quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21817: Fotos à procura de... uma legenda (140): Trata-se de uma canoa em tempos apreendida ao PAIGC... Os militares tomam banho no cais de Gampará (Virgílio Valente, régulo da Tabanca de Macau, ex-alf mil, CCAÇ 4142/72, Gampará, 1972/74)



Guiné >  Região de Quinara >  Gampará > Mapa de Fulacunda (1956) >  Escala 1/50 mil >  Posição relativa de Porto Gole, Gampará, Ganjauará e  Ponta do Inglês na Foz do Rio Corubal. (O PAIGC em 1972 conttrolava algumas posições no rio Corubal, como era o caso de Ponta do Inglês / Poindom (subsector do Xime).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)



Guiné > Região de Quínara > Jabadá ou Gampará  [?]> 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74) > Canoa apreendida ao PAIGC, em dia de banho, na margem esquerda do Geba [?].

 Foto (e legenda): © José Elias / Carlos Barros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, enviada hoje às 3h49, pelo nosso camarada da Diáspora Lusófona, Virgílio Valente [Wai Tchi Lone, em chinês], que vive e trabalha há mais de 2 décadas, em Macau, região autónoma da China, e que foi alf mil, CCAÇ 4142/72, "Os Herdeiros de Gampará" (Gampará, 1972/74);  é o nosso grã-tabanqueiro nº 709, desde 18 de dezembro de 2015, e régulo da Tabanca de Macau :


Caro Luís e caro Carlos Barros,

Estive em Gampará entre 1972 e 1974. 

A Foto da canoa (*) sugere-me tratar-se da canoa abandonada no cais que servia Gamapará após um grupo do PAIGC, vindo do rio Corubal,  ter colocado uma mina na estrada que ligava Gamapará ao Cais e que foi detectada e levantada. 

Era habitual o pessoal do aquartelamento em Gampará ir ao banho ao Cais. Na verdade, também houve períodos de presença de camaradas de Fulacunda, batalhão de Tite algum tempo em Gampará.

Aparecem caras na foto que me parecem conhecidas.

Mas quem pode dar dicas mais consistentes é o ex-alferes miliciano Eurico Dias, cujo endereço de email fica à disposição dos editores,

Abraços, camaradas

Virgílio Valente, ex-alferes miliciano da CCAÇ 4142, 1972/1974 em Gampará

2. Ficha de unidade > CCAÇ 4142/72

Companhia de Caçadores nº 4142/72
Identificação: CCaç 4142/72
Unidade Mob: RI1 - Amadora
Crndt: Cap Mil Cav Fernando da Costa Duarte
Divisa: -
Partida: Embarque em 16Set72 | Regresso: Embarque em 25Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 20Set72 a 170ut72 no ClM do Cumeré, seguiu em 180ut72 para Ganjauará, a fim de efectuar o treino operacional e a
sobreposição com a CArt 3417.

Em 15Nov72, assumiu a responsabilidade do subsector de Ganjauará, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 7 e depois do BArt 6562/72, tendo orientado a sua actividade para a redução do esforço inimigo na região e coordenação dos trabalhos de reordenamento das populações.

Em 1Ag074, foi rendida no subsector de Ganjauará pela 2ª Comp/BCaç 4612/72, recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 114 - 2ª Div/4ª." Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág.413

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É incrível como, num território tão pequeno, havia unidades e subunidades das NT por todo o lado...

Durante anos, só em grandes operações (como Op Lança Afiada, março de 1969) a malta do sector L1 (Bambadinca) conseguia chegar à margem direita do rio Corubal...a não ser em operaçõe helitransportadas (comandos e paraqudistas)...

A própria Marinha não se atrevia muito a navegar pelo Corubal, até por causa dos rápidos... Mas isso está pouco ou nada documentado no nosso blogue: operações com os fuzileiros, patrulhamentos da Marinha...

Temos também o testemunho do Amílcar Mendes,da 38ª CCmds, que teve destacada, por um determinado período, em 1972, em Gampará.

Tabanca Grande Luís Graça disse...



7 DE JULHO DE 2007
Guiné 63/74 - P1930: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (1): Um sítio desolador


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/07/guin-6374-p1930-dirios-de-um-comando.html

(...) Fomos direitos ao cais do Pigiguití onde a LDG Alfange nos aguardava. Subimos o maravilhoso Rio Geba, passando em frente a Jabadá, Porto Gole e finalmente Gampará. Fica situada na margem esquerda do Rio Geba. Acostámos ao cais(?) e esperavam-nos os Unimogs, para nos levar do cais para o destacamento, a 3km. Demorámos quase 2h pois a estrada de terra batida teve que ser toda picada,parece que todos os dias aparecem minas aqui.

Gampará à vista! Desolador! O quartel é só tabancas que a tropa divide com a POP, arame farpado a toda a volta e uma dúzia de torreões com sentinelas. É aqui que iremos viver até quando calhe (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

16 DE JULHO DE 2007
Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/07/guin-6374-p1955-dirios-de-um-comando.html

(...) Tivemos problemas sérios com a população. O 1º cabo Simão (que meses mais tarde viria a morrer na estrada Teixeira Pinto -Cacheu) roubou um porco que se matou e assou no forno do padeiro para melhorar um pouco a diete do pessoal. Só que, e sabe-se lá como, o Homem Grande da tabanca descobriu e foi-se queixar ao comandante. Fomos obrigados a pagar o porco e de castigo fomos p'rá mata. (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

19 DE ABRIL DE 2008
Guiné 63/74 - P2775: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (3): Nem só de guerra vive um militar

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/04/guin-6374-p2775-dirios-de-um-comando.html

(...) Odia mais feliz: quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau...


Em Gampará um dia verdadeiramente feliz para os militares era quando chegava a LDG e vinham as meninas de Bissau trazidas pelo Patrão, e que tinham por missão aliviar o stress do pessoal.

As meninas chegavam, instalavam-se numa tabanca, o pessoal passava pelo posto de enfermagem (?), recebia o sabão asséptico, o tubo da pomada para meter pelo coiso acima a seguir ao acto... Entretanto formava-se a bicha e trocavam-se larachas para matar o tempo, do tipo Quando chegar a minha vez com tanta gente, 'aquilo' parece o arco da Rua Augusto!.

A seguir era rezar para que o esquenta não aparecesse... (...)

Valdemar Silva disse...

'vinham meninas de Bissau', isto passava-se em 1972.
Haverá outro testemunho do mesmo ano ou anos anteriores, que confirme esta 'missão aliviar o stress do pessoal' ?
Muito longe de pensar ir pra Guiné conheci, nos anos 1965 ou 1966, uma pequena que tinha estado na Guiné com outras. Tinham ido no mesmo navio dos "Os Conchas" e por lá ficaram uns tempos. Não me recordo o que foram lá fazer e pareceu-me não ter sido uma viagem proveitoso.

Abracelos
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tenho uma recensão, por fazer, do livro com a história da 38ª CCmds, de que o Amílcar Mendes foi um dos coordenadores... Vou ver se tem mais alguma informação sobre as "meninas de Bissau", trazidas em LDG para Gampará pela mão do "Patrão"!... Um pequeno luxo... LG

PS - Valdemar, não me apanhas o raio da Covid!... Tenho um amigo meu, médico, no Funchal, internafdo com a Covid, e que sofre de asma crónica... Contagiou a mulher e a filha, que felizmnete estão a recuperar em casa, tendo tido sintomas mais ligeiros...

E que não te falte nada, e muito menos o oxigénio da vida!

Valdemar Silva disse...

Luís obrigado, mas vá se lá saber.
Espero não ser abusado por algum covid ado amigo da onça, não fora o oxigénio da vitalaire aguentar com as alterações tabágicas irreversíveis o da vida há muito se teria apagado como um sopro na luz dum candeeiro a petróleo.

Abracelos
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Amilcar Mendez (no Facebook da Tabanca Grande)

28 jan 2021 há 4 horas

Não me parece ser um cais . Muito menos o de Gampará .

O cais de Gampará ficava a cerca de 3 Km do destacamento . A picada era extremamente perigosas . Era sempre os picadores que encabeçavam a escolta e muito perigoso para se estar nestes propósitos de descontração .

Poderá ter sido já depois do 25Abril .

A minha companhia (38CCmds) esteve lá três meses em intervencao e demos um operacional Comando aos Herdeiros de Gampará .

Forte abraço para todos e ao Alferes " Chinês" [Virgílio Valente] um especial

Anónimo disse...

Uma foto à procura de uma legenda
Concordo com o que afirma Amílcar Mendez. Nem a paisagem configura um cais nem a vivência no local era de veraneio. Durante a nossa comissão (CCAÇ 4142/72 - "Os Herdeiros de Gampará") não houve notícia de qualquer actividade náutica do PAIGC que tivesse levado ao apresamento de embarcação, nem aqueles que nos passaram a "Herança" - 38.ª CCMD's e CART 3417 - nos relataram qualquer história relacionada. Por outro lado, não há na foto qualquer traço fisionómico que a memória ou a comparação com fotos da época me ligue a elementos conhecidos. Há a hipótese de se tratar de quem nos substituiu no local já em Agosto de 1974, mas o porto e a barca não dão com a perdigota. Que continue a tentativa da descoberta.
O meu agradecimento aos editores do blogue pelo trabalho feito e um grande abraço solidário a todos os camaradas de armas que pisaram o Chão de Gampará, em especial ao meu amigo Virgílio Valente e ao Amílcar Mendez.
Até breve
Eurico Dias, ex-Alf.Mil da C.Caç. 4142/72.