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domingo, 27 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9104: Agenda cultural (172): Fado, Património Cultural Imaterial da Humanidade





III Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine > Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > 17 de Maio de 2008 >    Fado da Guiné > Vídeo: 2 m e 19 s > Alojado no You Tube > Nhabijoes > Letra do Joaquim Mexias Alves. Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia). Acompanhamento: J. L. Vacas de Carvalho e David Guimarães (violas). Julgo que foi a estreia absoluta mundial deste fado... As condições de execução e gravação não foram seguramente as melhores, mas o que conta(va) é(era) a atitude dos nossos artistas... (LG)

Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.





1. No dia em que foi aprovada a candidatura portuguesa do Fado à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, a nossa Tabanca Grande (onde há muita gente, amigos e camaradas da Guiné,  que gosta do Fado, que o escreve, que o sente, que o canta, que o toca e até que o estuda), associamo-nos, com regozijo, a essa grande honra mas também grande responsabilidade que nos é conferida pela UNESCO... E a melhor maneira é relembrar (e divulgar, mais uma vez) aqui o Fado da Guiné, criado e interpretado pelo nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (*)... Mas também apelar à preservação e divulgação de letras de fado e outras canções que, de Bissau a Bajocunda, de Varela a Madina do Boé, se cantavam nos nossos aquartelamentos e destacamentos...


Sobre Fado e Fado da Guiné, temos já cerca de duas dezenas referências no nosso blogue, referentes nomeadamente a recolhas de letras de fados que eram  cantados no nosso tempo, no TO da Guiné (**)... Um dos primeiro postes do nosso blogue, I Série (em 11 de Maio de 2004), foi de resto dedicado ao famoso Cancioneiro do Niassa onde há diversas adaptações de fados conhecidos...

Como então escrevi, vários poetas e versejadores, de maior ou menor talento, pertencentes aos três ramos das forças armadas, contribuiram anonimamente, na região do Niassa, no TO de Moçambique,  para aquilo a que depois se veio a chamar o Cancioneiro do Niassa, e que passaram na então Rádio Metangula (em 1968/69).  As letras eram acompanhadas por melodias em voga na época, incluindo tangos, baladas e fados, tradicionais ou não, ainda hoje facilmente reconhecíveis (por ex., A Casa da Marquinhas, de Alfredo Marceneiro, ou a Júlia Florista, da Amália).

O seu interesse não é apenas literário mas também  documental, socioantropológico... Temos procurado também, no nosso blogue, (re)construir o Cancioneiro da Guiné, de que este fado do Joaquim Mexias é já uma peça emblemática. (LG)
Fado da Guiné


Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)

Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Bojador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,

18 de Agosto de 2007
 ________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de de 15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves) 



(**) Último poste da série > 26 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9098: Agenda Cultural (171): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (9): Rescaldo da sessão do dia 23 de Novembro de 2011 (Carlos Cordeiro)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6602: (Ex)citações (80): Chafurdar na lama da guerra... e querer lá voltar... voltar a pisar aquela terra vermelha, antes da Grande Viagem (Hélder Sousa /Luís Borrega)

1. Comentário de Hélder Sousa ao Poste P6600

Caros camaradas: Lembro-me do Álvaro Guerra 'antes da guerra'. Era o excelente guarda-redes da equipa de hóquei em patins de uma boa equipa da UDV (União Desportiva Vilafranquense) que na época 'batia o pé' aos habituais 'grandes'.

Eu era um dos seus fãs. Soubemos mais tarde que foi ferido com gravidade na Guiné e que já não poderia continuar a jogar.
A frase que é citada, "Por lá chafurdei na lama das lalas, debati-me no turbilhão dos tornados, derreti-me na fornalha de um sol quase invisível, dissolvi-me na chuva vertical, e amei como um danado aquela terra que me injectou a febre, me secou, me expulsou a tiro. Mas nunca o preço do amor é excessivo nem a presença da morte o pode aniquilar", é realmente quase que um hino sublinhando o que emocionalmente nos liga à Guiné e que curiosamente tem pontos de relação com o "Fado da Guiné" do J. Mexia Alves.

Conhecia outros livros de Álvaro Guerra, mas este não. Vou ver se o leio e se consigo entrar no emaranhado que o MBSantos descreve.(*)

Abraços, Hélder S.

2. Comentário de Luís Borrega ao mesmo poste:

Camarigos

A frase citada, "por lá chafurdei"...é precisamente o que sinto. 

Oh meu Deus! Como odiei aquela terra vermelha, as bolhanhas, o calor tórrido, as ordens dadas sem nexo por quem nunca se aventurou no mato, ter medo de ter medo de me acobardar à frente dos meus soldados em situações de contacto com o IN (felizmente nunca aconteceu). Mas hoje amo aquela terra, tenho uma tristeza enorme que não tenham a vida que almejavam quando começaram a guerrilha.

Antes de fazer a "Grande Viagem",  tenho de lá voltar, ver a terra vermelha, a algazarra dos djubis, as bolhanhas verdejantes, o calor humano daquelas gentes, o cheiro da terra depois das chuvas, a silhueta do poilão ao pôr do sol, os latidos dos macacos cães nas bolhanhas, enfim recordações...

Abraço Camarigo

Luís Borrega
_____________

Nota de L.G.:


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6471: Vídeo: Fado da Guiné (letra original e voz de Joaquim Mexia Alves)



Fado da Guiné : Vídeo 2' 09'' . Letra do Joaquim Mexias Alves. Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia). Alojado em You Tube > Joquim1949


1. Mensagem do camarigo Joaquim Mexia Alves, com data de ontem:

Caros camarigos :

Não percebo nada de computadores, mas como sou teimoso vou fazendo experiências.  Desta vez atirei-me ao Fado da Guiné  (*) e coloquei-lhe umas imagens.

Ao menos enquanto se ouve o "artista" sempre se vêem umas imagens a propósito.
É só para que me "dêem os parabéns", já que para mim é uma "vitória" conseguir fazer estas coisas!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=gpsv4Nt6mwo

Enfim,  é apenas uma graça, porque ainda tenho esperança de que hei-de cantar este fado acompanhado à guitarra e à viola.

Um grande abraço para todos
Joaquim
____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4562: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (7): Tocámos certinho e dobrámos o Bojador...(David Guimarães)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O nosso trio musical: Joaquim Mexia Alves, fadista; Álvaro Basto e David Guimarães, violas.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Na hora da partida: o David Guimarães e a esposa, a Lígia (Espinho), o António Pimentel (Porto) e o Hernâni Acácio Figueiredo (Ovar) ...

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados.

Imagem do Saara Ocidental, a caminho da Guiné-Bissau, depois de passar o Cabo Bojador e o Trópico de Câncer... (*)

Foto: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem do membro nº 3 da nossa Tabanca Grande, David Guimarães, tão antigo como o Luís Graça, o Sousa de Castro, o A. Marques Lopes...


Mais um sinal forte vindo da nossa Tabanca – a unidade na amizade e a quadra que eu lia bem e ouvia bem (mas era diferente) … Ler estava errado, ouvir estava.

Quando as coisas correm bem como que se diz – que bom, e basta, e vamos partir para outra…

É evidente que me quero hoje referir ao último Sábado onde a festa foi maior ainda – efectivamente a Tabanca está cada vez mais cheia e sempre bonita e de porta aberta – que para o ano aquele espaço que se abriu onde mais convivemos com as rações de reserva (Tipo L – L de luxo) seja ocupado por mais tertulianos e acredito mesmo que vai ser...

Foi um dia, como se costuma dizer, em cheio em que, terminada a operação, cada combatente chegou a casa feliz com a missão cumprida – parabéns à Organização que como sempre esteve impecável…

Quer dizer o ex-Furriel tal tal tal que sou eu – estou feliz por Sábado e a todos por aqui quero mandar aquele abraço, um abraço.

E agora…

Bem coube-me a mim a sorte, e ao Álvaro Basto, de ter a honra de acompanhar o fado Guiné – o Fado que é nosso já e que o Mexia Alves fez o favor de o escrever, e bem, a nosso contento. E, se melhor o escreveu, melhor o diz a cantar, ao ritmo do fado Primavera, claro – é o fado da Tabanca…

E agora: quando lá atrás estávamos a ensaiar, a escolher tons, fazer transposições, a acertar com a voz… aí mesmo eu ouvia o que não está aqui escrito no fado nem deveria estar…

Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.


Aqui está escrito uma coisa que não foi escrita pelo Mexia Alves e que urge corrigir – e eu lá nos pormenores… É que nenhum de nós para a Guiné teve de fazer esse percurso – o Equador ficava bem mais abaixo, não muito mas um pedaço mesmo – e lendo dá a impressão que o Mexia foi dar essa volta toda – quando ele diz e muito bem e que além de certo é bem diferente claro.

Dobrado o Bojador,

E assim é que fica o Fado Guiné tal qual o autor o fez – é que do Bojador ao Equador vai então mais um pedaço que da Guiné lá mesmo também… E o que tenho receio é que alguém se acredite que passámos mesmo o Equador.

Vamos lá emendar a letrinha que o Mexia escreveu bem e cantou sempre bem, e quem o transcreve continua a passar mal o dito verso Dobrado o Equador que deve ser Dobrado o Bojador.

Desta vez estive mesmo atento – é que por norma quando tocamos queremos saber o tom e a música e estar com atenção ao andamento e aquele momento em que o fadista faz sinal que vai acabar….

E desculpem qualquer coisinha mas duas violas afinadas, uma em si e outra em lá (Álvaro Basto e eu) a acompanhar o Mexia que se tentava fazer ouvir e o coral das vozes à mistura – até esteve tudo muito certinho e acabou certo…

E quando é o Quinto Encontro?

Um abraço

David Guimarães

2. Comentário de L.G.:

Meu caro David:

Também dei conta do erro (de palmatória), mas não o corrigi logo... Não há dúvida que o J. Mexia Alves diz taxativamente BOJADOR, mas na letra do Fado da Guiné consta, de facto erradamente, o termo EQUADOR...

É um erro grosseiro, sistemático, resultante destas facilidades do Copy & Paste... Obrigado por estares atento, obrigado pela tua prestação musical (tua e do Álvaro), obrigado pelos teus comentários, obrigado pelo teu optimismo...

Perguntas-me pelo V Encontro... Ainda não fizemos o balanço do IV, mas posso dar-te a minha opinião: o mês de Abril é provavelmente o mais indicado para a realização do nosso evento... A partir de Maio, há inúmeros convívios do pessoal de unidades que passaram pela Guiné... De qualquer modo, ainda é cedo para tomar uma decisão... Vamos consultar a Tabanca Grande. Espero que para o ano tenhamos já a dimensão de um batalhão (500/600)...e possamos atingir a cifra dos dois milhões de páginas visitadas... Megalomania ? Não, estamos só a criar resiliência contra a crise...

Até lá, muita saúde e longa vida, mesmo se Deus não nos dá tudo...LG

_______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador

15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia

(...) Continuação da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá 1972/74)

(...) 23 de Fevereiro de 2009, domingo:

Partida pela manhã, após visita ao Cabo Bojador, pois quem o quiser passar terá de o fazer para além da dor. Não foi o caso e a viagem prosseguia com agrado de todos. E lá seguimos numa estrada paralela ao Atlântico, do outro lado o deserto, aqui e ali com muitos camelos. Uma vegetação muito pobre, que comem as cabras e bois que vimos pelo caminho? Um aspecto muito negativo, a quantidade de lixo que se encontra nas bermas da estrada.Passamos Dakla e em seguida cruzamos o Trópico de Câncer, justamente quando passavamos ao lado de Elargoub. Por aí o almoço, atum, enchidos e queijo. (...)


O Cabo Bojador, no Saara Ocidental, foi dobrado, pela primeira vez, pelo navegador português, em 1434, e por um grupo de 15 valentes marinheiros portugueses que assim desfizeram o mito do Cabo Não ou do Medo.

A Guiné-Bissau fica no hemisfério norte, portanto a norte da linha do equador...

(**) Vd. último poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)

Guiné 63/74 - P4559: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (5): Esse nobre sentimento..., na voz do fadista J. Mexia Alves... (Luís Graça)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O J. Mexia Alves (de pé), o Álvaro Basto (viola) e o David Guimarães (viola) - estes dois, artistas privativos da Tabanca de Matosinhos, a quem agradecemos a borla -ensaiam o momento musical da tarde...

Desta vez falharam outros artistas que podiam ter abrilhantado ainda mais o memorável encontro que foi o deste ano (dizem os participantes...). Refiro-me a Abílio Machado, J. L. Vacas de Carvalho, Jorge Félix, entre outros, artistas de reconhecidos méritos que este ano não puderam comparecer.

A acústica da sala é péssima, o ruído ambiente impróprio para se ouvir o fado mas mesmo assim o fadista (*) vai tudo o que pode para agradar às damas presentes...



Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Joaquim Mexia Alves, cantando o Fado da Guiné (letra do próprio; música do Fado Primavera, de Pedro Rodrigues) . Acompanhamento à viola: Álvaro Basto e David Guimarães, artistas da Tabanca de Matosinhos. A na mesa ao lado, à direita, uma espectadora muito atenta, a bajuda mais nova do nosso convívio, a neta e secretária, de 16 anos, do Valentim Oliveira (Viseu) (**)...

Foto e vídeo (3' 42''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados


Fado da Guiné

Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)


Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Bojador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,
18 de Agosto de 2007

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4288: Espelho meu, diz-me quem sou eu (1): Joaquim Mexia Alves

(**)Vd. postes anteriores desta série :

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4558: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (4): Até nem faltou o Lion Brand, o repelente antimosquito... (Luís Graça)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4557: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (3): Um dia caloroso, em que fizemos novos amigos (Joaquim e Margarida Peixoto)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )

21 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4555: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (1): Muito calor físico e humano... (Luís Graça)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3820: Blogoterapia (87) : O nosso (às vezes, triste) fado... (Joaquim Mexia Alves)

Fado da Guiné > Vídeo: 2 m e 19 s > Alojado no You Tube > Nhabijoes > Letra do Joaquim Mexias Alves. Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia).
Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.

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Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xitole > CART 3942 / BART 3873 > 1972 > O nosso autor e cantor Joaquim Mexia Alves... Além da CART 3942 (Xitole), o J. Mexia Alves comandou, como Alf Mil Op Esp o Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e e esteve ainda, na parte finald a sua comissão, na CCAÇ 15 (Mansoa).

Fado da Guiné

Letra (original): ©
Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)


Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,
18 de Agosto de 2007

1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, com data de 29 do corrente:

Meus caros Luís, Virgínio e Carlos

Desta vez é que vocês me mandam àquela parte. Que querem, é mais forte do que eu! Façam do texto o que quiserem, e estou a escrevê-lo com sinceridade, o que quiserem!

Abraço amigo do Joaquim Mexia Alves

2. Resposta do editor L.G.:

Obrigado, meu querido amigo e camarada Joaquim...
Sabes como são as polémicas... Tenho procurado gerir isto com pinças, mas não é fácil, há as susceptibiliddaes individuais... Por outro lado, toda a gente tem o direito de resposta...E tu tens o direito à indignação...

Vou publicar o teu texto, sem quaisquer problemas. Mas, em contrapartida, não vou deixar que fiques calado... É contra os nossos regulamentos...E quem cantará o fado da Guiné ? (...)
Um abração. Luís

3. Comentário do J. Mexia Alves:

Obrigado, Luís

O texto não tem a ver, digamos directamente com a polémica da retirada do Guileje, mas sim com um estado de espírito que me parece se instalou no país e que me incomoda e me parece ainda que nos estamos a deixar embarcar nele.

Não é contra nem a favor do Nuno Rubim, nem do António Matos, nem do Coutinho Lima, nem de ninguém!

É quanto a mim uma constatação do que se vai passando.

Se leres atentamente por exemplo o que já se escreveu sobre a batalha de Gadamael, quase se chega à conclusão que a perdemos, quando foi exactamente o contrário.

É um "grito de alma"!

Não nos atiremos mais para baixo!

Abraço amigo do
Joaquim

4. Resposta do editor L.G.:

Joaquim: Tem calma... Tomei boa nota das tuas correcções ao texto.

Hoje é o pior dia do ano para te chateares comigo... Faço 62 anos e estiva dar aulas toda a amanhã, com putos maravilhosos, incluindo filhas da Guiné, russas, portuguesas de Paris, filhos de Freixo de Espada a Cinta, de Vinhais, de Reguengos de Monsaraz, de Leiria, de Lisboa, do Porto, filhos/as do mundo, nossos/as filhos/as da diáspora (portuguesa), filhos/as de fora e de dentro....

E depois não me chateio facilmente com os amigos que considero do peito. Tu já és um eles, um amigo do pós-Guiné, com raízes na Guiné, no Mato Cão, no Geba, no Udunduma, no Xitole... Mesmo que digas que não, contarei sempre contigo. Tentarei ser imparcial com os amigos. Nem sempre é fácil. Mas diz-me se já alguma vez me recusei a publicar-te alguma coisa ?

Vá, fica bem. Luís


5. Rápida resposta do J. Mexia Alves, na volta do correio:


Ó meu caro Luís! Parabéns, homem, que tenhas um dia maravilhoso é o que te desejo!

Conheces-me, mas ainda não me conheces! Não estou nem um bocadinho chateado contigo, nem com ninguém!

Por isso lhe chamei um desabafo, ou seja, não tem nada a ver com actos específicos mas sim com uma maneira de estar dos portugueses, comigo incluído, que nos puxa para baixo em vez de ser para cima.

Lógico que sei que tu publicas o que escrevo e que todos escrevem, mas quis colocar-te perfeitamente à vontade.

Quando eu digo que não contam comigo, é para continuar a falar de "derrotas", etc. Agora podes ter a certeza que não se "livram de mim" com facilidade...eheheheh

Que fique bem claro que não estou chateado com ninguém e muito menos contigo.


6. Finalmente... o texto do Joaquim Mexia Alves, que funcionou como caixinha de Pandora (e é por isso que temos esta série chamada Blogoterapia): [Negritos do editor] (*)

Meus caros camarigos:

Li com atenção a resposta do Nuno Rubim (**) ao António Martins de Matos e não faço comentários.

Digo apenas, que para mim, não confio grandemente nas informações vindas do lado do PAIGC, nem nos seus documentos, porque me parece que ainda vivem um pouco na propaganda.
Se não, vejamos.

Nós expomo-nos aqui permanentemente, mostrando as nossas fraquezas e as nossas forças, os nossos medos e as nossas coragens, os nossos mortos e os nossos feridos, e do outro lado, pelo menos pelo que tenho visto, só chegam auto-elogios, declarações vitoriosas, e nem uma só assunção de dificuldades causadas por nós, claro, de baixas, de retiradas estratégicas ou não, enfim, no fundo a verdade das coisas.

E isto leva-me a pensar, e é essa a primeira razão deste meu escrito, que é mais um desabafo, do que uma teoria, ou tese, na forma como nós Portugueses encaramos a nossa história.

Sirvo-me do texto do Nuno Rubim, com todo o respeito e consideração, que aliás tenho por todos, (faço questão de não distinguir ninguém), para perguntar porque é que raio, nós, os Portugueses, temos tendência para procurarmos aquilo que não nos é favorável, em detrimento do que nos exalta, do que faz de nós a Nação mais antiga da Europa com fronteiras definidas e uma História que nos devia orgulhar?

Porque é que raio, em tantos anos de guerra da Guiné, em tantas acções de guerra, em tantas batalhas que nos foram favoráveis, se escolhe a retirada do Guileje para estudo, (o que não quer dizer que não se estude), se deslocam ex-combatentes das Forças Armadas Portuguesas à Guiné para um simpósio feito no local que o PAIGC erigiu como sua vitória, dando-lhe até uma conotação de vitória final, como se tivesse sido esse acontecimento que tivesse levado ao fim a guerra da Guiné?

Sejamos claros, a guerra acabou, felizmente e ainda bem, porque em Portugal houve uma revolução, golpe de estado, chamem-lhe o que quiserem, que colocou fim a um regime que defendia a guerra como solução.

Claro que a guerra, ou melhor o cansaço da guerra, contribuiu para essa revolução, mas não foi motivo único e talvez nem o principal, e aqui refiro-me à adesão do povo português ao 25 de Abril.

Já vimos o Manoel de Oliveira fazer um filme, que afinal praticamente apenas mostra ou tenta mostrar derrotas portuguesas e que em certa medida ridiculariza os soldados portugueses na guerra de África.

Temos historiadores procurando denodadamente falhas na nossa história, para tentar provar que afinal não fomos esse povo tão cheio de visão estratégica que “deu novos mundos ao mundo”.

Parece-me até que, se Luís de Camões vivesse hoje, os Lusíadas relatariam em verso as desgraças portuguesas, como por exemplo:

“As armas e os brazões já desbotados

Que da ocidental praia lusidia

Não se atreveram nos mares já navegados

Nunca passaram além da Trafaria.”


Nada do que é nosso presta, só julgamos bom o que vem de fora.

Votamos mentalmente nos Obamas, vamo-nos queixando do estado do país, mas nada fazemos para verdadeiramente mudarmos as coisas.

Comprazamo-nos até, quando os relatórios estrangeiros dizem que o país cai a pique, olhando para quem está ao nosso lado e muito ufanos dizemos: «Vês como eu tinha razão. Eu não te disse!»

Parecemos cães feridos e abandonados na rua, a lamberem as feridas uns aos outros.

Claro que devemos e temos de fazer a história da guerra da Guiné, pois fomos nós que lá estivemos, mas caramba, temos sempre de falar das nossas derrotas.

Já uma vez o disse e volto a repetir: São milhares de portugueses que naqueles anos, mesmo que sem ser por vontade própria, deram parte das suas vidas, quando não foi mesmo a sua vida inteira, e agora nós procuramos dizer-lhes que os outros é que eram bons, é que sabiam tudo, e que afinal o que eles andaram a fazer não tinha valor nenhum?

A reconciliação só se faz verdadeiramente quando os antigos oponentes se aceitam mutuamente, com todas as suas virtudes e defeitos, e não uns alcandorarem-se a uma atitude vitoriosa e os outros ajudarem-nos nessa intenção. Quando ambos contam a verdade, mesmo a verdade, e não apenas e só um dos lados a conta e a analisa.
Sei que este texto é polémico e, se calhar, sai do âmbito da nossa Tabanca Grande, mas a verdade, pelo menos para mim, é que Portugal se afunda numa teia de política, (não me refiro ao governo, mas à política em geral), se esbate num “politicamente correcto”, se esgota em discussões intermináveis, sobretudo sobre o que nos amargura e não sobre o que nos ajuda a levantar a cabeça e nos dá forças e orgulho para voltarmos a ser a Nação que “deu novos mundos ao mundo”.

Para isso, e a partir de agora, não contam comigo.

Meus caros editores façam deste texto o que entenderem, mesmo que seja “arquivarem-no” no lixo!

Sempre com todos, num forte abraço camarigo o

Joaquim Mexia Alves

7. Comentário do Nuno Rubim, a meu pedido:

Luís: A pergunta, ou melhor, o desabafo do camarada Joaquim Alves tem realmente alguma razão de ser.

Mas, abreviando (porque a resposta seria longa ) apenas vou dizer o seguinte:

Nestes anos todos que tenho investigado sobre a nossa história militar, tenho-me, como é perfeitamente natural, confrontado com situações em que constato (isto é, faço um juízo de valor) acontecimentos que me causam um certo orgulho de ser português, outros não. Mas isso não interessará a ninguém.

O que eu pretendo é obter dados que me permitam analisar factualmente determinadas situações e expô-las sem tecer comentários ou um mínimo possível. Os recipientes dessa informação é que poderão, ou não, tirar conclusões.

De resto, estou sempre disponível, e bem sabes disso, a trocar impressões
directamente com qualquer camarada que o deseje. Mas num fórum como o blogue limito-me a expor o resultado do meu trabalho e porventura explicitar mais aprofundadamente qualquer dúvida surgida na minha exposição.

Ou, como foi um caso recente, responder a uma intervenção que se referia
a mim, destituída de qualquer fundamento histórico e portanto obrigando-me,
a contra-gosto, a reagir.

Espero, sinceramente, que situações destas não se voltem a repetir.

Para terminar direi (e isto é um juízo de valor !) que a intervenção do BCP 12 em Gadamael foi um importante e notável feito de armas que, associado também a limitações já averiguadas por parte do PAIGC, impediu a sua queda.

Nuno Rubim


7. Comentário final de J. Mexia Alves:

Hoje temos tido correspondência aturada!

Peço-te que transmitas ao Nuno Rubim que nem de longo nem de perto quis criticar o seu trabalho, que entendo.

Mas foi como que a "gota de água" que encheu o copo que já estava a transbordar.

Temos de deixar de procurar razões para no entristecermos, ou então, por cada uma que encontrarmos, encontremos duas para nos alegrarmos.

Ainda por cima com a "tristeza", (para não dizer pior), que anda a nossa política!

Nunca em momento algum da minha vida, tive vergonha de ser Português, e ainda continuo a ter orgulho em sê-lo, mas que andam a "tentar" lá isso andam.

Uma abraço camarigo para o Nuno Rubim e outro mais uma vez cheio de parabéns para ti do Joaquim


__________

Notas de L.G.

(*) Vd. os últimos dez postes desta série, Blogoterapia:

21 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3771: Blogoterapia (86): Recordações da Guiné, nem sempre as melhores (António Carvalho)

21 de Janeiro de 2009 Guiné 63/74 - P3766: Blogoterapia (85): Para que a História seja verídica (José Martins)

22 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3661: Blogoterapia (84): Vai-te embora, tuga dum carago! (José Teixeira)

19 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3652: Blogoterapia (83): Voltamos a pôr a Ana (e o José...) a sorrir, na nossa fotogaleria (Luís Graça)


18 de Dezembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3648: Blogoterapia (82): Pensar em voz alta: Guileje ainda é cedo, Saiegh 18/12/78: foi há trinta anos...(Torcato Mendonça)

11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3605: Blogoterapia (81): Sempre gostei do meu país mas nem de todos os que cá vivem (António Santos)

5 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3566: Blogoterapia (80): Um elogio vindo da Bélgica (Soldado Carvalho / Santos Oliveira)

26 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3525: Blogoterapia (79): Gabriel, Cruz de Guerra na Guiné, coveiro na freguesia...(V. Briote)

26 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3522: Blogoterapia (78): Abrir uma mala de pano...(António Matos)

25 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3517: Blogoterapia (77): Pensar em voz alta (Torcato Mendonça)

(**) Vd. poste de 29 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3811: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (19): Resposta de Nuno Rubim a António Martins de Matos

domingo, 18 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2855: O Nosso III Encontro Nacional, Monte Real, 17 de Maio de 2008 (2): A estreia mundial do Fado da Guiné

III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia: Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria, 17 de Maio de 2008. Um dos momentos do nosso convívio: a estreia (mundial!) estreia mundial do Fado da Guiné (Letra: Joaquim Mexia Alves / Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia). Acompanhamento à viola: J. L. Vacas de Carvalho, David Guimarães e Álvaro Basto.

Vídeo (3' 23''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes


Fado da Guiné

Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)

Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)


Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,
18 de Agosto de 2007