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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Guné 61/74 - P22944: Memória dos lugares (435): Missirá, regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), 23 de dezembro de 1966 (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)

Foto nº 1

Foto nº 2

Foto nº 3



Foto nº 3A

Foto nº 4



Foto nº 4 A

Foto nº 5


Foto nº 5A


Fpoto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 7A


Foto nº 8


Foto nº 8A


Foto nº 9



Foto nº 9A


Foto nº 10


Foto nº 10A


Foto nº 11



Foto nº 11A



Foto nº 11B


Foto nº 12


Foto nº 12A


Foto nº 13


Foto nº 13A


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadic«nca) > Missirá > CCAÇ 1439 /1965/67) e Pel Caç Nat 54 (1966/68) > 23 de dezembro de 1966...  Algumas legendas: 

Foto nº 1: sítio do Unimog, debaixo da 'cabaceira'; 

Foto nº 8 / 8 A: Alguns elementos do Pel Caç Nat 54 e da CCaç 1439, fotografados num cenário de destruição, na sequência do ataque do PAIGC;

Foto nº 9 ( 9 A: alf mil Marchand (Pel Caç Nat 54), comandante do destacamento, a avaliar os estragos do ataque de 22/12/1966, três dias antes da noite de Consoada;

Foto nº 10 /10A: José António Viegas (Pel Caç Nat 54); 

Foto nº 11 / 11A: morança dos furriéis (Pel Caç Nat 54)  alf mil Freitas (CCAÇ 1439), que comandou uma coluna de socorro a partir do Enxalé;   

Foto nº 12 / 12 A: a messe que escapou, por milagre, ao ataque, com balas incendiárias;

Foto nº 13 / 13A: a  morança do comandante do destacamento, que também não foi atingida.

Fotos (e legendas): © José António Viegas (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1.  [ Foto à esquerda:  José António Viegasex-fur mil art, Pel Caç Nat 54 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e Ilha das Galinhas, na altura, colónia penal); vivehoje  em Faro; é um dos régulos da Tabanca do Algarve; tem meia centena de referências no nosso blogue].

Estas fotos, que acima se reproduzem (de 1 a 13), foram tiradas pelo nosso camarada e amigo José António Viegas, e são reveladoras da violência da guerra em finais de 1966. Neste caso, do ataque do PAIGC ao destacamento e tabanca de Missirá, a norte do rio Geba Estreito, no regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), região de Bafatá. zona leste. Foram reproduzidas há muitos anos, na série "Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique  Matos)" (*)

O ataque começou por volta das 22h30 do dia 22 de dezembro de 1966, três dias antes da Consoada. 

O destacamento e a tabanca eram defendidos pelo Pel Caç Nat 54,  comandado pelo alf mil Marchand  (, foto à direita,) e por um pelotão de milícia, comandado pelo alferes de 2ª linha e régulo da tabanca, Malan Soncó.  O destacamento pertencia ao subsector atribuído à CCAÇ 1439, que estava então no Enxalé  (**)

O fur mil Viegas ainda era periquito: tinha partido para o CTIG em rendição individual, em 30/7/1966.  Completaria 25 meses de comissão, tendo regressado a casa em 22/9/1968. 

2. Ele já  descreveu aqui o aconteceu nessa noite (***):

(...) 22 de Dezembro 1966. 22h30 da noite estavam os 3 furriéis conversando á espera do sono, eis que atravessa a palhota uma saraivada de balas incendiárias, tracejantes, explosivas, um pouco acima dos mosquiteiros.

Fui pegar na G3, meio vestido, a caminho do abrigo. A palhota já ardia, no caminho duas morteiradas certeiras entram no depósito de géneros alimentícios, acertando no bidão de óleo e de azeite o que provocou um fogo de artifício.

Já no abrigo ajudo o meu cabo a municiar a MG [42, a célebre metralhadora do exército alemão na II Guerra Mundial], no meio daquele fogacho ele diz que ouve falar espanhol, presume-se que estavam lá Cubanos .

O ataque já ia avançado e as nossas munições escasseando, o único Unimog que tínhamos estava debaixo de um embondeiro [, "cabaceira", em crioulo] e caiam morteiradas junto, com as palhotas na maioria a arder.

Parecia Roma vista de Bambadinca , o condutor da CCAÇ 1439 arranca debaixo de fogo e põe o Unimog a trabalhar para o retirar da zona de fogo. Como ele estava a escape livre, a barulheira foi muita e o IN, pensando que eram reforços, retirou. Este soldado condutor foi condecorado com a cruz  de guerra de 4ª classe. 
[ Soldado, condutor auto, nº 5406064, António dos Santos Campos ].

Tendo ido montar emboscada em Mato Cão, já calculando que a CCAÇ 1439, sediada em Enxalé, viria em nosso socorro, o que aconteceu, e como tal caíram debaixo de fogo, não havendo feridos do nosso lado. Houve um tiro caricato no Furriel Monteirinho, do Pel Caç Nat 52, do Alf Matos [, o açoriano Henrique José de Matos Francisco] , que lhe passou no meio das nádegas deixando somente queimaduras.

Ao nascer do dia, feito o balanço, tivemos dois mortos na população  
[, quatro mortos, segundo relatório da CCAÇ 1439, ] (**)   e alguns feridos ligeiros e muitas palhotas destruídas, alguns de nós ficaram só com a roupa que tínhamos no corpo.

Aproximava-se a véspera de Natal, e para o rancho pouco havia... O meu cabo nativo Ananias Pereira Fernandes sugeriu que ia tentar caçar qualquer coisa e caçou, arranjou óleo de chabéu e arroz e cozinhou uma maravilha que todos na messe gostaram, mas quando chegou a altura de mostrar o troféu, a cabeça do macaco cão, houve quem não aguentasse o estômago... Guardei essa caveira do macaco por anos.

E foi este o primeiro Natal na Guiné do Pel Caç Nat 54. (...) 
 (***)

Num tipo de guerra como  esta ("subversiva", diziam as NT; "de libertação", dizia o PAIGC), não se fazia, de um lado e do outro, uma clara distinção entre alvos civis e alvos militares...A "militarização" (, sistema de autodefesa e formação de milícias, ) do povo fula, aliado tradicional das autoridades portuguesas de então,  teve consequências como estas, com todo o seu cortejo de mortos, feridos, casas incendiadas, víveres destruídos, dor e ódio: muitas tabancas fulas eram atacadas "com fúria e em força", de noite, com armamento pesado e balas incendiárias...  (****)
___________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16147: Revisitando o "chão fula", e ligando o passado com o futuro (Patrício Ribeiro, Impar Lda) - Parte I: Bafatá

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 Foto nº 1A > Maio de 2016 > Bafatá, ao fundo o rio Geba


Foto nº 2 > Maio de 2016 > Bafatá, a catedral (1)


Foto nº 2A > Maio de 2016 > Bafatá, a catedral (2)


Fotos: © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. Mensagem, de ontem,  do nosso grã-tabanqueiro de Bissau (ou melhor, de Bafatá, onde agora vive) Patrício Ribeiro


[ Patrício Ribeiro,foto à esquerda: português, natural de Águeda, criado desde terra idade e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde 1984, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda, especilazada em energias alternativas; também conhecido carinhosamente como "pai dos tugas"; vive temporariamente em Bafatá, enquanto a sua empresa leva a luz e a água poyável a quase um cenetnas de tabancas do chão fula, no leste]


Assunto - Canquelifa - P16127,  de 23 de maio de 2016, de Jorge Araújo


Depois de ler este Post, junto fotos deste quartel. Vou enviar por 3 vezes as fotos.

Em um dos meus passeios,  no fim de semana passado, andei a estragar o carro e as costas, de Bafatá para Gabú, Piche, Buruntuma, Canquelifa, etc.

Enquanto a chuva não chega, para não nos complicar mais estas viagens na lama... A estrada está boa até Buruntuma, mas difícil até Canquelifá.

Ao ler o P16127 (*), resolvi enviar algumas fotos recentes, desta tabanca e também, ao longo das viagens quase diárias, que faço para esta zona [,  a partir de Bafatá, onde moro temporariamente].

Há quem goste de recordar, em especial o meu amigo António Rosinha, que também por aqui morou e trabalhou [, na TECNIL]. Nestas estradas de pó que, daqui por uns dias serão de lama...

Ambos estivemos na tropa em Angola, tivemos a sorte de não estar cá na guerra. Mas vamos deixar algumas obras feitas, em benefício da população. Que na sua maioria são Fulas, que sempre estiveram, ao longo dos séculos, ligados aos Portugueses.

E que nos ficam muito agradecidos. Neste caso vão ficar com água potável em 88 tabancas. Neste momento, já a têm em 75, já falta pouco…

Em outros tempos, o António Rosinha reparou as estradas para Pirada e Ché-Ché.

Como sempre, encontro antigos militares Portugueses, quando tiro fotos aos antigos quarteis destes locais, vão me contando as histórias desse tempo. Alguns eram milícias, outros militares, ainda outros ex-comandos Portugueses, que estiveram refugiados muitos anos no Senegal, viram muitos colegas seus serem lá capturados, enviados para a Guiné, onde tiveram um fim triste.

Junto algumas fotos das viagens desde: Bafatá, Piche, Canquelifa, e também do meu trabalho para publicarem, se tiver interesse.

Elas vão numeradas para identificação.

Abraço, desde o calor.
Patrício Ribeiro

Impar Lda  | Bissau

impar_bissau@hotmail.com
http://www.imparbissau.com/ 




Guiné > Zona leste > Bafatá >c. 1969/70 >  Vista aérea > Em primeiro plano, o rio Geba e a piscina de Bafatá (que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro e foi inaugurada em 1962, tendo sido construído - segundo a informação que temos - por militares de uma unidade aqui estacionada ainda antes do início da guerra).

Do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro, a rua principal da cidade. Vê-se, ao fundo, a estrada que conduz à saída para Nova Lamego (Gabu), à direita, e Bambadinca-Xime, à esquerda. À entrada de Bafatá, havia rotunda. Para quem entrava, o café do Teófilo, o "desterrado", era à esquerda..

Do lado direito pode observar-se a traseira do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF, e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa e, claro, dos produtos coloniais de exportação, como a mancarra e outars oleaginosas.  Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,  que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes, iam ao cinema (!) e até se divertiam... com as meninas do Bataclã (que ficava no bairro da Rocha), já fora da cidadezinha  colonial, como convinha. Em Bambdainca, hvia uma filial ou sucursal do Bataclã, que em tempo de guerra a indústria do amor é a sempre a última a morrer... (LG)


Guiné > Zona leste > Bafatá >c. 1969/70 > Vista aérea > Rua Principal de Bafatá, com início na Casa Gouveia... Ao fundo do lado esquerdo, a igreja católica de Bafatá. chamavamos-lhe a catedral... E em em frente, do outro lado da rua, a sede da autarquia local... Mais acima, ao fundo, do lado direito, o hospital da cidade... À frente à Casa Gouveia, rm ptimeiro planmo, do outro lado da rua, o Mercado de Bafatá, de estilo revivalista. (LG) 

Foto do álbum do Humberto Reis, ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)


Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]


2. Comentário de LG:


Bafatá é hoje uma "dor de alma", oxalá/inshallah/enxalé tu, Patrício Ribeiro,  e outros empresários ainda possam vir a reanimá-la!... Dizem-me que foi destronada pelo Gabu onde quem mais ordena são os comerciantes do "chão de francês"... C'est vrai ?

A nossa doce e tranquila princesa do Geba!... É a localidade, do nosso tempo, mais fotografada, ou pelo menos mais divulgada no nosso blogue em grande parte devido às excelentes fotos (e memórias) de camaradas como o Fernando Gouveia (arquiteto) ou o Humberto Reis (engenheiro), entre outros.

Sobre Bafatá  temos mais de 300 (!) referências no nosso blogue... E no Google Imagens a maior parte das fotos disponíveis (incluindo vistas aéreas) são nossas...

Obrigado, Patrício, em nome da Tabanca Grande e de toda rapaziada que passou pelo leste!... Vamos publicar as outras fotos que mandaste (de Piche e e sobretudo de Canquelifá)... Dá uma apitadela quando vieres de férias, ao "Puto". E se passares por outro sítios do leste (Bambadinca, Contuboel, Sonaco, Gabu, Pirada...)  tira-me umas chapas, com boa resolução como estas!... Como sabes, temos uma ligação forte a essa gente maravilhosa do chão fula!... Mantenhas!... LG
 _____________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 23 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16127: (De)Caras (40): A Canquelifá da CCAÇ 3545 (1972-1974) e os acontecimentos de janeiro de 1974: a morte do "ranger" fur mil op esp Luís Filipe Pinto Soares (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)