CaracterísticaAlcunhaCognome Real

OrigemPopular, informal, espontânea,
viva
Histórica, formal e atribuída por cronistas ou pela posteridade; fixado pela escrita, oficializado pela tradição histórica,  
PropósitoIdentificação informal, muitas vezes com humor, acinte, crítica ou afeto.Distinção e identificação formal de um monarca na linha sucessória e na história.
CaráterPode ser carinhosa, neutra ou marcada- mente pejorativa.Frequentemente enaltecedor, mas por vezes descritivo de características físicas, de personalidade ou de comportamento, mesmo que negativas.
PerpetuaçãoDependente do uso contínuo no círculo social do indivíduo.Consagrado pela historiografia e pelos registos oficiais.

Portanto, ao nos referirmos a D. Afonso II como "O Gordo", não estamos a usar uma simples alcunha (depreciativa), mas a evocar o seu cognome (histórico), uma designação que, apesar da sua natureza, se tornou a sua identidade formal nos anais da história de Portugal.

Quanto ao "nossos" dois marechais,  Spínola, o "Caco", e Costa Gomes, o "Rolha",   é impossível saber como é que a História, daqui a 50 anos, os vai chamar ou "tratar", embora não tenham  sido reis (apenas presidentes da República no pós -25 de Abril).

PS1- Em Portugal, os santos, sobretudo os mais populares, também têm alcunhas, a par de cognomes, como os reis, embora não de maneira tão sistemática. Por exemplo;

  • Santo António de Lisboa (mas também de Pádua), conhecido como “o casamenteiro”, em Portugal, mas também como “o santo das coisas perdidas” (o povo recorre a ele quando perde alguma coisa);

  • São Gonçalo de Amarante: rivaliza com o António, é conhecido como o  “santo casamenteiro do Minho” (embora seja mais os das "velhas" e das "encalhadas"):

  • Santiago de Compostela, o "Mata-mouros", 
  • São Pedro, o Apóstolo, o Pescador, também conhecido pela alcnha de "porteiro do céu", o que det as chaves do paraíso; 
  • São João Evangelista, o Apóstolo Amado;

  • São Francisco de Assis;

  • São Lucas, o Médico; etc.


Neste caso, as alcunhas estão ligadas à devoção popular, mas também aos usos e costumes,  enquanto os cognomes surgem muitas vezes  por via da região ou cidade de origem ou, então, por  uma qualidade ou feito especial  atribuído ao santo (profissão, título, grandeza espiritual, milagre). 

PS2 - Não se pense que a atribuição de um cognome pouco honroso ao rei é exclusivo da gente lusitana.. Uma rápida volta pela história das monarquias que nos estão mais próximas (Espanha, França, Inglaterra), também corroboram a tendêrncia. Aqui vai uma lista de alguns exemplos injuriosos ou depreciativos de monarcas estrangeiros:

  • Espanha  > Henrique IV  (1425–1474): chamado “o Impotente”,  devido à sua incapacidade física e política; | Carlos II (1661–1700), conhecido como “o Enfeitiçado", por causa da sua saúde debilitada e perturbações mentais, atribuídas a feitiçaria;
  • França > Carlos VI  (1368–1422), “o Louco”,  devido a surtos de insanidade que marcaram o seu reinado; | João II de França (1319–1364), chamado “o Bom, mas em sentido irónico (foi desastroso na guerra contra os ingleses e acabou prisioneiro);
  • Inglaterra > Etelredo II (968–1016),  “o Despreparado” ("the Unread"); | João de Inglaterra (1166–1216), o“Sem Terra”, porque herdou quase nada do pai; ou ainda o “João Sem Nada de Bom”; sem esquecer Eduardo II  (1284–1327), muitas vezes referido como “o Efeminado” ou “o Incompetente”, pela sua falta de capacidade militar e dependência de favoritos.

(Pesquisa: LG + Assistente de IA / Gemini, ChatGPT)

(Condensação, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 20 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27232: Felizmente ainda há verão em 2025 (35): os vinhos verdes que aprendemos a gostar na guerra: Casal Garcia, Aveleda, Gatão, Três Marias, Lagosta, Palácio da Brejoeira (...sem esquecer o Mateus Rosé, da Sogrape)