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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Guiné 61/74 - P27494: Aviões que serviram na guerra colonial na Guiné, e os do tempo da CCAÇ 816 (1965/67) (Rui Silva, ex-2.º Sarg Mil)

1. Trabalho enviado ao blogue pelo nosso camarada Rui Silva, ex-2.º Sarg Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/67) que ele elaborou e publicou no facebook privado da CCAÇ 816.


AVIÕES QUE SERVIRAM NA GUERRA COLONIAL NA GUINÉ, E OS DO NOSSO TEMPO (1965-1967)

- Nota: algumas destas aeronaves estiveram na Guiné antes de nós ali chegarmos e outras estiveram posteriormente

Os 9 primeiros conhecemo-los bem e, pessoalmente, mais ainda a avioneta DORNIER DO 27, o avião DAKOTA DC-6 e os helicópteros ALOUETTE II e o ALOUETTE III, estes 2 últimos no transporte de feridos do mato para o Hospital Militar de Bissau, nomeadamente nas operações a Iracunda (23Jun/65 e 7Mai/66), Biambi (10Jul/65), na limpeza da estrada Olossato-Farim (1 Ago/65) e na célebre operação a Morés (20Fev/66) aqui mais no transporte de evacuados por insolação e do material capturado levado para o Olossato:

A última foto mostra o avião civil (não militar) o quadrimotor “Super. Constellation” da TAP, no aeroporto de Bissau, que nos trazia para férias na metrópole. A viagem demorava cerca de 8 horas de Bissau para Lisboa e era direta. O regresso fazia-se com escala na ilha do Sal em Cabo Verde.


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Bombardeiro bem nosso conhecido, muitas vezes atuaram em operações nossas com realce para a atuação na célebre emboscada na bolanha de Joboiá (estrada Olossato-Farim) naquele domingo em 1 de Agosto de 1965 onde os bombardeiros tiveram uma ação preponderante e decisiva, sem esquecer a nossa valentia.arvard.
O T-6 foi um dos mais famosos aviões monomotores de hélice, conhecido por nomes como Texan, Harvard, Yale, Wirraway, Mosquito, Boomerang e Tomcat, conforme o país que o usava.
Foi adoptado na Força Aérea de 55 países, desde avião de treino de pilotos a bombardeiro.
Criado em 1935 pela North American, começou a ser utilizado em força em 1940, sendo introduzido em Portugal em 1946.
O T-6,avião convertido em caça-bombardeiro ligeiro, equipado com metralhadoras, mísseis, bombas convencionais ou de napalm debaixo das asas ou a actuar como avião de reconhecimento.

Caraterísticas do avião:
Monomotor de propulsão a hélice
Envergadura de 12,81m
Potência: 600 CV
Veloc. máx.: 335 km/h
Voo até 7400 metros de altura
Veloc. de subida: 6,1 metros por segundo

Equipamento de combate do T6:
4 metralhadoras Browning 7,7 mm (duas em cada asa)
2 bombas de 50 kg
6 bombas de 15 kg
Contentores de napalm (alternativa)
1 mira de pontaria


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Caça-bombardeiro monomotor turbo-jato também bem nosso conhecido.
Com 8,56 metros de envergadura, atingia a velocidade máxima de 1090 km/h; tinha um raio de acção de 1850 km; com tecto de serviço de 13.260 m.
Era armado com quatro metralhadoras Browning 12,7 mm ou dois canhões DEFA de 30 mm para além de 3 câmaras fotográficas Vinten, 1 frontal e 2 laterais.
Em Março de 1966, foram embarcados oito FIAT G.91R/4 que iriam constituir a Esquadra 21 "Tigres" na Base Aérea n.º 12 em Bissalanca, ex-Guiné Portuguesa, a qual se tornou operacional em finais de Junho do mesmo ano.
Regressaram a Portugal em 1974, após mais de 14.000 horas de voo em missões de combate.
Na Guiné foram abatidos ou destruidos por acidente 7 Fiat, 6 abatidos pelo inimigo, 3 deles por mísseis Strela; 1 por acidente com bomba, tendo morrido 1 piloto num dos aviões abatidos.


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Esta avioneta foi utilizada na Guiné em missões de observação e sobretudo para transporte de mantimentos, evacuação de feridos, etc. dadas as suas capacidades de descolar e aterrar em espaços muito curtos.
No Olossato, aquando das primeiras vezes que lá fomos antes de nos instalarmos definitivamente, ainda deu para ver os destroços de um junto à messe dos Furrieis.
Aeronave monomotor de trem de aterragem convencional fixo com roda de cauda, monoplano de asas altas, totalmente revestido a tela.
Tripulação: 1 piloto.
Capacidade de carga: 2 passageiros.
160 CV de potência.
Envergadura 10,97 metros
Velocidade máxima 211 km/h
Tecto de serviço 3900 metros.
Esta avioneta viria a ser substituida pelos Dornier, ainda dentro do nosso tempo


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Muitos de nós andaram nesta avioneta e logo começou nos primeiros tempos com o transporte por evacuação de Bissorã para o Hospital Militar de Bissau, do “Maravilhas” acidentado com arma de fogo.
O DO 27 é um avião monomotor, asa alta, trem de aterragem convencional fixo, com a capacidade de transportar seis passageiros ou o equivalente em carga.

Na Guiné tinha a missão de transporte de passageiros, evacuação de feridos, militares para consultas no Hospital Militar em Bissau, reconhecimento aéreo e transporte de correio a nossa avioneta do coração.
Esta avioneta transportou muitos elementos da Companhia para Bissau para férias ou ali em trânsito para férias na Metrópole.
Era também a avioneta do correio e muito exaltávamos quando a víamos no ar no dia certo.
Esporadicamente foram utilizados em missões de apoio utilizando foguetes montados sob as asas.
Avioneta com uma envergadura de 12 metros; uma velocidade máxima de 250 km/h e um teto máximo de 5,5 km.


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Avião bimotor, operava em missões de carga e transporte de passageiros. Durante a Guerra do Ultramar nas três frentes executaram missões de reconhecimento aéreo, lançamento de paraquedistas (principalmente), transporte de feridos, busca e salvamento e até serviu de bombardeamento.
Tripulação: 4 (piloto, co-piloto, navegador e operador de rádio)
Passageiros: (paraquedistas e outros) 28
Envergadura: 29,41m
Potência: 1200 CV
Velocidade máxima: 360 km/h
Teto máximo: 8045m


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Avião dos evacuados para os Hospitais da metrópole; o avião que me trouxe como evacuado (Jan1966), e ao “Doutor" e ao Alferes Costa em outras datas.
Eram aviões quadrimotores, construídos no final da II Guerra Mundial para missões de transporte de longa distância. A Força Aérea utilizou os DC-6 nos Transportes Aéreos Militares (TAM) que ligavam a Metrópole a Bissau, Luanda e Beira. Serviram frequentes vezes para evacuar os feridos dos teatros de operações para o Hospital Militar Principal em Lisboa. Podiam transportar além de uma tripulação de 4 pessoas também cerca de 55 passageiros, a uma velocidade de 500 quilómetros por hora.
16 horas de voo com escala (45 minutos) em Las Palmas, de Bissau a Lisboa.
Avião com uma envergadura de 35,81 m
Teto máximo 7600 m


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Avião bimotor de dupla cauda e de asa alta, com 2 motores em estrela e um peso máximo de descolagem de 21 mil kg. Visualização de manobras aéreas com salto de paraquedistas.
Intrigavamo-nos quando víamos passar aquele avião com duas fuselagens. Único no género, que víssemos.
Usados em Tancos para treino de paraquedistas e, nas colónias, conjuntamente com os Douglas (Dakotas), deram suporte aéreo nas áreas de comunicação, lançamento de paraquedistas e transporte de feridos.
Com uma envergadura de 32,5m
Velocidade máxima: 405 Km/h
Tecto de serviço: 7100 m
Distância máxima de voo: 2500 Km
Capacidade de transporte: 32 passageiros ou carga até 5800 Kg
Tripulação: 5 (2 pilotos, mecânico, navegador e operador de rádio).


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O helicóptero que transportava os feridos em macas suspensas do lado de fora da aeronave. Bem nosso conhecido pois, logo de princípio víamo-los passar por cima do quartel de Brá onde estivemos nos primeiros 15 dias de Guiné, já bem baixos e a caminho do Hospital Militar mais adiante e ali perto.
Intrigávamo-nos porque eles levavam um ou duas (uma de cada lado) o que pareciam macas suspensas do lado de fora da aeronave. Deduzimos que só podia ser para servirem ao transporte de feridos (ou mortos) e assim era.
Alguns militares da CCAÇ 816 chegaram a utilizá-los pelos piores motivos (feridos), nomeadamente em consequência das operações a Iracunda (23Jun65 - 2 feridos), a Biambi (10Jul65 – a única operação que atuamos em conjunto com a CCAÇ 818 –1 ferido) e na estrada Olossato-Farim (1Ago65 -3 feridos graves +1 morto, este o Furriel Silva que não chegou a sair do Olossato onde esteve em câmara ardente). Aqueles 3 feridos transportados também para o Hospital Militar de Bissau.
Os Alouette II começaram a ser substituídos em Novembro de 65 (tínhamos meio ano de Guiné) pelos Alouette III que se mantinham em operacionalidade quando regressamos à então Metrópole.
O Alouette II foi o primeiro helicóptero do mundo, motorizado com turbina a gás a ser certificado para voo.
Diâmetro do rótor principal: 10,20m
Potência: 530 CV
Velocidade máx: 185 km/h
Tecto máximo: 2300m
Capacidade de transporte: Piloto e co-piloto, e cinco passageiros ou peso equivalente de carga; ou então duas macas e assistente.


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O Alouette III veio substituir o II por ser mais rápido, mais ampla cabine de pilotagem e com capacidade para mais pessoas no interior; os feridos eram transportados no seu interior. O Alouette III tinha também uma mais ampla capacidade de voo, mais veloz e mais teto.
É um desenvolvimento do Alouette II, tendo um tamanho maior e uma maior capacidade de carga. O Alouette III era reconhecido pelas suas capacidades de operação em grandes altitudes, sendo o ideal para o salvamento em áreas montanhosas, o que na Guiné não era o caso.
Em Novembro de 1965 ocorreu o primeiro voo de Alouette III na Guiné, sendo colocados na BA 12 - Bissalanca.
Estes helicópteros foram introduzidos em Portugal em 1963, primeiro em Angola e depois na Guiné. Portugal terá sido o primeiro país que os usou em combate, em missões diversas, desde transporte de feridos ou por evacuação, mormente por insolação, até ao apoio no combate ou até escolta.
O Alouette III evacuou 3 feridos da CCAÇ 816 e outros evacuados por desidratação e ainda na envolvência de transportes de armamento militar capturado ao inimigo na célebre operação “Castor” em 20 de Fevereiro de 1966. Aqui foram 6 helicópteros a atuar, pela celeridade da operação, e num vai-e-vem constante. Mais tarde, aquando de nova operação a Iracunda, em 7 de maio 1966, transportou 1 ferido grave, o saudoso Tiago Manso, que viria a falecer uns dias mais tarde no Hospital Militar de Bissau. (RIP Tiago).
Tripulação: piloto e co-piloto + 5 passageiros
Diâmetro do rotor horizontal: 11,02m
Velocidade máxima: 220 km/h
Potência: 870 CV
Teto máx.: 3200 m


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Avião caça-bombardeiro, com motor turbo jato, monomotor e monoplano.
Foram fornecidos aos aliados dos EUA, nomeadamente Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega, Portugal, Turquia e Republica da China (Taiwan) e a países não alinhados como o Irão, Tailândia, e Jugoslávia. Portugal seria o último país a abater os seus F-84G ao serviço operacional da sua força aérea, em 1976, depois de os utilizar de forma intensa na guerra de independência das suas colónias em África, em particular em Angola, onde equipou a esquadra 93.
Este caça terá atuado fugazmente na Guiné
Velocidade máxima: 1020 km/h
Teto de serviço: 12350 m
Taxa de subida: 19,1 m/s


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Avião caça transónico, com motor turbojato, monomotor, monoplano.
Primeiros caças na Guiné como aviões de reconhecimento antes da guerra eclodir.
Quando aquela começou estes caças transformaram-se em bombardeiros e equiparam-se com seis metralhadoras Browning Colt TM3, calibre 12,7 mm, e podiam transportar vários tipos de armamento, como os foguetes de 2,75”, bombas GP de 50 e 250 kg e tanques de napalm de 350 L.
Os Sabre foram, ainda em 1963, substituídos pelos T6 Havard que nós tão bem viemos a conhecer e a tê-los em companhia em diversas operações.
Tripulação: 1 piloto
Envergadura de 11,31m
Veloc. máx.: 995 km/h
Teto de serviço: 14600 metros


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O Lockeed PV2 Harpoon era um bombardeiro médio, bimotor. Transportava bombas no compartimento central e nas asas, podendo ser instaladas até oito metralhadoras 12,7 mm na proa.
Utilizado na Guiné também como se fosse um caça-bombardeiro.
Atingia a velocidade de 450km/h


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O C-54 Skymaster é um avião movido a hélice de quatro motores, desenvolvido pela Douglas Aircraft Company. Operou durante a Segunda Guerra Mundial e no transporte aéreo em Berlim. A partir de 1945, muitas companhias aéreas civis operavam com esta aeronave em todo o mundo.
Úteis em tarefas de transporte, lançamento de paraquedistas, como avião-hospital, etc.
O C-54 Skymaster foi usado na Guerra Colonial inclusivamente na Guiné
Envergadura: 35,8 m
Potência: 1450 CV
Velocidade máxima: 442 km/h
Teto máximo: 6800 m


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O avião Douglas Invader B-26 foi um avião bimotor desenvolvido pelos Estados Unidos como uma aeronave de ataque e bombardeiro leve durante a Segunda Guerra Mundial,
O trem de aterragem era triciclo, com comando da roda de proa a partir do “cockpit”.
3 tripulantes (piloto, mecânico de voo e operador de rádio)
Equipava metralhadoras, foguetes e bombas.
Envergadura: 21,34 m
Potência (por motor): 2000 CV
Velocidade máxima: 570 km/h
Teto máximo: 6700m


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Avioneta de fabrico francês utilizada em reconhecimento, transporte ligeiro, evacuação, etc. Avioneta parecida com a Auster e a Dornier, já acima referidas e que passou fugazmente pela Guiné.
Os franceses utilizaram os Broussard na luta contra os guerrilheiros argelinos, utilizando um canhão móvel que disparava através da porta traseira, situada no lado esquerdo.


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Aeronave bimotor terrestre de trem de aterragem convencional retrátil, monoplano de asa baixa, duplo estabilizador vertical, revestimento metálico, cabina integrada na fuselagem, destinado a transporte ligeiro, patrulhamento, reconhecimento e instrução de navegação.
Envergadura: 14,5 m
Velocidade máxima: 352 km/h
Teto de serviço: 5548 m
Tripulação: piloto e co-piloto


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Em 1970, (já passados 3 anos do regresso da CCAÇ 816) a Força Aérea Portuguesa adquiriu 13 helicópteros Puma, devido à necessidade de maior capacidade de transporte durante a Guerra do Ultramar.
Com uma tripulação de 2 pilotos e podendo transportar 18/20 homens com o seu equipamento habitual (paraquedistas), um número bastante superior aos 5 passageiros possíveis com os Alouette III, o que aumentou significativamente a mobilidade do Exército Português.
Considerado um helicóptero médio com capacidade para voar com todo o tempo. Estava equipado com 2 turbinas “Turbomeca” com 1900 CV de potência, tinha um peso máximo à descolagem de 3770 kg e uma velocidade máxima de 258 km/hora, possuindo uma autonomia de 5 horas. Podia ser equipado com armamento: 1 canhão de 20 mm, 2 metralhadoras coaxiais de 7,62 mm ou mísseis.
Também possuía um guincho para recolha de pessoas a partir do chão ou do mar, radar e piloto automático que lhe permitia fazer estacionário automaticamente.


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Foram 2 destes aviões que vieram a substituir os Dakota DC-6 que desde 1961 vinham mantendo a ligação da metrópole com Angola, Guiné e Moçambique.
O Boeing 707 é um avião comercial a jato quadrimotor de porte médio e fuselagem estreita desenvolvido e produzido pela Boeing entre os anos de 1958 e 1979.
Foram os aviões quadrireactores que passaram a transportar as tropas entre a Metrópole e as 3 colónias em guerra, substituindo os navios.
No nosso tempo a pista do aeroporto de Bissau não reunia condições para estes aviões a jato nem sequer estes existiam na frota portuguesa da TAP.
Tripulação: piloto, co-piloto e engenheiro de bordo
Capacidade para 202 passageiros
Envergadura 44,42m
Velocidade (de cruzeiro) 815 km/h

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Avião monomotor de asas fixas e baixas com um piloto e até 6 passageiros.
Avioneta com caraterísticas semelhantes às “Dornier”.
Possuía uma envergadura de 10 metros e uma potencia de 300CV, com uma velocidade máxima 280 km/h e com um teto de serviço de 4950m.


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O P2V5 Neptuno, equipados com meios sofisticados electrónicos principalmente para a detecção e o combate a submarinos.
A Força Aérea fez deslocar rapidamente vários meios aéreos para os chamados territórios ultramarinos e os P2V-5 passam também a ser usados nas colónias portuguesas em missões de natureza diversa.
O P2V5 Neptuno é um avião bimotor, asa média, de trem de pouso retráctil,
Aeronave de patrulha marítima e anti-submarina, com motores radiais a pistão e motor turbojato, bimotor monoplano, para uso civil e militar
Velocidade máxima: 515 km/h
Envergadura: 30,48m
Estavam equipados com oito suportes de rockets em cada asa


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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26277: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (3): Mensagens natalícias de José Firmino, Tony Boré, Rui Silva, António Ramalho, Manuel Rei Vilar e Artur Conceição

1. Mensagem natalícia do nosso camarada José Firmino (ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, 1969/71)

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2. Mensagem natalícia do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66)

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3. Mensagem natalícia do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67):

Ao Luís Graça, Homem Grande deste Blogue e aos seus distintos colaboradores Carlos Vinhal, Magalhães Ribeiro e Virgínio Briote, assim como a todos os combatentes da Guiné, venho desejar Boas Festas com um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de muita felicidade.
Rui Silva


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4. Mensagem natalícia do nosso camarada António Ramalho (ex-Fur Mil At Cav da CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71):

Para todos os membros deste grande conjunto de homens e mulheres que combateram e se empenharam por Uma Guiné Melhor, fazendo o melhor que sabiam e puderam, Boas Festas, extensivo às famílias e amigos.
Alguns de nós vão-se revendo nos almoços e noutros eventos quando a agenda o permite,nunca deixando de visitar o nosso Blogue diáriamente!
Um forte abraço para todos.
António Ramalho (757)


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5. Mensagem natalícia do nosso Grã-Tabanqueiro Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai

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6. Mensagem natalícia do nosso camarada Artur Conceição (ex-Soldado TRMS da CART 730/BART 733, Bissorã, Jumbembém e Farim, 1964/66)
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Nota do editor

Último post da série de 16 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26273: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (2): Recordando o Natal daqueles tempos (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS)

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24576: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXIII: Morés, Morés!

Guiné > Região do Oio > Olossato > 1966 > Vista aérea do aquartelamento, posta de aviação e povoação.  Foto do áçbum de Rui Silva (ex-fur mil, CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67). Reproduziada no livro do Amadu Djaló, pág. 25.



Capa do livro do Amadu Bailo Djaló,
"Guineense, Comando, Português: I Volume:
Comandos Africanos, 1964 - 1974",
Lisboa, Associação de Comandos,
2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.



O autor, em Bafatá, sua terra natal,
por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)


Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló (Cacine, Catió, 1929 - Tite, 1971)

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;

(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual ele participaçou, com toda 1ª CCmds, sob o comando do cap graduado comando João Bacar Jaló (pp. 168-183);

(xi) a narrativa é retomada depois do regresso de Conacri, por pouco tempo, a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971]; Amadu Djaló estava de licença de casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971;

(xii) supersticioso, ouve a "profecia" de um velho adivinho que tem "um recado de Deus (...) para dar ao capitão João Bacar Jaló"; este sonha com a sua própria morte, que vai ocorrer no sector de Tite, perto da tabanca de Jufá, em 16 de abril de 1971 (versão contada ao autor pelo soldado 'comando' Abdulai Djaló Cula, texto em itálico no livro, pp.192-195) ,

(xiii) é entretanto transferido para a 2ª CCmds Africanos, agora em formação; 1ª fase de instrução, em Fá Mandinga , sector L1, de 24 de abril a fins de julho de 1971.

(xiv) o final da instrução realizou.se no subsector do Xitole, regulado do Corunal, cim uma incursão ao mítico Galo Corubal.

(xv) com a 2ª CCmds, comandada por Zacarias Saiegh, participa, em outubro e novembro de 1971, participa em duas acções, uma na zona de Bissum Naga e outra na área de Farim;

(xvi) em novembro de 1971, participa na ocupação da península de Gampará (Op  Satélite Dourado, de 11 a 15, e Pérola Amarela, de 24 a 28);

(xvii) 21-24 dezembro de 1971: Op Safira Solitária: "ronco" e "desastre" no coração do Morés, com as 1ª e 2ª CCmds Africanos  (8 morts e 15 feridos graves).

(xviii) Morés, sempre o Morés... 7 de fevereiro de 1972, Op Juventude III.


1. Continuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digital, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O nosso  camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra,  facultou-nos uma cópia digital. O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de nove dezenas de referências no nosso blogue.



 Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXIII:

Morés, sempre o Morés: Op Juventude III, 
7-12 de fevereiro de 1972 (pp. 224-228)

 

Dias depois, em princípios de janeiro de 1972, eu e o Tomás Camará voltámos a Morés.

Saímos de Bissau para Mansoa, onde apanhámos uma grande coluna até Bissorã. Aqui, depois de uma curta paragem, prosseguimos para o Olossato[ 1].

Quando chegámos, o comandante da companhia[2] do Olossato apresentou-nos o guia da zona, um homem de meia-idade. Jantámos e começámos os preparativos para a saída, para norte de Morés.

Andámos toda a noite até chegarmos a uma bolanha. Aqui, o guia chamou-nos a atenção de que tinha sido nesse local que perdera um filho, numa vez em que ambos tinham saído a servirem de guias à nossa tropa. Da bolanha víamos a mata de Morés, bem à frente dos nossos olhos.

Quando começámos a atravessá-la, fomos detectados. Durante a travessia e até entrarmos na mata as morteiradas não pararam. O PAIGC devia ter muitas granadas, sempre a fustigar-nos, mas com má pontaria, felizmente para o nosso grupo. Não respondemos ao fogo.

Ao progredirmos na mata vimos um homem a preparar-se para subir uma palmeira, com uma espécie de cabaça que trazia à cintura para extrair vinho de palma.

Quando o homem estava mais ou menos a meio da subida, avançámos na direcção dele e vimos três ou quatro pessoas em fuga. Disparámos meia dúzia de tiros na direcção deles e mandámos o homem descer.

Perguntámos-lhe onde ficavam as barracas e ele respondeu ‘muito longe, é muito longe’. Estávamos detectados há já muito tempo, não havia volta a dar. Eram cerca de 15h00 da tarde. O homem foi andando connosco, enquanto as morteiradas acompanhavam a nossa progressão. Decidimos que ia ficar connosco até ao pôr-do-sol, mas como nos pareceu que o prisioneiro não tinha grande importância acabámos por deixá-lo ir à vida dele.

A seguir rumámos para poente e, das 18 até às 23h00, continuámos a andar em direcção a uma zona, onde a retirada fosse mais fácil. Durante toda a noite, a área continuou a ser batida pelas armas pesadas do PAIGC. E, já de manhã, recebemos ordem do Olossato para retirar.

Quando chegámos ao Olossato, ainda antes do meio-dia, apanhámos a coluna para Bissorã. Tudo correu sem problemas na deslocação e quando chegámos àquela pequena povoação estava uma grande coluna à nossa espera, que nos levou de regresso a Mansoa e depois a Bissau.

Terminou assim, uma operação, sem contacto directo com o IN, mas que serviu para os mais jovens comandos esquecerem a anterior odisseia que ocorreu, dias antes, bem no centro de Morés. Havíamos ainda de voltar.

Não desistíamos. Desta vez, duas companhias nossas dispersaram-se por vários locais da área de Morés. A saída[3] não tinha começado bem. À ida, mais ou a menos a meio do percurso entre Mansoa e Bissorã, uma viatura da coluna pisou uma mina anticarro e tivemos dois mortos[4] e vários feridos, entre os quais um capitão europeu e um soldado[5], que perdeu uma perna.

Depois das evacuações, retomámos o andamento e ainda a pouca distância do local onde tinha rebentado a mina, apeámo-nos e internámo-nos na mata. Guiados por um homem, bom conhecedor da zona, rumámos para nascente, sempre a andar até ao anoitecer. 

Arranjámos um local para passarmos a noite e ao romper da aurora reiniciámos a caminhada em direcção ao objectivo, um acampamento que ficava na zona de Inchula, até que, por volta das 08h00[6], ouvimos barulhos numa área de palmeiras.

Passei para a frente e, com todos os cuidados, fomo-nos aproximando de um homem que estava a preparar o material para tirar vinho de palma. Prendemo-lo e entrámos em contacto com um grupo nosso, onde se encontrava o major Almeida Bruno.

 
– Mantenham o homem aí, que eu quero falar com ele.

Depois de chegar, perguntou-lhe onde se situava o acampamento do PAIGC.

– Muito longe  – respondeu.

Um interrogatório sem resultados, o homem não sabia nada de nada ou dizia sempre o mesmo, que o acampamento era longe demais.

Estavam a ser 09h00 e a nossa presença já devia ter sido notada desde o dia anterior. Uma avioneta esteve a sobrevoar a zona, a nossa presença não era novidade para ninguém. Nestas condições, o major disse-me para o acompanhar a uma tabanca abandonada, para montar a segurança, enquanto chamava os helis. E deu também instruções ao alferes Carolino para se manter emboscado no local onde se encontrava.

O nosso grupo foi caminhando para Sinchã, a tal tabanca abandonada. Enquanto o major pedia o helicanhão estendemos uma tela de sinalização. O heli chegou, o major Bruno entrou no aparelho e, quando estava a ganhar altura, ouvimos tiros e rebentamentos, vindos do local onde estava emboscado o grupo do Carolino, da 2ª Companhia. Tentei o contacto rádio com o Carolino, mas não obtive resposta. O que ouvi, foi ele a pedir uma evacuação mike[7].

Já no ar, o major perguntou-me o que se estava a passar. Respondi que não era nada com o meu grupo, que tinha ouvido o Carolino pedir uma evacuação e que ia tentar saber mais pormenores. Voltei a tentar o contacto com o Carolino até que, finalmente, tive resposta.

Transmiti-lhe que ia tentar progredir na direcção dele e que avisasse os seus homens da nossa aproximação. Quando o encontrei, disse-me que um grupo do PAIGC tinha caído na emboscada.

 Caíram na emboscada e vocês tiveram um morto? E eles?

– Talvez alguém do PAIGC esteja caído ali em frente.

Abrimos em linha e, cautelosamente, fomos avançando até encontramos uma picada. Não vimos nada, nem um único rasto de sangue.

 Como é possível, Carolino, vocês estarem emboscados, não fazerem nenhum morto ao PAIGC e foram vocês que sofreram um morto? Como é possível, Carolino?

Quando estavam emboscados, os homens do grupo do Carolino viram um grupo do PAIGC. Pensaram que era o Djamanca e os seus homens que vinham na direcção deles e um soldado, o Sherifo Canhá, levantou-se e disse-lhes:

– É para aqui!

Levou logo uma rajada que o atingiu com muita gravidade[8].

A seguir recebemos ordem para regressarmos para Mansoa, pelos nossos meios, a pé. Sem esperar mais nada, iniciámos a marcha, até que, por volta das 16/17h00, atingimos a estrada que liga Bissorã a Mansoa. 

Quando a atingimos pedimos por rádio que nos enviassem viaturas. Ficámos surpreendidos com a resposta que nos deram. Que não estava previsto nos planos da operação regressarmos em viaturas e que, enquanto fossemos andando, contactássemos o posto de Braia, onde estava um destacamento das NT, e dizer-lhes que íamos passar lá a noite. Não tivemos outro remédio senão prosseguir a pé até Braia, quase à entrada de Mansoa.

Quando chegámos, o comandante do destacamento lamentou-se, que ninguém os tenha avisado e, portanto, que não estavam a contar connosco. Pediu também desculpa por não ter guardado jantar mas que tinha sobrado uma panela de sopa. Deu um prato para cada um, o que nos caiu muito bem.
____________

Notas do autor ou do editor literário (VB);

[1] Nota do editor: a cerca de 17 km, a nordeste de Bissorã.

[2] Nota do editor: da CCav 3378.

[3] Nota do editor: 7 fevereiro 1972, operação “Juventude III”.

[4] Nota do editor: 2 feridos graves evacuados para o HM241, onde ainda nesse mesmo dia morreu o soldado comando Issufi Turé e no dia 15 fevereiro o furriel comando Mamadu Saliu Djaló.

[5] Ussumane Seca, DFA.

[6] Nota do editor: de 8 fevereiro 1972.

[7] Morto.

[8] Nota do editor: o soldado comando Serifo Canhá, da 2ª CCmds, foi evacuado para o HM241, onde morreu no dia 11 de fevereiro 1972; a Op “Juventude III” foi dada por encerrada em 12 fevereiro de  1972.

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 21 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24493: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXII: Op Safira Solitária, na véspera do Natal de 1971, "ronco" e "desastre" no coração do Morés, com as 1ª e 2ª CCmds Africanos a sofrerem 8 mortos e 15 feridos graves (pp. 212-224)

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22754: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XX: outras guerras, outros protagonistas: os mosquitos, as abelhas, as formigas, as matacanhas...



Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3

Legendas: Foto nº 1 >  Bagabaga Baga Baga – Uma excelente proteção nos contactos no mato com o IN (e vice-versa!). Foto de autor desconhecido

Foto nº 2 > O Soldado Covas brincando com um dos habitantes do Cumbijã.  Cortesia do soldado Covas

Foto nº 3 > O cão rafeiro “Tigre” e a cabra “Joana”



 Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74 > A hortinha do José Carlos, estrategicamente plantada junto aos nossos chuveiros aproveitando a rega automática. 

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]







O ex- furriel mil Joaquim Costa: natural de V. N. Famalicão,
vive hoje em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.
Tem pronto o seu livro de memórias (, a sua história de vida),
de que estamos a editar alguns excertos, por cortesia sua. Tem um pósfácio da autoria do nosso editor



Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) (*)




Parte XX -  OUTRAS GUERRAS, OUTROS PROTAGONISTA



Para além dos perigos inerentes a um conflito militar, outros, também difíceis de ultrapassar, nos eram colocados:

Os mosquitos (**)

Um inimigo duro, resiliente e nunca vencido. Muitas vezes nos atirando para a cama de um hospital com o paludismo. Lutávamos contra este inimigo implacável utilizando todas as armas disponíveis: rede mosquiteira, repelente, álcool, etc.

Desde muito cedo nos ensinaram que a melhor forma de os combater era... o álcool.

Um sargento, tarimbado e porventura já imune, depois de uma noite bem bebida, dormiu sem rede mosquiteira e de manhã era vê-los todos mortos, os mosquitos,... de “coma alcoólico”!

Tal como o IN, atacava, principalmente, ao cair da noite.

Com este inimigo nunca houve tréguas, nem mesmo depois do 25 de Abril (estavam-se “marimbando” para as revoluções!). A luta foi, implacável, do primeiro até ao último dia de Guiné.

As formigas Bagabaga (**)

Segundo estudo do camarada  Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), eram “térmitas (cupim) que construíam montículos de terra endurecida onde habitava toda a comunidade.  Estes montículos podem atingir até cerca de 8 metros de altura. Espécie de formiga esbranquiçada e de contornos e cabeça avermelhados que vive numa comunidade, aos milhares, uma comunidade organizada com Rei, Rainha, operárias e soldados, e que constrói o bagabaga com a secreção de saliva misturada principalmente com pó de terra fazendo daquela obra de engenharia, arejamento, climatização e arrumação, o seu habitáculo. Desconheço se foi a formiga bagabaga que deu o nome ao montículo ou se o bagabaga (montículo daquela formiga) é que deu nome à formiga”.

Atacavam pela calada, em silêncio, principalmente quando adormecíamos na mata. Entravam por todas as aberturas: Pernas das calças, mangas da camisa e pelo pescoço. Muitas vezes assisti ao desespero de camaradas a tirar toda a roupa e a coçar violentamente os “coisos” (e não só). Depois de se instalarem, era muito difícil desalojá-las. Muito mais difícil do que desalojar o IN na operação “Balanço Final”. Já “calejado”, sempre que dormia na mata, atava um nagalho nas calças e nas mangas e apertava o último botão da camisa.

As abelhas

Estas foram o único adversário que conseguiram desbaratar todo um grupo de combate que fugiu “covardemente” do terreno de batalha. 

O lema deste temível adversário era: Juntos somos invencíveis. Ouve-se lá ao longe em pequeno zumbido (o enxame), que se vai aproximando à medida que aumenta o pânico no grupo de combate, experimentado e disponível para outras guerras que não esta.

Tudo fica em silêncio para não denunciar a sua presença, não conseguindo disfarçar o “cagaço” que reina nas hostes.

De um momento para o outro, militares experimentados, com grande espírito de grupo (cujo lema é ninguém fica para trás), que colocados em situações de grande dificuldade nunca vacilaram ou fugiram, começam a gritar como crianças mimadas e assustadas, a chorar e a chamar pela mãezinha, largando a arma, mochila e tudo o que dificulta a fuga, sem saber para onde, procurando safar-se daquele horror, sem nunca pensar nos que ficam para trás, cada um por si.

Estavam já perto do destacamento, pelo que a maioria alcança-o em corrida louca com dezenas de abelhas coladas na cara e braços, com a estupefação do pessoal que os via chegar, sem arma, sem cinto, sem bornal e sem cantil, olhando para a orla da mata a confirmar se o IN vinha em perseguição. 

Felizmente não participei nesta cena “degradante” que atirou por terra todo o prestígio e respeito conquistado no teatro de operações

Um grupo de combate saiu para recolher todo o equipamento deixado na fuga e ajudar os que ficaram para trás (um militar nunca deixa outro militar para trás!) a regressarem ao quartel.


A Matacanha (**)

A matacanha é uma pulga minúscula, que penetra nos dedos dos pés e se desenvolve produzindo um saco de ovos que pode chegar a atingir o tamanho de um grão de milho. Tem de ser removida com habilidade, utilizando uma agulha fina. Alguns africanos eram de tal forma atacados pelas matacanhas, que acabavam por quase não conseguir andar. Eram então apelidados de calonjandas.

Depois de vários patrulhamentos, na época das chuvas, em bolanhas inundadas, comecei a sentir uma comichão no dedo grande do meu pé direito. Fui coçando supondo tratar-se de uma ligeira micose, comum nestas regiões. A comichão não passava e começou a afetar a minha marcha.

Tomei a decisão de consultar o nosso furriel enfermeiro, numa altura em que este estava a folhear, se a memória não me falha, uma revista de medicina, da especialidade de “anatomia” (penthouse) que o Martins lhe tinha emprestado. Mostrei-lhe o pé e, sem um Raio X, sem uma ressonância magnética ou análises à urina, atira-me, numa fração de segundos, o diagnóstico à cara:

- Temos aqui uma matacanha que precisamos de remover. 

Pensei, é desta que vou passar umas férias a Bissau, tratar de tal coisa que nunca tinha ouvido falar. 

 Ó Caetano! trata lá disso para ser operado o quanto antes em Bissau.
 Está bem  – dise  o Caetano–  dá cá o pé para eu fazer o relatório que te acompanhará até Bissau. 

Dou-lhe o pé e logo ele com a  da faca de mato, que desinfetou com uísque (creio que Ballantines) escarafunchou até encontrar o dito bicho que me colocou na palma da mão a “rabiar”. Ainda não foi desta que fui comer umas ostras a Bissau…

Nota: O Caetano afirma que me tirou a matacanha não com a faca de mato mas com uma agulha bem desinfetada com Whisky. É a palavra dele contra a minha…

Outros protagonistas bem mais pacíficos:

O Macaco-cão

Não havia saída para o mato em que não encontrássemos estes amigos babuínos, vítimas indefesas de uma guerra que que não era a sua. Eu ficava maravilhado com as suas acrobacias de árvore para árvore, alguns com os seus filhotes às costas. Eram grandes observadores repetindo gestos e procedimentos que viam nas nossas tropas. Cheguei a ver ao longe um grupo caminhando na picada mais parecendo um grupo de combate, descortinando um ou outro com um pau mais parecendo picadores.

Em emboscadas noturnas quando pressentiam um ruído estranho,  ladravam como uma matilha de cães. Era nossa convicção que estavam do nosso lado, “ladrando” quanto pressentiam que o perigo espreitava.

Há relatos de muitas vezes serem confundidos por grupos de IN com o descarregar de todas as munições sobre estas indefesas criaturas por tropa periquita ainda num processo de aprendizagem

Como era comum em quase todos os destacamentos, havia dois pequenos macacos no Cumbijã, sendo um deles companhia inseparável do furriel França, ainda periquito, do meu pelotão.

Da grande colónia de macacos com os quais convivíamos diariamente na altura, e que faziam as nossas delícias, de acordo com as informações que chegam de alguns cooperantes, com o consumo nas zonas rurais como subsistência e com o comércio organizado, já é muito raro encontrar esta espécie nas matas da Guiné.

Ainda hoje me repugna o facto de, com alguma probabilidade, ter comido em Aldeia Formosa macaco cão,

Como já referi num post anterior, fui convidado, por um Furriel africano, para comer uma cabra de mato (que estava divinal), que vomitei, depois do anfitrião ter declarado, no final do repasto: “Ainda bem que gostaram do macaco cão preparado por mim!”

Ainda hoje não sei se comi cabra de mato  ou macaca cão..

 O "Tigre" (***)

O nosso cão rafeiro e fiel amigo. Era o primeiro a dar sinal que algo ia acontecer, seja ataque ao arame ou flagelação. Era um “come e dorme” mas não deixava de estar presente sempre que alguém saía para o mato, assim como era o primeiro na “porta de armas” a receber-nos no regresso.

Habituado às carícias de toda a companhia não reagiu bem à chegada da cabra Joana que trouxemos de Nhacobá no dia da operação “Balanço final”

A "Joana" (***)

A simpática cabra que trouxemos de Nhacobá, no dia do assalto, passou a ser a dona do destacamento. Manteve até ao fim um relacionamento conflituoso com o rafeiro "Tigre", numa luta de “titãs” pelo poder.

No dia de abandonar o Cumbijã,  não deixamos de verter uma lágrima por deixar estes dois grandes e fieis amigos entregues à sua sorte.

Continua ...
____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 12 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22711: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XIX: As hortinhas... dos "durões"

(**) Vd. postes de 

20 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7012: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (1): Paludismo (Rui Silva)

26 de novembro de  2010 > Guiné 63/74 - P7342: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (3): Formiga baga-baga (Rui Silva)

26 de janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7674: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (4): As abelhas (Rui Silva)

(***) Vd. poste de 1 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22422: Passatempos de Verão (24): A cabra Joana de Nhacobá e o cão rafeiro Tigre de Cumbijã: fábula 2: "Ao que parece, nem os macacos se salvaram" (Joaquim Costa)

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20311: Memória dos lugares (396): Roteiro de Bissau Velha: ruas antigas e ruas atuais, onde se localizavam algumas casas comerciais do nosso tempo: café Bento, Zé da Amura, Pintosinho, Pinto Grande / Henrique Carvalho, Taufik Saad, António Augusto Esteves, Farmácia Moderna...


Mapa de parte da baixa da velha Bissau (colonial), entre a  Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura.  A escuro, dois prédios que pertenciam a Nha Bijagó.  Fonte: António Estácio, em "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il.),


Guiné- Bissau > Bissau > c. 1975 > Novo mapa, pós-colonial, da capital da nova república, já com as novas designações das ruas, avenidas e praças, que vieram substituir o roteiro português: Av 3 de Agosto (,  Marginal), a Rua Guerra Mendes (, Rua Oliveira Salazar,)  Rua António Nbana (, Rua Tomás Ribeiro) . Veja-se a localização da Fortaleza da Amura, do porto do Pidjiguiti (para os barcos de pesca e de cabotagem), à esquerda do porto de Bissau (para os navios da marinha mercante).


Foto: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Às vezes temos dificuldade em localizar, no mapa de Bissau do nosso tempo (1961/74),  aquela casa comercial, aquele restaurante ou aquela cervejaria de que temos boas memórias... Faltam-nos um mapa com a toponímia do "antigamente", e a correspondência com os nomes das ruas e avenidas atuais... 

Com a ajuda de algumas camaradas que conhecem (ou conheceram) Bissau, aqui fica um pequeno contributo, parcelar,  para nos ajudar a localizar, com mais rigor, alguns desses estabelecimentos, alguns com várias referências do nosso blogue: por exemplo, ainda recentemente falámos aqui do comerciante António Augusto Esteves, fundador da Casa Esteves, transmontano, e que ainda ficou por lá depois da independência,  tendo ido para a Guiné  em 1922 e tendo morrido em Lisboa, em 1976...  [Tinha várias filiais no interior da Guiné. A sede era em Bissau, na antiga Rua Honório Barreto (6). ]

Segundo o António Estácio, no seu livro "Nha Bijagó", "a Rua Honório Barreto foi, na Guiné, a primeira a ser asfaltada e reabriu em 06.04.1953"...  Nesta rua, agora 19 de Setembro,  "encontravam-se estabelecimentos comerciais como, por exemplo, o de Augusto Pinto, a Olímpia Rocha (10), Barbearia Constantino (9), Casa Esteves (6),  Salgado & Tomé (11), Luís A. de Oliveira (12) e, mais tarde, parte o do Taufic Saad (4), na esquina com R Oliveira Salazar.

Na Rua Oliveira e na Marginal, ficavam as instalações da Ultramarina (que pertencia ao BNU) (14), o Hotel Miramar (15), a Gouveia (13)...

Na antiga Rua Miguel Bombarda (hoje 12 de Setembro), tínhamos o Zé da Amura (7),o Abel Dieb (19),  a Casa Escada (17), o Abel Valente de Oliveira (18), o Mamud Elaward (20). Sabemos também onde ficava o Benjamim Correia (16), ao pé da Farmácia Moderna (5), o Barbosa & Comandita (21) e a Esquadra da PSP (22)



Infelizmente o croqui que encontrámos num livrinho do António Estácio, só inclui a parte oriental da Bissau Velha,  entre a  Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura (8). 

Aguardamos, por parte dos nossos leitores. o envio de sugestões e correções, sob a forma de comentários, na respetiva caixa. Se nos quiserem mandar fotos, terá que ser por email... (LG)


Zé da Amura (7)

(...) Tínhamos o Zé da Amura onde se comiam uns chispes que iam para lá enlatados não sei de onde, mas que, à falta de melhor, eram apreciados. (...)

Café Cervejaria Bento [ou 5ª Rep] (1)

(...) Na Avenida principal [a Av da República, hoje Av A,ílcar Cabral], que ía do porto ao Palácio do Governo, também havia o Bento, café e esplanada característica da cidade a que vulgarmente nós, os militares, chamávamos de “5ª Rep.” já que o Quartel-general [na Amura] só tinha 4  Repartições (Rep).

(...) O comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem. Para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia, a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Costa Pinheiro, e muitas outras vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória.

(...) "Havia, claro, várias casas de fotografia, como por exemplo a Agfa, perto da Amura, que ganhavam muito dinheiro na medida em que era raro o militar que não tivesse comprado a sua Fujica, Pentax, Nicon, etc., a que davam muito uso. Muitas casas vendiam roupa barata, nessa altura já confeccionada em Macau, especialmente aquelas camisas de meia manga, calças de ganga e sapatos leves."

Texto (excerto): Carlos Pinheiro

Casa Pintosinho (2)

(...) Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal [ex-Rua Oliveira Salazar, hoje Rua  Guerra Mendes,] na Casa Pintosinho, havia as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistores, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.

Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.

Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.

A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida. Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão. (...)

Texto (excerto): Rui Sllva


 Taufik Saad (4)

(...) Na mesma rua e mais para o lado da Amura, na loja Taufik Saad  [, foto à esquerda, ] comprava-se, principalmente, entre outras, louças decorativas, vulgo bibelots, louças de servir à mesa, faianças e porcelanas, louça fina, entre esta bonitos Serviços de chá e café que vinham da China. 

Louça “casca d’ovo “, louça de fina espessura para não fugir aquele nome, onde no fundo se podia ver recortada na própria louça o rosto de uma linda chinesa. 

Ainda hoje guardo um serviço destes. Era uma casa requintada ao nível das melhores de Lisboa. (...)


Texyo (excerto): Rui Sllva

Anúncio, Revista de Turismo,
 jan/fev 1956

Casa Pintosinho, de António Pinto  (2)

(...) O anúncio que hoje divulgamos é de uma conhecida casa de Bissau, do nosso tempo, a Casa António Pinto, ou "Pintosinho", alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província (, em 1956, já não se dizia, ou pelo menos, não se escrevia, colónia...).

O António Pinto, que ficava na Rua Dr. Oliveira Salazar [, hoje Rua Guerra Mendes,] tinha tudo, a começar pelas "últimas novidades", desde a ourivesaria às armas, munições e demais artigos de caça e desporto, par de rádios e máquinas fotográficas (como a Zeiss Ikon)...

Era o representante,na Guiné, de uma série de marcas famosas, desde os relógios "Longines" às máquinas de escrever "Hermes", além dos "whisk" (sic, em inglês, batedeira, utensílio de cozinha...) das melhores marcas (...)


Pinto Grande, depois Ernesto Carvalho (3)



(...) Guiné > Bissau > Anos 50 > Primeira rua [, Rua Oliveira Salazar,] a ser alcatroada em Bissau. O edifício à esquerda  era o estabelecimento comercial conhecido por Pinto Grande, irmão de um outro Pinto conhecido por “Pintosinho” [,o António Pinto, ] por ser (o estabelecimento) de menores dimensões.

O “Pinto Grande” [, de Augusto Pinto], embora continuando a ser chamado por esse nome, foi, durante a guerra, propriedade de um comerciante anteriormente estabelecido em Bolama, de nome Ernesto de Carvalho que o tomou de trespasse. (...)

Texto (excerto): Mário Dias

Anúncio, Revista de Turismo, jan/fev 1956
Farmácia Moderna (5)

(...) "O Rui Demba Djassi era um jovem activo e turbulento duma família de funcionários públicos, residente na então rua de S. Luzia, entre o estaleiro da Tecnil e o Quartel-General do CTIG, desertara do Eexército Português para o PAIGC com o posto de furriel miliciano, e, antes de assentar praça, fora cobrador da Farmácia Moderna, muito dedicado à Dr.ª Sofia Pombo Guerra, comunista portuguesa e uma das mães da independência da Guiné (os guineenses não deixaram de ser polígamos na política)" (...)

Texto (excerto): Manuel Luís Lomba



Guiné > Bissau > Fins de Setembro de 1967 >– Numa rua da Baixa, pobre, suja, velha, a cidade velha, penso ser na zona comercial, onde se localizava a Casa Pintosinho e a Taufik Saad e outras. Penso que estou metido num grupo de amigos, e alguém tirou a foto, acho que estou de camisa branca.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > s/d [ c. 1960/70] > Rua Oliveira Salazar. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 135". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL).

Era nesta rua, na Bissau Velha, que ficava a Casa Pintosinho, a Taufik Saad,  a Casa Pinto Grande e outras. Colecção de postais da Guiné, do nosso camarada Agostinho Gaspar, natural do concelho de Leiria, ex-1.º cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74).

Digitalização e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).

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