1. Em mensagem de 1 de Julho de 2025, o nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), enviou-nos um texto com sobrenomes invulgares de militares do seu Batalhão.
SOBRENOMES INVULGARES DE MILITARES DO BCAV 2867
APÓS CONSULTA DA HISTÓRIA DA UNIDADE
No ano de 1962, na Escola Comerial de Oliveira Martins, tive um professor de Português que era um
colecionador apaixonado por diversas coisas. Uma das suas coleções consistia em obter e registar nomes
invulgares, mas reais, de indivíduos.
Na altura fixei alguns nomes, que agora não lembro, mas há um que ficou gravado na minha memória. E o
nome é “José Casou de Calças Curtas”, de um brasileiro, está bem de ver. Por outras fontes registei
outros nomes, também reais e que são: António Pancadas Acabado; Um Dois Três de Oliveira e Quatro;
Pedro Penedo da Rocha Calhau, Pica Sinos e Aurora da Liberdade Viva a Républica.
Em tempos, em conversa com amigos sobre o tema e sabendo que no meu Batalhão (BCAV 2867) havia
sobrenomes de camaradas, também invulgares, consultei a História da Unidade e daí resultou a seguinte
lista:
Cuco
Galinha Jorge
Toucinho
Tarrinca
Cabeceira
Birrento
Calção
Chambrinho
Poupada
Bicho
Parracho
Paquim
Boleto
Negalho
Râ
Barriga
Fachada
Carrão
Portásio
Cabeçarra Valseiro
Vestias Palhinhas
Cachucho
Estreito
Inverno Chainça
Palhaça Lérias
Saiote
Vestias
Tacão
Ratola
Brissos
Sandonico Cascalho
Vale de Râ Lauzinha
Minorsa
Tanca Galinha
Xufre
Coelho Rijo
Tendeiro Ameixa
Brilho Faritas
Cerqueiro Repolho
Samouqueiro
Estevainha
Pagarim Lança
Engrossa
Chaveiro
Sota
Limpinho
Chita Ferragem
Ratalho
Rolo Jarreta
Acatis
Verdade Ventinhas
Arcozelo/Gaia, 01 de Julho de 2025
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Nota do editor
Último post da série de 20 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26940: (De) Caras (235): Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Art)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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10 comentários:
É mais que provável que estes e outros apelidos, insólitos, invulgares, tenham derivado de alcunhas...Recorde-se que o registo civil obrigatório é recente, tem pouco mais de um século: resulta da implantação da República, em 1910... Até então essa função era dos cartórios paroquiais: o português, quando nascia, era batizado, e o seu nome e a sua filiação passavam a constar do assento de batismo, bem como o local e a data de nascimento...
Ver a este propósito o "Tratado das Alcunhas Alentejanas" (4ª Edição),
de Francisco Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva. (Lisboa, Edições Colibri, 2002, 610 pp.).
Eis algumas das muitas alcunhas que, ao longo dos anos, foram sendo incorporadas nos antropónimos (nomes próprios e apelidos de família)... Algumas occorem-me agiram, outras, encontrei-as no livro acima citado, dos dois investigadores da Universidade de Évora...
Aiveca, Alfaiate, Anão, Bacalhau, Barbeiro, Batata, Benzinho, Boia, Branquinho, Cagarelho, Calão, Cara de Anjo, Cara Linda, Carrasco, Carlão, Carrasquinho, Carruço, Ciagno, Coelho, Conicho, Cordovil, Dez-Réis, Engeitado, Fadista, Faia, Fujão, Ganhão, Galinha, Ginja, Judas, Lagarto, Lampreia, Leitão, Levezinho, Lobo, Maçarico, Mãos de Ferro, Maneta, Matamouros, Mil Homens, Milhariço, Morgado, Mouro, Mourato, Mulato, Nabo, Olho Azul, Panasca, Pardal, Parracho, Penetra,Picado, Picanço, Picão, Pintassilgo, Pouca-Roupa, Pombo, Pombinho, Preto, Quadrado, Querido,Rabino, Ragageles,Raposo,Rato, Romão, Rosmaninho, Russo, Sacoto, Saias, Sapateiro, Saramago, Sardinha, Saúde,Serôdio, Serralha, Serrote, Taniça, Tapadas, Tapadinhas, Tripa, Tristão, Uva, Vá-Com-Deis, Vacas,Varrasquinho, Vinagre, Vintém, Viola, Zarolho, Zorrinho...
Segundo estudos de antroponímia, no Alentejo, Açores, Beira, etc., as alcunhas nascem com base em:
(i) características físicas, defeitos, hábitos pessoais, fenótipo (por ex., Zarolho, Preto);
(ii) histórias de vida, pormenores engraçados, episódios, comportamentos (por ex., Mata-pintos, Caga-tosse)
(iii) profissões, ofícios, ocupações (por ex., Pitrolino, Padreco)
(iv) Provocações em ambiente comunitário rural (por ex., Pic*a de aço; C*na de ouro)
(v) Ou simples sarcasmo / humor popular (por ex,, Caga-tacos, Zé Nalguinhas)
Já agora, acrescento o apelido do saudoso segundo sargento da CCAÇ 12, do meu tempo: Rosado Piça...
E outro nome de uma médica minha conhecia que, por casamento ficou... Bacalhau Preguiça (dela) e Macareno Bilro (dele)... Sei que se divorciou...
Outro que adoro é... Maria (... ) dos Prazeres e Morais.
Que ninguém leve a mal... Afinal, a gente não escolhe.... Nem os progenitores nem a terra e o país onde nasce...
É a lotaria genética... Para o melhor e para o pior. E o pior são sempre as doenças... Os "defeitos de fabrico"...
Ora cá está... Porque é que as meninas não iam (não vão) para a escola ?.... Tinham (têm) que ficar a pilar o arroz... (Foto no. 5)
São "fotos falantes", como dizia o nosso saudoso Torcato Mendonça. LG
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