domingo, 17 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20984: 16 anos a blogar (12): Excursão à revolta do 25 de Abril: cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné - Parte I (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

1. Em mensagem do dia 13 de Maio de 2020, o nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), enviou-nos um texto alusivo ao 25 de Abril em Lisboa e ao dia 26 em Bissau, de que se publica hoje a primeira parte.


Excursão à revolta do 25 de Abril: 
Cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné. 


Parte I

Abril legou a Maio a Primavera, o seu esplendor e a pandemia do Covid-19, esse sinistro vírus rotundo e cornudo.

Os poetas cantam que “a primavera vai e volta sempre,/A mocidade vai e não volta mais”, as zaragatoas neofaríngeas ajudam a confirmar que esse malvado pode ir e voltar, os epidemiologistas consideram-no democrático, mas, do seu regime, nós apenas vamos conhecendo, hora a hora, dia a dia, o número de infectados, dos seus condenados à morte, e experimentado o confinamento e a distanciação social - a praxis das ditaduras (ou ele não seja made in China).

O confinamento encurta o prazo de validade do nosso grupo etário, provoca o esvaziamento das garrafeiras, cuida da alteração dos valores da nossa composição química, com erupções de ácido úrico, diabetes, colesterol, a escalada da tensão arterial, e, no relativo à distanciação social, cuida de enfraquecer a nossa resistência mecânica, com o reumático e pela rarefacção daqueles movimentos mecânicos de corpo a corpo, para os quais os irracionais têm época própria, mas que a espécie humana exercita todo o ano. Que a Ciência, essa divina componente da espécie humana, o sepulte rapidamente no inferno.

Panorâmica da Avenida dos Aliados, no Porto, a 1 de maio de 1974. O primeiro 1º de Maio em liberdade
Foto e legenda com a devida vénia a Expresso

Como os ecos das celebrações “nacionais” do 25 de Abril e do 1.º de Maio ainda não se esvaíram, começo a servir esta prosa memorialista, confeccionada nessa ditadura temporal do Covid-19, pondo o avental de contestatário: não perdi nem a devoção ao 25 de Abril nem a estima pelos “capitães de Abril”, sou crítico da impreparação política e derivas do MFA, sou contrário aos feriados nacionais do 25 de Abril e do 5 de Outubro, porque celebram as mudanças de regime, pela sua lógica triunfalista, divisionista, o oposto da união, e, em desafio à gramática, sou crítico de se grafar República Portuguesa e não República de Portugal.

A celebração do 1.º de Maio, pela sua dimensão mundial, abrangente pelo seu sentido de exaltação da dignidade do trabalhador e do emprego, como criadores de toda a riqueza da espécie humana, da sua distribuição, equitativa como direito natural, é merecedora do decreto de feriado nacional.

Invocando o princípio de equidade e considerando a nossa maioridade cívica um dado adquirido, preconizo a substituição de alguns feriados nacionais, celebrativos das mudanças de regime e religiosos (dias santos) por outros, celebrativos da nossa história e identidade, por exemplo da fundação da nacionalidade, da independência nacional, da Batalha Real (de Aljubarrota), do nosso primeiro Descobrimento marítimo, etc.

A celebração do primeiro 1.º de Maio de 1974 do após 25 de Abril foi de toda a gente, abrangente, à dimensão nacional, ainda a CGTP nem era ideológica nem havida cometido o seu pecado original de complementar um partido político, um milhão de pessoas celebrou-o em Lisboa, um pouco menos celebrou-o no Porto, o país um mar de unidade nacional, de maturidade cívica e a primeira evidência da pureza e sinceridade do ideal dos “capitães de Abril”, cujas projecções matemáticas davam 95% de adesão à sua revolta. Foi um massivo aval do Povo ao MFA.

No referido neste blogue à celebração pelo PAIGC do 28 de Maio de 1965 com a CArt 676, em Pirada, a efeméride da gestação do regime do Estado Novo não era feriado nacional, mas o PAIGC sinalizava-a com bombardeamentos nocturnos e a fogachar as tabancas fronteiriças; desgastar o moral e matar a tropa era o seu intento, mas as granadas são cegas e geralmente matavam e estropiavam crianças, mulheres e velhos, seus compatriotas.

O PAIGC celebrou o 28 de Maio de 1965 não só em Pirada, mas também noutras quadrículas; chamou a minha CCav 703 à colação da sua celebração, sobre a população fula e mandinga da tabanca de Buruntuma, no extremo Leste, com tiro tenso e curvo, de armas ligeiras em proximidade e de armas pesadas em território estrangeiro, o seu gozo e o nosso mau bocado duraram menos de 5 minutos – arriscamos o envolvimento à sua retaguarda, no estrangeiro - e o resultado da sua celebração foi: PAIGC, 2 (mortos) – Tropa e população, 0 (mortos).

As suas flagelações sobre a CCav 703 e a populosa tabanca de Buruntuma tornaram-se rotineiras – pela alvorada, pela hora do almoço e pela hora de recolher. Nesse mesmo ano, obrigou-nos a participar na sua comemoração nocturna do 19 de Setembro, aniversário do seu líder Amílcar Cabral, e, também, na celebração nocturna de 24 de Setembro, aniversário da sua fundação, paternidade que ele nunca usurpou, mas que “historiadores” do politicamente correcto teimam em lhe imputar, expropriando-a ao pedreiro comunista Rafael Barbosa. Porquê? Por a PIDE não o ter liquidado, hospedado no Tarrafal e por ele ter regressado a Bissau “reeducado”, adversário do PAIGC e entusiasta do spinolismo.

O engenheiro agrónomo Amílcar Cabral só não foi hóspede do Tarrafal, quando estudava os solos e subvertia o “proletariado rural” do sul e do leste da Guiné, porque o Governador Comandante Melo e Alvim, bom conhecedor do povo e da realidade guineense, o estimava e não deixou. Liderou a guerra de libertação da Guiné, é o pai da Nacionalidade bissau-guineense, não foi o pai fundador do PAIGC, mas seu padrasto.

Para não deixar os meus parcos créditos de veterano e de cronista da Guerra da Guiné arrastar-se pelas ruas da amargura, não resisto em abordar os acontecimentos do mês de Maio de 1973 – as celebrações bélicas do PAIGC sobre Guileje, Gadamael e Guidaje -, ou “crise dos 3 G´s”, cuja extensão e profundidade provocaram a gestação do 25 de Abril e serviram de rampa de lançamento à sua declaração unilateral de independência.

O impensável aconteceu na guarnição de Guileje, nesse mês de Maio de 1973. A guerra contava 12 anos, muito aguerrida e dura no sul, e, pela primeira vez, um oficial superior do Exército Português baixou a espada, de renúncia ao combate e à soberania de Portugal sobre o sector militar que comandava, concedendo às FARP a sua primeira libertação territorial - o seu aquartelamento fortificado, deserto de tropa, e a sua tabanca, deserta de gente.

A “Operação Amílcar Cabral” havia sido idealizada por ele, e, em sua memória póstuma, o PAIGC confiou o planeamento e o seu comando no terreno a oficiais cubanos, seus cooperantes. Nesse mês de Maio de 1973, as suas FARP (Forças Armadas Revolucionárias Populares) de Nino Vieira (comandante) e Pedro Pires (comissário político) fizeram da tabanca, das suas acessibilidades e do aquartelamento de Guileje, no sul, o seu campo de tiro tenso e curvo, montaram emboscadas sangrentas nas suas acessibilidades, a privá-la de água e reabastecimentos, orientaram e acertaram-lhe com mais de 900 obuses.

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 22 de Maio de 1973 > A população e os militares abandonaram Guileje, às 5,30h, a caminho de Gadamael. Esta foto, dramática, é da presumível autoria do Fur Mil Carlos Santos, da CCAV 8350 (1972/74), segundo informação do seu e nosso camarada e amigo José Casimiro Carvalho, também ele da mesma unidade ("Os Piratas de Guileje") mas que nesse dia estava em Cacine. Faz parte do parte do acervo fotográfico do Projecto Guiledje. 
Foto: AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados. [ Editada por C.V.]

Por sua análise da situação, o comandante do sector Major Coutinho e Lima reagiu a esse dilúvio de metralha inimiga pelo descarte ao combate, optou pela economia de sofrimento, sangue e na prevenção a aprisionamentos. Contrariando as ordens presenciais do Comandante-Chefe, manobrou a retirada ordenada da guarnição para Gadamael Porto, secundada pelo êxodo da totalidade população, na sua aversão à sua “libertação” pelo PAIGC. Terá negligenciado que transferia a problemática de Guileje para essa tabanca e subavaliado a elevada remuneração que concederá à avidez territorial do PAIGC e da sua propaganda internacional: abandonou a principal base fortificada de soberania portuguesa, na extensa fronteira entre Buruntuma e Aldeia Formosa (Quebo), e, pela sua incompatibilidade com a táctica furtiva dessa retirada, teve de deixar para trás 2 obuses de 140, autometralhadoras Fox, granadeiros Whaite, camiões Mercedes e Berliet, morteiros de 82, de 107, bazucas de 89, algumas G3, bens de aquartelamento e provisões da intendência, incluindo os whisquies do seu bar de oficiais, mapas do Estado-Maior, etc., etc.

Então, a partir de 28 de Maio de 1973, o PAIGC passou a içar a sua bandeira no pau da bandeira, na parada desse aquartelamento fortificado, que pertencera à bandeira nacional, e o mundo viu-se invadido pela sua propaganda gráfica e audiovisual, com enfoque nos cenários do abandono pelo Exército Português das instalações, do içar da sua bandeira e daquele volumoso espólio de guerra, acreditamos que deixado inoperativo. E foi a crise de Guileje que credibilizará junto da OUA, da ONU e das chancelarias de países ocidentais a futura manobra do PAIGC da declaração unilateral da independência, no Boé, em 24 de Setembro seguinte, que encravilhou mais a diplomacia de Portugal.

Como Guileje era uma base bem armada e com abrigos de betão armado, construídos pela Engenharia militar, os planeadores dessa operação não previam a sua autoderrota, o seu principal objectivo seria a captura de alguns prisioneiros, para trunfo e trofeu, (a “Operação Mar Verde” tornara a sua cadeia em Conacri devoluta de militares portugueses). Este sucesso artilhou-lhes o etos belicista, as FARP avançaram do estrangeiro o seu armamento pesado cerca de 15 km no interior da Guiné e sacrificaram a tabanca de Gadamael-Porto com o seu dilúvio de metralha, apenas protegida com valas a céu aberto, ora pejada de gente em pavor, de tropa desmoralizada e à beira de um ataque de nervos.

Ouvi o comandante Pedro Pires dizer na RTP que as coordenadas e a precisão do tiro curvo sobre Gadamael lhes foram facultadas por um desses mapas de Estado-Maior, deixado para trás em Guileje. Depois de terem gasto mais de 1000 obuses a destruir instalações e a revolver o espaço de Gadamael Porto, investimento alto mas de parcos os resultados, as FARP foram forçados à retirada acelerada para os seus refúgios no estrangeiro, ameaçadas pelo general “época das chuvas” e já a confrontar-se com os reforços de tropas especiais, vindas de Cufar, de Bissau e até de Guidaje, em reforço da sua defesa, sua missão extensiva ao assalto e destruição das suas bases de retaguarda, em Kandiafara, Simbel e Tarsaia, na Rep. da G-Conacri, manobra idêntica à que havia destruído e pilhado a base de retaguarda em Cubam-Hori no Senegal, que alimentava a operação sobre Guidaje.

Major Correia de Campos
Nesse mesmo mês de Maio de 1973 e quase em sintonia com os desenvolvimentos em Guileje, as FARP de Chico Té (comandante) e Manuel dos Santos (comissário político), cumprindo e sintonizados com o planeamento e o comando operacional e oficiais cubanos, também cercaram a tabanca de Guidaje por todos os lados, na fronteira com o Senegal, despejaram mais de 1000 obuses sobre ela, mas nem conseguiram o seu isolamento e nem puderam lançar-se ao seu assalto, planeado para o dia de 23 Maio. Os Fuzileiros, a Companhia de Paraquedistas 121, comandada pelo Capitão Moura Calheiros e a CCav 3420, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia, furavam o seu isolamento, o Tenente Coronel Correia de Campos, comandante do sector, embargava a repetição de Guileje. Quando os seus subordinados lhe abordaram a retirada para Bigene, plantou-se na frente do cavalo de frisa, impecavelmente fardado, a agitar o pingalim, de pistola em punho e a dizer-lhes:
- Só por cima do meu cadáver!

As valas de Guidaje  
Com a devida vénia a SPM 0018 - CCAÇ 3

E as FARP tiveram de desmontar o cerco a Guidaje e manobrar a retirada para os seus abrigos no estrangeiro, já a contas com uma manobra de envolvimento montada pelo Batalhão dos Comandos Africanos à sua base de retaguarda de Cumbam-Hori, no Senegal, comandado pelo Tenente-Coronel Almeida Bruno, as suas subunidades comandadas pelos Capitães Raul Folques, Matos Gomes e António Ramos, que eliminaram o seu coordenador, tenente cubano Raul Abade, lhes causaram elevadas baixas, entre nativos e cooperantes estrangeiros, e a perda de 100 armas automáticas, 100 morteiros de 60, 81 e 120, 14 canhões e de 100 toneladas de munições.

Os dois oficiais Correia de Campos e Salgueiro Maia, que em Maio de 1973 se notabilizaram no contexto bélico de Guidaje, virão a ser essenciais ao sucesso da revolta do dia 25 de Abril, em Lisboa, com os seus desempenhos no Terreiro do Paço, no Largo do Carmo, etc. Se muitos foram os chamados, estes foram dos decisivos.

Se o 25 de Abril é contentamento e cantado como um “dia inteiro e limpo” (poesia de Sophia), pela sua bondade intrínseca e virtude profissional dos seus actores, a estragação ou pecados do MFA são susceptíveis de reparos, por se ter contraído o esquerdismo, a doença infantil das revoluções e pelas derivas ao seu ideal.

O Major Otelo Saraiva de Carvalho ter-se-á inspirado no pensamento (formado e estruturado na Casa dos Estudantes do Império) e na acção (tirocinada na China e como comandante supremo da Guerra da Guiné) de Amílcar Cabral, para planear e comandar a operação “Viragem Histórica” vulgo “25 de Abril”.

Amílcar Cabral planeou o dispositivo subversivo e militar da sua guerra sobre um mapa escolar da Guiné, o leste contrariou-o, os fulas ciosos de poderem fazer a sua própria libertação e ganhou-a sem Marinha nem Força Aérea; o Major Otelo planeou essa operação sobre um mapa do ACP das estradas de Portugal, mas o Norte dos “portugueses dos mais antigos” quis fazer o próprio golpe – e o MFA ganhou e sem precisar da Marinha e da Força Aérea.

Em Lisboa, o Major Otelo e o estado-maior da conspiração precisaram das tropas do Centro, Lisboa e Sul, de meter muita gente na prisão, sob o pretexto da sua importância e gastaram 20 horas até à vitória da revolta, e ficou a dever a sua materialização sem combate, incruenta, ao “espírito da Guiné” do Coronel Romeiras Júnior, comandante do RC7, ao desempenho e espírito de missão do Capitão Salgueiro Maia, da sua malta, da malta das guarnições de Tomar e de Estremoz, e, sobremaneira, à consciência do Comandante António Louçã, que desobedeceu à ordem recebida pelos canais hierárquicos e não disparou sobre a sua manobra no Terreiro do Paço as granadas de urânio empobrecido que municiavam dos canhões da sua fragata Gago Coutinho – Salgueiro Maia e a sua malta teriam sido dizimados.
(O MFA do PREC cometeu a insanidade de sinalizar ambos de “reaccionários”)…

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20971: 16 anos a blogar (11): Poema de João Afonso Bento Soares, maj gen ref, sobre a sua terra natal: "Meimoa, Princesa da Cova da Beira"

12 comentários:

Anónimo disse...

O capitão de fragata não foi herói nenhum, se disparasse um tiro sobre as tropas no Terreiro do Paço a artilharia de Vendas Novas que estava no Cristo-Rei metê-la-ia ao fundo! Ele resolveu então ficar quieto!
Albertino Ferreira

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valdemar Silva disse...

Luís Lomba.
Mais um texto difícil de perceber, embora vá continuar, desta primeira parte que até parece a transcrição da apresentação de uma candidatura política.
E nessa base, não se sabe se a 'excursão à revolta do 25 de Abril' é um passeio de estudo ou de recreio, se uma viagem recreativa de um grupo geralmente com um guia, ou em sentido figurado como uma digressão ou divagação, ou uma invasão ou incursão de território do inimigo, quanto a revolta é só fazer as contas como diria o outro e o 25 de Abril ajuda a decifrar o 25A confundido com número de polícia de um estabelecimento comercial.
Sabe sempre bem saber, haver possibilidades de se criar mais um feriado, pese embora a escolha do 'dia' ser difícil para que possa a agradar às várias tendências do 'ser mais importante' se a chegada às Canárias, Ceuta, Porto Santo, Açores, Bojador, Guiné, Cabo da Boa Esperança, Índia ou Brasil, ou mesmo à Terra Nova ou à Gronelândia e evitar que haja ajudas de venezianos ou pilotos árabes.
Também vai ser difícil passar o feriado do 1º. de Maio, para o antigo feriado 'das corporações-trabalho/emprego', dado que já é mundialmente festejado como o dia do trabalhador por melhores condições de trabalho, horário e dias de descanso.
Vamos esperar pela continuação, com certeza vamos saber mais pormenores com os nomes (com as datas de nascimento por causa das confusões) dos intervenientes e sabermos ao certo se só foram as garrafas de whisky ou se também havia de cognac, gin ou aguardente da Lourinhã que se conseguiu levar da Guilage.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Queria dizer Guileje

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Opiniões

Quando se escreve sobre factos muito concretos tem que se ser rigoroso senão está-se a falsear a história e cai-se no ridículo.

Artigo de opinião cheio de meias verdades, falsidades, e dados incorrectos quanto se fala de factos.
Não sei se a bateria de obuses 8,8 conseguiria afundar a fragata apesar de ter granadas anti-carro.
Era necessário acertar e depois não sei se a blindagem do casco da fragata não aguentaria,e esta poderia ainda colocar-se numa posição de ângulo morto visto que a bateria estava numa posição elevada em relação à fragata.
Enfim pequenas questões técnicas...ah !!! granadas de "urânio enriquecido" essa é só para rir...não sabia que em 74 estávamos tão evoluídos.
Artigo muito bem escrito, como é apanágio do autor, mas não havia "nexeexxidadade...huummm" de deturpar factos.

AB

C.Martins

Anónimo disse...

PS
Não existem granadas de "urânio enriquecido",aquilo que existe é um cartucho que dispara uma barra de urânio enriquecido que por ser extremamente duro e devido à energia cinética penetra a blindagem de um carro de combate in e atinge mil graus de temperatura levando à fusão da barra assim como de tudo que se encontre no interior do mesmo incluindo como é evidente a tripulação,faz explodir as granadas fazendo saltar a torre do respectivo....
Ah...já me esquecia... também deixa um rasto de ambiente radioactivo..para completar o ramalhete.

C.Martins

Anónimo disse...

PS
volto à carga, como é evidente queria dizer "urânio empobrecido"

C.Matins

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
damaso disse...

Caro Luís Lomba
Permita-me fazer uma correção acerca do comandante da CCP 121, na data a que se refere era o Cap. Almeida Martins, o então Maj. Moura Calheiros, era o oficial de operações do BCP 12, esteve lá a 23 de maio de 73, numa DO a uma altitude considerável.
O dia 23 de maio, traz-me recordações dolorosas e boas.
Eu estava lá, é o dia da Unidade das Tropas Paraquedistas de cá.
Nas boas é que nasceu uma neta que vai na casa dos 20 anos.
Para mais esclarecimentos Vide os P9939,9951,9954,9963,9966 e 9975 e a Ultima Missão do COR. Moura Calheiros.
Continue.
Um grande abraço
Dàmaso

Manuel Luís Lomba disse...

Meu caro J. Belo:
A frase "portugueses mais antigos" nem é viral nem de minha lavra (grafei-a com aspas); é mais antiga que a sé de Braga, uma espécie de evocação dos antepassados mais remotos.
Os galegos começaram a ser muito "peneirentos", novos-ricos, exibicionistas de cordões,arrecadas e de outros metais (a Galiza abrangia as Astúrias e a Cantábria, até La Rioja) e os suevos e visigodos a sul do rio Minho, na sua pacovice da agro-pastorícia e da vitivinicultura (Verde, claro!), não queriam ser galegos, já se tratavam por portucalenses quando o rei de Leão Afonso II particularizou pela primeira vez o território de entre Minho e Douro como Portucale, calcula-se que por volta do ano 798. No ano 925, o rei Ramiro II delimitou Portucale do Minho ao Vouga e elevou-o a Terra Portucalense, com capital em Viseu.
Depois de ter conquistado Coimbra aos mouros com Egas Moniz, o futuro aio, como seu Alferes-mor (uma espécie de comandante do seu exército formado por nortenhos), e com a ajuda de Santiago, que desceu do céu em "intervenção", montado num cavalo branco e com uma espada de fogo (antepassada do napalm), Afonso VI (avô de D. Afonso Henriques), formatou a Terra Portucalense em Condado Portucalense do Minho ao Mondego, com capital em Guimarães.
E por que tinha 2 filhas casadoiras e muita estima e carinho pelos "portugueses", promoveu o Condado Portucalense a Condado de Portugal e deu-o em dote à filha Teresa (defendo que é portuense...) e ao genro Henrique, emigrante borgonhês.
A condessa Teresa enviuvou de Henrique, já quarentona e "mulher durázia", arranjou um namorado galego quase da idade do filho Afonso, então moço activo e desenrascado, muito estimado pela malta do Norte, que já o tratava por "príncipe dos portugueses", recusava a regressão ao estatuto de galego, passou a conspirar, começou por se auto-armar cavaleiro, fez o primeiro 25 de Abril, em 1127, no Castelo de Faria, consolidou-o um ano depois, no dia 25 de Junho de 1128, no Castelo de Guimarães e alçou-se a nosso rei Afonso I.
A malta do Norte passou a fazer "fossados", excursões além-Mondego, do género das do PAIGC virá a fazer na Guiné, montava umas emboscadas, dava cabo dumas hortas, queimava umas searas, arrancava umas vinhas (os mouros gostavam da pinga!). Era a guerrilha ou a guerra de desgaste.
Esse nosso D. Afonso I consolidou no Norte o Exército Português, começou a avançar além Mondego, por Leiria, Santarém, Lisboa, etc., naturalizava os vencidos como "portugueses novos" e a sua dinastia só parou as conquistas de "terras e povos" em Vila Real de Santo António.
Para contrariedade de certos "historiadores" brasileiros, antes de "inventar" o mulato, os soldados portugueses "inventaram" o moçárabe. As mouras encantadas e as cabritinhas.
Ai o que me atrevo a dizer!... Se o nosso D. Afonso I e a sua dinastia tivessem sido fascistas, a malta de além Mondego teria passado à história não como "portugueses novos", mas distinta como "portugueses de 2.ª" ou assimilados...
E a ordem dos factores não é arbitrária: os portugueses não querem ser galegos, mas há muitos galegos que aspiram a ser portugueses...
Meus caros camaradas: leiam o livro "Da Senhora e Da Franqueira", da minha autoria, são quase 500 páginas - está lá tudinho...
Abr.
Manuel Luís Lomba


Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valdemar Silva disse...

Luís Lomba
Os soldados portugueses 'inventaram' o moçárabe?
Evidentemente que os moçárabes, ou arabizados, já assim eram tratados em todo o andaluz, por serem cristãos de rito visigótico que viviam nas localidades muçulmanos aquando da chamada reconquista.
Provavelmente, muitos também foram passados a fio de espada quando os cristãos tomaram essas localidades aos mouros.

Valdemar Queiroz