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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26215: Fotos à procura de... uma legenda (189): quem ainda chegou a conhecer o Portugal do Minho... a Timor ?



Foto nº 1 > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1A > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1B > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea


Foto nº 1C > Moçambique > Lourenço Marques > 1951 > Vista aérea

Foto nº 2 > ?

Foto nº 3 > ?


Foto nº 4 > ?


Foto nº 5 > ?

Foto nº 6 > ?

Foto nº 7 > ?

1. Estas fotos sáo do princípio dos anos 50. Para já não vamos citar a fonte, que é para os nossos leitores poderem fazer o TPC este fim de semana... sem ajudas.

Dizem respeito às ex-colónias portuguesas, promovidas em 1951 à categoria de "províncias ultramarinas"... Estão aqui todas representadas, menos Angola... A nº 1 náo tem nada que enganar: é Lourenço Marques, com algumas das suas artérias e  edifícios emblemáticos... Quem, dos nossos leitores, a chegou a conhecer pode identificar facilmente alguns pontos de referència.

As outras (de 2 a 7) podem ser mais difíceis de identificar: 

  • um trecho de costa (nº 7), 
  • a vista aérea de uma capital (nº 6),  
  • um hospital psiquiátrico recém-inaugurado (nº 5), 
  • umas salinas (nº 4),
  • uma embarcação típica (nº 3),
  • mais uma vista aérea de uma capital com a sua conhecida baía (nç 2)...
Eu nunca cheguei ao Índico, aliás só conheço a Guiné e Luanda (não posso dizer que conheço Angola)... E de Cabo Verde, só pisei o areoporto do Sal... Aliás, nem pisei, não saí do avião, que lá fez escala em 1970..

Mas temos aqui, entre os nossos leitores, gente que conheceu bem o nosso antigo "império colonial"... Não é nenhum exercício de saudosismo..."colonialista". Mesmo se todos nós fomos, de uma maneira ou outra, "colonialistas"... Bastava ter, afinal, vestido a farda do exército colonial, a do caqui amarelo ou, mais tarde,  a  camuflada... 

O António Rosinha tem razão, ele não foi o único "colón"...Às vezes, coitado, até parece que está aqui sozinho na Tabanca Grande...

Bom, quem quer dar uma ajuda ?
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26189: Fotos à procura de... uma legenda (188): é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização, diz o fotógrafo, Morais Silva, cap art, cmdt da CCAÇ 2796, Gadamael, em finais de 1971

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25612: Os 50 anos do 25 de Abril (26): A exposição, na Gare Marítima de Alcântara, sobre os antecendentes e a origem (com enfoque na guerrra colonial) e os protagonistas do 25 de Abril de 1974... Para ver até 26 de junho - Parte I: Os bodes expiatórios do regime

 


Lisboa > Administração do Porto de Lisboa >  Gare Marítima de Alcàntara  (um belo edifício da arquitetura estado-novista, inaugurado em 1943, da autoria do arquiteto Pardal Monteiro, decorado com painéis a fresco de Almada Negreiros) > Fachada do edifício com os cartazes da Exposição "MFA 25A - O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril". Horário: de quarta feira a domingo, das 14h00 às 20h00, de 14 de abril a 26 de junho de 2024.


1. Já aqui demos o devido destaque à exposição 'O MFA e o 25 de Abril', que  é uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, de curadoria partilhada com a Associação 25 de Abril e em parceria com o Porto de Lisboa (*).

"Esta exposição pretende ilustrar o papel do Movimento das Forças Armadas (MFA) no derrube da ditadura e na construção da Democracia, através do recurso a materiais iconográficos, audiovisuais e sonoros. Será dinamizada através de visitas guiadas, conferências, debates e espetáculos, e complementada por um dossiê multimédia." (Fonte: Comissão Comemorativa 50 anosdo 25 de Abril).


Só há dias, em 26 de maio último, um domingo à tarde,  consegui lá dar um salto. Fiz bastantes fotos (cerca de 150). A exposição está bem orgsnizada por blocos temáticos, mas é muito extensa. Hora e meia foi o tempo que eu gastei. Julgo que para o grande público tem excesso de informação e cronologias (fitas do tempo) muito detalhadas. (Tem um erro fctual imperdoável: dar Madina do Boé como local onde o PAIGC proclamou a independência unilateral da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973.)

Os blocos temáticos são os seguintes: 

0. Memorial aos presos políticos; 1. A queda dos impérios colonais; 2. A guerra colonial; 3. Os militares, os bodes expiatórios do regime; 4.A conspiração; 5. O dia 25 de Abril; e 6. O legado do MFA.

O curador desta exposição, da parte da A25A, é o comandante, capitão-de-mar-e-guerra ref, Pedro Lauret, um dos "históricos" do nosso blogue: recorde-se que ele foi combatente no TO da Guiné, na qualidade de imediato da LFG Orion, de 1971 a 1973; tem 36 referências no nosso blogue; e foi um dos participantes do I Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de outubro de 2006.

É uma exposição a não perder, sobre os antecedentes (próximos e afastados). a origem e os protagonistas do 25 de Abril: 

"Os oficiais do MFA tinham capacidade de comando, coragem, determinação e conhecimento operacional para que, no dia 25 de Abril, às três da manhã, de cerca de 30 unidades diferentes, de Norte a Sul do Pais, em simultàneo, saíssem  forças rumo aos seus objetivos, numa operação - Operação Viragem Histórica -  extraordinariamente bem concebida, planeada, conduzida e executada" (Fonte: excerto da folha de sala).

Faltam menos de 3 semanas para encerrar (**). Hoje reproduzimos alguns dos painéis do Bloco 3 (Os militares, os bodes expiatórios do regime) bem como do Bloco 2 (A guerra colonial), e nomeadamente imagens do armamento, das NT e do IN,  que está exposto em vitrinas.


Bloco 3 - Os militares, os bodes expiatórios do regime








Bloco 2 - A Guerra Colonial: armamento do IN e das NT









 Imagens colhidas e editadas por LG (2024), com a devida vénia...

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29  de abril de DE 2024 > Guiné 61/74 - P25457: Os 50 anos do 25 de Abril (15): Exposição na Gare Marítima de Alcântara, Porto de Lisboa, até 26 de junho próximo, de 4ª feira a domingo, entre as 14h00 e as 20h00: "O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril": curador, Pedro Lauret, Capitão-de-Mar-e-Guerra Ref


(**) Último poste da série > 3 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25598: Os 50 anos do 25 de Abril (25): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 8º (e penúltimo) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25075: (In)citações (263): Falemos dos Combatentes Portugueses e da forma como sempre foram tratados (Carlos Pinheiro)


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Pinheiro (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 13 de Janeiro de 2024, trazendo até nós este seu artigo onde fala dos Combatentes de Portugal e da forma como sempre foram tratados pelo poder político:


Falemos dos Combatentes Portugueses e da forma como sempre foram tratados

Sem pretender fazer um tratado sobre os Combatentes, teremos que começar pelo CEP Corpo Expedicionário Português que mobilizou, mal e apressadamente, cerca de 100.000 soldados.
Portugal enviou dezenas de milhar de militares para Angola e principalmente para Moçambique que a Alemanha queria conquistar.

É certo que Portugal, como aliado da Inglaterra tinha apresado dezenas de navios alemães nos nossos portos e essa terá sido uma das razões para que a Alemanha atacasse Moçambique de forma feroz. Morreram na guerra em Moçambique dezenas de milhar de militares portugueses, a maior parte dor doença na medida em que não iam preparados para aqueles climas e os serviços de saúde eram exíguos e quanto a armamento nem é bom falarmos.

Entretanto, em 1917 foram também para França outros milhares de Soldados portugueses, também sem condições, sem preparação e sem armamento conveniente e foram mesmo carne para os canhões dos alemães enquanto viviam, ou sobreviviam nas trincheiras.

Porque a miséria era muita em todos os aspectos, em 1921 foi criada a Liga dos Combatentes chamada da 1.ª Grande Guerra, a fim de auxiliar os sobreviventes, especialmente os feridos e doentes, as viúvas e os órfãos dada a miséria que grassava no país.

Como a 1.ª Grande Guerra nunca ficou bem resolvida, em 1939 rebentou a 2.ª que durou até 1945, mas nessa não tomámos parte, apesar do país ter sofrido fome e miséria a rodos enquanto outros se encheram de dinheiro à custa do trabalho escravo na pesquisa do dito volfrâmio que era vendido a peso de ouro aos dois beligerantes.

Depois, em 1961 rebentaram as guerras de África que duraram até 1974, na Guiné, em Angola e em Moçambique já depois da Índia se ter tornado independente da Inglaterra em 1947 e ter começado a invadir os enclaves de Dradá e Nagar Aveli em 1954 no chamado Estado da Índia Portuguesa e em 18 de Dezembro de 1961 ter invadido por terra, mar e ar os enclaves de Goa, Damão e Diu e tornados presos todos os militares portugueses sobreviventes, porque ainda houve alguns mortos, apesar das nossas forças em nada se pudessem comparar com as Forças Indianas.

As Nossas tropas foram presas e seguiram para campos de concentração depois do Governador Vassalo e Silva não ter respeitado a Ordem de Lisboa para que resistíssemos até ao último homem.

O regresso a Portugal desses militares aconteceria em Maio de 1962, com uma ponte aérea de Goa para Carachi, no Paquistão. Daí, os militares foram transportados em navios até Lisboa.
À chegada, foram chamados de traidores. Oito oficiais, incluindo o governador-geral, foram demitidos como era a política da época, sem mais comentários.

Isto é um pequeno resumo, muito resumido, do que as nossas forças armadas ali passaram até serem repatriadas como acima se refere.
Mas nessa altura já estavam em marcha as três Guerras de África, Guiné, Angola e Moçambique, mas também tínhamos tropas em Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e até em Macau e Timor, com as dificuldades inimagináveis, em territórios com climas tórridos e escaldantes, sem estradas, sem pontes, sem pistas de aviação, sem quartéis, sem nada.

Foram os nossos soldados, que para além de combaterem o inimigo, também foram construindo algumas estradas, inventando algumas pontes e algumas pistas de aviação, e construindo alguns barracões para servirem de quartéis, outros aproveitando antigos celeiros que também passaram a servir de quartéis e normalmente viviam cercados de arame farpado, muitas vezes cheios de minas e armadilhas, para que se evitassem incursões indesejáveis.
Muitos viveram em abrigos subterrâneos cobertos por troncos imensos de árvores, tempos infinitos debaixo do chão como foi o caso da CCAÇ 1790 que viveu nessas condições em Madina do Boé até que um dia houve ordem para abandonarem o local e depois deu-se a tragédia da jangada que se virou e onde morreram largas dezenas de soldados.

O material de transportes, pelo menos nos primeiros anos, eram as velhas GMC e os Jipões da 2.ª Grande Guerra. Era a guerra.

A Liga dos Combatentes criada, foi organizada em 1921 e tem vários serviços de apoio aos Combatentes mas vive com orçamentos insignificantes mas mesmo assim mantém dois Lares para Combatentes idosos, um em Estremoz e outro no Porto, certamente com ajudas locais e agora, recentemente, abriu-se-lhe uma oportunidade de criar uma nova unidade no centro do País, mais concretamente no Entroncamento, fruto da oferta da Câmara Municipal do Entroncamento dum terreno para a construção de um Centro de Dia, de uma Creche, de um Lar para Idosos e de uma Unidade de Cuidados Continuados.

Como se pode imaginar, uma obra de vulto que os Combatentes bem merecem e bem precisam.

Claro que a Liga não tem meios para tão grande como útil obra, e ter-se-á candidatado a Fundos da UE, parece que ao PARES, mas exigiram-lhe um projecto da obra, o que é natural. Porém, esse projecto custará cerca de 150.000 euros e parece não haver dinheiro para o projecto até porque não há garantia que o financiamento fosse garantido.
Aliás a Liga, na sua Revista de Dezembro de 2022, no Editorial do Presidente General Chito Rodrigues, denuncia claramente esta situação que põe em risco a construção de uma unidade polivalente para os Combatentes na sua fase final da vida terrena.
Mas não se conhecem respostas ou comentários do poder instituído, o que é lamentável, para quem deu o melhor da sua juventude ao serviço de Portugal.

É assim que os Combatentes são tratados. Aliás já estão habituados a serem bem tratados com a esmola de 70 ou 100 Euros anuais que normalmente recebem em Outubro, sujeita a impostos.
E está tudo bem e ninguém diz nada.
Não temos dinheiro para ajudar os nossos que precisam, mas mesmo assim vamos ajudando outros lá longe, que também precisam, é certo, mas para os nossos não há nada.

É triste, mas é o que temos.

Carlos Pinheiro

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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25069: (In)citações (262): "A Rainha" (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

terça-feira, 26 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23461: Blogues da nossa blogosfera (169): O blogue de Alberto Hélder, antigo árbitro de futebol, e que fez a comissão de serviço militar em São Tomé e Príncipe (1964/66): destaque para as séries já concluídas: A Polícia Militar no Ultramar, Os Comandos nos três teatros de operações da guerra do ultramar; o Estado da Índia - 466 anos de história... E para a série em curso, As Companhias Móveis de Polícia

1. O blogue "Alberto Helder" foi criado em agosto de 2007,  por Alberto Hélder (nascido em Lisboa, em 1942). É um conhecido antigo árbitro de futebol.  Fez o serviço militar no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, como Soldado e depois 1.º Cabo de Transmissões de Infantaria, entre junho de 1964 a junho de 1966. 

"Blogar" é agora das suas paixões, depois de reformado. O seu blogue tem uma  exaustiva investigação sobre os Comandos na guerra do Ultramar (série iniciada em 15 de dezembro de 2019): sua composição orgânica, lista das principais operações, condecorações e louvores, mortos e feridos, incluindo os fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência, no caso do Batalhão de Comandos Africano, etc. (*)

Tem outras séries que podem interessar os nossos leitores tais como a Polícia Militar no Ultramar...

É de  referir, no entanto, que a "navegação" neste blogue blogue não é amigável, não havendo links de ligação entre os diferentes postes. É,  em todo o caso, um trabalho de grande mérito, que merece o nosso aplauso e apreço.(**)
 

2. Mensagem de Alberto Hélder, de 25  do corrente, às 18h56, e dirigida ao nosso camarada Virgílio Teixeira, com conhecimento ao nosso blogue:

Exmº Senhor
Virgílio Teixeira

Ilustre! Boa tarde.

Muito, mas muito feliz fiquei com a sua mensagem e as excelentes imagens, nalgumas delas com o tema que estou a trabalhar: a Polícia! (***)

Portanto, aqui fica o meu profundo e sentido agradecimento pela valiosa e importante colaboração no projeto “As Companhias Móveis de Polícia no Ultramar”.

Quanto ao título que adotei para o tributo àqueles que tudo deram em Goa, Damão e Diu, fui buscá-lo aos primórdios da sua designação pelos portugueses àquele território, lá bem longe… Não existe outra razão.

Devo dizer que tal empreendimento é dedicado ao meu irmão (Fernando Plácido Henrique dos Santos: 18.09.1939/04.11.2002), que foi um dos soldados prisioneiros, aquando da invasão de 18 de dezembro de 1961.

Quanto ao resto resta-me destacar o muito material que me enviou, assim as amáveis palavras que me dedica, que muito agradeço.

Entretanto, caso seja de interesse, divulgo a seguir os trabalhos que, até agora, publiquei no meu espaço na net, podendo aceder em:

A POLÍCIA MILITAR NO ULTRAMAR

130 episódios – de 15 de maio de 2107 a 4 de setembro de 2017

http://albertohelder.blogspot.com/2017/05/tributo-policia-militar-apresentacao-do.html

OUTRAS UNIDADES MILITARES QUE SERVIRAM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

32 episódios – de 29 de novembro de 2018 a 29 de janeiro de 2019

 http://albertohelder.blogspot.com/2018/11/unidades-militares-que-serviram-na.html


OS COMANDOS NOS TRÊS TEATROS DA GUERRA DO ULTRAMAR

201 episódios – de 15 de dezembro de 2019 a 28 de maio de 2021

 http://albertohelder.blogspot.com/2019/12/os-comandos-nos-tres-teatros-da-guerra.html


MILITARES FALECIDOS NO COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

1 episódio – em 3 de janeiro de 2021

http://albertohelder.blogspot.com/2021/01/militares-falecidos-na-entao-provincia.html


ESTADO DA ÍNDIA – 466 ANOS DE HISTÓRIA

66 episódios – de 27 de setembro de 2021 a 25 de junho de 2022

http://albertohelder.blogspot.com/2021/09/estado-da-india-466-anos-de-historia.html

Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22271: Blogues da nossa blogosfera (161): Os Comandos nos Três Teatros da Guerra do Ultramar (1961/75) (Alberto Helder)


Vd. também postes de:

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23456: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): (i) A 7.ª Companhia Móvel de Polícia atuava também fora de Bissau? (ii) Onde se situava, em Bissau, a sede ou o aquartelamento principal da PSP? (Alberto Helder)

domingo, 24 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23456: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): (i) A 7.ª Companhia Móvel de Polícia atuava também fora de Bissau? (ii) Onde se situava, em Bissau, a sede ou o aquartelamento principal da PSP? (Alberto Helder)

 
A PSP acaba de comemorar 155 anos de
existência.  A sua origem remonta a 2/7/1867, em que
foi criada a Polícia Cívica de Lisboa e do Porto,
Esteve também presente nos teatros de operações da
guerra do ultramar através das 
Companhias Móveis de Polícia (CMP), entre 1960 
e 1974. No TO da Guiné, havia a 7ª CMP, 
sediada em Bissau

1. Mensagem de Alberto Helder, autor do blogue "Alberto Helder":

Data - domingo, 26/06/2022, 16:31

Assunto - Estado da Índia: 466 anos de história | Solicitação: 
a Companhia Móvel de Polícia da Guiné

Ilustre e Nobre Amigo
Luís Graça.

Boa tarde!
Espero que esteja bem assim 
como os seus familiares e amigos.
 Por cá, felizmente já estamos 
libertos do vírus da moda.

Com os melhores cumprimentos dou conta que acabei de publicar ontem no meu blog, o último episódio da série “Estado da Índia-466 anos de história”, cuja tarefa foi iniciada em 27 de setembro de 2021, e, para efeitos 
de divulgação, coloco-a à sua disposição, se assim o entender.

Entretanto, vou iniciar as correspondentes pesquisas para avançar com o novo projeto, complexo, enorme e histórico, intitulado: “As Companhias Móveis de Polícia no Ultramar”, as quais foram mobilizadas para Angola (9), Moçambique (3) e Guiné-Bissau (1) e que foram envolvidos mais de 7.500 agentes policiais, tendo ocorrido, infelizmente, cerca de 60 óbitos e atribuídas perto de 50 Medalhas de Cruz de Guerra.

É sobre este tema que solicito, por favor, que me esclareça o seguinte: dado que os elementos das unidades policiais que estiveram em Angola e Moçambique fizeram os seus serviços não só nas Capitais de Distrito, nas suas Esquadras, como em postos policiais sediados noutras localidades e em muitos outros lugarejos, onde tiveram baixas em combate, nas operações que faziam em conjunto com o Exército, já os agentes que estiveram na Guiné (7.ª Companhia Móvel de Polícia), e segundo as suas Ordens de Serviço, os locais das suas patrulhas eram nas: 
  • Instalações da Sacor,
  • Central Elétrica,
  • Mãe d’Água, 
  • Palácio do Governo, 
  • Emissor de Radiodifusão, 
  • CTT, 
  • Armazéns de arroz, 
  • Mercado Municipal, 
  • Banco Nacional Ultramarino (BNU), 
  • Tribunal Judicial, 
  • Aeroporto, 
  • Junta Autónoma dos Portos, 
estruturas situadas, penso, na cidade de Bissau. 

E nos arredores? Como em Bafatá, Bór e Ilha das Galinhas, haviam postos policiais? Ou noutras localidades? Os agentes da Guiné-Bissau participavam nas operações militares com o Exército? (*)

Peço, pois, o especial favor de me facultar as suas preciosas informações, assim como indicar onde se situava o aquartelamento principal da Polícia de Segurança Pública (PSP) em Bissau. (**)

Muito e muito obrigado pela sua importante e valiosa informação.

Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
 

2. Comentário do nosso editor LG:

Obrigado, Alberto Helder pelo contacto. Pedimos desculpa pelo atraso na resposta. E damos-lhe os parabéns pelos trabalhos que tem publicado.  

Temos, infelizmente, pouca informação sobre a 7.ª Companhia Móvel de Polícia (temos apenas 3 referências à 7.ª CMP, e outras tantas à PSP), a sua orgânica, a sua área de atuação, o seu historial, etc. 

Pessoalmente não me lembro de ver, fora de Bissau, uma farda da PSP. E em Bissau, via-se o polícia sinaleiro e pouco mais. Não sei onde era a sede da PSP, em todo o caso não seria longe do Pilão (**).

 Fora de Bissau, a nível das circunscrições e postos administrativos, havia a polícia administrativa, constituída por elementos locais (vulgo "cipaios").  Mas julgamos que muitas das suas funções acabaram, com o tempo,  por ser assumidas pelo exército e/ou pelas milícias. E, se calhar em Bissau, pelas próprias Companhias de Polícia Militar.

Nos livros da CECA (Comissão de Estudo para as Campanhas de África), e no que diz respeito à Guiné,  há escassas referências à 7.ª CMP (***), onde em novembro de 1973 haveria problemas de recrutamento de elementos europeus e de enquadramento. O COMBIS (Comando de Agrupamento de Bissau) é reforçado com a Companhia de Milícias Urbana (sic), subunidade de que sabemos muito pouco ou nada.

Na Ilha das Galinhas, onde havia uma "colónia penal e agrícola" (transformada em prisão política com a guerra) não sabemos se os guardas prisionais pertenciam à PSP.  O mais provável é que pertencessem à  PIDE.  Era, pelo menos, a polícia política que transportava os presos. O nosso camarada  José António Viegas foi fur mil do Pel Caç Nat 54, Guiné, 1966/68, tendo integrado a guarnição militar da  ilha das Galinhas. É a mais pessoa mais indicada para esclarecer este ponto (****). 

Sobre Bafatá, há que ter em conta que passou a concelho em 1964 e a cidade em 1970. Tirando Bissau e depois Bafatá, não havia cidades  no antigo território da Guiné portuguesa, contrariamente a Angola e Moçambique.  Não me lembro, no meu tempo (1969/71),  de  ver em Bafatá elementos da PSP ou da 7.ª CMP,  Em Bolama, antiga capital, também não devia haver. A Bor nunca fui.

Espero que nossos leitores possam ajudá-lo melhor do que eu. Esperemos pelos seus contributos. Boa saúde, bom trabalho. LG

3. Em comentário a este poste,  o José Manuel Cancela (que vive em Penafiel) acaba de nos informar, às 10h51 de hoje,  o seguinte:
 
Pelo que recordo, a Companhia Móvel de Polícia estava aquartelada à saìda do Alto de Crim.

Fui lá várias vezes almoçar, porque era mais barato que o restaurante quase em frente, o "Arquinho", e melhor que o rancho geral no Depósito de Adidos. Pelo que me foi dito pelos militares da PSP,  faziam rondas em volta de Bissau de G-3 na mão, e pouco mais...
__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23305: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): Projecto “Querido Pai”, que tem como objectivo investigar e dar a conhecer o modo como os militares mobilizados em África mantiveram uma relação com os filhos que ficaram na Metrópole (Joana Ponte e Ana Vargas)

(**) Vd. poste de 26 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9101: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (7): Um acidente... no Pilão

(...) E aí fomos os dois andando em busca de lugares conhecidos com o A.T., caminhando de pernas abertas, e deixando um rasto de merda... E os dois, às gargalhadas. Lá chegámos ao pé do quartel da PSP onde entrei para chamar um táxi para o levar para o hospital militar onde recebeu um banho de antibióticos e mais não sei quantos medicamentos.

O resto deste acidente: o taxista que chegou quando viu o estado em que estava o A. T., disse logo:
- Não senhor, não entra no carro, nunca mais tiro esse cheiro do assento!

Por sua vez, os cabrões da PSP não deixaram o A. T. usar os seus chuveiros. Lá consegui uma mangeira da PSP. O A.T. despiu-se e eu de mangeira na mão a dar-lhe um duche como se estivesse a lavar um cavalo (...)


(...) b. Forças Amigas

A PSP tem tido o encargo da defesa dos pontos sensíveis referidos. Porém, a partir de Novembro de 1973, os guardas europeus da 7ª CMP - Companhia Móvel de Polícia são, na sua quase totalidade, soldados no cumprimento do serviço militar obrigatório, com pouca idade, experiência e prática de serviço.

Este facto, aliado à fraca capacidade de enquadramento, tornam impossível à PSP continuar a garantir satisfatoriamente a segurança e defesa de todos os pontos sensíveis.

c. Reforços e cedências

(1) Reforços

O COMBIS passa a ser reforçado com a Companhia de Milícias Urbana. (...)

(****) Vd. poste de 16 de março de  2015 > Guiné 63/74 - P14374: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (27): Ainda sobre o cantor José Carlos Schwarz (Bissau, 1949 - Havana, 1977) e a letra da canção "Djiu di Galinha" [, Ilha das Galinhas] (Helena Pinto Janeiro, historiadora)

domingo, 9 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22186: In Memoriam (394): Jorge Oscar Machado Teixeira (1941-2021), 2º srgt QP, radiomontador, DFA, reformado, irmão mais velho do nosso camarada Virgílio Teixeira, e que esteve prisioneiro na Índia, em 1961/62




Uma flor no último adeus: "Jorge, meu irmão, meu herói, meu amigo, descansa em paz. Nunca te esquecerei! Teu irmão Virgílio. 9 maio 2021"

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde.



Date: domingo, 9/05/2021 à(s) 14:31

Subject: Morreu o meu irmão Jorge (, foto à esquerda)

Luís, estou com pouco tempo, por isso vou ser breve. Pelo titulo já viste que o meu irmão mais velho, 79 anos, fazia 80 em 29 de agosto, acabou os seus dias ontem dia 8. Por causa da 2ª dose da vacina. Não morreu da doença, morreu da cura.

Ele, sendo para mim, mais do que o meu pai, levei uma pancada grande.

Tentei por telemóvel informar as pessoas, mas algumas não são adeptas do WhatsApp,  a única forma de mandar fotos.
 
Ele vai estar agora em câamara ardente na Igreja de Paranhos. Amanhã será feita a cerimónia do funeral, com a presença de uma secção do aquartelamento da Serra do Pilar onde funciona a Central de Comando do Pessoal, para estes efeitos - Tel 222037300.

Depois o corpo será levado para a Senhora da Hora, Matosinhos, onde funciona a cremação.

Vou ao velório agora de tarde, levarei apenas uma flor, que será autorizada, não querem ramos nem coroas.

Junto a imagem e cartão de homenagem. A minha neta mais velha, mandou por WS uma foto com um ramo de flores dedicado a mim, é um amor.

O meu irmão, Jorge Oscar Machado Teixeira, 2º Sargento do Quadro Permanente, Rádio Montador, fez o curso em Paço d´Arcos. Foi enviado para a India, onde ficou prisioneiro, como já escrevi,

Depois em 1964 foi para Angola até 1966, chegou pouco antes de eu assentar praça. Muitos anos ausentes, mas sempre irmãos e do qual ainda agora escrevi, que foi mais que meu pai, por isso nunca o vou esquecer.

É tudo, não tenho fotos digitalizadas dele, nunca foram precisas. Saiu da tropa aos 30 anos, foi considerado como Deficiente das Forças Armadas, e pertence à ADFA.

Fez depois a sua vida de trabalho durante mais 40 anos, e estava reformado, com um coeficiente de invalidez de 91%.


Abraço,

Virgilio

2. Ainda há tempo aqui falámos do Jorge Teixeira e do seu pai, que serviram ambos na India... E eu sugeri ao  Virgílio Teixeira que partilhasse connosco o "álbum da família", respeitante à Índia. Veja-se o comentário dele, num poste do Cláudio Brito, neto do Fermando Brito (**): 

(...) O meu pai também embarcou para a India, não no Afonso de Albuquerque, mas no Quanza em finais de 1955, tinha então 38 anos. Era militar de carreira.

A primeira carta que recebemos com uma foto, no topo lá dizia: 'A bordo do Quanza a caminho da India' lembro-me como se fosse hoje. Depois mandou outra foto e carta também de Port Said no Egipto, um mês depois.

Ele foi em 1955 e regressou já no 3º trimestre de 1958. Tinha cá 5 filhos, um dos quais tinha acabado de nascer,  a 11 de dezembro desse ano.

O meu irmão mais velho, tem agora 79 anos, contra os meus 78 anos, também ele fez o mesmo percurso do pai, só que já no fatídico ano de 1961, tendo ficado prisioneiro durante mais de 5 meses, debaixo das botas daqueles indianos. Tinha então, apenas 20 anos, era militar de carreira e tinha ido antes do tempo para a tropa como voluntário, no intuito de arranjar uma profissão, que depois acaba por cumprir durante 10 anos. Ainda fez uma comissão em Angola de 63 a 66, ele a chegar de Angola e eu a partir para a Guiné.

A vida na India era dura, mas não sei se podemos comparar como um todo, com a nossa Guiné. O meu pai ainda fez uma comissão em Moçambique, entre 66/68, e voltou a fazer outra também na Guiné, entre 72/74, sendo um dos últimos militares Portugueses a abandonar a Guiné.

Tenho poucas fotos do meu pai na Ìndia, mas sei que ele se relacionava bem com as entidades locais, que lhe valeram, saber através deles de amigos, se o meu irmão estaria vivo ou não, essa noticia chegou antes da informação oficial, que era sempre filtrada.

 (...) Só queria saudar-te e gostava que mais jovens, da geração dos meus filhos, com 47, 48 e 50 anos, se virassem um pouco para a nossa história, que foi muito dura para tantas gerações.
Não tenho de me queixar muito, mas estão saturados de eu lhes falar sempre da Guiné, e das minhas mais de 1000 fotos que as coloco diariamente no meu computador, cada dia, tem uma como pano de fundo.

 (...) Obrigado também por honrares Portugal, uma grande Nação, que tinha um grande Império.

Um abraço, do filho de um companheiro do teu avô, que passou pelos mesmos locais. (...)

3. E depois em comentários dirido ao editor do blogue, acrescentou o seguinte, relativamente à proposta ara partikha das fotos da Índia:


(...) Luis, isto é um caso de família, que não é ainda altura de partilhar. Tudo isto está escrito naquilo que eu nomeei como a história da minha vida, há 10 anos que está lá. Existem pormenores que tenho de conversar com o meu irmão, já que o meu pai já não está, mas eu conheço toda a história que motivou a antecipação da tropa do meu irmão, e que levou a ter de ficar prisioneiro, que não foi fácil. 

Sabes, todos conhecem o episódio no campo de prisioneiros de Pondá, no qual foram perfilados uma quantidade de militares, entre os quais o meu irmão, com 20 anos, de frente a uma bateria de metralhadoras. Felizmente o fuzilamento não aconteceu. Ele agora está acamado há anos, totalmente dependente para todas as funcionalidades mais banais. Todos sofremos com isso. Vai fazer os 80 anos no nosso dia 29, não de janeiro mas em agosto.

(...) Falar da India e o inicio da nossa queda do Império, tem de ser feita com cautelas, pois como todos sabemos há diferentes sensibilidades, e pela minha parte, estou cético a um consenso sobre estas matérias, é o que deduzo destes anos que compartilhamos pensamentos. (...)

4. Comentário de LG:

Virgílio: é muito duro perder, depois dos nossos pais, os nossos manos. Percebo o teu sofrimento. E vai daqui, em meu nome e em nome da Tabanca Grande, a minha/nossa soliariedade na dor.  Afinal, somos já uma grande família. E quando alguém de nós, ou desta nossa  grande família, morre, estamos todos a morrer um pouco.  

É uma notícia dolorosa, e inesperada, a que nos dás.  Ainda há dias estávamos a falar do teu mano que ficara prisioneiro na Índia em 1961/62. Embora acamado, e dependente, estava vivo e falavas com ele. Nestas circunstâncias, com o fim da pandemia de Covid-19 (, assim o esperamos), a notícia da sua morte é, compreensivelmente, mais dolorosa ainda. 

Quando quiseres e puderes, diz-nos algo mais sobre o teu mano (, que foi também nosso camarada), e manda-nos mais fotos dele. 

Um abraço fraterno para ti e para a família. LG
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terça-feira, 20 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22120: Recordações do meu avô Fernando Brito (1932-2014) (Cláudio Brito) - Parte II: Primeiras Fotos do Serviço Militar no Ultramar: Goa, Índia Portuguesa,1955/58


Foto nº 1 > "Foto de Casamento (1955). Da esquerda para a direita: Fernando Pinto Júnior (bisavô), Fernando Brito (avô), Natacha Silva (avó), Cláudia Pinto Fernandes (bisavó). A razão pela qual o meu avô é Brito e os pais Pinto deve-se a uma zanga familiar. Quem registou o meu avô foi um tio, chamado Brito, e ao registá-lo, registou-o com o nome de Brito e não Pinto."



Foto nº 2  >  NRP Afonso de Albuquerque > A caminho da Índia Portuguesa > Egito > Porto-Saíde > 1955 >  Legenda no verso: "À minha querida Natacha, recordação do seu Fernando, tirada em Porto-Saíde, Egito"



Foto nº 3 > Índia Portuguesa > Goa > c. 1955/58 > O Fernando Brito, à esquerda, conversando com um soldado.



Foto nº 4 >  Índia Portuguesa > Goa > 15 de agosto de 1956 > Legenda no verso: "Uma brincadeira fotográfica, mas que lembrará meus pais".

 

Foto nº 5 > Índia Portuguesa > Goa > c. 1955/58 >  Legenda, no verso: "No calor ardente da Ínndia, sabe bem a água do coco"

Fotos (e legendas): © Cláudio Brito (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e membro da Tabanca Grande, nº 697, Cláudio Brito, neto do falecido major SGE, Fernando Brito (1932-2014), que fez duas comissões na Guiné, como 1º srgt,  CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e 1ª C / BART 6523 (Madina Mandinga, 1972/74), tendo passado também pela Índia e por Angola  (*):


[Foto à esquerda: O Fernando Brito, com o neto, pouco antes de morrer]

Data - 30 mar 2021, 11:47

Assunto - Fotos do meu avô Fernando Brito.  Primeiras Fotos do Serviço Militar no Ultramar (Goa/Índia Portuguesa - 1955-1956)


Bom dia,  Luís,

Não me esqueço da nossa série. Aqui vai o fascículo número dois:

Em 1955, cinco  dias depois de casar (anexo fotografia do casamento: Foto nº 1) e 3 anos depois do serviço militar em Portugal (Polícia Militar em Coimbra onde conheceu a minha avó Natacha, cujo verdadeiro nome era Natália), entrou num barco, o NRP Afonso de Albuquerque, e rumou à Índia Portuguesa, pelo Mediterrâneo fora. 

Pela viagem parou em Porto Saíde (Egito), que aparece na foto nº 1 e, mal chegou, refrescou-se nas praias devido ao calor ardente da Índia [Foto nº 5].. Irónico é uma coisa que ele referia: o meu bisavô, seu pai, que era cego, costumava dizer "Nem que vivas 100 anos nunca viajarás tanto como eu".... Com 24 anos, o meu avô foi para a Índia e numa viagem fez mais quilómetros que o pai dele numa vida.

Na Índia Portuguesa (Goa), nos 3 anos que lá passou (1955-1958)  [, Fotos nºs 3 e 4], teve duas funções: organização e manutenção do material bélico e monitorização e cálculo dos ordenados dos soldados, que tinham que ser convertidos em Rupias, o que era uma dor de cabeça. Vinte  dias antes do final do mês,  já começava a calcular os ordenados, os quais eram gastos em duas coisas: pinga e indianas...

Outro problema era a organização e manutenção do capital humano. O material era muito pouco sofisticado (muito dele ainda comprado pelo Rei D. Carlos ao armamento remanescente da Guerra Franco-Prussiana de 1871), mesmo para a altura, e os soldados, profundamente fundidos ou afastados daquele território, sentiam que aquele era um recôndito territorial muito afastado e no dia em que caísse, caía num dia (foi o que aconteceu, a Guerra de Goa é chamada a Guerra de um Dia). 

Todavia, não ficaram amarguras (prova disso é a fusão dos nossos povos - nunca conheceram um Apu Tavares? ou um Majara Silva?). Uma das frases mais emblemáticas que o meu avô me deixou sobre a Índia Portuguesa é a seguinte: "Se os indianos começassem a mijar no topo da montanha dos gatos, os portugueses morriam afogados lá em baixo". Esta frase denota os números avassaladores entre indianos autóctones e portugueses.

Pelo meio desta primeira comissão, conheceu, entre outras pessoas, um tipo chamado Casimiro Monteiro, nascido em Goa [, em 1920, e falecido m África do Sul, em 1993], um tipo 11 anos mais velho e um sanguinário cruel. Ao interrogar individuos responsáveis pelo ativismo libertário goês, muitas vezes esses individuos saiam de maca com o lençol a cobrir a cara (interpretem como quiserem). 

Como é do conhecimento público, Casimiro Monteiro será contratado pela PIDE e planeará o assassinato de Humberto Delgado, assim como o executerá, mas não só!,  Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO, foi também uma das suas vítimas mais notórias. 

Foram tipos como estes que fizeram certos soldados perder a fé em Deus e na bondade dos Homens e faziam a Pátria mais pútrida e com sabor a fel, mau grado a doçura calmante dos trópicos. Enfim, são individuos que fazem parte da nossa História, para o bem e para o mal.

Em 1958 volta para Portugal. Passa dois anos em Coimbra, faz dois filhos e tenta a todo o custo salvar a sua Natacha da tuberculose. Em 1961 está na altura de ir para Angola (próximos fascículos).

Um abraço,
Cláudio
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Legenda das fotografias:

Foto nº 1 > Foto de Casamento (1955). Da esquerda para a direita: Fernando Pinto Júnior (bisavô), Fernando Brito (avô), Natacha Silva (avó), Cláudia Pinto Fernandes (bisavó). A razão pela qual o meu avô é Brito e os pais Pinto,  deve-se a uma zanga familiar. Quem registou o meu avô foi um tio, chamado Brito, e ao registá-lo, registou-o com o nome de Brito e não Pinto.

Foto nº 2 > Legenda, no verso: "À minha querida Natacha, recordação do seu Fernando, tirada em Porte-Saíde, Egito"

Foto nº 3 >   Índia (15-8-1956), Conversando com um soldado.

Foto nº 4 >  Legenda no verso: "Uma brincadeira fotográfica, mas que lembrará meus pais" (Índia, Goa, 15 de agosto, 1956).

Foto nº 5 > Legenda no verso: "No calor ardente da Índia, sabe bem a água do coco".

2. Em 22 de março último, o Cláudio Brito, filho de um filho muito amado do Fernando Brito, o Fernando José Brito (1960-2001) que morreu precocemente num acidente viário, mandou-nos mais a seguinte nota sobre o avô que o criou como filho e que tem uma história de vida que poucos de nós, que com ele privámos na Guiné, conhecemos.

Bom dia Luís Graça,

Agora paro em terras algarvias. Vivo em São Brás de Alportel e trabalho em Faro. Vida de professor. Espero que desta seja de vez .

Sim. Sempre que tiver um momento para escrever um texto, anexar umas fotografias, legendá-las e datá-las convenientemente, fá-lo-ei, com toda a certeza.

O meu avô teve uma vida longa em todos os sentidos. Começou a trabalhar aos 12 anos para o Alfredo da Silva, o fundador da CUF, aos 24 anos para fugir à PIDE (no Barreiro), enveredou pela carreira militar, foi para Coimbra onde se tornou polícia militar, depois casou, 5 dias depois (em 1955) foi para Goa, onde esteve até 1958 e na qual Goa conheceu, por exemplo, o assassino do Humberto Delgado, Casimiro Monteiro, um tipo de uma crueldade inimaginável (segundo as palavras dele).

Voltou para Portugal. Teve dois filhos no entretanto, ambos nascidos em sanatórios, pois a minha avó era tuberculosa. Depois em 1961 vai para Angola até 1968. Em 1969 volta para Portugal, onde participa na inauguração do edifício das matemáticas (há uma filmagem dele no RTP Arquivo), volta para a Guiné em 1969/1970 e só regressa em 1976 [?] [deve ser 1974].

Em Angola aproveita e tira o curso de treinador de futebol. Em 1976 volta para Coimbra. Em 1980 vai para os Açores, onde, além da continuação da carreira militar, treina uma vintena de clubes (entre os quais o Santa Clara, o Atlético, o Águias do Arrife, o Rabo de Peixe, o Mira Mar, etc.), volta para Coimbra em 1989, começa as suas tarefas como olheiro e assistente da direção desportiva da Académica e treinador dos júniores da Académica e do União de Coimbra (onde encontra tipos como o Lucas, o Febras, o Pedro Roma, o Lixa, entre outros), até 2001, altura em que abandona os relvados, já está reformado da vida militar e dedica os últimos anos da sua vida apenas a dar explicações de Matemática e Português, gratuitamente, aos miúdos do meu bairro (o Norton de Matos) no edifício das Forças Armadas, até à sua morte a 18 de fevereiro de 2014.

São 82 anos (1931-2014) com muitas coisas, histórias, álbuns e álbuns de fotografias, slides e slides com histórias e estórias, artefactos e memórias que demoram a organizar, mas com certeza que o farei com muito gosto.

Um forte abraço e até breve,
Cláudio.
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Nota do editor:

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21705: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (78): CoBrA - Operação Goa: novo álbum de Banda Desenhada: testemunhos precisam-se sobre a Invasão de Goa em 1961, nomeadamente dos ex-prisioneiros de guerra


Anexo B: exemplo de página já desenhada  
do novo álbum de BD (Banda Desenhada) / novela gráfica


CoBrA: Operação Goa

"Esta é uma obra de ficção, em forma de novela gráfica, 
que narra as manobras e artimanhas do CoBrA, 
agência secreta liderada pelo controverso Jorge Jardim, 
que eventualmente levam à resolução da situação 
dos prisioneiros Portugueses detidos em Goa 
após a derrota no conflito militar de 1961 com a India."


1. Mensagem de Marco Calhorda < mcalhorda@gmail.com >

Date: segunda, 28/12/2020 à(s) 16:00
Subject: CoBrA: Operação Goa


Boa tarde,

Antes de mais, espero que tenham tido um bom natal.

Neste preciso momento, eu e o meu parceiro criativo (Daniel Maia – https://danielmaia-art.blogspot.com/) estamos na fase de pré-produção de uma novela gráfica sobre a Invasão Indiana de Goa de 1961 - https://cobraop.com/

Junta-se sinopse [Anexo A] mais  exemplo de página já desenhada [Anexo B]  e gostaríamos de adicionar testemunhos de pessoas que tenham vivido a situação "na pele" [Anexo C].

Eu já me socorri imensas vezes do vosso blogue para fazer pesquisas, incluindo a invasão de 1961, operação Mar Verde, etc., e gostaria de saber se era possível fazer-se um post a solicitar testemunhos (diretrizes em  Anexo C) sobre a Invasão de Goa.

Alguns desses testemunhos seriam posteriormente incluídos no livro como material de apoio e contexto. O fator humano faz com que o publico sinta a história de uma forma mais vivida, real.

Como eu não sou militar, nem participei na Guerra Colonial, assumi que não podia seu eu próprio a fazer tal post. Posso solicitar a vossa assistência por favor?

Fico, desde já, grato pela vossa atenção. Se precisarem de mais esclarecimentos, coloco-me a disposição para vos enviar mais informação ou fazer um zoom/WhatsApp.

Com os melhores cumprimentos,

Marco Calhorda

Anexo A > CoBrA: Operação Goa > Sinopse

Goa, 1961.

Os ventos da descolonização começam a soprar. Portugal está presente na India há mais de 450 anos mas tem uma crescente dificuldade em defender um território situado a mais de 8 mil quilómetros de distância da Metrópole. 

Por um lado, os recursos materiais e humanos são escassos. Por outro, um governo sob uma orgulhosa administração Salazarista que se recusa a adaptar aos novos tempos.

Suportado pelo sentimento internacional do pós-guerra que promove a
autodeterminação de múltiplas nações e, consequentemente, a desintegração dos velhos impérios, o governo nacionalista de Jawaharlal Nehru dispõe de um contexto favorável para anexar Goa à India e assim terminar o processo de integração territorial que havia começado em 1954 com a anexação de Dadra e Nagar Haveli, até então também territórios Portugueses. 

Acresce também o facto de que a India tinha sofrido uma humilhação militar com a China na disputa da zona fronteiriça de Ladakh, pelo que a anexação de Goa serviria o propósito de recuperar algum prestígio político junto da população Indiana.

É neste contexto que o CoBrA (Comissariado contra a Brutalidade Animal) entra em ação nos momentos que antecedem a invasão de Goa pelas forças da União Indiana.

Agência secreta de cariz fortemente Lusitano, leia-se com escassez de meios e
recursos sofisticados, mas abundante em criatividade e técnicas pouco ortodoxas, ao jeito do desenrascanço Português, o CoBrA é responsável pelo planeamento e execução de uma série de atividades clandestinas extremamente audazes em 3 distintos continentes, tudo com o intuito de fortalecer a fraca posição negocial do estado Português nas futuras negociações com a India para definir o futuro de Goa.

Baseada em eventos históricos sobre a invasão de Goa, esta é uma obra de ficção que narra a intervenção do CoBrA, agência secreta liderada pelo controverso Jorge Jardim, para forçar a abertura de canais de comunicação entre os vários intervenientes desta estória, na coação dos poderes políticos, incluindo os Portugueses, a abandonarem considerações imediatistas e oportunismos cínicos em prol do bemestar dos seus cidadãos e, finalmente, no engendrar do repatriamento dos prisioneiros Portugueses detidos em Goa.


Anexo C > Notas para testemunho