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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23158: Humor de caserna (46): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte III (António J. Pereira da Costa / Luís Faria / José Afonso / José Borrego): (vi) Picagem automática: as rajadas de G3 em vez da pica; (vii) Mensagem-relâmpago: Quem viu passar as minhas chapas de zinco, levadas pelo tornado? (viii) Informo Vexa que Sexa passou na mecha


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Galomaro > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Aspecto do edifício do Comando após o tornado de 25 de Abri... de 1971. A maior parte dos militares portugueses não estava famializarizado com as bruscas tempestades tropicais, os tornados, nem muito menos preparado para suportar o calor e a humidade do território... Até à natureza estava contra eles...

Foto (e legenda): Fernando Barata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuamos  a recompilar histórias do (ou atribuídas ao) cap art José Joaquim Vilares Gaspar, o primeiro de três comandantes que teve a CART 3330 (Nhamate e Bula, 1970/72), entretanto promovido a major: ainda  no CTIG, seria 2.º cmdt do BA 7 e  faria uma breve passagem pelo COP 6, em Mansabá, antes de ser evacuado para a Metrópole, alegadamente por problemas psiquiátricos. (Vd. aqui os comentários ao Poste P23156, dos nossos camaradas António J. Pereira da Costa,  Carlos Vinhal e Francisco Baptista,) (*)

No CTIG ficou conhecido pelo "nick name" Gasparinho, sendo um oficial querido entre a sua tropa e até entre aqueles que o conheceram. Apesar de (ou talvez por) as suas "excentricidades". Faleceu por volta de 1977.

O António J. Pereira da Costa comentou (*):

(...) Fui amigo do major Gaspar. Procurarei fazer umas rectificações. Creio que foi em princípios de 1972, que o major Gaspar tomou o comando do COP 6, onde se demorou pouco tempo (talvez um mês). Efectivamente, numa ida a Bissau, ele e outro camarada, terão andado aos tiros à Bandeira, à passagem por Nhacra (?) , após o que foi evacuado para a Metrópole, com problemas psiquiátricos.

Do que sei dele vi que era um frequentador de bares. Porém tinha atenuantes pois andava naquela vida desde a passagem pelo Estado da Índia Portuguesa. Casou lá, com uma senhora indiana (inglesa) de quem se terá divorciado, em poucos anos.

Não esteve prisioneiro, mas a vida correu-lhe mal, por lá. Na Guiné, andaria, pois "destroçado e enojado" e eu acrescento cansado e saturado, sendo um homem inteligente e frontal, a vida que levava era-lhe penosa. Em Bissau na companhia do tal camarada que veio com ele de Mansabá, fez alguns distúrbios.

Conheci-o na EPA (Escola Prática de Artilharia), num curso que frequentámos com diversos camaradas e vi que estava claramente perturbado. As histórias que dele se contam têm (muitas) um fundo de verdade.(...) 

Eis mais um depoimento sobre ele, e mais uma história,  desta feita pelo nosso saudoso Luís Faria  (1948-2013), ex-fur mil inf MA,  CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) (Vd. poste P4657, de 8/7/2009).


Histórias pícaras > Gasparinho
 
(vi) Picagem automática: as rajadas de G3 em vez da pica

(...) Um dia, creio que pelo final da manhã, fomos surpreendidos por disparos de G3 vindos da direcção da estrada de Bissorã e cada vez mais próximos. Ficados à defesa, depara-se-nos uma nuvem de pó cada vez mais próxima, até que avistámos duas viaturas que a antecediam: da primeira, com a pica G3 na mão, apeia-se o Cap Gaspar (Gasparinho) que era por demais falado pelas estórias que dele se contavam e contam (já referenciadas neste Blogue) e que, veio de Nhamate ao nosso burgo, se bem recordo, em missão de cortesia apresentar os cumprimentos de boas-vindas ao Cap Mil Mamede e dar uma de conversa com o pessoal e uns copos à mistura bem bebidos!!

Apesar do pouco tempo em presença, recordo-o como um homem educado e alegre, simpático e bonacheirão, terra-a-terra sem papas na língua e valente, que me pareceu gozar com a guerra e com o sistema, em especial com a hierarquia dominante, (seria curioso ver a resposta que daria ao nosso AB, o Almeida Bruno!!) o quem julgo, contribuía em parte para a estima que a sua rapaziada lhe tinha e demonstrava. 

Podiam dizer que ele funcionava assim por estar bem encostado!? Que fosse? Não me pareceu nada dar-se ares de importante e muito menos egocêntrico, como outros!

Acabada a visita, lá se montaram ele e a sua rapaziada nas viaturas, qual vedeta cinéfila aos olhos do pessoal sorridente que presenciava a sua partida, na esperança de um regresso para breve, mas que não mais aconteceu. Foram na verdade umas horas diferentes e marcantes, pela positiva.

Pena não ter havido muitos como o Gasparinho, que com todos os seus defeitos e virtudes era ao que parece, um raio de sol para a sua Rapaziada e por aquelas terras de sofrimento. Que esteja em Paz! (...)

Luís Faria
 
O José Afonso, ex-fur mil at cav, CCAV 3420 (Bula, 1971/73), a companhia do Salgueiro Maia, já aqui outra variante desta  história: vd. (iii) Reconhecimento pelo fogo, na picada de Nhamate-Binar (**).

A história seguinte também foi aqui contada pelo José Afonso:


(vii) Mensagem-relâmpago: quem viu passar as minhas chapas de zinco, levadas pelo tornado ?


(...) Em Nhamate (, sede da CART 3330, 1970/72), como em toda a Guiné de vez enquanto aconteciam pequenos tornados, anunciando que pouco tempo depois iria chover torrencialmente. 

Uma das vezes voaram as chapas que cobriam algumas casernas do destacamento de Nhamate. 

Então o Capitão Gasparinho envia uma mensagem a todas as Unidades, com grau de urgência relâmpago, nos seguintes termos:
- Solicito e informem se viram passar as minhas chapas de zinco!

(O grau de urgência relâmpago obrigava a cessarem todas as comunicações rádio, pois era normalmente utilizado para pedir evacuações aéreas, quando havia vidas em perigo,) (...)

Há uma outra variante desta história, aqui conta pelo José Francisco Robalo Borrego (Poste P4628 de 2/7/2009);

(...) A certa altura o pessoal do BEng 447 foi colocar chapas de zinco nos telhados das casernas (barracões?) da companhia. 

Passados uns dias um tornado muito forte arrancou as ditas chapas e nunca mais ninguém as viu. O inevitável capitão Gaspar perguntou ao BEng por mensagem mais ou menos nestes termos: "Solicito informe se chapas colocadas nesta em tal data… regressaram à sua Unidade de origem" (...) 

José Borrego

A história seguinte também já foi contada pelo José Afonso:


(viii) Informo Vexa  que Sexa passou na mecha!

(...) Durante o período do Natal, o General Spínola visitava todas ou quase todas as tropas aquarteladas na Guiné, mesmo aquelas estacionadas em sítios mais perigosos. Deslocava-se quase sempre de Heli e um Heli-Canhão de apoio. Nestas deslocações toda a zona onde ele circulava e os sectores envolventes tinham instruções para toda a rede de rádios estar em escuta permanente. 

Como estava prevista a ida a Bula, o Comandante do Batalhão de Bula ordenou que a Companhia do Capitão Gaspar informasse a sede do Batalhão logo que os hélis sobrevoassem Nhamate e se deslocassem para Bula.

Considerando a importância da missão, o Capitão Gaspar achou conveniente ir pessoalmente para o rádio e, assim, logo que ouviu barulho dos hélis a aproximarem-se chamou o comando do Batalhão de Bula ao rádio e informou:
- Informo Vexa (vossa excelência) que Sexa (sua excelência) passou na mecha !!! Terminado.

No dia seguinte todas as unidades do Teatro de Operações da Guiné receberam a seguinte mensagem:
- A partir desta data é expressamente proibido o uso de abreviaturas SEXA e VEXA. (...)



[ Seleção / Revisão / Fixação de textos e títulos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: LG ]
___________


(**) Vd. poste 9 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23154: Humor de caserna (44): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte I (António J. Pereira da Costa / José Afonso): (i) Siga a marinha; (ii) E viva a Pátria! Viva o nosso General!... Puuum"!; (iii) Reconhecimento pelo fogo, na picada de Nhamate-Binar; (iv) Não há rádios AVP1? Então mandem-me... o Teixeira Pinto!

domingo, 10 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23156: Humor de caserna (45): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte II (José Borrego): (v) Meu comandante, vá chamar filho a outro


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Pelotão de Artilharia / GA 7 > Agosto de 1972 > Espetacular foto noturna do obus 14 em ação...

Algumas características técnicas do Obus 14 cm m/943: 

(i) Origem Reino Unido; 

(ii) Ano de fabrico: 1941 (entrada ao serviço: 1943); 

(iii) Calibre: 140 mm; 

(iv) Guarnição: 10 elementos; 

(v) Peso do obus 6190 Kg; 

(vi) Peso da granada HE; 40,5 Kg; 

(vii) Alcance: 15.600 m; 

(viii) Campo de tiro horizontal: -530 mil a +530 mil; 

(ix) Campo de tiro vertical; -90 mil a 800 mil; 

(x) Cadência de tiro: 2 TOM; 

(xi) Locomoção Tração Automóvel... 

Observ: Foi descontinuado em 1987, é hoje peça de museu...

Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Temos andado a recompilar histórias do (ou atribuídas ao) cap art José Joaquim Vilares Gaspar, o primeiro de três comandantes que teve a CART 3330 (Nhamate e Bula, 1970/72), e que depois  foi promovido a major, 2º cmdt do BA 7, por volta dos finais de 1970. No CTIG, ficou conhecido pelo diminutivo Gasparinho. Faleceu por volta de 1977.  (*)

Eis mais um depoimento sobre ele,  e mais uma história (se não duas...), desta feita já aqui contada em tempos (Poste P4628, de 2 de julho de 2009), pelo nosso camarada José Francisco Robalo Borrego, ten cor art ref, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau (GA 7) e ao 9.º Pel Art (Bajocunda 1970/72). 

É também uma boa ocasião para relembrar aqui os nossos valorosos arilheiros do GA 7 / GA 7 (Grupo de Artilharia de Campanha 7 / Grupo de Artilharia 7)


Histórias pícaras > Gasparinho

(v) Meu comandante, vá chamar filho a outro...

(...) Em fins de 1970 (Outubro?), apresentou-se no Grupo de Artilharia n.º 7 (GA7) o Senhor major Gaspar, acabado de ser promovido, para assumir as funções de 2.º comandante do Grupo. 

O major Gaspar, também conhecido por Gasparinho, comandava a Companhia de Artilharia 3330, estacionada em Nhamate e mais tarde em Bula. Era uma Companhia independente, cuja unidade mobilizadora foi o extinto Regimento de Artilharia n.º3 (RAL 3) em Évora.

O comandante do GA7 era o Senhor tenente-coronel Ferreira da Silva que tinha por alcunha o Assassino da Voz Meiga, porque ao dirigir-se aos seus subordinados fossem eles oficiais, sargentos ou praças tinha por hábito tratá-los por “filho” ("Ó filho isto, ó filho aquilo"...) mas na hora de administrar a justiça e disciplina (RDM) era um “pai” pouco meigo.

Um dia tratou o major Gaspar por “filho” e, como este gostava pouco de paternalismos, terá advertido o comandante que pai só tinha um e que não admitia que o voltasse a tratar com tal “afecto”.

Devido ao feitio do comandante, ou talvez não, o certo é que não morriam de amores um pelo outro e, segundo se dizia, tinham muitas divergências e acesas discussões.

No dia de todos os Santos era tradição fazer-se uma formatura geral com representantes dos três Ramos das Forças Armadas em frente ao Palácio do Governador da Província, salvo erro.

A representação do Exército coube ao GA7 com a incumbência de enviar uma força para a cerimónia do dia de finados, força essa, que sob a responsabilidade do major Gaspar terá chegado ligeiramente atrasada ao local da formatura, o que desagradou profundamente ao comandante perante o olhar das altas entidades.

Como cmdt e responsável máximo, o ten cor Ferreira da Silva terá feito uma chamada de atenção ao major Gaspar, que,  não tendo gostado da “repreensão” em público, desatou aos berros e com insultos ao cmdt, sendo retirado do local por um oficial conhecido, pondo termo ao espectáculo deplorável!

Para quem conhecia a personalidade do major Gaspar, aquilo foi uma atitude perfeitamente natural em linha com o seu temperamento. Para a época era, ou parecia ser, um oficial desinibido, frontal e, por vezes, desafiador da disciplina. Dizia-se que na sua folha se serviços tinha tantos louvores como castigos e que gozava de alguma simpatia, junto do Senhor General António de Spínola, devido às suas características peculiares.

No regresso à Unidade os dois comandantes discutiram o incidente anteriormente ocorrido, tendo ambos chegado, ou quase chegado, a vias de facto e a situação só não foi mais grave, porque um oficial se intrometeu entre os dois.

Perante a insubordinação do major Gaspar, o cmdt mandou chamar o Sargento da Guarda para prender o major, mas este dizia ao 1.º sargento que não podia prendê-lo, porque não estava em flagrante delito.

Este episódio durou algum tempo em que um mandava avançar o Sargento da Guarda e o outro mandava-o recuar... Houve até quem dissesse que o sargento da guarda, impaciente e nervoso, terá suplicado: "Meus comandantes, decidam-se lá, porque, segundo o Regulamento, o comandante da guarda não pode abandonar o distrito da guarda, por muito tempo". Tal era o desconforto…!

Face ao sucedido,  o escalão superior procedeu ao respectivo processo disciplinar e criminal, acabando os dois por serem punidos com penas de prisão. (...)

(José Borrego)


[ Seleção / Revisão / fixação de texto e título, para efeitos de publicação deste poste no blogue: LG ]

sábado, 28 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12515: O que é que a malta lia, nas horas vagas (25): Li tudo o que era possível apanhar e estudei no Liceu Honório Barreto (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem do nosso camarada José Francisco Robalo Borrego, Ten Cor Ref (GA 7, Bissau e 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72), com data de 26 de Dezembro de 2013:


O QUE É QUE A MALTA LIA NAS HORAS VAGAS

Embora atrasado, aqui fica o meu comentário.

Ocupei os meus tempos livres a escrever, ler e principalmente a estudar:
- Escrevi a madrinhas de guerra, familiares e amigos;
- Li tudo o que era possível apanhar;
- Li livros que levei comigo;
- Li e estudei o programa para furriel do quadro permanente da Arma de Artilharia que era muito extenso;
- Estudei e fiz o Ciclo Preparatório na Escola Preparatória Marechal Carmona;
- Estudei e fiz algumas disciplinas do 5º ano no Liceu Honório Barreto.

Como estava colocado em Bissau, foi-me possível desenvolver todas as acções acima referidas com muita força de vontade e determinação!
Quando alguns camaradas me perguntavam, como conseguia eu estudar tanto, num ambiente tão difícil, eu costumava responder na brincadeira que estava a seguir à risca o lema do Senhor General Spínola “ POR UMA GUINÉ MELHOR E ENQUANTO SE LUTA, CONSTRÓI-SE".

Ex-Liceu Honório Barreto
Foto: © José Francisco Robalo Borrego (2012). Direitos reservados.

Por tudo o que consegui no campo pessoal e profissional, estou grato à Guiné, daí a minha forte ligação emocional àquele País.

Desejo a todos e às excelentíssimas famílias, continuação de Boas Festas e um 2014 o melhor possível.

Um abraço amigo do
José Borrego
____________

Nota do editor

Último poste da série de 26 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12509: O que é que a malta lia, nas horas vagas (24): Leon Uris, entre outros, e muita música (Abílio Duarte)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11423: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (16): Respostas (29/30) de Rui Felício (CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70) e José Francisco Borrego (GA 7, Bissau, e 9º Pel Art, Bajocunda, 1970/72)


Resposta nº 29 > Rui Felicio [ex- alf mil, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70] [, foto à esquerda]

(1/2)  Por telefonema do Vitor David  (ainda era o Blogue-Fora-Nada).
(3)  Não. [O Rui consta da lista dos 111 tertulianos da 1ª série, e faz parte da rede atual da Tabanca Grande, desde 11 de fevereiro de 2006,  razão por que recebeu este questionário] (**) (***)
(4) No inicio, diariamente. Actualmente de tempos a tempos.
(5) Não tenho mandado.
(6)  Conheço [, a nossa página do Facebook].
(7) [Vou] mais vezes ao blogue
(8)  O que gosto mais são das histórias menos ligadas à guerra
(9) O que gosto menos são os relatos de combates e de actos de heroismo
(10) De facto, noto lentidão no acesso,  o que prejudica visitas mais frequentes.
(11) O blogue representa um repositório importante de factos testemunhados por quem neles interveio.
(12) Já. No de Montemor o Novvo (um dos primeiros) [, Aliás, o nosso I Encontro Nacional, em 14 de outubro de 2006, na Ameira]
(13) Não, [não tenciono ir ao VIII Encontro Nacioanl, em Monte Real, no dia 8 de junho].
(14) Tem e deve manter-se porque representa um contributo histórico insubstituivel.
(15) ...


Reposta nº 30 > José [Francisco Robalo] Borrego [, hoje ten cor ref., pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72]


[Foto à direirta: o nosso camarada o José Borrego, em Bissau, no ex-GA7, em janeiro de 2012] 

(1) Descobri o blogue em 20008.
(2) Através do camarada António Graça de Abreu.
(3) Sim, desde Outubro/Novembro de 2008. [Mais exatamente, desde 12 de novembro de 2008].
(4) Semanalmente.
(5) O último material que enviei foi aquando da minha visita à Guiné em janeiro de 2012.
(6) Confesso que não [, não conheço a página da Tabanca Grande no Facebook].
(7) Vou mais vezes ao blogue.
(8) O caudal de informação.
(9) Nada a referir.
(10) Não tenho sentido dificuldades [, no acesso do blogue]..
(11) Representou reviver o passado; ir ao encontro de mim próprio; grande fonte de informação.
(12) Sim, em 2012 [,VII Encontro Nacional].
(13)  Este ano não tenciono ir por motivos familiares.
(14) Sim, o blogue ainda tem muito fôlego, e o moral elevado, tanto mais que há milhares de camaradas que ainda não se manifestaram.
(15) Só tenho elogios a fazer ao blogue, principalmente, por ser o grande elo de ligação entre camaradas e amigos que foram companheiros de sofrimento e que, na 1ª pessoa, puderam relatar as suas boas e más experiências em terras da Guiné.


________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11420: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (15): Respostas 27 e 28, de Manuel Carvalho (ex-Fur Mil da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) e Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidage, 1973/74)

(**) Vd. I Série, postes de:


(...) (ii) Temos depois outra mensagem de outro camarada da CCAÇ 2405, já aqui apresentado anteriormente, o Rui Felício, juntamente com o Victor David. Foi-me enviada ontem à noite:


(...) "Caro Luis Graça,
"Passei o dia de hoje em Coimbra almoçando com o Vitor David a quem me ligam laços profundos de amizade e camaradagem.

"Falámos do blogue cuja utilidade é inquestionável e que tanto mais se valorizará quanto os contributos para o esclarecimento das coisas que se passaram na Guiné se multipliquem.

"Foi um dia agradabilíssimo na companhia, à beira do Mondego, da mulher e da filha do Vitor David, ambas simpatiquíssimas, e do meu próprio filho que me acompanhou de Lisboa até Coimbra onde estuda.

"O Vitor David incentivou-me a enviar-te o texto que escrevi e que lhe dei a ler sobre o desastre do Corubal, pedindo-te que decidas sobre se o mesmo deve ou não ser divulgado no teu blogue.

"Espero vir a conhecer-te pessoalmente em breve... Pelos elogios do Vitor David a teu respeito, fiquei ansioso por esse momento se proporcionar.

"Um abraço, Rui Felício (ex- Alf Mil Inf CCAÇ 2405)"


11 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXIII: O IN emboscado a caminho de Dulombi (CCAÇ 2405, Galomaro, Julho de 1969)

(...) Pouco ou nada se tem aqui falado do subsector de Galomaro que, em 1968/70, era guarnecido pela CCAÇ 2405, a sacrificada companhia que viu morrer 17 dos seus melhores elementos na travessia do Rio Corubal, em 6 de Fevereiro de 1969, em Cheche, na retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).

A essa companhia pertenciam os nossos amigos e camaradas Victor David e Rui Felício. O primeiro já entrou para a nossa tertúlia. O segundo mandou-me há dias (9 de Fevereiro) a seguinte mensagem:

"Meu Caro Luis Graça,

"Por indicação do meu amigo de juventude e mais tarde camarada de armas na CCAÇ 2405, Victor David, tive conhecimento e acesso ao excelente blogue que criaste sobre a nossa passagem por terras da Guiné.

"Transmitirei aos meus conhecidos e amigos a existência do blogue e procurarei colaborar nele se tal for possivel, levando ao conhecimento de todos alguns episódios marcantes das nossas vidas, relativamente à nossa estadia na bela e martirizada terra da Guiné.

"Até breve e um abraço" (...)



Tertúlia > Amigos & Camaradas da Guiné

A. Marques Lopes, A. Mendes, Abel Maria Rodrigues, Afonso M.F. Sousa, Aires Ferreira, Albano Costa, Amaro Samúdio, Américo Marques, Ana Ferreira, Antero F. C. Santos, António Baia, António Duarte, António J. Serradas Pereira, António (ou Tony) Levezinho, António Rosinha, António Santos, António Santos Almeida, Armindo Batata, Artur Ramos, Belmiro Vaqueiro, Carlos Fortunato, Carlos Marques dos Santos, Carlos Schwarz (Pepito), Carlos Vinhal, Carvalhido da Ponte, David Guimarães, Eduardo Magalhães Ribeiro, Ernesto Ribeiro, Fernando Chapouto, Fernando Franco, Fernando Gomes de Carvalho, Hernani Acácio Figueiredo, Hugo Costa, Hugo Moura Ferreira, Humberto Reis, Idálio Reis, J. C. Mussá Biai, J. L. Mendes Gomes, J. L. Vacas de Carvalho, João Carvalho, João S. Parreira, João Santiago, João Tunes, João Varanda, Joaquim Fernandes, Joaquim Guimarães, Joaquim Mexia Alves, Jorge Cabral, Jorge Rijo, Jorge Rosmaninho, Jorge Santos, Jorge Tavares, José Barreto Pires, José Bastos, José Casimiro Caravalho, José Luís de Sousa, José Manuel Samouco, José Martins, José (ou Zé) Neto , José (ou Zé) Teixeira, Júlio Benavente, Leopoldo Amado, Luis Carvalhido, Luís Graça, Luís Moreira (V. Castelo), Luís Moreira (Lisboa), Manuel Carvalhido, Manuel Castro, Manuel Correia Bastos, Manuel Cruz, Manuel Domingues, Manuel G. Ferreira, Manuel Lema Santos, Manuel Mata, Manuel Melo, Manuel Oliveira Pereira, Manuel Rebocho, Manuela Gonçalves (Nela), Mário Armas de Sousa, Mário Beja Santos, Mário Cruz, Mário de Oliveira (Padre), Mário Dias (ou Mário Roseira Dias), Mário Migueis, Martins Julião, Maurício Nunes Vieira, Nuno Rubim, Orlando Figueiredo, Paula Salgado, Paulo Lage Raposo, Paulo & Conceição Salgado, Paulo Santiago, Pedro Lauret, Raul Albino, Renato Monteiro, Rogério Freire, Rui Esteves, Rui Felício, Sadibo Dabo, Sérgio Pereira, Sousa de Castro, Tino (ou Constantino) Neves, Tomás Oliveira, Torcato Mendonça, Victor David, Victor Tavares, Virgínio Briote, Vitor Junqueira, Xico Allen, Zélia Neno.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11373: Blogpoesia (332): Guiné... Voltarei lá um dia? (Magalhães Ribeiro)




Guiné-Bissau > Cumeré > Antigo quartel > Parada > 11/1/2012 > "Visita relâmpago, com uns amigos, da parte da manhã, ao quartel do Cumeré com passagem por Nhacra, onde fomos muito bem recebidos pelo senhor comandante que nos mostrou a unidade e que me autorizou a tirar algumas fotografias. O Cumeré é um local conhecido de muitos camaradas nossos, porque era ali que geralmente o senhor general Spínola dava as boas vindas às tropas que chegavam à Guiné e fazia as suas habituais exortações patrióticas! Da parte da tarde foram feitas as despedidas, arrumar a mala, descansar um pouco, porque o voo de regresso saiu de Bissau pelas 02h30 da madrugada, aterrando em Lisboa cerca das 06h30 do dia 12 de Janeiro". Foto (e legenda) do nosso camarada José Francisco Robalo Borrego, ten cor ref que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 (BAC 7) de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72),

Foto (e legenda): © José Francisco Robalo Borrego (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

Cancioneiro de Mansoa: Guiné, do Cumeré a Brá (*)


por Eduardo Magalhães Ribeiro,
fur mil op esp, 
CCS/BCAÇ  4612/74
(Mansoa, 1974)


Cartoon: © Mário Miguéis da Silva (2010). 

Todos os direitos reservados







Os perigos eram muitos mas… lá os íamos dobrando…
O maior inimigo era o tempo... interminável...
Cada dia parecia-nos um longo ano bissexto…
Mas o pior, eram as saudades, algo inenarrável .



O avião aterra lentamente,
Lá fora vejo... uma tabanca?
Não!, aquilo, ali, era Bissau,
O aeroporto de Bissalanca!

Desci os degraus e olhei em volta,
Terra estranha de tom encarnado,
Paisagem monótona e agreste,
Céu cinzento, todo enevoado.

O ar quente e muito húmido
Estava sereno e agradável,
Era julho de setenta e quatro,
O ambiente turvo, insondável.

Embarcamos rumo ao Cumeré
Numa coluna de viaturas,
E, pelo caminho, tudo igual!
Diferentes, só as criaturas…

Pretos e pretas com o peito ao léu,
Trouxas à cabeça e filhos em redor;
Aqui, e além, malta fardada
Ao longe, o rufar de um tambor.

Encravado na ruidosa Berliet,
Observei curioso aquela terra
E imaginei os sacrifícios
Daqueles onze anos de guerra.

Os múltiplos cursos de água,
A vegetação densa e rasteira,
E a bolanha, negra e insalubre!
Qual deles a maior ratoeira?

Futa-fulas, balantas, mandingas…
Como diferenciar o inimigo?
Papéis, futas, manjacos, bijagós…
Serão os fulas, o maior perigo?


Mas se confusas eram as etnias,
Maior era a divisão com as religiões
E, assim, uns milhares de negros
Pareciam-me demasiados milhões.

Animistas, muçulmanos e cristãos,
Dos quais alguns eram senegaleses;
Pelo meio, muitos cabo-verdianos,
Além de sírios e libaneses!

Os abutres a esvoaçar por cima,
Os mosquitos na pele a picar, e…
Os répteis por ali à nossa volta,
Não aliviavam o mal-estar.

As temíveis doenças tropicais,
O paludismo tão debilitante,
As disenterias e as hepatites,
Qual delas a mais fulminante?

Enfim, surge um aglomerado
De pavilhões pré-fabricados,
Cumeré, dizia uma placa,
Havia mato por todos os lados.

Após alojado e alimentado,
Acerquei-me da cerca de arame
E, pelo que vi, constatei arrepiado:
Isto aqui era o nosso Vietname.

Dei umas voltas pelas tabancas
Naqueles dias de aclimatação,
Os velhinhos gozavam e diziam:
- Viv’à liberdade de circulação!

E, continuavam com as bocas:
- Ó periquitos, que por aí andais.
Aí fora, há umas semanas atrás,
O turra comia-vos, tal com’estais!


Aqueles velhinhos enrugados,
Tez enegrecida e voz de bagaço,
De idade, vinte e poucos anos,
Pareciam talhados de puro aço.

Um dia, novo destino: Mansoa!
Era a hora de rendermos o Batalhão.
Depois... entregar tudo ao PAIGC,
Foi a nossa derradeira missão!

Sacos às costas, novo local: Brá!
Pr’ó Batalhão de Engenharia,
Lá se passaram mais uns dias, e…
O regresso, breve,  acontecia.

Já a bordo do Uíge medito:

África atrai de modo anormal.
Aventura?... Novos horizontes?…
Julguei que, saudades, só de Portugal!


O povo, os seus costumes, a terra ?
A mística atracção africana?
Tanto se fala dela, ninguém a vê!
Descrevê-la? Talvez p’ra semana!

Caramba! Mas se era assim tão mau!

Para quê, falar tanto, naquela Guiné?
Porquê saudades?... Voltarei ali um dia?!
Doença, tara... ou que raio isto é?!


[Fixação de texto: L.G.: O autor, MR, escreve segundo a ortografia antiga]

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Notas do editor:

(*) Capa dos Cadernos do Magalhães Ribeiro, o "ranger" mais conhecido da Guiné... O nosso querido "pira de Mansoa"... E nosso coeditor...

Pode ler-se: (i): Em Lamego... ser ranger; (ii) Em Tomar... participar no 25 de Abril; (iii) Em Mansoa, Guiné... arriar a última Bandeira.

Foto: © Magalhães Ribeiro (2005). Todos os direitos reservados.


Nestes cadernos, de 47 páginas, onde o Eduardo conta, em verso, as peripécias da sua atribulada vida militar. Foram já publicados na I Série do nosso Blogue, sob a série Cancioneiro de Mansoa, por analogia com o Cancioneiro do Niassa.  

Destes versos singelos, em jeito de romance popular, se pode dizer, em traços breves, que estão  imbuídos da ideologia ou da mística ranger, não são uma obra colectiva, são escritos por um dos últimos guerreiros do Império e, para mais, ao longo dos anos que se sucederam ao 25 de Abril de 1974 em que o autor também participou...  

Enfim, são versos ditados pela nostalgia do império perdido e pela afirmação do valor e do patriotismo do soldado português,  mas também exaltam os valores da camaradagem que cultivámos no TO da Guiné e que procuramos cultivar no nosso blogue. Daí também fazer sentido reeditar alguns destes versos, já esquecidos,  no contexto das comemorações do 9º aniversário do nosso blogue.  O Eduardo, de resto, merece. E é de lembrar que ele ainda está no ativo, na EDP, calcorreando as barragens deste país, de norte a sul...

(**) Último poste da série > 31 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11332: Blogpoesia (332): Santa Páscoa (Luís Graça)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10516: In memoriam (130): Francisco Parreira (1948-2012), ex-1º cabo mec elect auto, Grupo de Artilharia nº 7, Bissau, 1970/72:o "pai Chico", um "herói anónimo" (Filomena Parreira)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 9


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8

Guiné > Bissau > GA 7 [Grupo de Artilharia nº 7] > o 1º cabo mec elect auto Francisco Parreira, em Bissau e arredores, entre 1970 e 1972... Asd fotos não trazem legenda... Mas não é dífícil reconhecer os sítios: a Amura (foto nº 1),  a praça do Impe´rio (foto nº 2), o porto de Bissau (foto nº 4), etc.

Fotos: © Filomena Maria de Sousa Parreira (2012). Todos os direitos reservados.



1. O nosso camarada Francisco Manuel de Almeida Parreira,  nº mec 190543769, 1º cabo mec elect auto, de rendição individual, integrou o Grupo de Artilharia nº 7, Bissau. 

Partiu para o CTIG em 18 de setembro de 1970 e regressou em 8 novembro de 1972.

A sua filha, Filomena Parreira, forneceu-nos mais os seguintes elementos sobre o "pai Chico":

"Caro amigo Luís: conforme combinado junto envio as fotos do meu pai, que esteve em Guiné em 1970/72.


"Ele nasceu em Alhos Vedros, em 10/08/48, e faleceu a 27/09/12, tinha 63 anos...Ele quando tinha 20 anos,  morava nos Olivais Sul, mas viveu sempre junto a Cabo Ruivo, no Bairro dos Olivais Sul, junto a Moscavide, em Lisboa. 

"Alerto para a questão da 1º foto, a que eu julguei tratar-se do meu pai, nao foi essa que referiu...era outra que estava no blogue (*). Obrigado mais uma vez pela atenção".


2. Comentários de dois camradas nossos ao poste P10510 (*):

(i) António Ribeiro, 10/10/2012:


Talvez o Ten-Cor [José Francisco] Borrego o tenha conhecido.
À época era Fur e fazia parte dos quadros do GA 7 (ex-BAC 1), sedeado em Bissau mas com cerca de 25 pelotões no mato.

 

(ii) Vasco Pires, 10/10/2012:

É isso mesmo, nós do GAC 7 (GA 7, BAC 1...), éramos de rendição individual,~por vezes logo após um curto período, íamos para os Pelotões, é provável que esse camarada tenha ficado em Bissau, pois era aí que ficavam os especialistas (macânicos, eletricistas, etc...).

3. Comentário de L.G.:

A melhor homenagem que podemos fazer ao "pai Chico" e ao "herói anónimo" - aliás, tão anónimo como todos nós! - é fixar justamente a sua memória no nosso blogue, publicando o apelo dorido da sua filha  (*) e agora estas fotos singelas, sem legenda,  do seu álbum fotográfico. O Francisco é mais um camarada da Guiné que nos deixa, precocemente aos 63 anos, e que muito provavelmenet morreu sem nunca mais ter encontrado a malta do seu tempo, os seus camaradas do GA 7, de 1970/72.

Passará a ser lembrado aqui na nossa Tabanca Grande. Entra diretamente para o talhão dos "que da lei da morte se foram libertando" (e com ele, são já 21)... Como grã-tabanqueiro, ficará com o nº 583.  É também uma pequena homenagem aos nobres sentimentos da Filomena Maria de Sousa Parreira, um belo exemplo de amor filial. 

Convidamos a nossa amiga a conhecer alguns dos sítios por onde poderá ter andado o "pai Chico", o mais provável é que ele nunca tenha saído de Bissau, onde se situava o BA 7, ou o BAC 1,  ou o GAC 7 (as designações variaram ao longo dos anos da guerra). E talvez o ten cor art ref José Borrego lhe possa, de facto, dar mais algum esclarecimento adicional ou alguma pista para que a Filomena encontre camaradas desse tempo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9428: Turismo de saudade (3): Fotos da cidade Bissau em 07 de Janeiro de 2012 (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Dizia-nos no poste* anterior o nosso camarada José Francisco Robalo Borrego (Ten Cor (R), que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda , 1970/72) que no dia 7 de Janeiro de 2012 fez em Bissau um passeio a pé, ida e volta, recordando outros tempos, desde o Quartel-general, Santa Luzia, até ao cais do Pidjiguiti, aproveitando para tirar algumas fotos na cidade.

Quando regressava para Santa Luzia, pedi uma informação a um guineense, na casa dos 60, sobre uma rua o qual se prontificou a informar-me e depois de eu lhe dizer que tinha lá estado, há quarenta anos, na guerra colonial, ele disse-me que também tinha sido combatente da liberdade da pátria, ou seja, do PAIGC, mas que agora éramos amigos, o que eu concordei plenamente com ele. Fomos andando no mesmo sentido e ele amavelmente ia-me transmitindo as alterações geográficas, entretanto, ocorridas. No fim, abraçámo-nos desejando boa sorte mútua.na sua mensagem de 19 de Janeiro de 2012:

Aqui ficam algumas fotos da cidade de Bissau actualmente:

Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira da Guiné-Bissau

Forte da Amura

Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau

Mercado de Bandim

Catedral de Santa Luzia

Estátua de Amílcar Cabral na Rotunda do Aeroporto

Ex-Batalhão de Intendência

Ex-Liceu Honório Barreto

Os Toca-toca, popular meio de transporte da Guiné-Bissau

CONCLUSÃO:

Foram cinco dias intensos e à excepção de Santa Luzia e das unidades e órgãos militares que dela faziam parte, todos os outros locais que visitei, fi-lo pela primeira vez. Por falta de tempo não visitei Bajocunda, minha primeira saída para o mato, mas quem sabe, talvez numa próxima oportunidade!

Despeço-me com um abraço de amizade a todos os ex-combatentes portugueses e guineenses.
José Francisco Robalo Borrego
TCOR (R)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9420: Turismo de saudade (2): Mini-diário e fotos da minha visita à Guiné-Bissau (José Francisco Borrego)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9420: Turismo de saudade (2): Mini-diário e fotos da minha visita à Guiné-Bissau (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Dizia-nos o nosso camarada José Francisco Robalo Borrego*, Ten Cor (R), que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), na sua mensagem de 19 de Janeiro de 2012:

Há uns anos a esta parte, despertou em mim o desejo de voltar à Guiné, volvidos 40 anos, para matar saudades dos locais por onde andei e conversar com os guineenses de quem guardo boas recordações.

Era uma questão de tempo e de oportunidade para concretizar a minha vontade. Esse dia chegou e lá fui eu até Bissau de 4 a 12 de Janeiro do corrente ano.

Aqui está o seu mini-diário, pretexto para vermos algumas das fotos que testemunham a sua visita de saudade à Guiné-Bissau.


05-01-2012
Chegada à Guiné pelas 14 horas. Deslocação para os aposentos e descanso, após o almoço.

A famosa Pensão Central

06-01-2012
Viagem ao Canchungo (Ex-Teixeira Pinto) com passagem por Safim, Có e Pelundo. De assinalar que o Rio Mansoa tem uma bela ponte, construída por espanhóis, ao que consta, com portagem e tudo! A estátua de Teixeira Pinto foi retirada e guardada num museu, segundo me disseram, restando a pedra que a suportava.

Canchungo (Ex-Teixeira Pinto)

Ponte sobre o Rio Mansoa

07-01-2012
Passeio a pé, ida e volta, recordando outros tempos, desde o Quartel-general, Santa Luzia, até ao cais do Pidjiguiti, aproveitando para tirar algumas fotos na cidade.

Quando regressava para Santa Luzia, pedi uma informação a um guineense, na casa dos 60, sobre uma rua o qual se prontificou a informar-me e depois de eu lhe dizer que tinha lá estado, há quarenta anos, na guerra colonial, ele disse-me que também tinha sido combatente da liberdade da pátria, ou seja, do PAIGC, mas que agora éramos amigos, o que eu concordei plenamente com ele. Fomos andando no mesmo sentido e ele amavelmente ia-me transmitindo as alterações geográficas, entretanto, ocorridas. No fim, abraçámo-nos desejando boa sorte mútua.

(Nota do editor: As fotos deste dia, referentes a Bissau, serão publicadas em próximo poste)

08-01-2012
Passeio a Quinhamel onde almocei e pude saborear a bela ostra com uns amigos.

09-01-2012
Visita à minha antiga unidade (GA7), transformada em escola secundária – a Unificada Escola 23 de Janeiro. Conversei alguns instantes com o director a quem pedi autorização para visitar o estabelecimento;

Antiga Casa da Guarda do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

10-01-2012
Visita ao hospital de Comura, antiga leprosaria, assim denominado, quando foi fundado e que sempre foi campo de acção pastoral dos Frades Franciscanos. Aliás, presentemente o Director Clínico é um frade médico português – Frei Vítor Farinha Henriques. Como ficava em caminho, aproveitei e dei uma saltada a Prabis.

Hospital de Comura

11-01-12
Visita relâmpago, com uns amigos, da parte da manhã, ao quartel do Cumeré com passagem por Nhacra, onde fomos muito bem recebidos pelo senhor comandante que nos mostrou a unidade e que me autorizou a tirar algumas fotografias. O Cumeré é um local conhecido de muitos camaradas nossos, porque era ali que geralmente o senhor general Spínola dava as boas vindas às tropas que chegavam à Guiné e fazia as suas habituais exortações patrióticas! Da parte da tarde foram feitas as despedidas, arrumar a mala, descansar um pouco, porque o voo de regresso saiu de Bissau pelas 02h30 da madrugada, aterrando em Lisboa cerca das 06h30 do dia 12 de Janeiro.

Edifício Rec. Cumeré

Ruínas da Igreja do Quartel de Cumeré

Parada do Quartel de Cumeré

Porta D'Armas do Quartel de Cumeré

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9391: Turismo de saudade (1): Gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento (José Francisco Borrego)