Mostrar mensagens com a etiqueta BCAÇ 1932. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta BCAÇ 1932. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25667: Tabanca Grande (559): Carlos Parente, ex.sold at inf, CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada e Quinhamel, 1967/69). vive em Viana do Castelo e senta-se agora à sombra do no nosso poilão, no lugar nº 889

 





Carlos Parente, ontem, e hoje: vive em Viana do Castelo. Foi sold at inf, CCAÇ 1787
 (1967/69)


1. Soubemos da existência do Carlos Parente através de um comentário recentíssimo dele, datado de 11 do corrente, a um poste já muito antigo (P10570, de 12 de outubro de 2012), da autoria do Manuel Serôdio, ex-fur mil da CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada, Quinhamel, 1967/69)...

Foram camaradas de armas, da mesma subunidade: o Carlos Parente recordou aqui como foi gravemente ferido no decurso da Op  Escudo Negro, a norte de Porto Gole, já na região do Oio (*)..

2. Na sequência desse comentário, o nosso editor LG escreveu:

 (...) Meu caro Carlos Parente, camarada da Guiné!...

Realmente o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ...é Grande!... Cabemos cá todos, e está cá quem se procura. Terás cá lugar, na tua qualidade de antigo combatente no CTIG, se me mandares duas fotos, uma antiga e outra mais ou menos atual, com mais duas ou três linhas de apresentação, a completar a tua mensagem acima.

Diz-nos onde vives (...), qual era o teu posto na tropa e na Guiné, a que subunidade pertenceste (seria a mesma do Serôdio, a CCAÇ 1787 ?)...

Vamos receber-te de braços abertos, e para mais sabendo que, apesar da desgraça desse fatídico dia 16 de janeiro de 1968, estás vivo e acabas de encontrar um camarada teu, que estava por perto, um "teu irmão de armas". (...)


Pu-lo em contacto com o Manuel Serôdio, que vive em Rennes, França, desde 1972, mas de quem já não tinha notícias há uns bons anos...

3. O Serôdio, que é natural de Oliveira de Azeméis, já respondeu ao Parente e ao nosso editor, nestes termos (por email de 17 junho 2024,  13:30)

Assunto - Carlos Parente, ferido gravemente no decurso da Op Escudo Negro

Mesmo se não tenho comunicado, continuo a seguir o que se passa neste grupo (a Tabanca Grande). Do Carlos Parente, que nunca mais encontrei, nada sei dele, nos convívios que a malta da CCAÇ  1787 continua a organizar, não recordo que estivesse presente.
Se
No entanto recordo perfeitamente esse fim de dia muito difícil, já transportavámos um soldado nativo morto com uma armadilha no fim da manhã, e nesse fim de tarde o meu pelotão atravessou a bolanha sem problemas, e o grupo logo a seguir fez disparar nova armadilha que causou vários feridos, um dos quais gravemente.

Mesmo a evacuação no dia seguinte foi difícil por falta de espaço para a aterragem do helicóptero, tivemos que abater algumas árvores.

Carlos, diz alguma coisa sobre ti, gostava de ter novidades. 

Um abraço. Manuel Serôdio


4. O Carlos Parente e o Manuel Serôdio já estão em contacto um com o outro, e já decidiarm que irão reencntrar-se no próximo convívio anual da sua companhia:

(i) Carlos Parente 

Como é gratificante encontrar camaradas que viveram de perto momentos tão difíceis de nossas vidas naquela guerra injusta que fez milhares de vítimas. 

É com orgulho que te digo  que estou por Viana do Castelo onde moro e no próximo encontro da CAÇ 1787, a realizar em Ponte de Lima, e a ser organizado pelo Matos,  não quero perder a oportunidade de abraçar todos fisicamente. Desde já abraço grande,  Carlos Parente.


(ii) Manuel Serodio:

Amigo Carlos Parente, o Matos já realizou um convívio de excelente qualidade, novamente vamos ter para o próximo ano o Matos como organizador de mais um encontro.  "Grande" Matos, lá estaremos novamente em Ponte de Lima.


5.  Ontem,  às 11:50,   o Carlos Parente mandou-nos os elementos que faltavam para ser apresentado aos camarados e amigos da Guiné:

(...) Bom dia camarada,  Luís Graça,  tendo conversado algum tempo atrás, em que o meu amigo me pedia duas fotos,  uma mais antiga e outra mais recente,  e porque tive uma pequena avaria não me foi possível o envio de imediato, o  que faço agora. Sem outro assunto,  com um forte abraço, Carlos Parente. (...)

Apesar desta apresentação, muito sumária, o Carlos Parente passa a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, a partir desta data. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 889 (**). Promete-nos dar mais algumas informações a seu respeito e aceitar as nossas regras de convívio, como por exemplo o tratamento por tu, como camaradas de armas que fomos (e que contnuamos a ser).

A única foto do tempo da Guiné que encontrámos na sua página do Facebook, é a que publicamos a seguir, sem legenda: não sabemos a data nem o local.




Guiné > S/l > S/d > CCAÇ 1787 (1967/69) > O Carlos Parente

Foto da sua páginado Facebook



6.  A CCaç 1787 pertencia ao BCAÇ 1932, mobilizado pelo RI 15 (Tomar), divisa "Vontade e Valo". Comandante: ten cor inf  Narsélio Fernandes Matias. Desmbarcou em Bissau em 2/11/1967, e regressou à metrópole em 20/8/1969. Assuniu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e mais tarde em Bigene.

Já a CCAÇ 1787, essa, seguiu em 16nov67 para Bula, a fim de efectuar a adaptação operacional sob orientação do BCav 1915 e seguidamente reforçar este batalhão, com vista à utilização em operações realizadas nas regiões de Ponta Ponate e Ponta Matar, entre outras, após o que recolheu a Bissau em 06jan68. 

De 13 a 17Jan68, tomou ainda parte numa operação realizada pelo BCaç 1912 na região
de Sarauol. (Op  Escudo Negro). E foi nessa oaasião que o Carlos Parente foi gravemente ferido, acabando por ser evacuado para o Hospital Militar Principal onde permaneceu um ano.

Em 24jan68, rendendo a CCaç 1587, a CCAÇ 1787 assumiu a responsabilidade do subsector de Empada, com pelotões destacados em Gubia, até à extinção do destacamento em 27jun68 e Ualada, até finais de mar68, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1914 e depois do COP 4, tendo a partir de 12nov68, destacado um pelotão, por períodos variáveis, para reforço de outros batalhões, nas guarnições de Bedanda, Bambadinca e Bolama.

Em 01mai69, por troca com a CCaç 2381, foi colocada em Buba, com um pelotão destacado em Mampatá, a fim de se integrar na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Buba-Aldeia Formosa, a cargo do COP4.

Em 05jun69, foi deslocada para Bissau, a fim de assumir, transitoriamente, a responsabilidade do subsector de Quinhámel, incluindo os seus destacamentos de Ponta Vicente da Mata, Ilondé, Orne e Ondame, em substituição da CCav 1749, ficando então na dependência do BCaç 2884.

Em 27jun69, foi substituída, por troca, pela CCaç 2366, deslocando-se para Bissau e continuando em funções de segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 19ago69, foi substituída, transitoriamente, pela CCaç 2571, a fim de efetuar o embarque de regresso.

Observações - O BCAÇ 1932 tem História da Unidade (Caixa n." 73 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM). As CCaç 1787 e CCaç 1788 têm História da Unidade (Caixas nºs 75 e 76 - 2.ªDiv/4ª Sec, do AHM, respectivamente).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 98/100.

________________

(**) Último poste da série > 29 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25576: Tabanca Grande (558): Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e viola baixo do conjunto "Os Bambas D' Incas": senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 888

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22454: Notas de leitura (1371): "Os Roncos de Farim", por Carlos Silva; editora 5 Livros, 2021, a ser apresentado amanhã na Tabanca dos Melros (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Agosto de 2021:

Queridos amigos,

Carlos Silva tinha guardado este acervo de apontamentos em que trabalhou durante anos até 2007. Dá-os agora à luz do dia com um conjunto apropriado de imagens, depoimentos e bibliografia junto até esse tempo. Continua a mexer nos papéis e promete para breve surpresas. 

O que ele aqui rolou tem a ver com o início e o desenvolvimento da história dos Roncos de Farim, falta esclarecer como é que este mítico grupo de combate arrumou as botas e quem o dirigiu depois do grave acidente de Cherno Sissé. 

Também não fica esclarecida a saída de Marcelino da Mata que mais tarde aparece como fundador de um grupo especial, Os Vingadores. Inquiriu os diferentes responsáveis pelo grupo de combate ao mesmo tempo que compendiava os sucessivos anos de atividade operacional desenvolvida. 

Temos aqui uma peça de extrema utilidade, se bem que focado numa região, Farim, onde a presença do PAIGC era constante, e presta-se a justa homenagem aos valorosos combatentes guineenses que sacrificaram a vida não só durante a guerra, como foram enxovalhados e executados no período da pós-independência.

Um abraço do
Mário



Aquele que foi o mais mítico grupo de combate português da guerra da Guiné

Mário Beja Santos

Começo por uma declaração de interesses: há anos que reúno uma estreita amizade e cooperação ao Carlos Silva. Vezes sem conta lhe bati à porta para lhe pedir livros emprestados (é possuidor de vastíssima biblioteca alusiva à nossa guerra), emprestou-me a história do BCAV 490, que eu não encontrava em parte nenhuma, ele atravessou o país para ir a um quartel e fotocopiá-la, foi obra indispensável para tudo o que escrevi no livro "Nunca Digas Adeus às Armas"; e o seu precioso dossiê sobre os "Roncos de Farim" já aqui foi alvo de recensão[*] e consta de um outro livro meu. 

Chamo a atenção do leitor que este livro, "Os Roncos de Farim", 5 Livros, 2021, reporta-se a um trabalho que estava concluído em 2007 e que hibernou até aos dias de hoje.

Surpreende-me a tenacidade deste nosso confrade que combateu em Farim, em 1969/1971, acompanhou o período terminal deste audacioso grupo de combate e conheceu os protagonistas, desde oficiais superiores, líderes do grupo de combate, com todos contatou para elaborar o documento, profusamente ilustrado, é uma verdadeira homenagem aos vivos e aos mortos que fizeram tremer os combatentes do PAIGC.

Carlos Silva começa por precisar a criação dos Roncos, falou com o alferes Filipe Ribeiro que postulou que foram constituídos na Operação Cigarra, que ocorreu em 10 de outubro de 1966, intervieram secções de milícias comandadas pelo 1.º Cabo Marcelino da Mata e por Cherno Sissé, Filipe Ribeiro contava com a sua colaboração e ficou satisfeito pelo valor militar demonstrado. 

O Tenente Coronel Agostinho Ferreira, comandante do BCAÇ 1887, concordou com a criação do grupo especial de tropa de choque. Filipe Ribeiro terá pensado nalguns nomes e considerou que os Roncos era a melhor designação que correspondia literalmente ao comportamento daqueles combatentes. 

Na ordem de serviço o grupo é criado formalmente em 15 de novembro de 1966, na dependência do BCAÇ 1887, sediado em Farim e com unidades militares disseminadas em Bigene, Guidaje e Binta, localizadas a Oeste, Jumbembem e Cuntima a Norte e Canjambari a Leste, bem como a zona de Bricama e Saliquinhedim-K3, a Sul, na outra margem do rio Cacheu. 

O comandante dos Roncos era o alferes Filipe Ribeiro coadjuvado por Marcelino da Mata e Cherno Sissé. Carlos Silva faz o historial de outras unidades a quem o grupo de combate esteve ligado, refere que participaram em mais de 30 operações desde a sua criação até ao final de 1967, com destaque à Operação Chibata, que decorreu em Cumbamori, já no Senegal. 

Ainda não está esclarecida a data de saída de Marcelino da Mata deste grupo de combate e o percurso percorrido por este, nos anos seguintes. O autor releva a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1887, há sempre louvores para o alferes, para Marcelino e Cherno, e descreve minuciosamente a Operação Chibata, de que, curiosamente, Luís Cabral, virá a ser primeiro dirigente da Guiné-Bissau depois da independência também relata no seu livro "Crónica da Libertação", pois nessa data ele e Chico Té estavam em Cumbamori. 

Os Roncos seguiam no primeiro dos três destacamentos da força operacional, entraram no acampamento de forma surpreendente, infligiram ao PAIGC um elevado número de mortos, capturaram armamento e documentos, mas na refrega perderam-se quatro vidas, Cherno Sissé foi ferido. Vale a pena destacar o que escreve Luís Cabral: 

“A surpresa tinha sido total. Depois de mais de quatro anos de luta armada, era a primeira vez que as forças colonialistas se aventuraram a entrar em território senegalês para, a partir daí, atacar uma base no interior deste país. Antes do romper da aurora, tinham-se aproximado cautelosamente do local onde estava instalada a nossa base. Até chegar à enfermaria, não tiveram nenhum contacto com a nossa gente. A barraca onde se encontravam os médicos e os técnicos cubanos foi a primeira a ser avisada. Um técnico cubano de artilharia deu o primeiro tiro que alertou toda a gente. Pela primeira vez eu estava presente num encontro entre as nossas Forças Armadas e o exército colonial”

Cherno Sissé contará mais tarde ao autor, chegou a haver luta corpo a corpo com recurso ao emprego da faca de mato.

Noutro capítulo, Carlos Silva destaca a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1932, estamos já em 1968, os atos valorosos sucedem-se e preparam as condecorações de Marcelino da Mata e de Cherno Sissé como Cavaleiros da Ordem Militar da Torre e Espada, para além das suas promoções. 

Nesta sequência, também o autor faz sobressair a atividade operacional dos Roncos com outra unidade militar, o BCAÇ 2879, estamos em 1969, ocorre um acontecimento histórico, numa localidade chamada Faquina foram apreendidas várias dezenas de toneladas de armamentos e munições. Os Roncos já são comandados pelo Furriel Cherno Sissé. 

A documentação oficial e as investigações apresentavam números díspares sobre a quantidade de armamento apreendido e foi neste contexto que Carlos Silva escreveu ao Major General Agostinho Ferreira para que este confirmasse o resultado da Operação Faquina, foram 24 toneladas. Mais tarde, os Roncos ficaram adstritos à Companhia de Caçadores 14, também sediada em Farim, o seu comandante, o então Capitão José Pais, irá contar no seu livro "Histórias de Guerra" o drama de Cherno que ficou, por razões de combate, sem uma perna e um olho e com um braço retorcido e mais curto, a viver em Lisboa em condições manifestamente degradantes. Foi assaltado em casa, reagiu disparando um tiro à queima-roupa, matou um dos gatunos. 

“A polícia desarmou-o e, enquanto saía à rua pedindo reforços e uma ambulância para o morto, a populaça atacou Cherno e com um varão de ferro vazou-lhe o único olho que lhe restava. Cherno Sissé ficou cego e foi preso. Lá fui à Boa-Hora e lá tentei explicar ao meritíssimo juiz o que é ter servido o Exército Português, o que é ter sido combatente operacional na Guiné durante nove anos seguidos, o que é ser ex-combatente desprezado e o que representa para um homem destes a perda da dignidade pessoal, face à vida. O meritíssimo parece ter entendido e aplicou-lhe três anos e meio”.

Carlos Silva junta anexos, referências, por exemplo, a Bodo Jau, um bravo do pelotão dos Roncos de Farim que posteriormente fez parte do grupo Os Vingadores, que foi fundado por Marcelino da Mata.

Uma obra de profundos afetos, insista-se. E dou comigo a pensar como a atividade operacional destes bravos veio de um passado que historicamente parece inexistente, lê-se a atividade operacional de 1966 a 1968, há todos estes atos de bravura que o autor aqui regista e em quase tudo quanto se tem publicado sobre a História da guerra da Guiné há um manto diáfano de silêncio sobre tudo o que foi combater com denodo e bravura até Spínola ter surgido e merecer em exclusivo as honras do heroísmo e da combatividade. Mistérios da historiografia.


Tenente Coronel Marcelino da Mata
Alferes Miliciano Filipe José Ribeiro e o 1.º Cabo Cherno Sissé (CCAÇ 1585)
________________

Notas do editor

- Este livro vai ter amanhã, dia 14 de Agosto de 2021, a sua primeira apresentação na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, durante o habitual convívo dos segundos sábados de cada mês.

[*] - Vd. poste de 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12199: Notas de leitura (528): "Os Roncos de Farim - 1966-1972", por Carlos Silva (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 10 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22445: Notas de leitura (1370): Prefácio de Ricardo Figueiredo ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21061: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VIII


Imagem recorrente após accionamento de engenho explosivo (mina anticarro) - Foto de Dálio João Gil Carvalho - https://www.facebook.com/dalio.carvalho, com a devida vénia.






O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA - PARTE VIII

 



1. – INTRODUÇÃO



Com este oitavo fragmento, retomamos a divulgação de mais alguns resultados obtidos na nossa investigação, titulada de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de “condutores auto rodas”, tendo por principal fonte de consulta e análise o universo das “Baixas em Campanha” identificadas na literatura Oficial publicada pelo Estado-Maior do Exército e elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


2. - ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

O estudo demográfico que comporta esta investigação, iniciada com o P20179, e as variáveis com ela relacionada, foi organizado segundo o competente tratamento estatístico, representado por gráficos e quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas. Cada gráfico e respectivo quadro relata os valores quantitativos de cada um dos elementos das variáveis categóricas ou quantitativas relacionadas, tendo em consideração os objectivos que cada contexto encerra.


No caso presente, recuperamos os valores globais do estudo, apresentando um primeiro quadro estruturado segundo as três variáveis categóricas. No segundo quadro, referente à variável "causas de morte em combate", os números foram agrupados nas três variáveis desta categoria. 


Quadro 1 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "combate", com 112 (58.6%) casos, seguida pela variável "acidente", com 57 (29.9%) casos e, finalmente, a variável "doença", com 22 (11.5%) casos.



Quadro 2 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte "em combate" de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "contacto", com 67 (59.8%) casos, seguida pela variável "minas", com 33 (29.5%) casos e, finalmente, a variável "ataque ao aquartelamento", com 12 (10.7%) casos.

 


De seguida, apresentam-se os quadros nominais referentes aos trinta e três casos do estudo onde se verificaram "mortes por efeito de rebentamento de explosivos" (minas). Na coluna mais à direita, referem-se os números dos postes onde estão descritos alguns detalhes de cada uma das cruéis ocorrências. 






3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM nMORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"


Neste ponto, reservado à caracterização de cada uma das ocorrências identificadas durante a realização do estudo, apresentamos mais quatro "casos" (de um total de trinta e três). Em cada um deles, recuperamos algumas memórias, consideradas relevantes, extraídas das diferentes fontes de informação consultadas, em particular o vasto espólio do nosso blogue, enquadradas pelos contextos conhecidos.



3.22 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' RAÚL FELICIANO SILVA, DACCAÇ 1497, EM 05.JUN.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM



A décima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Raúl Feliciano Silva, natural da freguesia dos Anjos, Lisboa, ocorrida no dia 05 de Junho de 1967, 2.ª feira, no itinerário entre Bula e João Landim, durante a realização de uma coluna militar.
O condutor Raúl Silva pertencia à CCAÇ 1497 [26Jan66-04Nov67; do Cap Inf Carlos Alberto Coelho de Sousa (1.º) e Cap Mil Art Carlos Alberto Morais Sarmento Ferreira (2.º), unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, tendo zarpado de Lisboa, rumo ao CTIG, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegou seis dias depois.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1497

Após a sua chegada a Bissau, onde ficou instalada e integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão (BCAÇ 1876) [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], assumiu a responsabilidade e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CART 640 [03Mar64-27Jan66; do Cap Art Carlos Alberto de Matos Gueifão (1.º) e Cap Art José Eduardo Martinho Garcia Leandro (2.º)].

Dois meses depois, a 29Mar66, iniciou o deslocamento para Fajonquito, por fracções, a fim de render, por troca, a CCAÇ 674 [13Mai64-27Abr66; do Cap Inf José Rosado Castela Rio]. Passados quinze dias, a 12Abr66, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Fajonquito, com um Gr Comb destacado em Cambajú e depois outro em Tendinto, este a partir de 02Nov66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67; do TCor Carlos de Moura Cardoso] e depois do BCAÇ 1877 [08Fev66-06Out67; do TCor Inf Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas].

No final do primeiro ano de comissão, a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Fajonquito, em 31Jan67, pela CCAÇ 1501 [02Fev66-06Out67; do Cap Inf Rui Antunes Tomaz], tendo seguido para Binar a fim de substituir a CCAV 789 [28Abr65-08Fev67; do Cap Cav Gabriel da Fonseca Dores (1.º); Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro (2.º) e Cap Cav Eurico António Sacavém da Fonseca (3.º)]. Ao segundo dia, em 02Fev67, assumiu a responsabilidade do subsector de Binar, ficando novamente integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão.

Em 17Mar67, foi substituída em Binar pela CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz (1.º); Cap Cav Miguel António Carvalho Santos de Melo e Castro (2.º) e Cap Mil Art Luís Filipe Anacoreta Soares (3.º)], a terceira unidade operacional do BCAÇ 1876, seguindo para Bissum (Naga), onde procedeu à construção do aquartelamento, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector então criado.




Bissum Naga – Março/Abril de 1967. Fase inicial da construção do aquartelamento. Foto do álbum de Carlos Gomes Ricardo, cor inf DFA (ex-alf da CCAÇ 1496 / BCAÇ 1876, Bula e Bissum Naga, 1967/68; ex-cap, CCS/QG/Bissau e Cmdt da CCAÇ 3, Guidaje, 1970/72) – P17577, com a devida vénia. 


[O aquartelamento de Bissum Naga foi desactivado, e entregue ao PAIGC, em 26Ago74, pela 3.ª CCAV [23Jun74-14Out74; do Cap Mil Grad João Pedro Melo Martins Soares] do BCAV 8320/73 [do Maj Cav Luís Manuel Lemos Alves].


Em 14Set67, a mês e meio do final da comissão e consequente regresso à "Metrópole", a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Bissum (Naga) pela CCAV 1747 [25Jul67-20Jul67; do Cap Mil Inf Manuel Carlos Dias], e recolheu seguidamente a Bissau, onde substituiu a CART 1742 [30Jul67-06Jun69; do Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen], no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área, tendo um Gr Comb permanecido em Bissum (Naga) durante mais duas semanas (até 29Set67). Em 02Nov67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAÇ 1549 [26Abr66-17Jan68; do Cap Mil Inf José Luís Adrião de Castro Brito], a fim de efectuar o embarque de regresso (Ceca; pp 76-77).

3.23     - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ÁLVARO LOUREIRO BARATA, DO PEL MORT 1211, EM 21.OUT.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM

A décima terceira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", foi a do soldado Álvaro Loureiro Barata, natural de Álvares, uma das quatro freguesias do Município de Góis, Distrito de Coimbra, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro provocado pela viatura em que se fazia transportar, durante uma coluna militar.

Essa ocorrência teve por cenário a estrada entre Bula e João Landim, quatro meses e meio depois do episódio narrado no ponto anterior.

Socorrido pelos seus camaradas, e pedida a sua evacuação para o HMB 241, em Bissau, aí viria a falecer no dia 21 de Outubro de 1967, sábado, devido aos seus ferimentos e queimaduras.

O condutor Álvaro Barata pertencia ao Pelotão de Morteiros 1211 (PMORT 1211) [25Mai67-07Jun69, do Alf Mil Inf Guilherme Cristóvão], unidade mobilizada pelo Batalhão de Caçadores 10 (BC 10), de Chaves, tendo embarcado na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, na companhia de outros três Pelotões de Morteiros (1208; 1209 e 1210), rumo ao CTIG, em 19 de Maio de 1967, 6.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegaram a 25 do mesmo mês.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO PMORT 1211

Após a sua chegada a Bissau, seguiu para Bula onde se manteve até ao fim da sua comissão, ficando integrado no dispositivo e manobra do BCAÇ 1876 [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], que abrangia os subsectores de Bissum, Bissorã, Biambe, Binar e Bula, e depois, a partir de 14Out67, do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro], composto apenas por Comando e CCS.

3.24 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' JÚLIO ANTUNES SAPO, DA CCS DO BCAÇ 1932, EM 19.DEZ.1967, ENTRE GUBIA EUGÉNIA E LALA


A décima quarta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Júlio Antunes Sapo, natural de Salvador, uma das nove freguesias do Município de Penamacor, ocorrida no dia 19 de Dezembro de 1967, 3.ª feira, no itinerário entre Gã Eugénia e Lala, durante a actividade operacional iniciada com a «Operação Quebra-Vento», em 29Nov67, envolvendo as forças terrestres destinadas à guarnição de Gubia Mancanha, S1, constituídas pela CART 1689 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Manuel de Azevedo Moreira Maia (1.º), Cap Inf Martinho de Sousa Pereira (2.º) e Cap Art Rui Manuel Viana de Andrade Cardoso (3.º), 1 Gr Comb CCAÇ 1587 [04Ago66-09Mai68; do Cap Mil Inf pedro Eurico Gaivão dos Reis Borges], PSap do BCAÇ 1932 e PMil 120, contando estas com o apoio de forças paraquedistas, apoio aéreo e naval (Ceca; p 74).


Infogravura dos itinerários utilizados pelas NT durante a «Operação Quebra-Vento»


As NT e a restante logística foram desembarcadas na Ponta Gã Eugénia, tendo-se procedido à abertura do itinerário para Gubia Mancanha e iniciado os trabalhos de instalação do destacamento, guarnecido, a partir de 24Dez67, pelo Gr Comb da CCAÇ 1587. O fatal desenlace, provocado pelo accionamento de mina anticarro, ocorreu no cruzamento das estradas de Gubia Eugénia - Lala - Gã Suleiman (infogravura acima).

O condutor Júlio Sapo pertencia à CCS do BCAÇ 1932 [02Nov67-20Ago69; do TCor Inf Narsélio Fernandes Matias], unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 15, de Tomar, tendo embarcado a 28 de Outubro de 1967, sábado, no Cais da Rocha, em Lisboa, a bordo do N/M "UÍGE", com a chegada a Bissau a ter lugar a 02 de Novembro do mesmo ano.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO BCAÇ 1932

Após a sua chegada a Bissau, o BCAÇ 1932 manteve-se aí instalado, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros Batalhões: a CCAÇ 1787 [do Cap Inf Marcelo Heitor Moreira] em Bula; a CCAÇ 1788 [do Cap Inf Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes (1.º) e Cap Inf Luís Andrade de Barros (2.º)] em Contuboel, e a CCAÇ 1789 [do Cap Mil Art Jerónimo de Almeida Rodrigues Jerónimo] em Olossato.

Em 15Jan68, rendendo o BCAÇ 1887, o BCAÇ 1932 assumiu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e abrangendo os subsectores de Binta, Farim, Bigene, Canjambari, Cuntima e Saliquinhedim, este desactivado em 07Dez68.

Em 01Set68, por criação do COP 3, o sector foi reduzido dos subsectores de Binta e Bigene. Em 07Dez68, após reformulação dos limites dos subsectores, foi ainda criado o subsector de Jumbembem, na zona de acção do subsector de Canjambari. Em 08Fe69, por troca de sectores com o COP 3, assumiu a responsabilidade do Sector O2, agora com sede em Bigene e abrangendo os subsectores de Bigene, Guidage e Barro, este transferido em 01Ago69 para o Sector do BCAV 2876 [24Jul69-04Jun71; do TCor Cav José Carlos Sirgado Maia].

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamentos, emboscadas e acções ofensivas sobre as linhas de infiltração de Lamel e Sitató, no sector de Farim e de Sambuiá e Canja, no sector de Bigene, para além de executar várias operações sobre as instalações inimigas nas regiões de Bricama e Biribão e de garantir a segurança e controlo dos itinerários e a autodefesa das populações.

Pelos resultados obtidos ou pela duração, efectivos e importância das áreas batidas, destacam-se as operações: "Amigo Bom"; "Façanha Grande"; "Agarra Bem"; "Sempre Tesos"; "Entrada Fechada" e "Segura Turra", entre outras.

Em 04Ago69, foi substituído pelo COP 3, novamente regressado à zona de acção do sector de Bigene, recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; pp 98-99).

3.25 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL GONÇALVES MARTINS DE LIMA, DO EREC FOX 2350, EM 23.OUT.1968, EM DARA, ENTRE NOVA LAMEGO E PICHE




A vigésima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Manuel Gonçalves Martins de Lima, natural da freguesia de Santa Maria Maior, Município de Viana do Castelo, ocorrida em 23 de Outubro de 1968, 4.ª feira, no sítio de Dara, no itinerário entre Nova Lamego e Piche, durante a realização de uma escolta militar, no período em que a sua unidade havia sido colocada em reforço da guarnição de Piche.

O condutor Manuel Lima pertencia ao Esquadrão de Reconhecimento "Fox" 2350 (EREC 2350) [15Jan68-23Nov69; do Cap Cav Carlos Fernando valente de Ascensão], unidade mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 8 [RC8], de Castelo Branco, tendo embarcado a 10 de Janeiro de 1968, 4.ª feira, no Cais da Rocha, em Lisboa, rumo ao CTIG, a bordo do N/M "UÍGE", com o desembarque em Bissau a ter lugar a 15 do mesmo mês.


Infogravura do itinerário Nova Lamego-Piche, onde se assinala o local da explosão.





► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO EREC FOX 2350



O EREC 2350, após o desembarque em Bissau seguiu para o Sector L3, com sede em Nova Lamego, onde substituiu, em 21Jan68, o EREC 1578 [13Mai66-25Jan68; do Cap Cav António Francisco Martins Marquilhas], ficando como subunidade de reserva móvel do Cmd Agr 1980 e depois do Cmd Agr 2957, tendo sido colocado em Bafatá, com um pelotão deslocado em Piche, este na dependência do BCAÇ 1933 [27Set67-20Ago69; do TCor Inf Armando Vasco Campos Saraiva (1.º) e TCor Renato Nunes Xavier (2.º)] e depois do BCAÇ 2835 [24Jan68-04Dez69; do TCor Inf Joaquim Esteves Correia (1.º), Maj Inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena (2.º) e TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos] e, após a criação do Sector L4, do BART 2857 [15Nov68-05Out70; do TCor Art José João Neves Cardoso (1.º) e Maj Art Rui Ferreira dos Santos].

De 22Set68 a 23Nov68, o EREC 2350 esteve colocado em reforço da guarnição de Piche, com vista a actuação prioritária naquela zona de acção. Nesta situação, realizou acções de patrulhamento, escoltas a colunas de reabastecimento, reforço de guarnições e apoio de combate a localidades atacadas, tendo actuado em reforço dos sectores de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego e Piche.

Em 24Nov69, foi substituído pelo EREC 2640 [21Nov69-03Out71; do Cap Cav Fernando da Costa Monteiro Vouga], recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; p 555).
Continua …
Fontes Consultadas:
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade… com a máxima protecção do "Covid-19".

Jorge Araújo.
19Abr2020

_____________

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18633 Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXI: As minhas estadias por Bissau (iv): janeiro-fevereiro de 1968


Foto nº 44 A > Bissau, feveiro de 1968 > O autor, à direita, com o seu camarada Verde, junto à estátua de Diogo Cão, com as muralhas da Amura, por detrás (*).


Foto nº 44 >  Bissau, fevereiro de 1968 < Praça e estátua de Diogo Cão


Foto nº 45 > Bissau, janeiro de 1968 > Passeio de motorizada pela marginal


Foto nº 46 > Bissau,  c. janeiro de 1968 > O Virgílio Teixeira e o seu camarada Verde, em passeio com motorizada. Ao fundo, o famoso restaurante "O Solar dos Dez" que era frequentada pelas altas patentes militares do CTIG.


Foto nº 46 A > Bissau,  c. janeiro de 1968 >  Ao fundo, o restaurante "O Solar dos Dez"


Foto nº 47 > Bissau, fevereiro de 1968 > Em primeiro pleno, à direita: o alferes mil Fragateiro, do presidente do CA do BCAV 1915, ao lado Fragateiro, o alf mil Alberto Fontão, comandante de um PINT [Pelotão de Intendência]; e depois o fur mil Nelson, ajudante do Fragateiro; eu, do lado esquerdo, de óculos, e à minha direita, um furriel de quem não me lembro o nome.


Foto nº 62 > Bissau, fevereiro de 1968 > No café Bento petiscando qualquer coisa. No extremo esquerdo sou eu, no direito é o meu amigo do Porto e do  café Cenáculo, hoje  economista, o alferes Pinto Gomes, que estava na Chefia da Contabilidade. Ao lado dele está o furriel Riquito.do meu CA, e os outros dois são também oficiais da Chefia de Contabilidade. Éramos todos do Porto.


 Foto nº 54 > Bissau, 2 de fevereiro de 1968 > O N/M Funchal, ao fundo. Transportou o alm Américo Tomás, e sua comitiva na visita presidencial à Guiné, ainda no tempo do gen Schulz


Foto nº 59 > Bissau, 2 de fevereiro de 1968 > Visita do alm Américo Tomás >  Final da Av da República, hoje, Av Amílcar Cabral. A estátua que se vê era a de Nuno Tristão, erigida por ocasião do 5º centenário do seu desembarque em terras da Guiné (1446).


Foto nº 64 > Bissau, fevereiro de 1968 > Num domingo,  sentado na marginal junto ao porto cais de Bissau, com um camarada, parece-me o irmão do furriel Riquito,  do meu CA [, Conselho de Administração], mas não tenho a certeza.

Guiné > Bissau > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já mais de meia centena de referências no nosso blogue.

Recorde-se que o Virgílio Teixeira, de acordo com o seu CV militar:

(i) entrou em Mafra, na Escola Prática de Infantaria (EPI), em 3 de janeiro de 1967, ainda antes de completar os 24 anos de idade:

(ii) como habilitações literárias, tinha já os dois primeiros anos da Faculdade de Economia do Porto (, licenciatura que completou depois da tropa);

(iii) ao fim de 9 meses, partíu de Figo Maduro,  em 20 de setembro de 1967,  num avião militar, com o comando avançado do BCAÇ 1933,  para render o outro batalhão, o BCAV 1915, que seguiu para Bula;

(iv) fez o serviço no CTIG como alferes miliciano, sendo a sua especialidade o serviço de administração militar (SAM);

(v) nessa qualidade, foi chefe do conselho administrativo (CA) do BCAÇ 1933, ou seja, o oficial mais perto do comandante de batalhão, que era um tenente-coronel;

(vi) não tendo sido um "operacional" propriamente dito, por isso, "contar muita coisa sobre operações em concreto, embora tivesse feito muitas colunas militares de reabastecimentos, quer por rio ou por estrada", além de muitas patrulhas à volta dos aquartelamentos, e vivendo muitas vezes os bombardeamentos contínuos às  posições [das NT]";

(vii) faz questão também de declarar que dá "um valor enorme ao sacrifício das nossas tropas": "conheço, por aquilo que leio agora, o que se passou e nós não sabíamos quase nada. Passaram mais de 40 anos até se perceber o que foi aquela guerra";

(viii) "esta reportagem - Bissau, parte I - pretende focar apenas a cidade e arredores de Bissau, as suas várias escapadelas, outras deslocações em serviço, as vivências e acima de tudo as loucuras da juventude, por esta cidade-capital, que, apesar de tudo, ficou marcada para o resto da vida";

(ix) "os comentários que são feitos às fotos, são apenas de memória, o que veio à cabeça, e por consulta a vários elementos escritos, em especial aquilo que está escrito nas costas das fotos";

(x) a esta parte o autor chama-lhe “As minhas Estadias por Bissau” ; deixa, para futura reportagem , o tema "Bissau – Parte II"; e aí sim, vai dar-lhe um nome sonante: “As minhas férias na Guiné”... que engloba tudo, Bissau, Nova Lamego e São Domingos, incluindo os aquartelamentos de Cacheu, Susana e as praias de Varela.


Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: T031 – Bissau - Parte 1 > (iv) Jan / fev  1968 > Legendagem (**)

F44 – Numa praça junto ao Hotel Portugal, com a imagem de um navegador português, que vergonhosamente não me lembra o nome, (,talvez Diogo Cão? Pero Vaz de Caminha?)... Estou eu e o meu camarada Verde do BCAÇ 1932. a imitar o nosso navegador. Bissau, Fev68.

[Observação do editor Vd. poste P14211 (*)

Praça e estátua de Diogo Gomes frente à ponte cais de Bissau... Ao fundo, muralhas da fortaleza da Amura. Segundo Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura colonial do Estado Novo, o pedestal (agora vazio) da estátua do Diogo Gomes ainda lá está, tal como a inscrição, um exerto do canto VII dos Lusíadas, "Mais mundo houvera"... O pedestal é obra do Gabinete de Urbanização do Ultramar. A estátua (removida, depois da independência,  para o forte do Cacheu) deve ser da autoria do escultor Joaquim Correia, autor de monumento análogo que ainda hoje está de pé na cidade da Praia, Cabo Verde. 

Esta e outras estátuas (Honório Barreto, Nuno Tristão, Teixeira Pinto) faziam parte de "um escrupuloso programa de 'aformoseamento' do espaço público", integrado nas comemorações do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão. na altura do governo de Sarmento Rodrigues (1945-48). No entanto, a colocação das estátuas destas figuras históricas da colonização só será efetuada na segunda metade da década de 1950 [Vd. Ana Vaz Milheiro - 2011, Guiné-Bissau. Lisboa, Círculo de Ideias, 2012. (Coleção Viagens, 5), pp. 32-33].


F45 – Um passeio de motorizada, num Domingo de manhã, na marginal do porto, com as palmeiras bem grandes e arranjadas, verdejantes, com pouca gente nas ruas. Bissau, Janeiro68.

 F46 – Uma volta de motorizada com o amigo e camarada Alferes Verde, na marginal, junto aos Estaleiros Navais da Marinha, com excelente e privilegiada localização, como mandam as normas da Marinha. Ao fundo fica então o famoso Restaurante ‘O Solar dos Dez’ que frequentava muitas vezes e que também era poiso habitual das altas patentes militares, incluindo o Spínola e seus convidados. Recorda-me, entre outras especiarias, a famosa Mousse de chocolate gelada, a colher espetada ficava de pé. Bissau. Foto tirada entre Jan-Março 68.

F47 – No café Bento [, a famosa 5ª Rep.] em noite quente. Um grupo de amigos e camaradas. Tem 3 elementos do CA [Conselho Administrativo]  do BCAV 1915, que eu fui render em Set67 em Nova Lamego, e encontrámo-nos depois em Bissau. Os da frente, à direita o alferes Fragateiro,  Chefe do CA do BCav1915; do lado esquerdo,  o ajudante Furriel Nelson (Já meu conhecido do Instituto Comercial do Porto); em frente outro furriel de que não sei o nome. Ao lado do Fragateiro temos o alferes Alberto Fontão, Comandante de um Pelotão Independente de Reabastecimentos e Intendência, era meu amigo antes da guerra e continua a ser, fomos colegas da Faculdade de Economia do Porto, frequentávamos o mesmo café Cenáculo desde 1961 quando inaugurou, e ainda hoje existe, por ali estudávamos à noite até muito tarde, no dia seguinte era dia de trabalho.

O Fontão vivia lá em Bissau com a mulher e uma filha pequena, visitei-o algumas vezes e levei a passear a filha Eunice, com apenas 2 anos na minha motorizada, ela ainda se lembra hoje de mim, apesar de não haver qualquer convívio posterior.

Não tive boas recordações do Fragateiro, não sei porquê, mas vê-se pela fotografia que não estamos risonhos, e apesar de ele ser também do Porto: trabalhou na propaganda médica e encontrei-o uma vez e não falámos, quase nada.  Penso que não nos entendemos lá muito bem por causa das "contas" do batalhão,  que eu recusei, eu não sabia nada daquilo, Depois ele foi para Bula e regressou uns meses antes do nosso batalhão. Dizem que nunca mais quis falar da Guiné. Bissau, Fev68.

F54 – No porto de Bissau, atracado o Paquete Funchal que transportou a comitiva da visita do Presidente Tomaz à Guiné. Sobre este acontecimento já existe uma grande reportagem com os Postes e roncos da visita. Bissau, 02Fev68.

F59 – Junto a uma estátua que não consigo identificar quem é a personagem [, é a do navador Nuno Tristão, no final da Avda República].  Captada na Praça do Império junto ao Palácio do Governador, na visita do Presidente Almirante Américo Tomaz à Guiné. Bissau, 02Fev68.

F62 – No café Bento petiscando qualquer coisa. No extremo esquerdo sou eu, no direito é o meu amigo do Porto e do café Cenáculo, hoje conomista, o alferes Pinto Gomes, que estava na Chefia da Contabilidade, tinha lá a mulher, a Acácia, e tinha como companhia na mesma casa onde viviam, a irmã Amélia, o marido, cunhado, o alferes Fontão, já com uma filha pequena, Eunice.

Ao lado do Pinto Gomes,  está o furriel Riquito.  do meu CA, e os outros dois são também oficiais da Chefia de Contabilidade. Éramos todos do Porto. Bissau, Fev68.

F64 – Num domingo sentado na marginal junto ao porto cais de Bissau, com um camarada, parece-me o irmão do furriel Riquito do CA, mas não tenho a certeza. Bissau, Fev68.
_________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18604: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXI: As minhas estadias por Bissau (iii): 4º trimestre de 1967

(**) Vd. poste de  2 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14211: Memória dos lugares (285): Fortaleza da Amura, estátua de Diogo Gomes, ponte cais de Bissau e edifício da Alfândega (Arménio Estorninho / Agostinho Gaspar / António Bastos)