Alguém deve de ter dito um dia que quando algo perde, algo de novo se encontra. Essa é a ideia com que fiquei dos atribulados e emocionantes dias que se passaram. As palavras que foram chegando através de emails, mensagens e dos diversos post no blog da Tabanca Grande, deram força e acima de tudo transmitiram uma amizade por parte dos camaradas do meu pai.
Durante a cerimónia funebre de sábado dia 8 de março, um camarada disse (e peço desculpa mas não me recordo quem foi...) " Desde que nos lembramos de alguém, esse alguém está sempre presente", e é assim que o meu pai estará sempre presente. Basta nos lembrar dele.
Contaram-se histórias e aventuras ( eu nem sabia que o meu pai tinha veia para locutor de rádio....) mas tenho que confessar do que mais gostei de ouvir foi o orgulho que o meu pai tinha do seu filho e especialmente dos seus netos.
Perdi um pai mas encontrei muitos "tios"!
Muito, muito obrigado por parte do filho, da nora e dos netos do Valdemar Queiroz.
Bem haja a todos e ficou a promessa de um até uma próxima oportunidade.
2. Texto da esposa do José da Silva, Maaike da Silva:
Meu querido pai,
Sento-me aqui em Colares a olhar para o salgueiro chorão que está aqui em frente à casa. O salgueiro chorando como metáfora para a montanha-russa dos últimos dias. Sinto-me especialmente triste pelo período difícil que teve. Mas, quando olho atentamente para os ramos do salgueiro chorão, vejo a nova vida de uma primavera se aproximando e, ao mesmo tempo, também sinto gratidão pelos anos que pude conhecê-lo.
Muitas lembranças passam pela minha mente. Lembro-me do nosso primeiro encontro, do casamento com o seu filho e do leitão que levou na bagagem de mão no avião. Uma bela história que continua a ser contada anos depois. Memórias dos primeiros anos, quando as crianças ainda eram pequenas.
Que avô orgulhoso você sempre foi para nossos filhos, fez quilómetros de material de filme e fotos durante as férias . O suficiente para nos enviar nos meses seguintes.
Lembro-me dos anos em que se sentava à nossa mesa com a mãe e a avó Joana durante a época natalícia. Belas lembranças .....
As histórias e anedotas que você poderia transmitir como nenhum outro. Os guardanapos que foram dobrados em tops de biquíni. Isso para a grande hilaridade dos netos e de nós.
Apesar de a sua saúde se ter deteriorado ao longo dos anos, manteve-se positivo. Mesmo quando já não podia estar connosco durante as férias, que grande tristeza e perda. A sua forma de se manter em contacto connosco, enviando emails com vídeos da história de Portugal, fotos e filmes de seus netos que você fez durante a temporada de Natal e férias. Sempre em contato, sem raiva e deceção. Isto apesar de também ter dado tristeza por a distância ser tão grande.
Sempre cheio de interesse pelos netos, especialmente quando você tem um smartphone, o contato entre você e os netos se tornou mais rápido e fácil. Nos anos seguintes quando as crianças cresceram e puderam ir para Portugal de forma independente e visitar os avós. Você poderia viver e reviver essas tais visitas por meses.
Muitas vezes desejei e esperei que fosse diferente, que pudéssemos viver mais juntos. No entanto, a vida correu de outra maneira. O lar é onde está o coração e você sempre estará no meu coração.
Pai, vou sentir sua falta. Levamos as histórias e memórias connosco para a memória coletiva da Família da Silva. E, para terminar como você diria de uma forma muito teatralmente no final de uma boa garrafa de vinho: "Deste..? Deste já não há mais!"
Boa viagem meu pai
Até nos encontrarmos novamente
muitos beijinhos, tua filha Maaike.