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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27211: Felizmente ainda há verão em 2025 (32): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - Parte II





















Fotos nºs 20 a 32

Amarante > 5 de setembro de 2025 > Fosos de fachadas de prédios urbanos no centro histórico


Descrição do conjunto urbano ribeirinho de Amarante, estruturado pelo rio, a  ponte e a igreja e o convento:


ESTRUTURA URBANÍSTICA: 

Apresenta uma estrutura urbanística essencialmente linear, composta por ruas relativamente estreitas e de traçado irregular, que confluem de uma e de outra margem do Tâmega para a ponte de S. Gonçalo. 

Para além da ponte (...),  o conjunto é fortemente marcado pela monumentalidade da Igreja de São Gonçalo (...), estruturando-se em frente desta um Largo que antecede a entrada na ponte. 

Na mesma margem do rio, entre o edifício do Convento e o Tâmega, nos terrenos da antiga cerca conventual, abre-se a Alameda Teixeira de Pascoais com ligações até à variante da EN. 

Estes dois espaços, com vista sobre a ponte e o rio - Lg. de S. Gonçalo e a Alameda onde se realizava o antigo mercado - constituem o núcleo do centro cívico, religioso e turístico da cidade. 

Ao longo da margem esquerda do rio, a R. 31 de Janeiro (R. do Covelo) conduz ao Lg. Conselheiro A. Cândido, a partir do qual se faz a ligação à EN.

ESPAÇO CONSTRUÍDO: 

A fachada urbana de ambos os lados das ruas caracteriza-se pela existência de construções genericamente integráveis nos dois tipos essenciais da arquitectura tradicional urbana: 

(i) a casa de tipo vertical, estreita e alta, com um número variável de andares, com duas ou três portas, janelas ou varandas de frente; 

(ii) e a casa larga e baixa, com r/c e andar nobre, frequentemente brasonada. 

Dentro do primeiro tipo são muitas as variantes, apresentando as casas geralmente estrutura de pedra, visível nas molduras das portas, janelas e varandas. 

Noutras o último andar é em tabique, sobressaindo a madeira pintada das molduras das portas e janelas. A este último andar, geralmente o 2º, por vezes o 3º, corresponde a varanda. Esta pode ser em ressalto, sobre uma falsa cornija, ou em avanço sobre a rua. 

Na sua maioria, as varandas são corridas, ocupando toda a largura da fachada. Algumas casas apresentam varandas corridas no 2º andar e uma ou outra, mais pequenas, possuem-na no 1º. 

Têm geralmente gradeamentos de ferro, havendo também belos exemplares de varandas com balaústres de madeira pintada.

Fonte: adapt. de SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitetctónico > Núcleo Urbano da Cidade de Amarante (IPA.00006137)




Foto nº 33 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > A antiga cadeia municipal > À deporta, os nossos amigos Laura Fonseca e Jaime Silva



Foto nº 34 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > A antiga escola primária, em frente ao "Espaço Saudade - Teixeira de Pascoaes"... 

Era uma escola-tipo  "Conde Ferreira". Foi umas das 120 previstas construir, em vilas ou sedes de concelho,  ao abrigo do legado do benemérito Conde Ferreira. 

Por volta de 1886, construíram-se  91, das quais 21 foram entretanto demolidas. A de Amarante é uma das que restam, cerca de século e meio depois.

 Eram edifícios com arquitectura simples e com uma fachada encimada com frontão triangular e em todos eles está (ou estava) inscrito "24 de Março de 1866" (data  da morte do Conde de Ferreira).   

Segundo o seu testamento,  disponibilizou 144 000 000 réis para a construção de 120 escolas primárias. As construções tinham requisitos específicos no que foi a primeira planta escolar a nível nacional, com duas salas e um espaço para habitação do professor. O orçamento de casa uma não podia ultrapassar os 1,2 contos de réis.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Dedicado ao João e à Vilma (que estão em Nova Iorque), e que ainda não conhecem Amarante, nem muito menos a Quinta de Candoz (no vizinho concelho de Marco de Canaveses, terra da Carmen Miranda, a pequena portuguesa que conquistou Hollywood nos anos 30/40)...

Pois, prosseguindo a crónica da nossa rápida  visita do passado dia 5, fiquei com a inpressão que os amarantinos gostam da sua cidade.  Pelo menos, e à primeira vista, não há muitos estragos  do camartelo camarário nem do plano de urbanização. Aliás, já bastaram os estragos dos séculos passados: 

  • 1763 - ruína da ponte devido a uma forte cheia;
  • 1788 - conclusão da reconstrução da ponte, segundo projecto do Eng. Carlos Amarante;
  • 1809 - Amarante sofre o ataque das forças invasoras napoleónicas de Soult,  comandada por Loison (o famigerado "Maneta");  após 14 dias de resistência do general Silveira, os os portugueses são desbaratados, são saqueados e incendiados os principais edifícios e casas; 
  • 1827 - foi palco de combates entre liberais e miguelistas (estes comandados por Teles Jordão); 
  • 1985, 8 de julho - elevação a cidade.

A tradição e a modernidade não se casam mal em Amarante. Claro que eu, desta vez, e nesta visita, só me fiquei pelo "centro histórico"... 

Noutros sítios, a política urbanística, a partir dos anos 50/60 do séc. XX, e prosseguida com o "poder autárquico democrático",  foi a do bota-abaixo. Do triunfo do mau gosto dos "patos bravos". Da especulação imobiliária. Da moda das "torres" (por complexo de inferioridade saloia")... 

Para minha felicidade, até a escolinha do Conde Ferreira fui aqui encontrar. (É hoje sede de junta de freguesia; a minha, onde estudei, construída na Lourinhã, foi uma das que foi botada abaixo!)


2. É bom quando uma terra deixa saudades aos forasteiros que a visitam, e sobretudo aos que lá vivem, e têm às vezes que emigrar, por razões económicas ou outras... 

Eu que regressei, a meio da tarde, a Candoz, mais a sul, a 30 km, também levei  saudades de Amarante... Tal como os meus companheiros de viagem, que seguiram para a Lixa...


Saudades de Amarante
(Tuna de Gondar, Amarante)

Deixei um dia o meu cantinho abençoado,
E fui levado  na ilusão de uma esperança,
Passei a Espanha, os Pirinéus, como emigrante,
Com Amarante, sempre, sempre, na lembrança.

Vi novas terras, vi costumes diferentes,
Vi outras gentes, vi o céu, vi o luar,
E até lá longe, nos castelos da Alemanha,
Em nenhuma terra estranha me esqueceu (sic)  do meu lugar,

Ai que saudades eu tenho de ti,
Linda Amarante, terrinha onde eu nasci,
E S. Gonçalo, romeiro sem igual,
Guiou meus passos de novo a Portugal.


Fonte: José Alberto Sardinha, "Tunas do Marão" (Livro + 4 CD). Vila Verde: Tradisom, 2005, pág. 347


(Continua)
 ___________________

Nota do editor LG:

2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Amarante ? Vale bem um fim de semana!

Anónimo disse...

Amarante bonita terra que tantas vezes visitei.
Não esquecer o Zé da Calçada um restaurante obrigatório de conhecer as delícias da casa.
Terra também de doces conventuais com muita procura, isto ainda nos anos 60, antes do serviço militar.
Passávamos pela Lixa de bons vinhos e bonitas paisagens.
Podíamos depois seguir para Mondim de Bastos ou, ou comer um frango em casa especializada. As suas belezas. O rio, a ponte e a zona histórica.
Não vou lá há muitos anos..
De caminho podíamos visitar a casa do Zé do Telhado.
Era uma terra bem perto do Porto, mas naqueles tempos de antanho era bem difícil lá chegar por estradas ultrapassadas.
S Gonçalo de Amarante era um bom chamariz para as visitas.
Velhos tempos...

Virgílio Teixeira