Ana Ferreira Carneiro, na sua casa da Madalena, Vila Nova de Gaia, em 19/6/2019, no dia do casamento do filho mais novo, mas já com o diagnóstico da doença, a mielodisplasia, que deveria estar na origem da sua morte, quatro anos depois, em 24 de março de 2023. Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] A Tabanca de Candoz ficou mais pobre, a partir de anteontem, com a morte da "Nitas"... Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 15/1/1947 - Porto, 24/3/2023) A engenheira técnica Ana Carneiro, carinhosamente conhecida por "Nitas", formou-se em 1973 e trabalhou desde então, e durante quatro décadas, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, no departamento de Engenharia Química, Laboratório de Tecnologia Química. Fez parte, já reformada, de vários grupos musicais (coros e cavaquinhos). Era irmã da Alice Carneiro e cunhada do nosso editor Luís Graça. Era casada com o Augusto Pinto Soares, "Gusto", economista, e gestor, reformado, mãe do médico José Soares e do inspetor tributário Luís Filipe. Tinha dois netos. Morava na Madalena, Vila Nova de Gaia. As cerimónias fúnebres realizaram-se em dois locais: (i) igreja do Padrão da Légua, São Mamede de Infesta, Matosinhos, com velório a partir das 18h00: missa de corpo presente às 10h00, amanhã, sábado; (ii) seguindo depois o féretro para a sua terra natal, que ela tanto amava; o corpo desceu à terra por volta das 15h00, no cemitério da freguesia de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. |
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 7 de setembro de 2013 > Juntou mais de 100 pessoas. A festa realiza-se há cerca de 30 anos. A última tinha sido em 2011.
Neste vídeo mostra-se a exibição de um grupo de mulheres da família que cantam lindamente os tradicionais cantaréus da região do Douro Litoral (que só podem ou devem ser cantados pelas mulheres, e estão hoje praticamenmte extintos, o termo aliás nem sequer está, lamentavelmente, grafado pelo Dicionário Periberam da Língua Portuguesa): "Nitas", Mi, São (mulher do maior violonista da região, Júlio Veira Marques, também presente na festa, nosso camaradas da CCAÇ 1418, Bissau, Bula, Buruntuma, Camajabá, Ponte Caium e Fá Mandinga, 19654(/67)... e Dolores Carneiro... A "Nitas" está de óculos escuros e xaile tradicional.
Vídeo (1' 59''). Alojado em You Tube / Luís Graça (2013) (*)
1. Oração fúnebre dita da missa de corpo presente, igreja do Padrão da Légua, Matosinhos, dia 15 de março de 2023, cerca das 11h00 (**):
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
(Vd. aqui a interpretação do Coro Académico da Universidade do Minho com o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho: Ó farol de Montedor - Trad. do Minho / harm.: Mário Nascimento XIII Encontro de Coros Universitários - 2017)
3. Joaquim Costa comentou na Tabanca Grande Luís Graça, com data de 24 de março último:
Amigo Luís, é nestes momentos que as palavras nos faltam para exteriorizar a tristeza que nos aperta o coração, pelo amigo que perde alguém muito querido.
As minhas condolências a toda a família e amigos da minha colega Eng Tec, que não tive o prazer de conhecer mas que com certeza nos cruzámos nos corredores do então IIP - Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP)
(*) Vd. 24 de setemebro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I
Querida Nitas:
Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.
Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...
Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.
Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).
Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.
Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.
E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.
Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenhria do Pporto e dos grupos do coro e do cavaquinho…
Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros. Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!
Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.
Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...
Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.
Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).
Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.
Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.
E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.
Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenhria do Pporto e dos grupos do coro e do cavaquinho…
Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros. Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!
Luís Graça
2. Letra da canção do cancioneiro minhoto, "Ó Farol de Montedor", interpretado por um coro "ad hoc" (sem acompanhamento instrumental), Cemitério de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 25 de março de 2023, 15h00
Ó Farol de Montedor
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Instrumental
Eu perdi o meu amor, ó ai, ó ai
Eu perdi o meu amor,
Foi-se embora o meu amor, ó ai, ó ai
Foi-se embora o meu amor,
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Instrumental
Eu perdi o meu amor, ó ai, ó ai
Eu perdi o meu amor,
Às escuras não no acho, ó ai, ó ai
À escuras não no acho, ó ai, ó ai
Instrumental
É noite, e o sol já está posto, ó ai, ó ai
É noite, e o sol já está posto
À escuras não no acho, ó ai, ó ai
Instrumental
É noite, e o sol já está posto, ó ai, ó ai
É noite, e o sol já está posto
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
Instrumental
Ou o mataram a ele, ó ai, ó ai
Ou o mataram a ele,
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
Instrumental
Ou o mataram a ele, ó ai, ó ai
Ou o mataram a ele,
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai
Ó farol de Montedor,
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai
Ó farol de Montedor,
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Instrumental
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Instrumental
Foi-se embora o meu amor, ó ai, ó ai
Foi-se embora o meu amor,
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Amigo Luís, é nestes momentos que as palavras nos faltam para exteriorizar a tristeza que nos aperta o coração, pelo amigo que perde alguém muito querido.
As minhas condolências a toda a família e amigos da minha colega Eng Tec, que não tive o prazer de conhecer mas que com certeza nos cruzámos nos corredores do então IIP - Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP)
Um grande abraço deste amigo que muito te considera.
Joaquim Costa
______________
Notas do editor:
Notas do editor:
(*) Vd. 24 de setemebro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I