1. O Paulo Santiago, natural de Aguada de Cima, Águeda, engenheiro técnico agrícola, reformado, autor da série Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago), foi alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho, 1970/72) e instrutor de milicias no CIM de Bambadinca,,,
É um histórico da nossa Tabanca Grande, tem já cerca d2 centenas de referências no bçlogue desde 22/6/2006.
É também um grande contador de histórias...Aqui vai uma, que confirma a ideia que eu tenho dos nossos estomatologistas e demais técnicos da área da saúde oral: um bom "dentista" ou "brocas" ( incluindo o higienista oral) tem de ser um profissional de saúde também bem humorado, já que o humor facilita a relação terapêutica... Os portugueses, em geral, ainda hoje não gostam de ir ao "dentista"... E lá terão as suas razões.

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L5 (Galomaro) > Saltinho >O crachá da CCAÇ 2701, "Os 3 SSS" (Saltinho, 1970/72)., comandada pelo cap inf Carlos T. Clemente. Cortesia de Paulo Santiago.
No Saltinho, quando da minha chegada, o médico era o alf mil Martins Faria, chegado um mês antes de mim, substituindo o alf mil méd João "Brocas" (era com esta alcunha que se apresentava) que esteve destacado na CCAÇ 2701 à volta de três meses.
Para ser mais fascinante, era extremamente gago. Já frequentava, ou já tinha a especialidade de Estomatologia, quando foi para a tropa, mas, como no Hospital Militar de Bissau, o HM 241, quando da sua chegada, havia vários estomatologistas, o Dr "Brocas" teve de passar por vários quartéis do CTIG como clínico geral.
− Oh, Fer...fer...fer....nando, que se pa...pa...pa....passa con....con... contigo para an...da...da...dares tããoo cha...cha...te a...do?
− Porra, doutor, não me chateie os cornos, tenho avião daqui a três dias para ir de férias e não aparece a merda de um transporte para Bissau.
Depois desta conversa, o João "Brocas" dirigiu-se ao gabinete médico onde o fur mil enf Freire atendia um civil africano.
− Oh, Frei... frei...eire, o que é que o gai...gai...gaijo... gaijo teeem?
− Doutor, o tipo tem uma diarreizita, já lhe dei uns comprimidos para ele tomar.
Deitado na marquesa, o João "Brocas" faz-lhe uma apalpação na barriga.
− Frei...frei...freire, o... o... o caso é gra...gra....grave. Soooro no gai...gaijo e peça uma evacuação y...y...ypsi...psi...lon.
− Mas, Dr, o tipo fica bom com os comprimidos.
− Po... po....porra, não dis...dis...cuta, eu, eu é...é...é... que sei.
Segue um dos enfermeiros para as transmissões pedir a evacuação ypsilon, enquanto o Freire coloca o africano a soro.
O João "Brocas" vai ao bar e diz ao Fernando Mota:
− Fer...fer...fer...nando, pre...pre...para a ma...a...la, da....daqui a trin...trin...ta mikes (lê-se: maiques), teeens trans...trans....transporte.
Passada meia hora, lá chegou o heli que evacuou o civil e deu boleia ao Fernando Mota.
Último poste da série > 17 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27025: Humor de caserna (204): O Padre Aurélio (Alberto Branquinho, "Cambança", 2ª ed. revista, 2009, pp. 70-73)
1 comentário:
Um médico, gago, com piada, que passou pelo Saltinho...O alf mil med João "Brocas" (alcunha)... Uma história que tem a sua graça... Claro que ninguém fazia contas ao custo, por hora, do heli AL III: 15 contos, nessa época (mais de 5 mil euros, a preços de hoje)... Com 15 contos compravam-se 2 bilhetes na TAP, para ir de licença de férias à metrópole, gozar os 30 dias e voltar à guerra...
Enviar um comentário