola primária mantida pela CCaç 3327/BII17.

O ensino escolar foi, certamente, uma boa herança deixada pela CCaç 3327 na então Província Ultramarina da Guiné.

Abraço transatlântico.
José Câmara
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Nota do editor

Vd. poste de 10 de Maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23252: 18º aniversário do nosso blogue (14): até meados de 1971, o Serviço de Reordenamentos do BENG 447, com o apoio das unidades militares e as populações locais, construiram 8 mil casas cobertas a colmo e 3880 cobertas a zinco

Último poste da série de 8 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 – P23247: (Ex)citações (407): Pedaços da vida militar. A tropa e o caminho rumo à Guiné. (José Saúde)

terça-feira, 10 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23252: 18º aniversário do nosso blogue (14): até meados de 1971, o Serviço de Reordenamentos do BENG 447, com o apoio das unidades militares e as populações locais, construiram 8 mil casas cobertas a colmo e 3880 cobertas a zinco


Capa do livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia". Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6. Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes.


Guiné > Região do Cacheu > Bissássema > c. 1971/73 > Construção de uma casa no reordenamento de Bissássema. Na foto: 1.º Cabo José Leonardo e os Soldados João Ventura e Idalmiro Melo da CCAÇ 3327 (Teixeira Pinto e Bissássema, 1971/73).. Foto de José Leonardo, cedida por José da Câmara.

Foto (e legenda): © José Leonardo / José da Câmara (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Na celebração do 18º aniversário do nosso blogue (*), vamos também repescar postes que, por um razão ou outra, não tiveram a devida divulgação, ou têm informação relevante para os nossos leitores mais recentes. 

É o caso, por exemplo, deste poste, sobre os reordenamentos populacionais (**). Merece ser reeditado, pela quantidade e qualidade da informação técnica, para mais sendo  da autoria do então cap mil art, Fernando Valente (Magro), que chefiava os competentes serviços, no BENG 447 (Brá, 1970/72). 

Foi mobilizado para o CTIG aos 33 anos, sendo já na vida civil engenheiro
técnico. Hoje está reformado, e é, além disso, escritor. Faz também hoje 86 anos de idade, sendo o mais velho dos elementos do Núcleo de Combatentes da Família Magro: foram ao todo seis os manos Magro que fizeram o serviço militar ao tempo da guerra do ultramar / guerra colonial, tendo estado  três na Guiné, um em Angola, outro em Moçambique e outro ficou por cá, como suplente.  Três dos manos Magro integram a Tabanca Grande, o Fernando,o Abílio e o Álvaro.

O Fernando Vicente (Magro) é membro da Tabanca Grande desde 5/7/2013, tem 36 referências no nosso blogue, é autor do livro (e da série) "Memórias da Guiné" (Lisboa: Edições Polvo, 2005, 86 pp.). Viveu na Guiné, em 1970/72, com a esposa e o filho.

Os reordenamentos populacionais

por Fernando Magro (**)


Fui colocado nos Serviços de Reordenamentos Populacionais. Inicialmente, e durante cerca de dois meses, trabalhei no Planeamento, no Comando-Chefe, na Amura. E depois chefiei os Serviços no Batalhão de Engenharia 447, em Brá.

Tratava-se de um serviço dirigido por militares destinado essencialmente às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas" com o fim de constituir médios aldeamentos onde fosse rentável dotá-los com algumas infra-estruturas, tais como: escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para gado, mesquitas ou capelas.

Além disso tinha-se também em vista, com a execução do Reordenamento, a defesa e controlo da população.

Na Amura estava à frente dos Serviços o major Matos Guerra, indivíduo muito instável e nervoso. Foi substituído, passados alguns meses, pelo major Carlos Azeredo que mais tarde foi chefe da Casa Militar do Presidente Mário Soares, comandante da Região Militar Norte, Governador da Madeira...

No Comando-Chefe eram decididos os trabalhos a realizar e de lá chegavam ao Batalhão de Engenharia ordens da natureza desta que a seguir transcrevo:

"From: Comchefe POP
To: Batengenharia

Mande comprar materiais para construir um Pool de: 1.550 casas zn; 50 T2; 40 escolas; 10.000 m de arame farpado. Deve indicar urgentemente a este necessidade aquisição ferramentas."


No Batalhão de Engenharia 447 foi organizado um mapa de medições para os vários tipos de construção e de acordo com essas medições assim eram quantificados os volumes de materiais a adquirir bem como colecções de ferramentas necessárias para a execução dos trabalhos.

Para, por exemplo, 60 casas T2, havia necessidade de adquirir:

  • 11.700 ripas; 
  • 780 kg de pregos n.º 15; 
  • 600 kg de pregos n.º 7; 
  • 480 kg de pregos zincados; 
  • 420 anilhas de chumbo 6/8";
  • e 8.520 chapas de zinco.

As paredes das construções eram em adobe, que os beneficiários eram incumbidos de executar, o que faziam bem, amassando terra argilosa com palha e secando os adobes ao sol.


A armação das coberturas das construções era em rachas de cibe (árvore da família das palmeiras). Um tronco dessa árvore aberto em duas partes e cada uma dessas metades aberta de novo ao meio dava origem a quatro rachas de cibe.

Os cibes eram adquiridos pelo Batalhão de Engenharia. Tinham de respeitar normas específicas: 
  • terem determinados metros de comprimento;
  • serem secos;
  • possuírem uma certa secção; 
  • e não fazerem qualquer curvatura, de modo que, quando aplicados, não apresentassem flecha.

As unidades militares em cuja área se executavam reordenamentos tinham interesse em adjudicar o fornecimento das rachas de cibe aos indí­genas da região. Dessa maneira, estando ocupados, deixavam de fazer a guerrilha, além de materialmente poderem beneficiar de modo a satisfazerem algumas das suas aspirações.

As obras eram geridas e supervisionadas pelo pessoal da Unidade Militar da área. Geralmente era nomeado um alferes, um furriel e dois cabos (um carpiteiro e o outro pedreiro nas suas vidas civis) para fazerem um estágio de alguns dias no Batalhão de Engenharia da Guiné onde praticavam na construção de algumas casas.

Havia pelo menos:
  •  uma casa no início de construção, na fase das fundações; 
  • outra com as paredes exteriores em execução; 
  • outra ainda com as paredes interiores e a armação do telhado a serem realizadas;
  •  e finalmente uma outra em fase de acabamento. 


Essa equipa, depois de ficar devidamente elucidada sobre o modo de construção das casas, regressava às suas unidades e ficava responsável pela execução dos trabalhos na sua área.

Como já referi, os materiais eram fornecidos pelo Batalhão de Engenharia à exepção dos adobes que eram executados pelos nativos. Quanto às rachas de cibe, ou eram obtidas na própria área das construções ou fornecidas pelo Batalhão de Engenharia.




Construção de uma casa no reordenamento de Bissássema. Na foto: 1.º Cabo José Leonardo e os Soldados João Ventura e Idalmiro Melo da CCAÇ 3327

Foto: © José Leonardo, cedida por José da Câmara


No Comando-Chefe era elaborado um plano de urbanização (se assim se podia chamar) com a planta dos arruamentos e a disposição das casas e a localização das várias infra-estruturas.

O local dos reordenamentos também era escolhido pelo pessoal do Comando-Chefe e naturalmente tinha em linha de conta a possibilidade de as terras próximas serem agricultáveis e a defesa das populações poder ser viabilizada.

No decurso das obras sempre que havia qualquer problema de ordem técnica,  o Batalhão de Engenharia dava o respectivo apoio.

Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou de avião (Dornier) a que chamávamos DO. Fiquei, então, com uma visão geral da Guiné. Desloquei-me para o sul. Estive em Cufar, Catió e Cacine. No norte estive em Binta e Farim. Para leste fui a Bafatá, Bambadinca, Nhabijões, Nova Lamego e Buruntuma.

Nas férias da Páscoa de 1971 passei alguns dias na Ilha de Bubaque, no Arquipélago de Bijagós.

Mais perto de Bissau desloquei-me de automóvel diversas vezes a Nhacra, Safim, João Landim e ao Cumeré.

Na minha actividade, integrado no Batalhão de Engenharia, estive sempre atento para que nunca faltasse material nem ferramentas nos locais dos reordenamentos, pois o General Spí­nola fazia muitas viagens para o interior de helicóptero e sempre que via do ar um reordenamento em execução ordenava que o piloto aterrasse para poder visitar as obras.

O meu receio era que alguém, alguma vez, se queixasse da demora do envio de materiais por parte do Batalhão de Engenharia para justificar um possível atraso na execução dos trabalhos. Isso, porém, que eu saiba, nunca aconteceu.

Por outro lado era absolutamente necessário que na proximidade da época das chuvas as casas estivessem com a cobertura executada, cobertura essa que se prolongava para além das paredes exteriores mais de um metro, formando um terraço coberto à volta das casas, pois se assim não fosse as paredes de abobe, sem qualquer protecção, eram destruí­das pelas chuvas.

Desta minha actividade houve um facto que me poderia ter trazido graves consequências se não tivesse procedido com firmeza imediatamente após ter dele conhecimento.

Um coronel foi um dia oferecer-se ao meu Comandante (Tenente-Coronel Lopes da Conceição, já falecido com o posto de General) para promover o corte de rachas de cibe na área do seu Batalhão e posterior fornecimento à Engenharia das mesmas.

O meu Comandante chamou-me ao seu gabinete. Apresentou-me o Coronel e disse-me o que ele pretendia.A ideia do Coronel era pôr os nativos da região da sua Unidade militar a trabalhar na floresta, dando-lhes oportunidade de auferirem algum rendimento.

Uma vez que se tratava de um material imprescindí­vel para as obras que tinha em curso, e embora na área do Batalhão que o Coronel Comandava não houvesse qualquer reordenamento, aceitei imediatamente a proposta e indiquei as condições em que se teria de fazer o fornecimento: o custo e as normas específicas que as rachas de cibe tinham de respeitar.

Dei-lhe mesmo um pequeno caderno de encargos-tipo que teria de ser seguido.

Passados uns tempos o Primeiro Sargento que comigo colaborava apresentou-se no meu gabinete e, depois da continência militar, bradou:

- O meu Capitão já viu os cibes que estão a ser depositados à volta do campo de futebol?
- Não.
- Se o meu Capitão tivesse alguns minutos disponí­veis propunha-lhe que os visse.

Levantei-me e fui com o Primeiro Sargento até ao local onde estavam depositados os cibes. Tinham vindo da área do Batalhão do tal Coronel. As rachas de cibe eram verdes, arqueadas e com secção inferior à das normas.

Fiquei furioso. Encaminhei-me imediatamente para a Central Rádio e lá redigi uma mensagem que mandei emitir, que dizia mais ou menos isto:

"As rachas de cibe recebidas no Batalhão de Engenharia não respeitam as normas específicas de que lhe foi dado conhecimento. Não serão aceites nem pagas por este Batalhão pelo que deverá mandar retirá-las do local onde foram depositadas."

Esta guerra das rachas de cibe para mim tinha acabado, julgava eu. Mas não. Volvidos alguns dias sobre este acontecimento, o meu Comandante mandou-me chamar ao seu gabinete. Muito sisudo, disse-me que o Coronel (não pretendo mencionar o seu nome) se tinha queixado de mim ao General Spí­nola por causa de uma mensagem rádio que eu lhe tinha enviado.

Contei-lhe a história e convidei o Comandante a deslocar-se ao campo de futebol onde ainda estavam depositadas as rachas de cibe. Pegou no pinguelim, pôs a sua boina e para lá nos dirigimos.

Depois de ter constatado no local em que condições foram fornecidas as rachas de cibe, disse-me:
- Tem toda a razão. Não se preocupe mais com isso. Eu tratarei do assunto com o nosso General.

Na mensagem que enviou poderia ter sido menos duro, mas não tenho dúvidas que fez o que devia.

Soube mais tarde que o General Spí­nola apreciou a minha atitude e, evidentemente, não concordou com a maneira de agir do Coronel nessa sua iniciativa.

Em Julho de 1971 deslocou-se à Guiné uma delegação da ONU. Como dessa visita constava a sua passagem pelo Batalhão de Engenharia 447, os Serviços de Reordenamentos Populacionais tiveram de redigir um pequeno memorando, a fim de elucidar os elementos dessa delegação sobre as suas actividades, memorando que transcrevo adiante:

Serviço de Reordenamentos Populacionais
 
ActividadesApoio técnico e de materiais às obras de reordenamentos.

Cada reordenamento é constituído por:

  • um número determinado de casas de adobe destinadas à população; 
  • uma ou duas casas de adobe também, mas com melhor acabamento destinadas aos chefes; 
  • uma ou duas escolas em blocos de cimento; 
  • um posto sanitário em blocos de cimento; 
  • um ou dois cercados para gado; 
  • fontanários; 
  • bebedouros e lavadouros.

Prevê-se futuramente uma construção destinada ao culto religioso.

O Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia elaborou as Instruções de Reordenamentos, onde constam normas e pormenores das construções, desenhos, sequência de trabalhos, medições, orçamento e quadro resumo dos materiais necessários.

Tem o Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia habilitado inúmeros oficiais, sargentos e cabos com o estágio de reordenamentos. Esses elementos, formando equipas constituídas por um oficial (alferes), um encarregado de obras (furriel),  um pedreiro (cabo) e um carpinteiro (cabo) executaram no interior da província com a colaboração das populações, cerca de 8.000 casas cobertas a colmo e 3.880 cobertas a zinco nos últimos anos.

O Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia 447 tem apoiado essas construções com material e, quando solicitado, tem prestado assistência ténica localmente.

A esse volume de trabalho correspondem as seguintes quantidades de materiais:

  • Rachas de cibe - 542.000
  • Chapas de zinco - 550.960
  • Ripas - 756.600 metros
  • Pregos - 120.280 kg
  • Anilhas de chumbo - 27.160 kg
  • Cimento - 19.400 sacos
[ Revisão / fixação de texto, para  efeitos de publicação deste poste no nosso blogue: LG ]

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Notas do editor