terça-feira, 19 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20990: Manuscrito(s) (Luís Graça) (182): (Des)confinamento: poesia para dizer em voz alta à janela ou à varanda, uma boa terapia contra os "irãs maus" que infestam agora os poilões das nossas tabancas, em tempos de COVID-19


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Lourinhã > Praia da Areia Branca > 17 de maio de 2020

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Teme a  peste, porque ela nunca vem só

Quem vê caras, p’ra mais agora mascaradas,
Não vê corações, sangrando ou não,
Porque esta peste é a solidão,
Que escorre, líquida, das paredes caiadas.

Face à peste, “peius”, a doença pior,
Calam-se os santos, Deus e até o Diabo,
Nada adianta, ao fim e ao cabo,
Clamar, na terra, “Do Mal Livrai-nos, Senhor!”.

Fechados estão os templos, os recintos sagrados,
Nem vozes de burro chegam aos céus,
Não há juízes, muito menos réus,
Há apenas bichos e  homens confinados.

É um imenso zoo humano a terra,
Tristes, os leões perderam a juba,
E  só a morte toca a sua tuba,
Em tempo de peste, de fome e de guerra.

Receia, pois, a peste, que nunca vem sozinha,
No xeque-mate à humanidade,
E guarda a lição de humildade:
Frágil é a ciência, a tua rainha.

Regresso agora à praia da minha esperança,
Olho a falésia, fóssil, a pique,
Temendo o inferno, à beira de um clique...
Mas só o mar, luso e eterno, me descansa!

Luís Graça


8 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pois é, quem vê máscaras não vê corações...

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Suponho que sejas o autor.
Vês que assim é que se faz poesia.
Tens ido aos treinos e vais melhorando.
Deixa-te de "versos brancos" que são o disfarce de quem não tem habilidade para...
Só há dois tipos de escrita; poesia (rimada e medida) e prosa.
O resto é treta.

Um Ab. e um bom dia de descafeínamento.
António J. P. Costa

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Sinceramente começo a ficar farto do cornavirús.
As contradições entre as opiniões dos "técnicos" - nacionais, estrangeiros ou nem por isso - levam-me à necessidade de pôr em causa os seus "conselhos e determinações". As soluções que têm vindo a ser implantadas variam de país para país e até de região para região, quando não de café para café ou restaurante para restaurante. As TV, com especial destaque para a SIC, dão um relevo excessivo ao fenómeno (algo que, talvez não o mereça). É um autêntico bombardeamento. Pior do que isto só os tempos da "divida soberana" ou do "comentador das fotocópias" a discutir o fora de jogo ao centímetro. Isso é que eram bons tempos!...
A nossa reacção terá sido ajustada e, em última análise, atingiu os déspotas incongruentes que nos governam. Mas eles não ouvem e até acham bem... e até se associam, como o PR que foi às mércolas ao mercado de Ericeira e até ameaçou que quando vier o verão vai dar um mergulho naquele mar. Se a praia estiver cheia, parece que tem um amigo barqueiro que o leva para o largo a assim contorna o confinamento que estiver em vigor. Resta saber se leva máscar e lava as mãos com sabão antes de entrar na água.
A ser verdade é o nacional-saloísmo no seu melhor. Sinto-me ofendido como "saloio" que sou, pois nasci na Amadora e moro em Mem-Martins (hoje, depois da adesão à CEE ou UE, Mother-Martins).

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Caro Luís

Mais um interessante poema.

Näo menos quanto...."Mas só o mar,luso e eterno me descansa".

Um abraco do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Até que enfim.
Acabaram as 'desculpe lá' das boladas na cara e do toc-toc do jogo das raquetas.
Tenho uma dúvida pertinente, como é que vai ser a acção do nadador-salvador com a respiração boca à boca. Ai morres..morres, como diria o outro da mordedura da cobra venenosa.
Agora estamos à espera do lobby das praias a fazer notícia 'está provado que o covid não aparece nas praias'.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Hélder Sousa disse...

Caro Luís

De acordo com o J. Pereira da Costa quanto a uma melhor identificação da poesia.
Não tenho "olho" para criticar os poemas, ou entendo ou não entendo, ou gosto ou nem por isso, e assim, com rima, é para mim de mais fácil leitura.

Quanto ao conteúdo pois é realmente prudente adoptar uma atitude defensiva que a "coisa" ainda não passou, mas sem dúvida que é reconfortante olhar a imensidão do mar e projectar aí a esperança num porvir melhor.

Há quem pense e diga que, em tempo mais ou menos breve, voltaremos ao normal.
Necessário se torna determinar o que é esse "normal".
Há quem pense e diga que, face ao que se tem passado, as coisas já não vão ser como dantes.
Necessário se torna, também, determinar o que então "mudará".

Acredito que sim, que algumas coisas irão mudar, mas pelo que tenho visto nas "redes sociais" e na profusão de mails com artigos de "especialistas", de "doutorados disto e daquilo", das inúmeras "teorias de conspiração", com várias nuances muitas vezes contraditórias (e isso que importa?) acho que estes tempos enquistaram ainda mais as atitudes de animosidade, de afrontamento, de arrogância, de mal estar e que, por isso, as mudanças não serão para melhor.

Hélder Sousa