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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26224: Recortes de imprensa (141): Morreu aos 80 anos o comandante do PAIGC, Júlio de Carvalho ("Julinho"), e também primeiro cmdt das Forças Armadas de Cabo Verde ("A Semana", de 26nov2024)


Júlio de Carvalho (1943 - 2024).
Foto. Cortesia de ACOLP / A Semana,
 26nov2024

1. Recorte de imprensa que nos chega através do nosso amigo e camarada Zeca Macedo
 (ex-2º tenente fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008):


Data . terça, 26/11, 14:06


Luis, junto te envio anoticia publicada hoje, dia 26 de Novembro, sobre o falecimento do Comandante Júlio Carvalho, um dos heróis da Luta pela Independência de Cabo Verde (e da Guiné)

 Ab, Ze Macedo

2. Recortes de imprensa  > Óbito: Faleceu Júlio de Carvalho o primeiro comandante das Forças Armadas de Cabo Verde

A Semana, 26 nov 2024


Faleceu na madrugada de hoje, na cidade da Praia, o primeiro comandante das Forças Armadas de Cabo Verde, Júlio de Carvalho, também combatente da liberdade da Pátria, comunicou a Associação dos Combatentes da liberdade da Pátria (ACOLP).

Julinho Carvalho, como era conhecido, de acordo com a ACOLP, nasceu no Mindelo a 27 de Janeiro de 1943, estudou no Liceu Gil Eanes, onde se destacou pela sua “participação apaixonada” pelas atividades desportivas, tendo inclusive integrado a seleção de voleibol do referido liceu.

Nessa altura, refere um comunicado da ACOLP, com Abílio Duarte, toma conhecimento dos ideais da luta pela independência de Cabo Verde desenvolvida pelo PAIGC, com as quais ele logo se simpatizou, tendo em 1961 viajado para Portugal onde se inscreve como estudante de Engenharia Química,  juntamente com Amaro da Luz, Tito Ramos, e outros estudantes nacionalistas.

“Decidido a exercer um papel activo na luta encabeçada pelo PAIGC, nos finais de 1964, Julinho foge para Paris onde se junta a Manecas Santos, Manuel Delgado, Joaquim Pedro Silva e Olívio Pires. Sob a orientação de Pedro Pires, ele participa na mobilização de um grupo de cabo-verdianos emigrantes na região de Moselle, na França”, lê-se no comunicado da ACOLP.

Júlio de Carvalho, segundo explica ACOLP, integrou a luta armada em Kandjafara, como comandante de artilharia da Frente Sul e, em Maio de 1973, participou na operação que culminou com a tomada do quartel fortificado de Guiledge, prenunciando o fim da ocupação portuguesa na Guiné.

Após o 25 de Abril de 1974, participou nas primeiras negociações com militares portugueses realizados a 15 de Julho, em Cantanhez, no sul da Guiné, visando o estabelecimento de um cessar fogo na Guiné, tendo em fins de 1974, depois da Independência da Guiné, permanecido em Bissau onde, durante cinco anos, exerceu as funções de comissário político das Forças Armadas.

Depois do golpe de Estado de 1980,  estabeleceu-se em Cabo Verde onde exerceu funções de ministro do Interior, primeiro e, de seguida, ministro da Defesa e Segurança, no último mandato de Pedro Pires como primeiro-ministro.

Com a derrota eleitoral do PAICV, fixou residência no Sal onde viveu nos últimos tempos como empresário.

Júlio de Carvalho foi membro da Comissão Política do PAICV e durante toda a sua vida de luta evidenciou, conforme a ACOLP, um “grande patriotismo” como “um elevado espírito de sacrifício e dedicação” em prol de Cabo Verde.
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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26200: In Memoriam (518): Lúcia Bayan († 26 de Novembro de 2024): Doutorada em Estudos Africanos e colaboradora do nosso Blogue em assuntos do Chão Felupe (Mário Beja Santos)

IN MEMORIAM

Doutora Lúcia Bayan (†24 de Novembro de 2024)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,

O que me deslumbrava nesta investigadora era o entusiasmo que punha nas histórias que tinha vivido em território Felupe, onde fez tarimba para o seu doutoramento, que se realizou em 2023. Terá deixado um acervo impressionante de imagens, bom seria que um dia viessem a ser publicadas, algumas delas são verdadeiramente esplendentes, o que mais me impressiona é o entusiasmo que está por detrás da sua captação. 

Algumas das imagens que estão publicadas no blogue têm a ver com o sentido festivo do povo Felupe, e a Lúcia enriqueceu o nosso reportório com os marcos de fronteira, oxalá que a sua tese de doutoramento mereça o melhor acolhimento das instâncias universitárias guineenses e da comunicação social.

Um abraço do
Mário



Morreu Lúcia Bayan, nossa colaboradora, os Felupes estão de luto

Mário Beja Santos

Conheci a Lúcia quando, através do meu amigo Eduardo Costa Dias, ela pediu para falarmos sobre documentação do General Arnaldo Schulz, que estava em poder de uma sobrinha dele. Examinei a documentação, nada era desconhecido, salvo um conjunto de fotografias, para as quais sugeri destino, havendo uma delas pedido de autorização para ser publicada no nosso blogue, como aconteceu.

 Palavra puxa palavra, e íamos falando regularmente sobre o seu doutoramento, a sua paixão, temas da cultura Felupe. Doutorou-se, parecia ter a vida num trilho esplendente, e ontem o Eduardo Costa Dias deu-me a infausta notícia da sua partida. 

A Lúcia colaborou no nosso blogue, como hoje se relembra, um texto primoroso, imagens belíssimas de um povo que ela estudou in loco, há para ali imagens de grande significado, e não são só os marcos de fronteira. Levava os estudos africanos muito a sério, numa abrangência de etnologia, etnografia, antropologia, conhecimento histórico (e aqui estudava afincadamente os Djolas, ramo étnico onde avultam os Felupes).

Esta etnia, digo-o cheio de comoção, perdeu uma investigadora de grande mérito, a cultura luso-guineense fica mais pobre. E não voltaremos a ter o colorido das imagens que a Lúcia nos ofereceu, que tristeza. 

Junta-se a sua colaboração em texto e imagens um apontamento radiofónico sobre histórias que ela investigou e deu a conhecer tanto na Guiné-Bissau como em Portugal.

 Curvo-me respeitosamente perante a sua memória.

Ver colaboração no Blogue em:

15 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20560: Antropologia (35): Djobel, uma tabanca vítima das alterações climáticas, por Lúcia Bayan (Mário Beja Santos / Lúcia Bayan)
e
22 de Janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20584: Antropologia (36): As insígnias de autoridade dos Felupe e Marcos no Chão Felupe, por Lúcia Bayan (Mário Beja Santos / Lúcia Bayan)
Belíssimas fotos do Chão Felupe da autoria de Lúcia Bayan, publicadas no nosso Blogue

Link que contém a sua entrevista sobre a narrativa oral Felupe (Fumaça.pt) :

Foto com a devida vénia

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CV de Lúcia Bayan - Resumo

Doutorada em Estudos Africanos pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, mestre em Estudos Africanos pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e licenciada em Estudos Africanos pela Universidade de Lisboa.

- Entre 2011 e 2013 foi bolseira de investigação no Centro de Estudos Africanos do ISCTE-IUL no âmbito do projecto "Sociedades africanas face a dinâmicas globais: turbulências entre intervenções externas, migrações e insegurança alimentar" (PTDC/AFR/104597/2008).

- Entre 2013 e 2017 foi bolseira de Doutoramento FCT em Estudos Africanos (SFRH/BD/88278/2012) no Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL), onde desenvolveu uma tese intitulada Linguagens de poder, cadeias iniciáticas, identidade e coesão na sociedade Felupe (Guiné-Bissau).

- Em 2017, participou no projecto de recolha e edição de música tradicional infantil "I NO BALUR", fazendo pesquisa e recolha de música tradicional infantil na Guiné-Bissau.

- Desde 2009, tem desenvolvido trabalho de terreno continuado na Guiné-Bissau, centrado nas estruturas políticas da sociedade Felupe.

Principais áreas de interesse: as estruturas políticas tradicionais e organização social das sociedades rurais africanas.

Qualificações Académicas:

- ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa - Doutoramento Estudos Africanos - 2023

- ICS - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa - Curso Livre O Estudo da Política em África: métodos, objectos e temas de investigação - 2017

- ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa - Curso Livre Documentário Etnográfico Interactivo - 2014

- ISCTE - Istituto Universitário de Lisboa - Portugal - Lisboa - Mestrado Estudos Africanos - 2010

- Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras - Portugal - Lisboa - Licenciatura Estudos Africanos - 2007

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Nota do editor

Último post da série de 15 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26156: In Memoriam (517): José Manuel Amaral Soares (1945-2024), ex-fur mil sapador MA, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); morava em Caneças, Odivelas

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26156: In Memoriam (517): José Manuel Amaral Soares (1945-2024), ex-fur mil sapador MA, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); morava em Caneças, Odivelas




José Manuel Amaral Soares (1945-2024)


1. Por intermédio do Humberto Reis, nosso colaborador permanente (e meu vizinho de Alfragide), tive ontem a triste notícia da morte, no passado dia 10, de mais um nosso camarada e amigo, o José Manuel Amaral Soares (1945-2024), ex-fur mil sapador minas e armadilhas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)

Soubemos, pela notícia da agência funerária, que a cerimónia fúnebre se realizou no passado dia 11 de novembro, pelas 15:30, tendo sido antecedida de velório e de missa de corpo presente. O corpo saiu depois da capela mortuária da igreja de Caneças, para o cemitério local.

 família enlutada transmitimos ainda, em tempo, os nossos votos de pesar e a nossa solidariedade na dor. O Soares vai ficar aqui também connosco, à sombra do nosso simbólico e fraterno poilão. Queremos honrar a sua memória e lembrarmpo-nos dos bons e maus momentos qiue passámos juntos. Por lapso, ele não passou a figurar na lista alfabética da nossa tertúlia, logo em abril de 2005, como deveria ter acontecido pelas nossas regras. Ingressa agora, a título póstumo, na nossa Tabanca Grande. com o nº 895.

O Soares residia em Caneças, concelho de Odivelas, e estava doente há já alguns tempos, o que não o impediu de ir ao último convívio da malta de Bambadinca, em Vila Nova de Azeitão, no passado dia 25 de maio, de cadeira de rodas, amparado pela filha (**)

Em Bamdadinca, estivemos juntos cerca de 10/11 meses  (entre julho de 1969 e maio de 1970). As nossas instalações eram comuns, incluindo a messe e o bar de sargentos. 

Muito mais assíduo do que eu nos convívios do pessoal de Bambadinca do nosso tempo, encontrámo-nos também algumas vezes em vários locais do país: por exemplo, em Lisboa, na Casa do Alentejo (2007) (***), em Castro Daire (2009), etc. 




Vila Nogueira de Azeitão > 25 de maio de 2024 > Restaurante Típico Manuela Borges> 28º almoço-convívio do pessoal de Bambadinca de 1968/71 (BCAÇ 2852, CCÇ 12 e outras subunidades). A organização coube ao João Gonçalves Ramos (ex-sold radiotelegrafista, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, jun 69/ mar 71).Sentados, da esquerda para a direita: Fernando Calado (CCS/BCAÇ 2852) (Lisboa), Gabriel Gonçalves (CCAÇ 12) (Lisboa). Silvino Carvalhal (CCS/BCAÇ 2852) (V.N. Famalicão), e o José Manuel Amaral Soares (CCS/BCAÇ 2852) (Caneças / Odivelas).(**)

(Foto gentilmente cedidas pelo Humberto Reis, tirada por um fotógrafo da organização. Edição e legendagem complementar: Humberto Reis e Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2024)


Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS / BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > O ex-fur mil sapador, MA,  CCS / BCAÇ 2852, José Manuel Amaral Soares.


Foto ( legenda): © Luis Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > A organização coube ao Fernando Calado, coadjuvado pelo Ismael Augusto, ambos alferes da CCS/BCAÇ 2852 (1968/71). 

Aqui na foto o Ismael Augusto e o José Manuel Amaral Soares, ex-furriel mil sapador, ambos da CCS / BCAÇ 2852. O primeiro vivia em Lisboa (trabalhou na RTP como engenheiro e gestor;  e era na altura consultor e docente universitário nas áreas da multimédia). O Soares, por sua vez, vivia em Caneças.(***)

Foto ( legenda): © Luis Graça (2007). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. O Zé Manuel Soares foi dos primeiros camaradas a aparecer no blogue. No poste P5, de 20 de abril de 2005 (****), publicámos a sua convocatória para o convívio desse ano, do pessoal de Bambadinca 1968/71 (de que ele era o organizador, como já o tinha sido em anos anteriores):



"Guiné, Bambadinca 68/71. 

"Companheiros: Desejo que estejam de saúde assim com os vossos familiares. Vamos mais uma vez realizar o nosso almoço anual a fim de convivermos, matarmos saudades e ainda relembrarmos aqueles bons e menos bons momentos que cimentavam a nossa amizade; de tal forma que passados 37 anos sentimos ainda um grande prazer de estar juntos, ainda que por breves horas.

"Por tudo isto, camaradas, no próximo dia 11 de junho espero por todos na Baixa de Faro, junto ao Jardim Manuel Bivar, pelas 10.30 horas. 

"Vamos aí fazer a nossa concentração para que, depois das habituais formalidades, possamos seguir para o Cais da Porta Nova e às 11.00 horas embarcar até à Ilha Deserta. Durante o percurso vamos apreciar a bela paisagem da magnífica Ria Formosa. 

"Quando forem 13.00 horas iniciaremos o nosso alomoço, composto apenas por produtos do mar. O preço por pessoa é de 48 euros com viagem de barco incluída.  As crianças dos 5 aos 11 anos pagam 50%, portanto 24 euros.

"Camaradas, a vossa confirmação tem que ser feita até ao dia 1 de junho, impreterivelmente, com cheque cruzado para José Manuel Amaral Soares (...). Para toda ajuda, telemóvel 96 242 80 53".


3. Além destas referências no blogue, há uma do tempo de Bambadinca, que nos é particularmenmte cara pelas fotos de camaradas daquele tempo e dos nossos quartos. As fotos foram-nos enviadas pelo nosso muito querido e saudoso amigo e camarada de Coimbra, o Carlos Marques Santos (1943-2019), ex-fur mil, CART 2339 (Mansambo, 1968/69) (*****)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 >  Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) >  "Na primeira fila, veem-se os Furriéis Oliveira e Soares. Na 2.ª fila, eu (Marques dos Santos) mais o furriel Carlos Pinto... A foto foi tirada pelo furriel Rei (Cart 2339), meu inseparável companheiro de férias. No interregno das nossas férias aconteceu o desastre do Cheche – Madina do Boé, em 6/2/1969, onde também a CART 2339 esteve envolvida com material auto e apoio logístico"

O Humberto Reis veio depois completar o nome dos dois camaradas que apareciam em primeiro plano: à direita, o  José Manuel Amaral Soares,  ex-furriel mil sapador de minas e armadilhas, CCS / BCAÇ 2852; e à esquerda, o "ranger" Fernando Jorge da Cruz Oliveira (hoje a viver em Fernão Ferro, Seixal). Quanto ao Carlos de Oliveira Pinto, era  radiomontador  (morou depois no Porto onde se formou em engenharia).




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) >  "Aqui, já com o furriel Rei na 1.ª fila",

Comentário de LG: "Como se pode ver pelas fotografias, não se passava sede no Hotel de Bambadinca e, a avaliar pela decoração das paredes dos quartos, os seus hóspedes tinham uma permanente ligação (espiritual, estética, mágica, poética, erótica...) com o mundo das "fadas"  que povoavm os seus sonhos ou ajudavam a climatizar os seus pesadelos,,, Além disso, supremo luxo, tinham direito a lençóis brancos, lavados, e até a frigorífico elétrico"...




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > O Carlos Marques Santos em trânsito para Mansambo, depois da licença de férias na metrópole. (*****)


Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


Acrescenta o Humberto Reis em relação a esta última foto: "(...) pode ver-se um frigorífico que eu comprei quando os velhinhos da CCS / BCAÇ 2852 se vieram embora e ficou para a malta da CCAÇ 12 que depois mudou para o meu quarto".

Comentário de LG:

 "Um frigorífico (para mais  elétrico), naquelas paragens e naquele contexto, era um verdadeiro luxo! 

"O nosso (o do Humberto, que ele compartilhava com a malta do quarto, como eu e o Tony Levezinho) só funcionava à hora do almoço e à noite, quando estava ligado o gerador... Foi depois revendido aos periquitos que nos vieram render, em finais defevereiro de 1971. 

"E julgo que terá chegado, heroicamente, até à hora da partida do último soldado português na Guiné. Provavelmente terá sido oferecido a um camarada do PAIGC. Por falta de energia eléctrica, terá morrido ingloriamente no montão de lixo que deixámos em Bambadinca, a começar pela tralha da guerra, incluindo obuses 14...

"Um felizardo do mato, com direito a férias (nem que fosse em Bissau, também conhecida por guerra do ar condicionado), ia de barco, civil, a partir de Bambadinca, ou apanhava uma LDG no Xime ou, ainda, uma boleia, de helicóptero ou de Dornier, DO 27 (o que era mais difícil, por causas das prioridades, do elevado custo do transporte aéreo e sobretudo do factor C - a cunha).

"A sede da CCS / BCAÇ 2852, a que a CCAÇ 2590/CÇAÇ 12 estva adida, em Bambadinca, funcionava como hotel para os militares em trânsito, oriundos dos aquartelamentos e destacamentos do setor (em especial, Xime, Mansambo, Xitole, Missirá e Fá Mandinga) ou até de outros setores da Zona Leste (Bafatá, Gabu, Galomaro...).

"Comparadas com as do Xime, Mansambo ou Xitole, as instalações para oficiais e sargentos em Bambadinca eram as de um hotel de cinco estrelas... Daqui que a malta de Bambadinca (CCS / BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades) procurava sempre 'desenrascar'   os alferes e furriéis milicianos em trânsito... 

"Mais do que cumplicidade corporativa, havia solidariedade para com os camaradas que viviam em piores condições do que nós... De resto, havia sempre camas vazias, nomeadamente da malta operacional que frequentemente dormia no mato ou estava destacada fora de Bambadinca (como era o caso da CCAÇ 12)." (...)


(*****) Vd. postes de:

sábado, 2 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26108: In Memoriam (516): Regina Gouveia (1945-†2024), Amiga Grã Tabanqueira, esposa do nosso camarada Fernando Gouveia

IN MEMORIAM

Regina Gouveia (1945 - †2024)

A notícia do falecimento da nossa amiga Regina Gouveia, esposa do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957 - Bafatá, 1968/1970), ocorrida há cerca de três semanas, apanhou de surpresa os editores do blogue. A infausta notícia foi confirmada pelo José Teixeira e pelo António Pimentel, amigos próximos do casal Gouveia. 

Regina Gouveia, formada em Fisico-Químicas e Mestre em Supervisão, era professora aposentada do ensino secundário e autora de diversas obras literárias, algumas delas dedicadas aos mais pequenos.

Tem 15 referências no nosso blogue onde começou a colaborar no já longínquo ano de 2009. Acompanhando o seu marido, esteve presente nesse mesmo ano no IV Encontro Nacional da Tertúlia em Ortigosa.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real > 20 de Junho de 2009 > IV Encontro Nacional do nosso blogue > Regina e Fernando Gouveia. 

O nosso editor Luís Graça publicou no P4615 um pequeno resumo sobre Regina Gouveia que abaixo se reproduz:

(i) Nasceu em 1945 (em Santo André, Estado de S. Paulo, Brasil, onde vivei até aos dois anos de idade);

(ii) Passou a sua infância e adolescência no Nordeste Transmontano, em Portugal, de onde tem raízes pelo lado paterno;

(iii) casada com Fernando Gouveia, arquitecto, aposentado da CM Porto; acompanhou o marido, em Bafatá, durante a sua comissão militar (1968/70);

(iv) É Licenciada em Físico-Químicas (Universidade do Porto) e Mestre em Supervisão (Universidade de Aveiro).

(v) Professora do Ensino Secundário, aposentada, dedicou muito do seu tempo à formação de professores (foi orientadora de estágios durante 22 anos);

(vi) Colaborou com o Ensino Superior, nomeadamente com o Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

(vii) Actualmente lecciona na Universidade Popular do Porto e colabora, a título voluntário, com a Biblioteca Almeida Garrett no Porto, divulgando a ciência e a poesia, junto dos mais pequenos.

(viii) Em 2005, no âmbito do Ano Internacional da Física, foi agraciada com a comenda da Ordem da Instrução Pública e premiada com o prémio Rómulo de Carvalho.

(ix) É autora do livro de didáctica Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas e do livro de ficção Estórias com sabor a Nordeste.

(x) No âmbito da poesia, tem poemas dispersos em algumas publicações,além de prémios; é autora de dois livros de poesia Reflexões e Interferências e Magnetismo Terrestre;

(xi) António Gedeão (pseudónimo lietrário de Rómulo de Carvalho) é um dos seus poetas favoritos. Recorde-se que é o autor do célebre poema Pedra Filosofial (Eles não sabem que o sonho /é uma constante da vida...), transformado em canção de contestação, na voz de Manuel Freire, e nas vozes de alguns de nós,em Bambadinca (1969/71)...

(xii) Em 2006, publicou o seu primeiro livro para crianças: Era uma vez… ciência e poesia no reino da fantasia...

Duas fotos da jovem Regina Gouveia em Bafatá durante a sua permanência naquela localidade guineense onde o marido cumpria a sua comissão de serviço.


Em jeito de homenagem, aqui deixamos três poemas, ao acaso, de Regina Gouveia, o primeiro, uma memória da Guiné e das pessoas de quem ainda se lembrava; o segundo, talvez um grito de protesto pelas desigualdades de uma sociedade de consumo onde alguns têm tudo e outros não têm nada; o terceiro, dedicado ao cais, aquele muro que desde tempos imemoriais viu partir portugueses para a guerra e para a emigração. Todo o cais é uma saudade de pedra, na palavra de Fernando Pessoa.


Telejornal

Vejo o Telejornal no canal dois.
A apresentadora fala da BSE, de clonagem, do Kosovo
e, logo depois, de um acidente no Cais do Sodré e da instabilidade na Guiné.
E eu empreendo no tempo uma viagem...
O Braima, a Binta, o Adrião, onde andarão neste momento?
Conheci-os em Bafatá, há muito tempo, iam buscar o cume no fim da refeição.
Recordo os seus olhos vivos de crianças, pele negra, dentes alvos, sem igual,
os passos apressados quando o vento anunciava em breve um temporal.
Eu era aluna e eles mestres do crioulo de que mal guardo lembranças.
Das mulheres, recordo as suas vestes, fossem mulheres grandes ou bajudas
no tronco, eram em geral desnudas,
presos na cinta panos coloridos que, de compridos, chegavam quase ao chão.
Algumas eram de tal modo belas que pareciam extraídas de telas.
Recordo, servindo-me o café, o Infali com aquele seu olhar tão doce e triste,
talvez o ar mais triste que eu já vi. Será que o café ainda existe?
Recordo aquele condutor, o Mamadu, mostrando com orgulho o seu menino.
Que terá feito deles o destino?
Recordo os passeios na estrada do Gabu, os mangueiros, os troncos de poilão,
a mesquita, o mercado, a sensação de paz que tudo irradiava,
apesar do obus de Piche que atroava, apesar da maldição da guerra
cujo espectro por cima pairava.
Recordo ainda o cheiro e a cor da terra,
o Colufe e o Geba sinuosos onde canoas esguias deslizavam,
recordo macaquitos numerosos que entre os ramos das árvores saltavam
enquanto que lagartos, preguiçosos, ao sol, pelos caminhos se espraiavam
e uma miríade de insectos buliçosos ao nosso redor sempre volteavam.
Recordo o batuque daquele casamento.
Na foto ficou bem impresso o momento em que o dançarino fazia um mortal
numa fantástica expressão corporal.
Foi lá na Ponte Nova, naquela tabanca onde de azul se coloriam panos
que as mulheres usavam em volta da anca e que desciam quase até ao chão.
Tudo isto se passou há muitos anos.
A apresentadora fala agora em danos causados por uma longa estiagem
e mostra uma desértica paisagem.
Eu regresso da minha viagem e tento organizar o pensamento.
O telejornal está quase no final. Deve seguir-se a previsão do tempo.




Pai Natal

Pai Natal, acabo de perceber que não és imparcial
A alguns meninos deste tudo e a outros não deste nada
Será que perdeste a morada, não estava a tundra gelada,
ou estava a rena cansada?
No Natal que logo vem, pensa bem pois não pode ser assim.
Ou dás presentes a todos ou não os dás a ninguém. Nem a mim.


Regina Gouveia em Ciência para meninos em poemas pequeninos



Cais

Na janela, a cortina rendada.
Através dela, navios que demandam o cais,
outros que partem.
Lenços brancos acenam da amurada
outros respondem acenando de terra.
Entre uns e outros, oceano e guerra.
Navego no navio da memória
delida pelo tempo, esse cavalo alado.
Na janela, cada dia mais puída a cortina rendada.
Através dela já não vislumbro
o inexistente cais, outrora imaginado.

Do livro “Entre margens", editado em 2013


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E assim nos despedimos da nossa amiga Regina Gouveia.

Ao Fernando Gouveia, seus filhos, netos e demais família, deixamos o nosso mais profundo pesar.

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Nota do editor

Último post da série de 24 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26075: In Memoriam (515): Marco Paulo (1945-2024): "Nosso cabo, não, meu Alferes, sou o Marco Paulo" (.... nome artístico de João Simão da Silva, nascido em Mourão, ex-1º cabo escriturário, QG/CCFAG, Amura, Bissau, 1967/69)

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26076: S(C)Comentários (49): "Quem não tem padrinhos, morre Mouro" (José Colaço)... "E quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão" (Luís Graça)



Fotograma de vídeo da RTP, 1968, "Marco Paulo Anima Tropas na Guiné" (1' 23'') (com  devida vénia...) (No vídeo, outro dos artistas que atua neste espetáculo é o cabo-verdiano Bana, então em início de carreira; e na assistência parece-nos também reconhecer o gen Arnaldo Schulz, a bater palmas...) 


1. A propósito do popularíssimo Marco Paulo (Mourão, 1945 - Sintra, 2024) que acaba de deixar da Terra da Alegria, depois de uma prolongada, digna e corajosa luta contra o cancro, e que nos seus verdes anos foi nosso camarada na Guiné (*)...

(i) Luís Graça:

 A história do Hugo Guerra (*), hoje cor inf DFA reformado, ... é uma delícia!... 

Vem um gajo do "inferno de Gandembel" para desopilar em Bissau, e é apanhado "em contramão" pelos sacanas da PM... Quem apanha a seguir com a fúria toda acumulada, é um pobre de um cabo, nos Correios, o peito ao léu, desabotoado, afogueado pelo calor...Mas não é um cabo qualquer, ponto e vírgula, é o Marco Paulo, é já o futuro grande artista Marco Paulo!...

Salvaguardas as devidas proporções (e sem qualquer crítica para ninguém), faz-me lembrar a história dos cães famélicos e vadios da "Cova do Lagarto", vítimas da Op Noite das Facas Longas:

  • o tenente coronel andava com os cabelos em pé com medo de levar um "par de patins" do Spínola; 
  • pressionava o segundo comandante (um militarista, que nunca se vestia à civil!) e o major de operações a mostrarem serviço; 
  • estes, por sua vez, obrigavam os desgraçados dos "pretos de 1ª e 2ª classe" a andar no mato a toda a hora do dia e noite; 
  • o capitão não chiava porque, á beira  dos 40 anos, estava na calha para ser promovido a major; 
  • o "chico" do alferes "ranger", garboso 2º comandante da companhia, com um ego de todo o tamanho, batia-se à cruz de guerra, e estava sempre danado para sair com os seus "rapazes"; 
  • os furriéis, os cabos e o resto da "tropa-macaca" andavam à beira de um ataque de nervos...

Um bela noite de verão tropical, com milhões de insetos atacar em voo picado os ouvidos dos pobres "tugas", mais a sinfonia lancinante dos vira-latas, que tomavam conta da parada à noite, uivando como verdadeiras alcateias de lobos..., tudo somado fez encher o copo...

Às 3 da manhã, um piquete exterminador, armado de Walthers P38, com balázios de 9 mm, em loucas correrias de jipe, deu cabo de todo o canil da  "Cova do Lagarto"... (Este massacre ficou, obviamente omisso, na história do batalhão...).

Toda a gente, a começar pelo comandante, teve um resto de noite descansada, e até com direito a sonhos cor de rosa... Nessa altura, ainda não havia o partido dos animais e da natureza... Nem cão era gente, e muito menos "turra". Mas pior que "turra".

Este é mais "um conto com mural ao fundo"... A verdade é que quando o mar bate na rocha quem se f*de é sempre o mexilhão...



(ii) A a propósito de um militar ficar ou não em Bissau (como acontecia com os artistas, os futebolistas, e outras figuras públicas, mais os "meninos" que tinham cunhas...), bem pergunta o alentejano José Colaço (ex-sold trms, CCAÇ 557, 1963/65),  que foi parar com os costados ao inferno do Cachil, no Como:

(...)  "Sorte ficar em Bissau?!... O Zé Manuel Concha do Duo Concha também teve essa sorte... que se chama "Cunha"... E aí formou um conjunto e animava as noites de Bissau. Como diz o provérbio popular, "Quem não tem padrinhos, morre Mouro"....

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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 9 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26025: S(C)em Comentários (48): O quarto dos horrores... no "Anexo de Campolide" do HMP (Excerto do livro "Cabra Cega", 2015, de A. Marques Lopes, 1944-2024)


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26075: In Memoriam (515): Marco Paulo (1945-2024): "Nosso cabo, não, meu Alferes, sou o Marco Paulo" (.... nome artístico de João Simão da Silva, nascido em Mourão, ex-1º cabo escriturário, QG/CCFAG, Amura, Bissau, 1967/69)


Foto do artista quando jovem.
Fonte: Página oficial do Facebook
de MarcoPaulo,
com a devida vénia.

1. Morreu hoje, aos 79 anos, o popular cançonetista (e apresentador de televisão) Marco Paulo (1945-2024), depois de um longa e corajosa  luta contra o cancro. 

Não é habitual pronunciarmo-nos aqui sobre a atualidade noticiosa, seja social, desportiva, política, etc.  Somos um simples blogue de antigos combatentes da Guiné. Morrem todos os dias poetas, escritores, artistas, músicos, cientistas, investigadores, médicos, enfermeiros, políticos, gestores, empresários, militares, desportistas, etc., gente de maior ou menor talento, mais conhecida ou menos conhecida, etc.. Mas todos,  eles, portugueses, homens e mulheres, merecedores de um simples ou mais elaborado RIP (Requiescant in Pace). 

o somos um jornal noticioso, e a dar notícias necrológicas temos que nos cingir aos amigos e camaradas da Guiné que animam (ou animaram em tempos) este blogue.


(...) "É com profunda tristeza que a família informa o falecimento de Marco Paulo, que partiu pacificamente, hoje, dia 24 na companhia dos seus entes queridos. Aos 79 anos terminou a sua batalha contra o cancro, em paz e rodeado de todos os cuidados e o amor da família, amigos e fãs.

"Hoje, despedimo-nos do homem lutador, sorridente e generoso, que ao longo de 58 anos marcou gerações e milhares de pessoas, tornando-se um nome incontornável da música portuguesa.

"A sua voz inconfundível e o seu talento permanecerão para sempre na memória daqueles que o acompanharam ao longo dos anos.

"Teremos saudades!" (...)

Associamo-nos às manifestações de dor pela perda deste homem que foi, além disso, nosso camarada.

2. A comunicação social, por estes dias, encarregar-se-á de fazer-lhe as homenagens que lhe são devidas, e ajudar a fazer o luto pela sua perda.  Nada, por outro lado,  como a morte para obtermos consensos nacionais sobre figuras de referência...

 A nós cabe-nos lembrar aqui o ex-1º cabo escriturário João Simão da Silva, nosso camarada, alentejano de Mourão, de origem humilde, que começou a trabalhar a cedo, aos 14 anos (como muitos de nós), que imitava o espanhol Joselito, que tinha uma voz fabulosa, que queria viver só para (e de) a música... e que fez, como militar,  uma comissão de serviço na Guiné, no CG/CCFAG, na Amura, Bissau, em 1967/69. Como simples 1º cabo escriturário (especialidade tirada em Leiria em 1967) na "secção de justiça", ou seja, na "guerra do ar condicionado" (como diziam, com algum despeito, os gajos do mato...).

Alguns camaradas nossos conheceram-no, embora superficialmente. Bissau era uma pequena cidade. Um cidadezinha colonial,  traçada a guerra e esquadro... E não havia muitos cabos escriturários na Guiné (um por companha). Ele era de rendição individual, presumimosque tenha embarcado em meados de 1967 para o CTIG e regressado em meados de 1969.. 

A voz e o seu talento (e, seguramente, alguma cunha) safaram-no de ir para o mato , "matar ou morrer"... Mas ele tinha medo que a Guiné cortasse, de vez, a sua já promissora carreira artística... 

Nenhum artista português, como ele, vendeu tantos discos, mais de 5 milhões... No bom tempo da indústria discográfica. Mas isso não é o que interessa aqui, agora.  Tinha (ou tem) uma página (oficial) no Facebook. Mas já agora refira-se que Marco Paulo era nome artístico, sugerido ou imposto pelo seu produtor, Mário Martins (Valemtim de Carvalho) e do seu letrista, Eduardo Damas (1922-2005). 

O Marco Paulo tem no nosso blogue nove referências. Vamos reproduzir alguns excertos (limitando-nos à sua passagem pela Guiné, ou por Bissau, se é que alguma vez saiu de Bissau).

Recorde-se que ele em 1966 ele  já era conhecido do público pela sua participação em festivais, incluindo o festival da RTP da  Canção de 1967 (e depois 1969). E em Bissau deu alguns espetáculos para militares, cantava em festas de aniversários dos seus camaradas e terá também trabalhado nalgumas casas de diversão noturna, do "Nazareno" ao "Chez Toi". 

E quando vinha de férias á metrópole,  o seu produtor, Mário Martins, da Valentim de Carvalho,  punha-o a gravar um disco. Daí o facto de ele nunca ter sido esquecido do público e ser reconhecido em Bissau já como figura pública, já como Marco Paulo. Só o Hugo Guerra o não reconheceu... Mas tropa era tropa, naquele tempo...

Lendo posteriormente comentários de camaradas nossos, vemos que ele também era conhecido em Bissau como o "Paulinho da Amura".

Em entrevista ao "Expresso" (20 de setembro de 2019) contou, sobre o seu tempo de tropa e de Guiné:

(i) esteve na tropa em Beja, Leiria e Estremoz: "tive muito más notas na recruta, sempre fui mau aluno, distraía-me tanto a cantar, já na tropa era a mesma coisa, estava na tropa e distraía-me muito, estava sempre a cantar";

(ii) quanto à experiência na Guiné, "não foi traumatizante para mim, porque nunca cheguei a estar no mato, fiquei sempre na cidade"; esteva na Amura, "no escritório a tratar de papéis"; "cantava nos aniversários dos meus camaradas, de qualquer festa, convidavam-me"; era reconhecido como figura pública: "já tinha discos, já passava na rádio, já era o Marco Paulo, já não era o João Simão”.

Pelos apontamentos biográficos que lemos,aqui e acolá,  podemos reter mais o seguinte:

(iii) aos 14 anos entrou para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro (julgamos que o pai era das finanças, andou por vários sítios);

(iv) já no Barreiro, em 1963, começou a ter aulas de canto com Corina Freire;

(v) foi que foi descoberto pela fadista  Cidália Meireles (o seu programa de televisão  "Tu Cá, Tu Lá" comnheceu um grande sucesso);

(vi) em julho de 1966, no Festival da Canção da Figueira da Foz,  ficou em 3º lugar,  com "Vida, Alma e coração";

(vii) o produtor (Valentim de Carvalho)  convidou-o para gravar um disco;

(viii) em 1966, saiu o seu primeiro EP com os temas "Não Sei", "Estive Enamorado", "O Mal às Vezes é Um Bem" e "Vê" (não terão tido grande sucesso comercial, mas deve tê-los cantado em Bissau);
 
(ix) em 1967 participou  no Festival RTP da Canção (canção "Sou Tão Feliz" de António Sousa Freitas e Nóbrega e Sousa);

(x) Faz uma "tournée" na  Madeira cantar com Madalena Iglésias, e a partir daí torna-se  profissional...


(i) Hugo Guerra (ex-alf mil, hoje cor DFA, Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 50, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70)

(...) Dezembro 1968 . Tinha vindo a Bissau ao hospital fazer uma desintoxicação de Gandembel.

Com mais dois camaradas descíamos a Avenida  [da República],que vinha do Palácio do Governo em direcção à baixa, mais concretamente aos Correios. 

Eis senão quando, qual emboscada do IN, aparece a Polícia Militar, que no cumprimento da sua espinhosa missão me ataca com todas as armas de que dispunha e me passa um raspanete por eu ter mais botões desabotoados do que os permitidos no RDM. Logo a mim que me considerava um dos poucos da tropa-macaca que tinha experiência in loco do famoso corredor de Guileje...

Fiquei urso, mas os rapazes até tinham razão e lá abotoámos os botões. Chegados aos Correios, no meio da barafunda total,  estava um esganiçado e aperaltado 1º cabo, com a camisa desabotoada até ao umbigo.

Depois do que me acontecera pouco antes, aquela situação caía como sopa no mel... Afiando as garras, tivemos este diálogo:

 –  Ó nosso cabo, ouça lá!

  – Ó nosso cabo não, meu Alferes, sou o Marco Paulo... (Desconhecia em absoluto quem era semelhante personalidade.)

  – Marco Paulo,  uma merda, ou abotoa esses botões todos ou temos chatice!  – respondi eu.

Claro que o obriguei a estar em sentido até acabar o castigo e comecei a aperceber-me duns sorrisos à socapa dos camaradas que estavam por ali….

Satisfeito com a minha façanha do dia, viemos para fora e só então fiquei a saber que tive muita sorte por ele não ter dito nada…..senão ainda levava uma porrada e era enviado pra Gandembel, aliás para onde regressei passados 2 ou 3 dias depois.

Ao longo dos anos ainda sorrio quando me lembro desta estória …de Natal. (...)


(ii)  José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-fur mil art, 7.º Pel Art
 (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70),

(...) "Era um local simpático [o 'Chez Toi', mais tarde 'Gato Preto'], com bailarinas recrutadas nas 'boites' de Lisboa. Um dos fadistas era o Marco Paulo, já com muito sucesso. Uma das bailarinas era a Luísa,  uma mocinha atraente que encontrei em Lisboa,  na 'Cova da Onça' (Av da Liberdade). 

De facto no início de 1970 (março a  a junho) existia o 'Chez Toi' onde eu e os meus camaradas da BAC 1 nos juntávamos para umas bebidas, era o tempo de partida para a Metrópole (17 de junho no Carvalho Araújo).

 Nessa altura,  creio, foi quando mudou de nome e o gerente era um locutor da Emissora Nacional que esteve na Índia (Goa),  de nome Oliveira Duarte (?), ex-sargento." (...)

 
(iii) Ribeiro Agostinho, ex-soldado radiotelefonista / condutor auto e escriturário da CCS/QG/CTIG, 1968/70)


(...) " Certo dia fui convidado por um amigo da tropa, de Aveiro, de nome Alfaro, que nunca mais vi, a não ser numa reportagem na TV há vários anos, para o substituir no Restaurante 'O Nazareno', frequentado pela elite de Bissau e onde actuavam o Marco Paulo, o Conjunto das Forças Armadas, o Fernando Milho, entre outros. O programa acontecia ao sábado à noite sempre com este elenco.

Aceitei o convite e o Alfaro foi-me apresentar aos donos do 'Nazareno'. Ali fiz muitas noites de sábado, tendo como companhia alguns amigos leceiros
 [. de Leça da Palmeira...],  que me iam ajudar a passar o tempo. 

Depois do fecho, íamos todos a cantar, pelas trevas das ruas de Bissau, nada do reportório do Marco Paulo mas do Fernando Milho (fadista lisboeta), de quem nunca mais ouvi falar:

"Bairro Alto com seus amores tão dedicado
Quis um dia dar nas vistas
E saiu com os trovadores mais o fado
P'ra fazer suas conquistas." (...)


 (iv) No poste  P19080, de 7 de outubro de 2018, reproduzimos alguns excertos  de uma entrevista dada do cantor Parco Paulo,  ao Correio da Manhã, em 9 de Junho de 2007:


(....)" – Fez tropa na Guiné durante dois anos. Do que se recorda?

– Recordo-me de ter pedido a todos os santos para não ir, acima de tudo porque eu sabia que se fosse para a Guiné possivelmente quando regressasse já não podia dar seguimento à minha carreira. 

A minha sorte foi que o meu produtor, Mário Martins, fazia sempre questão que eu viesse de férias. Durante esse período eu gravava, e quando voltava para a Guiné a editora lançava o disco. Por isso nunca caí no esquecimento.

Chegou a sentir medo?

– Quando cheguei à Guiné não foi fácil. Pensei: “Olha, vou para o mato. Levo lá um tiro na cabeça e pronto!”... 

Só que fui para o quartel da Amura, para a secção de Justiça, como escriturário. Ouvia os bombardeamentos, mas não deu propriamente para sentir medo. Depois, como a rádio lá passava muitos discos meus, eu era aproveitado para abrilhantar as festas militares.

– Compreendeu, à época, as motivações daquela guerra?

– Eu não estava por dentro dos assuntos da política. Disseram-me que Guiné era Portugal e eu acreditei. Hoje, olhando para trás, vejo que foram dois anos perdidos. (...)


(v) Também nas Selecções do Reader's Digest - Portugal - Revista, pode ler-se uma entrevista (não sabemos a data precisa)  com o Marco Paulo (MP),  conduzida pelo grande jornalista e escritor Luís Osório (LO), a propósito dos 35 anos de carreira e dos 3 milhões de discos até então vendidos. Eis alguns excertos relativos ao tempo em que o Marco Paulo (MP) esteve na Guiné:

(...) " LO: Voltando um pouco atrás. Onde cumpriu o serviço militar?

MP: Na Guiné. Quando fui para a guerra, já tinha gravado dois ou três discos, discos sem grandes sucesso mas que passavam na rádio e que já vendiam alguma coisa. 

Ao regressar da guerra, não fazia ideia do que seria a minha vida no futuro, não era líquido que o meu futuro passasse pelas cantigas.

LO: Recorda o dia em que partiu para a guerra?

MP: Muito bem. No fundo, não sabia para onde ia. Foram dias muito inquietantes, mas por sorte acabei por ir parar a Bissau. Os meus pais choraram quando se despediram de mim, choraram tanto como eu. 

Aliás, lembro-me de ter chorado duas vezes na minha vida: nessa ocasião e quando me deram a notícia de que tinha um cancro. Não é nada fácil alguém me ver chorar, nada fácil mesmo.

LO: O estatuto de cantor beneficiou-o de alguma forma durante a Guerra Colonial?

MP: De forma nenhuma. Por sorte, não estive nos sítios onde se vivia a guerra, limitei-me a estar numa zona mais resguardada. Fui obrigado a ir. Estava numa secção de escritório a fazer cartas, para mim foram quase umas férias. 

Só me apercebia de que existia guerra quando me convidavam para ir cantar a algum hospital ou à Força Aérea; no sítio onde estava não percebia nada. Deu-me muito prazer cantar na Guiné, os meus camaradas pediam-me e eu nunca recusava. (...)


(vi) Também no blogue do Luís de Matos  (ex-fur mil, da CCAÇ 1590, "Os Gazelas", Mansoa, Bissorã e Olossato, 1966/68; autor do livro Diário da Guiné: 1966/68)http://luisdematos.blogspot.com/2007/7/, já removido ou descontinuado)  há uma referência ao Marco Paulo, aquando da chegada a Bissau, a 11 de agosto de 1966


(...) "Findo este trabalho, o capitão deu folga a todo o pessoal para conhecer a cidade. Logo na primeira noite, juntei-me a um pequeno grupo para irmos dar uma volta, para conhecermos um pouco da noite guineense. 

"O furriel miliciano Charneca, que é natural de Beja, ou arredores, não sei bem, pertence à CCS do meu batalhão, o BCAÇ 1894, disse-me que há um nosso camarada, já 'velho',  o que equivale a dizer que não é 'periquito', que está no rádio do Quartel-General com o Marco Paulo, um artista da rádio e da TV e também alentejano, de Mourão. 

"Vamos lá ter com eles, para nos mostrarem como é isto. Ou pelo menos, aquele meu amigo vai connosco. Estava uma noite escura como breu. Não me recordo de mais nada. O que sei é que me vi dentro dum táxi, com o Charneca e o tal amigo do QG, por um trilho, em que o capim era bem mais alto que o nosso transporte e fomos parar a uma vivenda onde havia música. Muita música cabo verdiana e dança, frangos no churrasco, cerveja e whisky. 

"Não conseguia deixar de pensar que me podiam cortar a cabeça com uma catana. É que a gente ouvia contar cada estória!. Mas ao mesmo tempo, tinha uma certa confiança no tal camarada mais velho. Se ele estava ali e continuava vivo, é porque o local e as pessoas eram de confiança. Há-de ser o que Deus quiser. Coração ao largo, pensei cá prós meus botões" (...)_

(Seleção, revisão / fixação de texto, parênteses retos: LG)
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Nota de L.G:

Último poste da série > 19 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26059: In Memoriam (514): José Luiz Gomes Soares Fonseca (1949 - †2024), ex-Fur Mil TRMS da CCAV 3366 / BCAB 3846 (Susana e Varela, 1971/73)

Guiné 61/74 - P26073: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte X: 43 anos depois, em casa do ex-mil José Daniel Portela Rosa (1946-2021), com a antiga enfemeira paraquedista Giselda e o ex-alf mil José Ribeiro (Armando Faria, ex-fur mil inf MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)



Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3

Sintra   > Casa do Portela Rosa > 29 de julho de 2015 >  Um reencontro emocionante ao fim de 43 anos: o ex-alf mil José Daniel Portela Rosa (Lisboa, 1946 - Sintra, 2021)  (Foto nº 3), com a ex-enfermeira paraquedista Giselda Antunes (Pessoa, pelo casamento) que o evacuou (de Cufar para o HM 241) (foto nº 1) e com o ex-alf mil José Albino da Silva Ribeiro da CCAÇ 4740  (Cufar, 1972/73), ambos feridos com gravidade no acionamento de uma mina A/C, em 29 de julho de 1972.

Fotos (e legendas): © Armando Faria (2024). Todos os direitos reservados 
[Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Armando Faria, hoje e ontem


1. Mensagem do nosso tabanqueiro Armando Faria (ex-Fur Mil Inf Minas e Armadilhas, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74) (membro da Tabanca Grande desde 10 de maio de 2010;  tem 27 referências no nosso blogue; técnico de seguros reformado, vive em Vila Nova de Gaia; tem página no Facebook):


Data - 19 out 2024,  18:52 

Assunto - Pel Caç Nat 51

Boa tarde, camaradas.

Aqui está um assunto, Pel Nat 51, pessoal com quem convivi em Cufar.

Fiz parte da CCaÇ 4740, com origem no B.I.I. 17, Angra do Heroísmo, tendo chegado a Cufar a 22 julho de 1972.

Fomos render a CCaç 2797 e com eles estavam o Pel Caç Nat. 51, o Pel Caç Nat. 67 e o Pel Canhões S/R 3079.

A 29 de julho, numa saída de reconhecimento, sairam 2 Pelotões da CCaç.4740 e o Pel Caç Nat .51.

Foi nesse fatídico dia que o então alferes José Daniel Portela Rosa teve o acidente. Assim o descrevo no meu livro de memórias:

“Ano de 1972

A 29 de julho, trágico dia para todos nós, três oficiais, dois da C.CAÇ 4740 e um do Pelotão Caçadores de Nativos 51, são gravemente atingidos pelo acionamento de uma mina.

Em progressão de Cufar Novo à mata de Boche Mende-Camaiupa, três pelotões de combate o segundo e o terceiro da CCAÇ .4740 e o Pel Caç Nat 51, naquele que seria um reconhecimento de zona, foi acionada uma mina antipessoal pelo comandante do Pel Caç Nat 51, alf mil José Daniel Portela Rosa que ficou com uma perna amputada. Foram ainda atingidos com a projeção de estilhaços o alf mil José Lourenço Salvado de Almeida e o al f mil José Albino da Silva Ribeiro da CCAÇ 4740 que ficaram feridos com gravidade.

Foram evacuados os três para o HM2141, Bissau e seguidamente para o HMP, Lisboa.”



Junto aqui 3 fotografias, uma do Portela Rosa, uma o Portela Rosa com o então alferes Ribeiro e outra com a nossa enfermeira Giselda Pessoa.

Foi um encontro emocionante que se deu a 29 de julho de 2015, em casa do Portela Rosa.

Este encontro deveu-se a contactos que fiz para saber quem o acompanhou na evacuação de Cufar a 29 julho de 1972, pois ele não fazia ideia quem foi que o manteve “do lado de cá” nesse dia.

Um abraço a todos os Combatentes de todos os tempos, mas um especial aos de Cufar, aquele abraço do tamanho do nosso Cumbijã.

Cumprimentos,

Armando da Silva Faria

Fur Mil Inf Minas e Armadilhas, CCaç 4740.

https://www.facebook.com/groups/457725750912229

https://www.ccac4740.pt/

__________

Nota do editor:

(*) Último poste da série  > 19 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26057: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte IX: O cmdt que se seguiu ao Armindo Batata, entre dez70 e jul72, foi o alf mil inf José Daniel Portela Rosa (Lisboa, 1946 - Sintra, 2021)

sábado, 19 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26059: In Memoriam (514): José Luiz Gomes Soares Fonseca (1949 - †2024), ex-Fur Mil TRMS da CCAV 3366 / BCAB 3846 (Susana e Varela, 1971/73)

IN MEMORIAM

José Luiz Gomes Soares Fonseca (1949 - †2024)
Ex-Fur Mil TRMS da CCAV 3366 / BCAV 3846

O Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da CCAV 3366, deu-nos conhecimento ontem da triste notícia do falecimento do seu e nosso camarada Luiz Fonseca, ex-Fur Mil TRMS, ocorrida já em Janeiro deste ano.

O Luiz tinha como hábito enviar todos os anos as Boas Festas aos editores e à tertúlia, não o tendo feito na quadra natalícia de 2023/24. Provavelmente estaria já doente.

Embora tardiamente, a tertútila e os editores, associam-se à dor da família do nosso camarada Luiz que nos deixou em Janeiro.

É já um muito doloroso calvário assistirmos à partida dos nossos camaradas e amigos. Cada dia que passa se torna maior o "batalhão celestial" e cada vez somos menos os que nesta dimensão vamos resistindo ao toque de silêncio. 

O Luiz Fonseca aderiu à nossa tertúlia em Agosto de 2007(*).

A sua Unidade esteve em quadrícula em Suzana e Varela, no chão Felupe, pelo que a sua prestação no Blogue se centrou em dar-nos a conhecer os usos e costumes daquele povo. Certamente apaixonado por aquela etnia guineense que povoa o noroeste da Guiné, deixou-nos preciosos textos e fotos que podem ser acedidos na série "Cusa di nos terra".

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Nota do editor

(*) - Vd. post de14 de agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2047: Tabanca Grande (32): José Luiz Soares da Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73)