Lourinhã > Praia de Paimogo > 19 de maio de 2020 > Fim de tarde > Enseada, pequeno porto piscatório e forte militar do séc. XVII (ao alto) (*)
Lourinhã > Praias de Paimogo e Caniçal > 12 de maio de 2020 > Ao fundo, em primeiro plano, à direita, antigos viveiros de lagosta, agora em ruina.
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Praia de Paimogo (*)
À memória de Ruy Belo (Rio Maior, 1933 - Queluz, 1978),
poeta maior da língua portuguesa, vitima do Portugal mesquinho,
e que nunca aqui esteve, em Paimogo,
mesmo sendo meu vizinho da praia da Consolação
Oh!, quem me dera que
tu fosses o meu berço,
Praia de Paimogo da
minha infância,
Trocaria por ti a
transumância
Dos passos perdidos
pelo universo.
Do alto das tuas
jurássicas muralhas,
Questiono a vida e as
suas origens,
E o que sinto são
apenas vertigens
De barcos naufragados em batalhas.
Quantos dos teus
filhos, soldados, marinheiros,
Deram p’lo teu chão
as suas vidas,
Que a morte é de
todas as medidas
A mais crua, relógio
sem ponteiros.
Gostava de subir, um
a um, os degraus
Da escadaria do teu
velho forte,
Agora abandonado à
sua sorte,
E aí ver passar as
últimas naus.
Fosse a vida uma
ciência, dura ou mole,
Mais do que arte, com
os seus horrores,
Não se mataria por
mal d’ amores,
A filha do capitão,
ao pôr de sol.
Falésias que são
lições de geologia,
E extensos, de fósseis, cemitérios…
E que sei eu da evolução
? Mistérios
Que nem o Darwin
desvendaria.
Gosto de perscrutar o
sol, o sal, o sul,
Ao fim de tarde,
contando as traineiras,
Que à sardinha vêm,
lambareiras,
Entre tons de vermelho
e de azul.
Lourinhã, Praia de Paimogo, 19 de maio de 2020,
no desconfinamento da pandemia de COVID-19
_________no desconfinamento da pandemia de COVID-19
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 19 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20990: Manuscrito(s) (Luís Graça) (182): (Des)confinamento: poesia para dizer em voz alta à janela ou à varanda, uma boa terapia contra os "irãs maus" que infestam agora os poilões das nossas tabancas, em tempos de COVID-19
Vd também postes de:
18 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11950: Manuscrito(s) (Luís Graça) (8): Périplo amoroso pelas praias da Lourinhã, no nosso querido mês de agosto de todos os aniversários...
14 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16389: Manuscrito(s) (Luís Graça) (90): Ó Praia de Paimogo da minha infância!...
20 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16405: Manuscrito(s) (Luís Graça) (92): Praia do Caniçal: memórias
(**) Sobre o Forte no Lugar de Paimogo / Forte de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo IPA.00006327. Portugal, Lisboa, Lourinhã, União das freguesias de Lourinhã e Atalaia.
Arquitectura militar, barroca. De planta regular compõe-se de um único corpo com casa forte de planta rectangular, terreiro lajeado e terraço e no interior por corpo principal constituído por 3 divisões maiores, onde seriam os quartéis e por 2 outras dependências onde eram utlizadas ou como casernas ou como paióis.
(**) Sobre o Forte no Lugar de Paimogo / Forte de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo IPA.00006327. Portugal, Lisboa, Lourinhã, União das freguesias de Lourinhã e Atalaia.
Arquitectura militar, barroca. De planta regular compõe-se de um único corpo com casa forte de planta rectangular, terreiro lajeado e terraço e no interior por corpo principal constituído por 3 divisões maiores, onde seriam os quartéis e por 2 outras dependências onde eram utlizadas ou como casernas ou como paióis.
O corpo principal do Forte é semelhante ao Forte de Milreu na Ericeira (v. PT031109060052 ) edificado na mesma altura. Constitui o 2º ponto fortificado a S. de Peniche e integra-se na 2ª linha fortificada, de Peniche a Cascais e à barra do Tejo.
Exemplar quase único de fortificações posteriores à Restauração sem alterações arquitectónicas. Faz parte de um conjunto de fortes constituídos no reinado de D. João IV para defesa da costa contra possíveis investidas de barcos espanhóis.
Está ligado à história militar porque a pequena enseada protegida pelos seus fogos, serviu de desembarque às tropas inglesas que vieram reforçar as forças anglo-lusas do comando do marechal Wellington que tomaram parte no combate da Roliça e Batalha do Vimeiro *5, aquando da 1ª invasão francesa em 1808.
Situando-se no limiar do barroco, constitui um valioso exemplar de arquitectura militar do séc. 17 do tipo abaluartado, chamado "obra corna"
Fonte: SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónio (vom a devida vénia)