"Para que queres tu a independência se nem medicamentos tens para uma dor de barriga ?"... Uma pergunta que o pai do Cherno Baldé gostaria de ter feito, ao Amílcar Cabral, se ele fosse vivo, em setembro de 1974, em Fajonquito... Afinal, perguntar não ofende...
Foto do histórico fundador, secretário geral, líder, estratega e ideólogo do PAIGC, Amílcar Cabral (1924-1973), incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... Impresso em Östervåla, Uppsala, Suécia, em 1970, na tipografia Tofters / Wretmans Boktryckeri AB.
Quantas vezes também eu tenho pensado nisto! E agora ao ler este post só me dá ganas para berrar e chorar. Os que ainda cá estamos, “sobreviventes” que todos somos, temos de saber encontrar força e coragem, até para como sugere o Abílio Magro “prestar uma sentida homenagem a todos os Djassis da Guiné-Bissau”. Não sei se me é possível fazê-lo presencialmente , mas pelo menos virtualmente e de qualquer maneira achada pertinente, é de alma e coração que me associo a este projecto.
João Crisóstomo, Nova Iorque
quinta-feira, 18 de setembro de 2025 às 05:11:00 WEST
(ii) Tabanca Grande Luís Graça
Reconheço a cara deste "puto" da foto (era um "djubi", como tantos outros!), que foi soldado da da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e que andou comigo no mato, em inúmeras operações... Foi fotografado para a "eternidade" pelo meu amigo e camarada "inesquecível", o Renato Monteiro, grande fotógrafo (viria a revelar-se muito tarde!)...
Pois é, dpois da independência, a Guiné-Bissau tornou-se demasiado pequena e asfixiante para poder "esconder" dos seus "inimigos" os antigos militares e milícias que estiveram ao lado das tropas portuguesas numa guerra que, para todos os efeitos, foi uma "guerra civil": mais de 15 mil guineeenses, de todas as etnias, lutaram de armas na mão contra o PAIGC, cujos efetivos, dentro do território, seriam 3 ou 4 vezes inferiores...
Em agosto de 1974 foram todos desarmados, as suas unidades extintas, e voltaram à sua condição de "paisanos"... O exército pagou-lhes o soldo até ao fim do ano. A partir de meados de 1974, começou o seu pesadelo... Muitos "emigraram" para países vizinhos, alguns com sorte conseguiram alcançar Portugal... Enfim, nada que não se tenha visto noutras guerras, noutros cenários (da Argélia ao Vietname)...
Mas é evidente que os negociadores da paz, do lado de Portugal, foram "ingénuos" ou "cínicos": toda a gente sabia que não haveria quaisquer garantias, legais e sobretudo efetivas, contra a ameaça de represálias e sobretudo contra a "caixinhina de Pandora" dos ódios tribais...
O que terá acontecido ao pobre do "ordenança" Djassi desta história ? Tinha o mesmo apelido do "nome de guerra" de Amílcar Cabral, Abel Djassi... De pouco lhe valeria...
quinta-feira, 18 de setembro de 2025 às 09:13:00 WEST

(iii) Antº Rosinha:
(...) "Exigia-me explicações que eu não lhe podia dar."
Não eram apenas os tropas africanos que viram o que vinha lá, que sentiam o abandono nas mãos de irresponsáveis, os civis também das três frentes todos viram o mesmo, e chegavam a perguntar: "Vão embora porquê?".
Eles sabiam que iam ser gerações de africanos que deixavam de contar, em favor de umas dezenas de "salvadores da pátria".
Hoje milhões de africanos que vêm pedir essas explicações pela Europa toda.
A África subsariana continua a pedir explicações a toda a Europa de norte a sul.
quinta-feira, 18 de setembro de 2025 às 12:45:00 WEST

(iv) Cherno Baldé:
Eventualmente, o Djassi (apelido) teria algumas dificuldades em esconder a sua condiço de "exemplar militar portugues" devido as marcas que transportava no corpo e na sua alma de operacional que foi nas duras matas da guerra da Guiné, mas isso dependeria da sua capacidade de adaptação a nova realidade que, à partida, podia não lhe ser t~~ao adversa, pois que os biafadas (seu grupo étnico) estava bem representado dentro das forças do PAIGC, assim como estavam os balantas e os grumetes de Bissau que, normalmente, constituiam os núcleos das chefias entre os guerrilheiros.
PS - O paradoxo de tudo isso é que, hoje em dia, mesmo os mais ferrenhos nacionalistas, inclusive os antigos combatentes do PAIGC, sabem que talvez o futuro da Guiné fosse muito diferente se não tivesse havido aquela guerra que devastou o país e destruiu tudo o que podia ser aproveitado para dar um rumo melhor ao país, pois hoje sabemos que a independência só por si não é uma panaceia e os milagres só acontecem nas narrativas bílicas.
H poucos dias anunciaram o falecimento em Lisboa (no Hospital Amadora-Sintra) de um antigo guerrilheiro do PAOIGV, o Leopoldo Alfama, mais conhecido por Duque Djassi (nome de guerra). Antes dele, muitos outros ja tinham feito o mesmo percurso, incluindo Luís Cabral. E a questão que deveriamos fazer é: e porque serviu toda aquela mortífera guerra se nem sequer podemos fazer funcionar um SNS (Seerviço Nacional de Saúde) em condições ?
quinta-feira, 18 de setembro de 2025 às 14:58:00 WEST
(**) Último poste da série > 4 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27184: S(C)em Comentários (76): Que disparate!... Claro que usámos napalm, bombas de 300 litros e 80 litros (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; hoje ten gen ref)