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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25777: Casos: a verdade sobre... (47) "Fogo amigo", Xime, 1/12/1973: o obus 14 cm m/43 usava a granada HE (45 kg) com alcance máximo de 14,8 km... (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)










1. Mensagem do nosso amigo cor art ref Morais Silva, professor de artilharia e investigação operacional, ref, na AM; no CTIG, foi cap art, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e cmdt da CCAÇ 2796, em Gadamael, 1970/72.


Data - terça, 9 de julho de 2024 23:16
Assunto - Fogo amigo

Caro Luís

Aqui vai o meu contributo (*). Ab do MS


Mansambo - XIME = 15 km medidos na carta 1:50000

O nosso Obus 14 cm m/43 usava a granada HE (45kg) com alcance máximo 14 800 metros. Com o gastamento das bocas de fogo o alcance máximo das nossas velhinhas b.f. era garantidamente inferior (**).

_________

Notas do editor:

(*) 23 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25772: Casos: a verdade sobre... (45): O "incidente" de 1/12/1973 que levou à morte de 7 civis no Xime, por "fogo amigo": nessa data não havia obuses em Mansambo e Gampará já tinha o obus 14 (António Duarte,ex-fur mil, CART 3493, Mansambo, e CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, dez 71 - jan de 74)

(**) Último poste da série > 25 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25775: Casos: a verdade sobre... (46): Sim, o obus 14 (a partir de Ganjauará ou de Mansambo) tinha alcance para chegar ao Xime (a 15 km de distância) em 1/12/73 (Domigos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-cmdt, 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70; vive em Almada)

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25775: Casos: a verdade sobre... (46): Sim, o obus 14 (a partir de Ganjauará ou de Mansambo) tinha alcance para chegar ao Xime (a 15 km de distância) em 1/12/73 (Domigos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-cmdt, 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70; vive em Almada)



Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > O Domingos Robalo junto do obus 14


Foto (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 

Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue;


1.  Comentáro do eidtor LG:

Tinha o obus 10.5 (29º Pel Art, Ganjauará / Gampará) alcance para atingir a tabanca do Xime  ? Não tinha...  A distância  era de c. 15 km em lnya reta. Mas já o 27º Pel Art (14 cm) tinha... A grande dúvida é saber (*):


(i) quem estava onde, em 1/12/1973, e quem disparava o quê: se Ganjauará já tinha trocado o 10.5 (29º Pel Art) pelo 14 (27º Pel Art)...

(ii) ou se o 27º Pel Art (14 cm) estava em Mansambo.

O Sousa de Castro (que estava em Mansambo, na CART 3494),  diz que sim, que foi Mansambo a dar apoio ao Xime (a 15 km de distância), com o obus 14.

O António Duarte (que estava no Xime, com a CCAÇ 12) diz que não, qe Mansambo não tinha artilharia nessa data,  e que foi de Gampará que veio o fogo de apoio, a pedido do cap mil Simões,da CCAÇ 12.(**)

Na história do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74), diz-se que foi o 27º Pel Art  deu apoio de artilharia ao Xime, nessa ocasião (1/12/1973), para além da resposta que o 20º Pel Art local deu com o obus 10.5.

No livro da CECA sobre a atividade operacional n  CTIG, entre 1971 e 1974,  a informação sobre o dispositivo das NT não permite tirar conclusões seguras:

(i) sabe-se que no ano de 1973 houve uma grande mobilidade dos Pel Art, do GA 7: em 1/7/1972, o 27º Pel Art (14) estava em Farim, e Ganjauará, ao tempo da CART 3417, tinha um Pel Art, s/nº (10,5 cm, a três bocas de fogo) / GA 7; um ano depois, estava lá, em Ganjauará, o 29º Pel Art (10,5cm),  e o 27º Pel Art tinha sido sido saído de Farim, passando a ser substituído pelo 7º Pel Art (10,5cm); mas o subsetor de Mansambo, Setor L1 (Bambadinca), ainda não tinha nenhum Pel Art (será que veio  nesse 2º semestre ?);

(ii) Pela Directiva nº 17/73 de 16 de abril de 1973, fora remodelado o "dispositivo artilheiro": entre outras medidas, foi atribuído um Pelotão de Artilharia 14 cm (a 3 bocas de fogo), a cada uma das seguintes guarnições: 

  • Bigene;
  • Mansoa ("a transferir, logo que possível, para o aquartelamento a instalar na estrada Jugudul-Bambadinca);
  • Piche;
  • Mansambo
  • Tite;
  • Fulacunda;
  • Ganjauará (península de Gampará);
  • Buba;
  • Aldeia Formosa;
  • Catió (provisoriamente em Cufar);
  • Chugué;
  • Guileje (será retiarado pelas NT em 22/5/1973);
  • Cacine.
Será que Mansambo recebeu o 27º Pel Art (14cm), enqnanto Ganjauará manteve o 29º Pel Art (10,5cm)  ?

(iii) perguna decisiva: a família do Xime (7 pessoas) que morreu em 1/12/73 foram "vítimas do fogo amigo" (obus 14)  ou do fogo IN (foguetão 122 mm, canhão s/r...) ? Sendo um ataque do IN ao quartel e tabanca do Xime, o apoio do obus 14 só pode ser sido posterior,  possivemente para cortar a retirada do IN...


2. Mensagem de Domingos Robalo, 

Data - terça, 9/07, 22:16
Assunto - Fogo amigo
 
Camaradas,

A pergunta simples e direta, dá-se uma resposta técnica e rigorosa, não sem antes ter ido confirmar nos “canhenhos”. 

Sim, o obus 14 cm tem potencial para ter chegado ao aquartelamento do Xime. Em condições meteorológicas normais o alcance tabular deste obus é um pouco mais de 15000m. 

No CTIG, devido à rarefação do ar (pressão atmosférica reduzida), este alcance tabular tem um incremento de 10%. 

Confirmando, o obus 14cm poderia ter alcançado o Xime, considerando os 15000 + 1500 = 16500metros

Saudações artilheiras,

Domingos Robalo, "ilustre artilheiro"

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25717: Casos: a verdade sobre... (44): fogo IN ou "fogo amigo" a causa das 7 mortes civis em 1/12/1973, no Xime ? A hipótese de ter sido a artilharia de Gampará, ao tempo da CCAÇ 4142/72, tem de ser descartada


terça-feira, 2 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25707: Facebook...ando (59): Joaquim Martins, nosso grão-tabanqueiro desde 2015, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4142/72, "Herdeiros de Gampará (Ganjauará, 1972/74) - Parte I



Foto nº 1 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74>  "CCais de abicagem de Ganquecuta, na margem esquerda do Geba, em frente estava Porto Gole: o Rodrigues, eu ( sentado ) e o sargento Gonçalves."



Foto nº 2 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> "Eu, junto do meu iate privado, no Rio Geba." (O Joaquim Martins, sentado num sintex, com morto fora de bodo...talvez um Mercury de 50 cavalos, acrescenta alguém


Foto nº 3 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> > O fur mil at inf Joaquim Martins, natural de Gondomar.


Foto nº  4 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> Reordenamento. Construção de moranças.


Foto nº 5 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > Reordenamento (1) 


Foto nº 6 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > Reordenamento (2)


Foto nº 7 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 >   "Três elementos da CCAÇ 4142/722, o Sequeira, o Dálio e o Virgílio Valente, no heliporto que também servia para campo de futebol."


Foto nº 8 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > "Dois dos nossos cozinheiros. Era a cozinha do nosso hotel, a ASAE não passou por aqui. Um Abraço para todos os que por aqui passaram". (O primeiro parece ser o Joviano Teixeira


Foto nº 9 > Arcos de Valdevez >
 XXI Encontro dos "Herdeiros de Gampará" > 26 de maio de 2018 > O  Bolo  com o brasão da CCAÇ 4142/72.




Foto nº 10 > Guião da CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74)


Fotos (e legendas): © Joaquim Martins (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Carta de Fulacunda (1955)> Escala 1/50 mil >  Parte da península de Gampará, banhada pelo Rio Geba e pelo Rio Corubal. Posição relativa de Porto Gole, Ganjauará, Ganquecuta.  (Na margem direita, a famigerada Ponta do Inglês, já na Foz do Rio Corubal; o PAIGC em 1972 controlava algumas posições no rio Corubal, como era o caso de Ponta do Inglês / Poindom,  no subsector do Xime, sector L1 (Bambadinca).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



1. O Joaquim Martins é membro da nossa Tabanca Grande, desde 5 de junho de 2015, foi fur mil at inf, CCAÇ 4142/72, "Herdeiros de Gampará", Ganjauará, 1972/74. Tem 74 anos, nasceu em Gondomar, em 19 de maio de 1950; vive em Águas Santas, Maia; trabalhou no Gabinete de Planeamento da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP); está reformado.

A sua subunidade partiu para o CTIG em 16set72. No Cumeré, a CCAÇ 4142/72 fez a IAO. Um mês depois, a 18out 72, foi colocada em Gampará, rendendo a CART 3417, os "Magalas de Gampará".

A sua missão era a defesa e segurança das populações da área, assim como a construção da 2.ª fase do reordenamento. "Dias difíceis se seguiriam, adaptação a tão duro ambiente, as más condições sanitárias, fraca alimentação, condições estas já descritas no Blogue pelo nosso camarada Amílcar Mendes da 38.ª CCmds aquando da sua passagem por este chão".


Da CCAÇ 4142 temos, além do Joaquim Martins, como repesentantes da Tabanca Grande,   mais para quatro camaradas, a saber:



2. Pela sua página do Facebook, vê-se que o Joaquim Martins é um camarada voluntarioso, que aparece nos convívios, tira e partilha fotos, recorda factos, figuras, topónimos, datas, etc. Da sua página espigámos alguns apontamentos e fotos desse tempo:


(i) 27 de maio de 2018 ·

Guiné, Gampará 72/74. Em 26/05/2018, em Arcos de Valdevez, foi levado a efeito mais um Convívio Anual da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Foi um excelente convívio, num ambiente muito agradável de grande companheirismo e de muita animação. Parabéns ao organizador, o Martins, um Abraço para os que não puderam comparecer e, para os que já não estão no nosso meio, Paz à sua Alma, Até para o ano.

(ii) 16 de setembro de 2018 ·

Gampará 72/74. 16 de setembro de 1972, faz hoje 46 anos que a CCAÇ 4142/72 parte para a Guiné a bordo de um Boeing 707 dos TAM. Chegados ao aeroporto de Bissalanca, a Companhia dirigiu-se para o Cumeré onde iria ter a sua IAO. Terminada a instrução, a 18 de outubro  avança para a sua zona de ação, Gampará. onde iria render a CART 3417 e, onde se encontrava também a 38ª CCmds que iria abandonar a zona, deixando contudo dois de grupos de combate para colaborar no nosso treino (partiria  partido a 4nov72  e, a 15,  partia também a CART 3417). 

A 22nov72  chegaram a Gampará dois grupos de combate da 1ª CART/BART 6520/72 para colaborarem na actividade operacional da nossa companhia.

Durante os cerca de 23 meses de permanência na Península de Gamapará, percorremos vezes sem conta as matas, as bolanhas os núcleos de tabancas existentes. Construíram -se 42 moramnças para a população dando continuidade ao trabalho executado pela CART 3417.

Em agosto de 74 deu-se o nosso regresso a bordo do Uíge, ficando a Guiné para trás e com ela, 24 meses passados com sangue, suor e lágrimas. Vou terminar com a minha Homenagem aos bravos companheiros Silva, Soares e Mário ("Garrincha") que tombaram no chão de Gampará. Estejam onde estiverem ficarão sempre na memória da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Um abraço para todos os ex-combatentes que passaram pela terra vermelha de Gampará, extensivo a todos os Ex- combatentes que passaram pela Guiné.



Em 25/05/2019, em Pedroso/Gaia, realizou-se o XXII Encontro da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Foi um convívio muito animado pelos companheiros presentes e seus familiares, um abraço para todos e, também para os companheiros ausentes que também foram lembrados, extensivo a F. Silva nosso amigo e camarada de armas do BART 6520/72, que esteve presente na receção aos convivas e desejou um bom convívio. Até para o ano em Águeda.


Abril de 1974 / Abril de 2024, 50 anos se passaram.

Fui para a Guiné em 1972 e, estava cá a passar férias quando se deu o 25 de Abril de 74, no dia 26 Abril apresentei-me no QG na Praça da República para que me dessem indicações para o que devia fazer, uma vez que no dia 27 Abril, teria que viajar para Bissau e, assim aconteceu, lá fui eu novamente até à Guiné para em Agosto regressar a casa finda a comissão e a minha estadia pela terra vermelha de Gampará. Foi assim o meu 25 Abril de 74, para recordar e, um Abraço para todos os que por lá passaram.

(Seleção, numeração, legendagem e edição de fotos,  revisão / fixação de texto: LG) 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21817: Fotos à procura de... uma legenda (140): Trata-se de uma canoa em tempos apreendida ao PAIGC... Os militares tomam banho no cais de Gampará (Virgílio Valente, régulo da Tabanca de Macau, ex-alf mil, CCAÇ 4142/72, Gampará, 1972/74)



Guiné >  Região de Quinara >  Gampará > Mapa de Fulacunda (1956) >  Escala 1/50 mil >  Posição relativa de Porto Gole, Gampará, Ganjauará e  Ponta do Inglês na Foz do Rio Corubal. (O PAIGC em 1972 conttrolava algumas posições no rio Corubal, como era o caso de Ponta do Inglês / Poindom (subsector do Xime).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)



Guiné > Região de Quínara > Jabadá ou Gampará  [?]> 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74) > Canoa apreendida ao PAIGC, em dia de banho, na margem esquerda do Geba [?].

 Foto (e legenda): © José Elias / Carlos Barros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, enviada hoje às 3h49, pelo nosso camarada da Diáspora Lusófona, Virgílio Valente [Wai Tchi Lone, em chinês], que vive e trabalha há mais de 2 décadas, em Macau, região autónoma da China, e que foi alf mil, CCAÇ 4142/72, "Os Herdeiros de Gampará" (Gampará, 1972/74);  é o nosso grã-tabanqueiro nº 709, desde 18 de dezembro de 2015, e régulo da Tabanca de Macau :


Caro Luís e caro Carlos Barros,

Estive em Gampará entre 1972 e 1974. 

A Foto da canoa (*) sugere-me tratar-se da canoa abandonada no cais que servia Gamapará após um grupo do PAIGC, vindo do rio Corubal,  ter colocado uma mina na estrada que ligava Gamapará ao Cais e que foi detectada e levantada. 

Era habitual o pessoal do aquartelamento em Gampará ir ao banho ao Cais. Na verdade, também houve períodos de presença de camaradas de Fulacunda, batalhão de Tite algum tempo em Gampará.

Aparecem caras na foto que me parecem conhecidas.

Mas quem pode dar dicas mais consistentes é o ex-alferes miliciano Eurico Dias, cujo endereço de email fica à disposição dos editores,

Abraços, camaradas

Virgílio Valente, ex-alferes miliciano da CCAÇ 4142, 1972/1974 em Gampará

2. Ficha de unidade > CCAÇ 4142/72

Companhia de Caçadores nº 4142/72
Identificação: CCaç 4142/72
Unidade Mob: RI1 - Amadora
Crndt: Cap Mil Cav Fernando da Costa Duarte
Divisa: -
Partida: Embarque em 16Set72 | Regresso: Embarque em 25Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 20Set72 a 170ut72 no ClM do Cumeré, seguiu em 180ut72 para Ganjauará, a fim de efectuar o treino operacional e a
sobreposição com a CArt 3417.

Em 15Nov72, assumiu a responsabilidade do subsector de Ganjauará, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 7 e depois do BArt 6562/72, tendo orientado a sua actividade para a redução do esforço inimigo na região e coordenação dos trabalhos de reordenamento das populações.

Em 1Ag074, foi rendida no subsector de Ganjauará pela 2ª Comp/BCaç 4612/72, recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 114 - 2ª Div/4ª." Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág.413

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19536: (D)o outro lado do combate (45): A morte de Rui Djassi - II (e última) Parte - A Op Alvor, península de Gampará, de 22 a 26 de abril de 1964 (Jorge Araújo)


Guiné (1964) - Operação militar. Foto de Manuel Parreiras (1941-2017), natural de Elvas, o 1.º da direita [Unidade desconhecida], pai da minha aluna Ana Parreiras, filha de mãe guineense, de Bafatá. (vou fazer um poste… com mais detalhes).



Mapa da península de Gampará. Território batido pelas NT durante a «Operação Alvor» onde morreu Rui Djassi (Faincam) em 24 de Abril de 1964. Fonte: Carta de Fulacunda (1955), escala 1/50 mil

Infografia: Jorge Araújo (2019)



 Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp / Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue



A «OPERAÇÃO ALVOR», DE 22 A 26ABR64, NA BUSCA DO "QUARTEL-GENERAL" DE RUI DJASSI (FAINCAM) - A PRIMEIRA MISSÃO DAS NT NA PENÍNSULA DE GAMPARÁ,  15 MESES APÓS O INÍCIO DO CONFLITO ARMADO - 




1. INTRODUÇÃO


Como complemento à narrativa anterior – P19532 – onde caracterizamos algumas das vicissitudes da vida do guerrilheiro do PAIGC, Rui Demba Djassi (Faincam), primeiro cmdt da Zona 8 (região de Quinara), com particular relevância para o desconhecimento do seu paradeiro desde o início do ano de 1964, vimos hoje ao fórum dar conta como foram os últimos 'combates' da sua vida, e dos seus subordinados, travados em redor do seu "Quartel-General", algures na Península de Gampará.


2. A «OPERAÇÃO ALVOR», DE 22 A 26ABR1964


A execução da «Operação "Alvor"» foi determinada pelo Comandante Militar do CTIG, à data o Brigadeiro Fernando Louro de Sousa, através da Directiva de Operações n.º 1/64, ficando agendada para o período compreendido entre 22 e 26 de Abril desse ano, um mês depois de concluída a Operação "Tridente". A missão tinha como área de intervenção a península de Gampará, uma vez que, desde o início do conflito, esta região ainda não tinha sido percorrida por forças militares.

Para cumprir esta "Directiva de Operações", a primeira de 1964, a responsabilidade de comando foi atribuída ao BCaç 599 (Sector G), com sede em Tite, que abrangia, do ponto de vista operacional, os subsectores de Tite, S. João e Fulacunda. 

De referir que o BCaç 599, Unidade mobilizada pelo RI 15, de Tomar, era comandada pelo tenente-coronel Carlos Barroso Hipólito, sendo apenas composto de Comando e CCS, não dispondo, por isso, de subunidades operacionais orgânicas. Este Batalhão sucedeu, em 18Out1963, ao BCaç 237, dele transitando os elementos de recompletamento.


 2.1. AS FORÇAS MILITARES ENVOLVIDAS


Tendo em consideração as distâncias que havia que percorrer, os meios logísticos à disposição da Unidade de quadrícula [BCaç 599], bem como os efectivos operacionais que esta podia empregar em acções prolongadas, foi considerado que uma operação de "reconhecimento e controlo da população" na península de Gampará, só poderia ser levada a efeito com êxito por efectivos mais numerosos, com forte apoio aéreo e o concurso de meios navais, operacionais e de transporte. 

Para esse efeito, a operação mobilizou os seguintes efectivos:

● Forças do Sector G:

> Companhia de Cavalaria 353 (CCav 353) – 2 Gr Comb;

> Companhia de Artilharia 565 (CArt 565) – 2 Gr Comb.

● Reforços:

> Companhia de Artilharia 643 (CArt 643) – 3 Gr Comb;

> Destacamento de Fuzileiros Especiais (DFE 2). 

O DFE2 e as restantes Forças Navais tinham a seu cargo o transporte de pessoal, água potável e reabastecimentos com as LDM 302, 303, 304 e 305 e a fiscalização dos rios Geba e Corubal compreendidos na ZO, com especial atenção para as "cambanças" e flagelações do IN partindo de Ganjeque, Ponta do Inglês e Ponta Luís Dias.

A Força Aérea, por outro lado, apoiava os desembarques e reembarques e a actividade das forças de superfície durante a acção; fiscalizava o rio Pedra Agulha, bem como os rios Geba e Corubal dentro da ZO impedindo "cambanças"; fazendo ainda a ligação, PCA e a evacuação sanitária. 


2.2. AS RAZÕES QUE JUSTIFICARAM A OPERAÇÃO

O facto da península de Gampará nunca ter sido percorrida por forças militares desde que se iniciou o conflito armado [23 de Janeiro de  1963], embora se soubesse que a maioria dos habitantes das tabancas limítrofes de Fulacunda as tivessem abandonado, passando a residir em locais desconhecidos, situados nos matos existentes nessa península. 

Por reconhecimentos feitos a Uaná Porto e à região marginal do rio Geba, junto à foz do rio Pedra Agulha, sabia-se que o IN se tinha revelado com fraco poder combativo. Em função dos factos anteriores, ainda não se tinham realizado contactos entre a população e as forças militares estacionadas nessa área. Acresce, por outro lado, terem sido referenciadas dez canoas na orla marítima, bem como observadas de Porto Gole, entre as 18h00 e as 20h00, luzes da outra margem. De referir, também, que em 16 de Abril de 1964, pelas 00h30 ter sido atacada uma embarcação das Forças Navais (FN) com MP [, metralhadora pesada].


2.3. A MISSÃO


i) - Percorrer os matos e as povoações de toda a área da península de Gampará, contactando com a população a fim de avaliar do seu grau de lealdade. Sempre que estas se manifestarem pacíficas procurar acalmá-las quando for caso disso, incutindo-lhes confiança e sensação de segurança pela presença das NT.

ii) - Obter, por meio de interrogatórios a PG [prisioneiros de guerra] ou civis, os elementos de informação que conduzam à detecção de elementos lN, seus acampamentos, ligações, pontos de "cambança", chefes de zona, etc.

iii) - Explorar, imediatamente, as notícias ou informações obtidas no decorrer das operações e que se refiram à localização de órgãos de apoio do IN, à identificação destes ou dos seus chefes, de elementos activos ou de simples simpatizantes.

iv) - Procurar, sempre que possível, fazer prisioneiros por necessidade e conveniência em se obterem os elementos de informação desejados, que venham a permitir avaliar-se do grau de confiança que essas populações possam merecer.

v) - Deixar intactos os géneros, a água, o gado ou outros bens pertencentes aos habitantes encontrados, desde que os seus proprietários não tenham hostilizado as NT, incluindo mesmo os daqueles que tiverem fugido quando da sua aproximação. Mas, destruir ou recuperar, conforme os casos e as possibilidades, as habitações, o gado, os géneros, os poços de água, ou outros bens ou pertences existentes nas povoações donde tenham sido hostilizadas as NT ou tenha havido reacção à presença das mesmas.

vi) - Abater ou destruir, por qualquer meio, todo o elemento IN que reaja ou actue pelo fogo contra as NT assim como todo o indivíduo armado que não entregue acto contínuo a sua arma ou que pretenda fugir, bem como ainda todas as instalações que lhe sirvam de guarida ou apoio, todas as canoas encontradas e ainda as povoações abandonadas donde tenham sido hostilizadas as nossas forças.

vii) - Explorar o sucesso, imediatamente a seguir à neutralização de núcleos do ln quer esta tenha sido levada a cabo pelas Forças de Superfície ou pela FA, por forma a tornar possível a apreensão do armamento ou a recolha e identificação dos mortos e dos feridos, do lN.

viii) - Destruir todas as casas de mato e outras instalações de fortuna, localizadas fora das áreas das povoações, permitindo-se porém aos seus proprietários a recuperação dos seus bens uma vez que não tenham mostrado hostilidade à presença das NT.


2.4. A EXECUÇÃO


Com vista ao reconhecimento da península de Gampará, a fim de permitir o controlo e a assimilação da sua população pacífica e a destruição dos núcleos de elementos do IN aí existentes, seriam realizados desembarques simultâneos na foz do Rio Agulha e em Uaná Porto, conjuntamente com as restantes forças saídas de Fulacunda e com o apoio da FA, de modo a isolar a península de Gampará e criar as condições favoráveis ao reconhecimento e à limpeza desta área segundo três eixos de progressão paralelos.




2.5. O DESENROLAR DA OPERAÇÃO


No dia 22 de Abril de 1964, quarta-feira, pelas 03h00 da madrugada, deu-se início à «Operação Alvor» na península de Gampará com desembarques simultâneos das CCav 353, CArt 565, CArt 643 e DFE 2, utilizando quatro LDM, na foz do rio Pedra Agulha e Uaná Porto, conjugados com forças progredindo de Fulacunda e com apoio aéreo, a fim de isolar essa região. 

As forças desembarcadas ocuparam posições ao longo da linha Gansambo-Uaná Porto-Uaná Beafada. A partir dessas posições executaram uma batida conjunta e simultânea na península de Gampará.

No dia 23 de Abril, quinta-feira, elementos In armados, escondidos no tarrafo, detectados pelo PCA, foram batidos pela CArt 643, com a colaboração da FA e fugiram. O DFE 2 venceu uma ligeira resistência em Canquecuta, que destruiu com o apoio da FA. O IN opôs resistência à progressão da CArt 643. Foi isolado e aprisionado um grupo da população que escondia 8 guerrilheiros. A CArt 565, emboscada pelo IN, reagiu prontamente, dispersando-o. As NT tiveram um guia auxiliar morto e dois feridos. Foram mantidos os horários de coordenação e as forças atingiram os objectivos estabelecidos para este período.

No dia 24 de Abril, sexta-feira,  também foram atingidos os objectivos determinados para o terceiro dia de operações. Foi capturado material e documentos. As NT não tiveram baixas e foram mortos três guerrilheiros [, um deles pondendo ser o Rui Djassi... ] e feitos mais de vinte prisioneiros. 

O IN estava sitiado e a operação prosseguia. Durante a noite os estacionamentos das NT foram flagelados, sendo o IN posto em fuga. Em toda a zona revelaram-se guerrilheiros isolados, alguns dos quais foram abatidos. Foram evacuados para Bissau oito prisioneiros, mulheres e crianças. O IN, cercado no extremo da península de Gampará, exerceu violenta repressão na população que pretendia apresentar-se às NT. Estas recolheram três centenas de pessoas, no mato e no rio, das quais foram evacuadas noventa, para Bissau. 

No dia 25 de Abril, sábado, o IN flagelou a CArt 565 que recolheu a Fulacunda, sem baixas. O DFE 2, em colaboração com a CCav 353, fez batidas na orla do rio. As NT acompanharam a população, na reocupação das tabancas, antes do reembarque.

No dia 26 de Abril de 164, domingo,  recolheram a quartéis todas as forças que tomaram parte na operação.



3. MAIS DUAS NOTAS DA PARTICIPAÇÃO DAS FORÇAS NAVAIS NESTA OPERAÇÃO


Para concluir o contexto sobre a «Operação Alvor", e como adenda ao modo como a mesma decorreu, importa dar conta de alguns testemunhos individuais de camaradas que nela participaram, ainda que as mesmas já tenham sido publicadas neste espaço.


No primeiro caso, cito uma passagem do livro "Homem  Ferro - memórias de um combatente", da autoria de Manuel Pires da Silva [SMor Grad FZE (Ref) do DFE 2] – P11521: "Notas de Leitura", de Mário Beja Santos, onde se pode ler:


"Tudo se agrava no rio Corubal, as embarcações são constantemente alvo de emboscadas, atacam navegação na Ponta do Inglês, e mesmo no canal do Geba. Volta-se à península de Gampará, vão com o apoio de forças terrestres, conclui-se que o inimigo não estava até então implantado no terreno. E depois atacam Cafal Balanta, Cafal Nalu e Santa Clara, há fogo do inimigo que só deixa de reagir quando chegam os T6. E no mês de Junho [1964] acabou a guerra para o DFE 2". 


No segundo caso, a narrativa está ligada à "LDM 302", recurso logístico utilizado na "Operação Alvor", e que é contada em livro de A. Vassalo, em BD, Edições Culturais da Marinha, 2011, com o título "A Epopeia da LDM 302".

No P15003, de novo em "Notas de Leitura", de Mário Beja Santos, retiramos a seguinte passagem: 


"Em 22 de Abril [1964, a LDM 302] conheceu o baptismo de fogo. Frente a Jabadá quando, em conjunto com mais três LDM [303, 304 e 305] procedia a um desembarque de fuzileiros [DFE 2], o inimigo tentou opor-se com fogo de armas ligeiras, mas não conseguiu evitar o desembarque".


Também no P10084 – "A Vida e morte da gloriosa LDM 302", o marinheiro fogueiro Ludgero Henriques de Oliveira [, lourinhanense, vizinho, amigo de infância,  e colega de escola primária do nosso editor e camarada Luís Graça, nascido em 1947 e falecido em 2011, ]  que pertenceu à guarnição desta Lancha de Desembarque Média, atribuída ao DFE 2, em 18 de Março de 1964, para fiscalização da zona do Rio Geba, conta-nos alguns dos aspectos mais relevantes da sua existência. 




A LDM 302 no rio Cacheu onde viria a ser violentamente atacada e afundada por duas vezes com baixas pessoais dramáticas, com mortos, feridos graves e feridos ligeiros. Fonte: Cortesia do blogue Reserva Naval, do Manuel Lema Santos [1.º Tenente da Reserva Naval, Imediato no NRP Orion, Guiné, 1966/68]


4. A OCUPAÇÃO [?] DE GAMPARÁ PELAS NT

Por último, depois de consultada a bibliografia a que tivemos acesso, nada encontrámos para satisfazer a curiosidade relacionada com a instalação das NT em Gampará (e em Ganjauará)  Apenas temos, como referência, o Monumento ali existente, onde constam as diferentes Unidades de quadrícula que por lá passaram, conforme imagem abaixo (vd. P12247).



Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá) > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gampará > Gampará > 1972 > Monumento da CART 3417 (Magalas de Gampará), assinalando a passagem por Gampará (e Ganjauará) da 38ª CCmds e de outras tropas especiais.

Vê-se que por ali também passaram, ao serviço do COP 7 (Bafatá), vários DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais (4, 8, 13, 21, 22), a CCP 121/BCP 12, a 2ª CCA - Companhia de Comandos Africanos, o 29º Pel Art e o Pel Mil 331.

A última Unidade que aí esteve instalada, até à independência, foi a CCAÇ 4142 (1972/1974) "Herdeiros de Gampará".

Foto (e legenda): © Amilcar Mendes (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fontes consultadas:

«Operação Alvor» (texto adaptado): Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª edição, Lisboa (2014); pp 252/257.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

26Fev2019.

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Nota do editor:

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14705: Tabanca Grande (466): Joaquim Fernando Monteiro Martins, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74) - 690.º Grã-Tabanqueiro

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano Joaquim Fernando Monteiro Martins, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4142, Ganjauará, 1972/74, com data de 1 de Junho de 2015:

Bom dia camarada Carlos Vinhal,
Grato pela resposta ao meu contacto.

Apresentação:

Joaquim Fernando Monteiro Martins, ex-Furriel Miliciano com a especialidade de Atirador de Infantaria, nascido a 19-05-1950, natural de Gondomar, com residência em Águas Santas, Maia.

Frequentei a Escola Industrial Infante D. Henrique e trabalhei no Gabinete de Planeamento da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto.

O Major Correia de Campos esteve em Gampará, assim como o Cap. Carlos Abreu, no COP 7, que viria a ser extinto.

Em Junho de 1972, no RI 1, na Amadora, tomei parte ativa na formação da CCAÇ 4142 e instrução da especialidade de atirador de infantaria.

A 16Set72, finda a instrução, a Companhia parte para a Guiné, onde no Cumeré, a CCAÇ 4142 iria ter a sua IAO.

A 18Out72, a CCAÇ 4142 é colocada em Gampará, onde iria render a CART 3417, os Magalas de Gampará, tendo como missão a defesa e segurança das populações da área, assim como a construção da 2.ª fase do reordenamento. Dias difíceis se seguiriam, adaptação a tão duro ambiente, as más condições sanitárias, fraca alimentação, condições estas já descritas no Blogue pelo nosso camarada Amílcar Mendes da 38.ª C.C. aquando da sua passagem por este chão.

Abraço J. Martins
Ex-Furriel da CCAÇ 4142
Gampará/Guiné/1972-1974

 Ex-Fur Mil Joaquim Fernando Monteiro Martins

O 3.º grupo de combate, em baixo, a contar da esquerda sou o terceiro, á minha direita está Fur Mil Rodrigues e, à minha esquerda o Mouzinho.

 Tabancas, algumas já construídas pela CCAÇ 4142

 Tabancas

 Eu, à esquerda, com o Alf Mil Dias, junto das minhas instalações


Localização de Ganjauará, na Penísula de Gampará.


2. Comentário do editor

Caro camarada Joaquim Martins, bem-vindo à Tabanca Grande.
Tenho que ressalvar que na tua apresentação falas do TCor Cav Correia de Campos e do então Capitão, agora Coronel Art, Carlos Abreu, porque fui eu que te perguntei se eras contemporâneo destes dois militares, que tive a honra de conhecer em Mansabá, quando cada um por sua vez comandou o COP 6 ali estacionado.

Desconheço o percurso militar do Coronel Carlos Abreu, que tive o prazer de rever em 2009 em Arruda dos Vinhos, como também te disse, além de saber que comandou o COP 6 e o COP 7.

O percurso do TCor Correia de Campos é mais conhecido, principalmente pelo seu desempenho no COP 7, na Península de Gampará, que tão bem conheces, uma zona muito problemática na altura. Correia de Campos ficou ainda na história da guerra na Guiné pelo seu exemplar desempenho aquando do assédio do PAIGC a Guidaje, em Maio de 1973.

Quanto à CART 3417, que a CCAÇ 4142 substituiu em Ganjauará, passou por Mansabá em Agosto de 1971 para fazer o seu Treino Operacional. Infelizmente o seu jovem Comandante pisou uma mina AP num dos patrulhamentos na zona de Manhau. Coincidência das coincidências, fui eu em coluna auto, comandada pelo então Major Correia de Campos, buscar o Comandante da 3417, que acabou por ao fim do dia ter de ser levado por terra até ao HM 241 de Bissau porque o mau tempo não permitia a circulação de meios aéreos. Foi um dia terrível para nós e para os periquitos da 3417.

Já sabes que estamos receptivos às tuas memórias escritas e fotográficas, ao mesmo tempo que nos disponibilizamos para qualquer dúvida que tenhas.

A título informativo, chamo a tua atenção para algumas entradas no nosso Blogue referentes à CCAÇ 4142 e pelo menos para três camaradas teus, a saber: Sarg Chefe Victor Gonçalves, Alf Mil Virgílio Valente e Sold Cozinheiro Joviano Teixeira.

Se clicares nas palavras de cor diferente abres os respectivos links.

Em nome da tertúlia e dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães Ribeiro e eu próprio, deixo-te um abraço de boas-vindas.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14673: Tabanca Grande (465): José Rodrigues, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1419/BCAÇ 1857 (Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) - 689.º Grã-Tabanqueiro

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12247: Memória dos lugares (248): Em Gampará, sítio desolador, o dia mais feliz era quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau... (Amílcar Mendes, ex-1º cabo comando, 38ª CCmds, 1972/74)


Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá) > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gampará > Gampará >  1972 > Monumento da CART 3417 (Magalas de Gampará),  assinalando a passagem  por Gampará (e Ganjauará) da 38ª CCmds e de outars tropas especiais. Vê-se que por ali também passaram, ao serviço do COP 7 (Bafatá), vários DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais (4, 8, 13, 21, 22), a CCP 121/BCP 12, a 2ª CCA - Companhia de Comandos Africanos, o 29º Pel Art e o Pel Mil 331.




Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá)  > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gamapará >  Gampará > 38ª Companhia de Comandos > 1972 > O Comando Amílcar Mendes, hoje taxista na praça de Lisboa, e membro sénior da nossa Tabanca Grande.

Fotos: © Amilcar Mendes (2007). Todos os direitos reservados.

1. No nosso blogue, temos 12 referências (ou marcadores) sobre Gampará e 3 sobre Gaujauará. Temos falado pouco sob esta pensínsula de Gampará, correspondente à margem esquerda do Rio Corubal e durante muito tempo um "santuário" do PAIGC. Era "chão beafada"... Já a Ponta do Inglês, com 23 referências, em frente a Gampará, na Foz do Corubal, mas na margem direita do rio,  tem tido mais "tempo de antena", uma vez que fazia parte do subsetor do Xime (Setor L1, Bambadinca)...

Nos últimos anos da da guerra (1972/74) passaram por lá, pela pensínsula de Gampará, de acordo com os nossos registos bloguísticos,  a 38ª CCmds e CCAÇ 4142 (*).  Mas houve mais tropa nossa, ao tempo em que Spínola fez uma grande ofensiva contra as chamadas regiões libertadas do PAIGC (por exemplo, o Cantanhez, embora já no fim do ano de 1972).

Está na altura de revisitar um poste antigo, do Amílcar Mendes, da 38ª CCmds, que conheceu o resort de Gampará (**), antes da malta da CCAÇ 4142. Quem tem trágicas memórias de Gampará e o nosso Victor Tavares e os seus camarasas da CCP 121 / BCP 12 que, uns meses antes, em 4/3/1972, sofreram 6 mortos e 12 feridos, no decurso da Op Pato Azul (***).


2. Memória dos lugares >  Gampará (38ª CCmds, agosto/dezembro de 1972)

por Amílcar Mendes [, foto atual, à esquerda]


(i) A cerveja de marca Mijo

Em Gampará não existe gerador. As noites são mesmo noite e, tirando umas chamas improvisadas nas garrafas de Cristal, nada se vê. No arame farpado duplo, os sentinelas esfregam os olhos para tentar distinguir vultos junto ao arame farpado. Pendem do arame centenas de garrafas de cerveja vazias que são o último grito em tecnologia de alarme. Nesta terra do nada, nada há. Temos uns bidões vazios, fizemos umas caleiras em chapa para apanhar a água da chuva e é dessa água que enchemos os cantis e nos lavamos.

A população beafada, embora seja muito hospitaleira, é muito ciosa das suas coisas e não abre mão dos animais, somos então obrigados a ir ao desenrasca até porque já atingimos a saturação dos petiscos de Gampará: cubos de marmelada com bianda, bacalhau liofilizado com bianda, chouriço intragável com bianda e tudo acompanhado por cerveja com temperatura ao nível do mijo...

Dizia-se então em Gampará,  quando os hélis vinham trazer mantimentos, que vinham entregar cerveja marca Mijo. Assim se vive em Gampará!


(ii) Feliz Natal e um Ano Novo cheio de 'propriedades'...

Todas as noites,  e sempre à mesma hora, na ausência de música, ficamos entretidos a tentar contar as morteiradas que brindam o destacamento do Xime! Ficamos à espera quando acaba lá e os tubos sejam virados para o nosso lado... Nunca na Guiné atingi um estado de magreza igual. Nunca na Guiné as condições de vida foram tão miseráveis.

Entramos no mês de Outubro [de 1972]  e vei o cá uma equipa da Emissora Nacional para gravar as mensagens de Natal para a nossa família. Não foi fácil. Todos íamos para um canto repetir vezes sem conta: Queridos Pais, irmãos e irmãs e restante família, desejamos um Natal feliz e um Ano cheio de 'propriedades'!... Esta ultima palavra era emendada mil vezes, que isto com os nervos e emoção não é fácil !

E como a ladainha era igual para todos, só muito depois é que muitos se lembravam que só tinham irmão ou irmãs, mas isso não era problema. Estavam presentes as Senhoras do Movimento Nacional Feminino. Animavam-nos porque a meio da mensagem muitos desatavam a chorar. Uma das Senhoras era de uma simpatia sem igual.(Só anos mais tarde soube que era a Cilinha!) .

(iii) O dia mais feliz: quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau...

Em Gampará um dia verdadeiramente feliz para os militares era quando chegava a LDG e vinham as meninas de Bissau, trazidas pelo Patrão, e que tinham por missão aliviar o stress do pessoal.

As meninas chegavam, instalavam-se numa tabanca, o pessoal passava pelo posto de enfermagem (?), recebia o sabão asséptico, o tubo da pomada para meter pelo coiso acima a seguir ao acto... Entretanto formava-se a bicha e trocavam-se larachas para matar o tempo, do tipo Quando chegar a minha vez com tanta gente, 'aquilo' parece o arco da Rua Augusto!.

A seguir era rezar para que o esquenta não aparecesse...

(iv) O nosso regresso a Bissau

19 de Outubro de 1972.  Soubemos hoje que metade da 38ª CCmds regressa amanhã e outra metade irá permanecer aqui a fim de dar o treino operacional à CCAÇ 4142 até 3 de Novembro de 1972. O meu Grupo de Combate será um dos que regressa.

Gampará, com todas as privações, teve o mérito de reforçar ainda mais os laços de amizade e confiança da 38ª CCmds. Aprendemos na privação a dar valor às pequenas coisas que a vida nos dá. A amizade entre os praças, sargentos e oficiais é,  na 38ª CCmds, visível  a quem observa a Companhia de fora. Essa amizade irá refletir-se em diversas ocasiões e irá levar a Companhia a muitos sucessos na actividade operacional.

20 de Outubro de 1972. Pela MSG imediata 3831/c , a 38ª CCmds regressa a Bissau, donde segue para Mansoa [, CAOP1,] para um período de descanço, ficando apenas a realizar segurança imediata ao Aquartelamto. (Esse período de descanso só durou três dias, logo aseguir correram connosco para Teixeira Pinto, de tão má memória para a 38ª CCmds). (****)

Amílcar Mendes
1º Cabo Comando
38ª CCmds
Guiné 72-74

2. Comentários do editor:

A CART 3417  foi mobilizada pelo RAL 3. Partiu para o TO da Guiné em 26/6/1971 e regressou a 24//9/1973. Teve 4 comandantes, sendo o 1º o cap art António Ângelo de Almeida Faria...Esteve Mansabá, Bissau, Ganjauará, Quinhamel, Bissau e Quinhamel

A CCAÇ 4142/72 foi mobilizada pelo RI 1. Partiu para o TO da Guiné em 16/9/1972 e regressou a 25/8/1974. Comandante_ cap mil cav Fernando da Costa Duarte. Esteve sempre sediada em Ganjauará.
_________________

Notas do editor:

Vd. poste de

(*) 3 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12246: O Nosso Livro de Visitas (168): Elisabete Gonçalves, filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe que pertenceu à CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74)

(**) Vd 19 de abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2775: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (3): Nem só de guerra vive um militar

Vd. postes anteriores. desta série:

7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1930: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (1): Um sítio desolador

(...) 15 de Agosto de 1972 - Pelas 09H30 do dia 15 de Agosto 1972, a 38ª CCmds segue via fluvial na LDG Alfange com destino a Gampará nos termos da mensagem Confidencial Imediata 3054/c, de 9 de Agosto de 1972, do COMCHEFE (REPOPER). Chega pelas 14h30 deste dia fazendo a sua apresentação e, passando a reforçar o COP-7 [Zona Leste, Bafatá], rendendo a 2ª Companhia de Comandos Africanos. (...)

(...) Gampará à vista! Desolador! O quartel é só tabancas que a tropa divide com a POP, arame farpado a toda a volta e uma dúzia de torreões com sentinelas. É aqui que iremos viver até quando calhe. (...)

16 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome

 (...) 2ª quinzena de Agosto de 1972

Passa-se fome, mesmo muita fome. Saímos em patrulhamentos ofensivos dia sim dia não, para as regiões de Campana, Nhala, Guebambol, Ganjaurá, Sama, Gambachicha, etc. etc.

Dormimos em colchões pneumáticos mas já há muito que não tenho esse luxo porque as formigas roeram-me o colchão por baixo e estou a dormir no chão. A luz vem de candeeiros improvisados: uma garrafa de cerveja com gásoleo e com corda a servir de pavio.

Come-se muito mal, a não ser algum cabrito roubado ou alguns papagaios que se matam e o resto é bianda com marmelada, bianda com chouriço, bolachas com bianda e assim se vai vivendo. Perdi cerca de 10 kg até agora.

Tivemos problemas sérios com a população. O 1º cabo Simão (que meses mais tarde viria a morrer na estrada Teixeira Pinto -Cacheu) roubou um porco que se matou e assou no forno do padeiro para melhorar um pouco a diete do pessoal. Só que, e sabe-se lá como, o Homem Grande da tabanca descobriu e foi-se queixar ao comandante. Fomos obrigados a pagar o porco e de castigo fomos p'rá mata. (...)

(***) Vd. postes de:


9 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7916: Efemérides (61): 4 de Março de 1972, uma data trágica para a família pára-quedista: 6 mortos e 12 feridos, em Gampará, na margem esquerda do Rio Corubal (Victor Tavares, CCP 121/BCP 12, 1972/74)

21 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1540: Os pará-quedistas também choram: Operação Pato Azul ou a tragédia de Gampará (Victor Tavares, CCP 121)

(...) Desta tragédia para a família pára-quedista, que jamais esquecerá este dia, resultaram seis mortes, Alf Mil Pára-quedista Abreu, Furriel Pára-quedista Cardiga Pinto, PCB/Pára-quedista 47/68 Santos , PCB/Pára-quedista 129/69 Almeida , Sol/Pára-quedista 318/69 Jesus , PCB/Pára-quedista 412/69 Sousa, 2 feridos graves e nove com menos gravidade, Furriel Pára-quedista Casalta (Comandante da 1ª secção do 2º Pelotão) , Sol Pára-quedista Inês (evacuado para a metrópole ), Ferreira, Tavares, Ventura, e 1º Cabo Pára-quedista Figueiredo, todos do 2º Pelotão, e o Sold Pára-quedista Salgado - Estilhaço, de alcunha - do 1º Pelotão, faltando três por identificar pois, passado todos estes anos, já não me recordo, e ficará para sempre uma saudade enorme D’AQUELES EM QUEM PODER NÃO TEVE A MORTE" (...).

domingo, 3 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12246: O Nosso Livro de Visitas (168): Elisabete Gonçalves, filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe que pertenceu à CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74)

1. Mensagem de Elisabete Gonçalves (filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe de Inf que fez parte da CCAÇ 4142, Ganjauará, 1972/74), com data de 22 de Outubro de 2013:

Caros Senhores,

Tenho vindo a publicar vários textos com memórias do meu pai, tendo sido bem aceites por camaradas e grupos do facebook. Se o achar digno de publicação no seu blogue, disponha.

Um abraço.
Elisabete Gonçalves



Guiné - Região de Quínara - Mapa de Fulacunda (1955) / Escala 1 por 50 mil - Posição relativa da Península Gampará e do destacamento de Ganjauará à guarda da CCAÇ 4142.

Ainda hoje, no desespero com que nos obriga a comer a última folhinha de alface da terrina da salada, eu sei que é verdade que nos 730 dias que passou em Gampará, aturdido em trincheira com o quase permanente arraial dos tiros de canhão sem recuo e mísseis (soviéticos?) dos “turras”, a beber água de um poço profundíssimo que entupia o sorvedouro com rãs e tão pouca que apenas dava para o rancho, em que o banho era tomado debaixo do pingante do telhado de zinco, esperando de sabão e toalha na mão que viesse a chuvada depois do aviso do trovão ao longe... que os parcos legumes frescos que comeu se contam pelos dedos da mão.

Sei-o na raiva com que não deixa ficar nada que seja verde no prato, mesmo que esteja já satisfeito... que é verdade!

Gampará ficava apenas a 60 km de Bissau e facilmente alcançável rio Geba acima, tal como fez o navegador Diogo Gomes no ano de 1456, numa planura que faz sentir à altura de 6 metros as marés do Atlântico. Um dos rios que são dele afluentes, o Corubal, faz no subir de maré alta o estranhíssimo “macaréu”, que ao fazer uma onda de quase três metros rio acima, obriga a saltar das pirogas os navegantes de “água-que-deveria-ser -doce", (...mas é apenas salgada e barrenta!) em verdadeiro pânico. A gigantesca onda varre tudo à sua passagem, galgando margens até se desfazer vencida por uma cota mais alta.

Do outro lado do rio,  mesmo em frente da península de Gampará.  fica Porto Gole, onde em "zebros" foram buscar gatos bravos, que os esfarraparam de arranhadelas na renitência de se verem metidos em sacos de serapilheira que antes estavam cheios de batatas, para debelarem a praga de ratos que assolou a península dos “Herdeiros de Gampará”... e a preciosa despensa da Companhia.

Durante dois anos, apenas interrompidos por uma breve visita à Metrópole que mal deu para afogar as saudades, a Companhia de Caçadores 4142 sobreviveu e resistiu, em surdez colectiva ao tiroteio cerrado, à escassez de alimentos frescos, ao racionamento da água potável, aos mosquitos e ratazanas, ao paludismo, ao calor húmido e abafado dos trópicos, ao macaréu... sucumbindo apenas às intermináveis barrigas de "lutador de Sumô” que lhes fazia a cerveja, mesmo no contragosto de quem nada mais tem de fresco para beber. Nas fotos que enviava, quase sempre em tronco nu, calções e grande bigode, invariavelmente a legenda dizia, depois dos beijos e saudades: “Pareço o Gungunhana!”

O 25 de Abril apanhou-o de surpresa em Bissau enquanto saia do Banco, fardado e de maleta preta com o dinheiro para pagar à Companhia, que preparava o tão ansiado regresso.

Às pauladas que o puseram como Cristo, a “esguichar sangue” cara abaixo, que lhe deu a turba eufórica de Guineenses que festejava a “queda do Império”, reagiu calado e aceitou-as sem se defender em troca de proteger a mala contra o peito... com o único “passaporte” que lhes garantiria o regresso.

Depois de dias a fio com músculos retesados da vigília, noites de sonos interrompidos e nunca silenciosos no medo de ter a garganta cortada à catanada, encontro agora explicação para os saltos de pânico que ainda hoje, volvidos tantos anos, dá em grito de “Que foi isto?!, quando no silêncio de uma casa na hora de almoço... se deixa cair um garfo estridente, na tijoleira da cozinha.

Chama-se a isto, sei-o agora, “Síndrome de Guerra”!
(Com Victor Gonçalves, Sargento Chefe de Infantaria, meu Pai).

Elisabete Gonçalves

************

Sobre a CCAÇ 4142/72

Unidade Mobilizadora: RI 1 (Amadora)
CMDT: Cap Mil Cav Fernando da Costa Duarte
Partida: 16SET72
Regresso: 25AGO74


Síntese da actividade operacional:

Após realização da IAO, de 20SET72 a 17OUT72, no CMI, em Cumeré, seguiu em 18OUT72 para Ganjauará, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 3417.

Em 15NOV72, assumiu a responsabilidade do subsector de Ganjauará, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 7 e depois do BART 6562/72, tendo orientado a sua actividade para a redução do esforço inimigo na região e coordenação dos trabalhos de reordenamento das populações.

Em 01AGO74, foi rendida no subsector de Ganjauará pela 2.ª Companhia do BCAÇ 4612/72, recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

(Pág. 413 da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - 7.º Volume - Fichas das Unidades-  Tomo II - Guiné)

OBS:- Emblema da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11873: O Nosso Livro de Visitas (167): Francisco Maria Magalhães Batista, ex-Alf Mil, integrado na CART 2732 em Setembro de 1971 (Carlos Vinhal)