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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26271: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (30): Virgílio Teixeira (ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IV: o embarque, no T/T Uíge, de regresso a casa, em agosto de 1969


Foto nº 1


Foto nº 1A


Foto nº 1B


Foto nº 2


Foto nº 2A


Foto nº 3


Foto nº 3A


Foto nº 3B


Foto nº 3C



Foto nº 3D



Foto nº 3 E


Guiné > Bissau > 4 (ou 20 ?) de agosto de 1969 > Zona portuária > Fotos, tiradas do T/T Uíge, na viagem de regresso a casa dos BCAÇ 1933 e 1932.


Fotos (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



1. Fotos fabulosas do nosso camarada Vírgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM,CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) que estava no sítio certo na altura certa, a preparar o embarque dos seus camaradas, no T/T Uíge, de regresso à Metróple, em agosto de 1969 (ele diz que foi a 4, eu aponto para 20)..

Escreveu ele (*):

Tenho uma série destas fotos... É o dia 4 de agosto de 1969, o dia da saída da Guiné. Eu tinha passado a noite anterior no Uige, e por isso de manhã cedo estava de pé.

(...) Esta série de fotos que tenho da chegada das lanchas a encostarem ao Uige e depois a serem içadas  [as nossas malas], são realmente uma questão de sorte, eu estar no sitio certo à hora certa. 

Nenhum dos protagonistas, éramos cerca de 700 militares, conhece estas fotos, muitos vão rever-se nelas, um dia que as possam ver. 

(...) Fotografei a chegada, o içar da carga para o barco, um momento inesquecível, e como foi tirada com os 'slides', só foram revelados em Agosto e iam para França, e assim ficaram quase 50 anos. 

Nunca ninguém do BCAÇ 1933 e BCAÇ 1932 e outras Companhias e Pelotões, as viu, muitos poderão agora recordar a sua chegada em 4 de Agosto e entrada para o Uige, naquelas condições degradantes. " (...)

2. Comentário do editor Luís Graça;

Virgílio, as fotos são fabulosas!... Obrigado merecem "bis"! (**)... Mas há aqui um pequeno "desfasamento" de datas, tens que confirmar nos seus "canhenhos".

Tu dizes que foi a 4 de agosto de 1969 o vosso embarque; a CECA (livro 7, 2002) diz que o embarque do BCAÇ 1933 (pág. 101), do BCAÇ 1932 (pág. 98), bem como da CCAÇ 1801 (pág. 365), foi a "20Ago69", duas semanas depois... 

Não é relevante.  (A CECA não é a Bìblia, e também esta não pode ser levada à letra,  e só faz fé para os crentes: recorde-se que, segundo a Bíblia, a terra teria sido criada há 6 mil anos... Ora a Ciência aponta para os 4,5 mil milhões de anos.)

De qualquer modo,  não enccontrei nenhum embarque a 4 de agosto de 1969 patra o CTIG. Nesta data o BCAÇ 1932 foi substituído pelo COP 3, seguindo depois para Bissau para aí aguardar embarque. O mesmo aconteceu com o teu BCAÇ 1933, rendido pelo BCAç 2876, em 1 de agosto de 1969... As vossas companhias, CCAÇ 1790, 1791 e 1792 devem ter embarcado com o comando e a CCS n0 mesmo dia. O mesmo terá acontecido com o BCAÇ 1932, as CCAÇ 1789, 1788 e 1787. Quanto à CCaç 1801, essa era "independente".

Fonte: Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002.
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  20 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18109: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte III: Foto tirada do T/T Uíge, no nosso regresso, em 4/8/1969: vê-se o T/T Rita Maria atracado na ponte-cais de Bissau, e uma lancha da marinha que nos veio trazer o último militar a embarcar.

(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26225: Por onde páram os nossos fotógrafos ? (29): Virgílio Teixeira (ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte III: São Domingos ou a "Guiné para os guinéus"...

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25667: Tabanca Grande (559): Carlos Parente, ex-sold at inf, CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada e Quinhamel, 1967/69). vive em Viana do Castelo e senta-se agora à sombra do no nosso poilão, no lugar nº 889

 





Carlos Parente, ontem, e hoje: vive em Viana do Castelo. Foi sold at inf, CCAÇ 1787
 (1967/69)


1. Soubemos da existência do Carlos Parente através de um comentário recentíssimo dele, datado de 11 do corrente, a um poste já muito antigo (P10570, de 12 de outubro de 2012), da autoria do Manuel Serôdio, ex-fur mil da CCAÇ 1787 (Bula, Bissau, Empada, Quinhamel, 1967/69)...

Foram camaradas de armas, da mesma subunidade: o Carlos Parente recordou aqui como foi gravemente ferido no decurso da Op  Escudo Negro, a norte de Porto Gole, já na região do Oio (*)..

2. Na sequência desse comentário, o nosso editor LG escreveu:

 (...) Meu caro Carlos Parente, camarada da Guiné!...

Realmente o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ...é Grande!... Cabemos cá todos, e está cá quem se procura. Terás cá lugar, na tua qualidade de antigo combatente no CTIG, se me mandares duas fotos, uma antiga e outra mais ou menos atual, com mais duas ou três linhas de apresentação, a completar a tua mensagem acima.

Diz-nos onde vives (...), qual era o teu posto na tropa e na Guiné, a que subunidade pertenceste (seria a mesma do Serôdio, a CCAÇ 1787 ?)...

Vamos receber-te de braços abertos, e para mais sabendo que, apesar da desgraça desse fatídico dia 16 de janeiro de 1968, estás vivo e acabas de encontrar um camarada teu, que estava por perto, um "teu irmão de armas". (...)


Pu-lo em contacto com o Manuel Serôdio, que vive em Rennes, França, desde 1972, mas de quem já não tinha notícias há uns bons anos...

3. O Serôdio, que é natural de Oliveira de Azeméis, já respondeu ao Parente e ao nosso editor, nestes termos (por email de 17 junho 2024,  13:30)

Assunto - Carlos Parente, ferido gravemente no decurso da Op Escudo Negro

Mesmo se não tenho comunicado, continuo a seguir o que se passa neste grupo (a Tabanca Grande). Do Carlos Parente, que nunca mais encontrei, nada sei dele, nos convívios que a malta da CCAÇ  1787 continua a organizar, não recordo que estivesse presente.
Se
No entanto recordo perfeitamente esse fim de dia muito difícil, já transportavámos um soldado nativo morto com uma armadilha no fim da manhã, e nesse fim de tarde o meu pelotão atravessou a bolanha sem problemas, e o grupo logo a seguir fez disparar nova armadilha que causou vários feridos, um dos quais gravemente.

Mesmo a evacuação no dia seguinte foi difícil por falta de espaço para a aterragem do helicóptero, tivemos que abater algumas árvores.

Carlos, diz alguma coisa sobre ti, gostava de ter novidades. 

Um abraço. Manuel Serôdio


4. O Carlos Parente e o Manuel Serôdio já estão em contacto um com o outro, e já decidiarm que irão reencntrar-se no próximo convívio anual da sua companhia:

(i) Carlos Parente 

Como é gratificante encontrar camaradas que viveram de perto momentos tão difíceis de nossas vidas naquela guerra injusta que fez milhares de vítimas. 

É com orgulho que te digo  que estou por Viana do Castelo onde moro e no próximo encontro da CAÇ 1787, a realizar em Ponte de Lima, e a ser organizado pelo Matos,  não quero perder a oportunidade de abraçar todos fisicamente. Desde já abraço grande,  Carlos Parente.


(ii) Manuel Serodio:

Amigo Carlos Parente, o Matos já realizou um convívio de excelente qualidade, novamente vamos ter para o próximo ano o Matos como organizador de mais um encontro.  "Grande" Matos, lá estaremos novamente em Ponte de Lima.


5.  Ontem,  às 11:50,   o Carlos Parente mandou-nos os elementos que faltavam para ser apresentado aos camarados e amigos da Guiné:

(...) Bom dia camarada,  Luís Graça,  tendo conversado algum tempo atrás, em que o meu amigo me pedia duas fotos,  uma mais antiga e outra mais recente,  e porque tive uma pequena avaria não me foi possível o envio de imediato, o  que faço agora. Sem outro assunto,  com um forte abraço, Carlos Parente. (...)

Apesar desta apresentação, muito sumária, o Carlos Parente passa a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, a partir desta data. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 889 (**). Promete-nos dar mais algumas informações a seu respeito e aceitar as nossas regras de convívio, como por exemplo o tratamento por tu, como camaradas de armas que fomos (e que contnuamos a ser).

A única foto do tempo da Guiné que encontrámos na sua página do Facebook, é a que publicamos a seguir, sem legenda: não sabemos a data nem o local.




Guiné > S/l > S/d > CCAÇ 1787 (1967/69) > O Carlos Parente

Foto da sua páginado Facebook



6.  A CCaç 1787 pertencia ao BCAÇ 1932, mobilizado pelo RI 15 (Tomar), divisa "Vontade e Valo". Comandante: ten cor inf  Narsélio Fernandes Matias. Desmbarcou em Bissau em 2/11/1967, e regressou à metrópole em 20/8/1969. Assuniu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e mais tarde em Bigene.

Já a CCAÇ 1787, essa, seguiu em 16nov67 para Bula, a fim de efectuar a adaptação operacional sob orientação do BCav 1915 e seguidamente reforçar este batalhão, com vista à utilização em operações realizadas nas regiões de Ponta Ponate e Ponta Matar, entre outras, após o que recolheu a Bissau em 06jan68. 

De 13 a 17Jan68, tomou ainda parte numa operação realizada pelo BCaç 1912 na região
de Sarauol. (Op  Escudo Negro). E foi nessa oaasião que o Carlos Parente foi gravemente ferido, acabando por ser evacuado para o Hospital Militar Principal onde permaneceu um ano.

Em 24jan68, rendendo a CCaç 1587, a CCAÇ 1787 assumiu a responsabilidade do subsector de Empada, com pelotões destacados em Gubia, até à extinção do destacamento em 27jun68 e Ualada, até finais de mar68, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1914 e depois do COP 4, tendo a partir de 12nov68, destacado um pelotão, por períodos variáveis, para reforço de outros batalhões, nas guarnições de Bedanda, Bambadinca e Bolama.

Em 01mai69, por troca com a CCaç 2381, foi colocada em Buba, com um pelotão destacado em Mampatá, a fim de se integrar na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Buba-Aldeia Formosa, a cargo do COP4.

Em 05jun69, foi deslocada para Bissau, a fim de assumir, transitoriamente, a responsabilidade do subsector de Quinhámel, incluindo os seus destacamentos de Ponta Vicente da Mata, Ilondé, Orne e Ondame, em substituição da CCav 1749, ficando então na dependência do BCaç 2884.

Em 27jun69, foi substituída, por troca, pela CCaç 2366, deslocando-se para Bissau e continuando em funções de segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 19ago69, foi substituída, transitoriamente, pela CCaç 2571, a fim de efetuar o embarque de regresso.

Observações - O BCAÇ 1932 tem História da Unidade (Caixa n." 73 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM). As CCaç 1787 e CCaç 1788 têm História da Unidade (Caixas nºs 75 e 76 - 2.ªDiv/4ª Sec, do AHM, respectivamente).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 98/100.

________________

(**) Último poste da série > 29 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25576: Tabanca Grande (558): Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e viola baixo do conjunto "Os Bambas D' Incas": senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 888

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22454: Notas de leitura (1371): "Os Roncos de Farim", por Carlos Silva; editora 5 Livros, 2021, a ser apresentado amanhã na Tabanca dos Melros (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Agosto de 2021:

Queridos amigos,

Carlos Silva tinha guardado este acervo de apontamentos em que trabalhou durante anos até 2007. Dá-os agora à luz do dia com um conjunto apropriado de imagens, depoimentos e bibliografia junto até esse tempo. Continua a mexer nos papéis e promete para breve surpresas. 

O que ele aqui rolou tem a ver com o início e o desenvolvimento da história dos Roncos de Farim, falta esclarecer como é que este mítico grupo de combate arrumou as botas e quem o dirigiu depois do grave acidente de Cherno Sissé. 

Também não fica esclarecida a saída de Marcelino da Mata que mais tarde aparece como fundador de um grupo especial, Os Vingadores. Inquiriu os diferentes responsáveis pelo grupo de combate ao mesmo tempo que compendiava os sucessivos anos de atividade operacional desenvolvida. 

Temos aqui uma peça de extrema utilidade, se bem que focado numa região, Farim, onde a presença do PAIGC era constante, e presta-se a justa homenagem aos valorosos combatentes guineenses que sacrificaram a vida não só durante a guerra, como foram enxovalhados e executados no período da pós-independência.

Um abraço do
Mário



Aquele que foi o mais mítico grupo de combate português da guerra da Guiné

Mário Beja Santos

Começo por uma declaração de interesses: há anos que reúno uma estreita amizade e cooperação ao Carlos Silva. Vezes sem conta lhe bati à porta para lhe pedir livros emprestados (é possuidor de vastíssima biblioteca alusiva à nossa guerra), emprestou-me a história do BCAV 490, que eu não encontrava em parte nenhuma, ele atravessou o país para ir a um quartel e fotocopiá-la, foi obra indispensável para tudo o que escrevi no livro "Nunca Digas Adeus às Armas"; e o seu precioso dossiê sobre os "Roncos de Farim" já aqui foi alvo de recensão[*] e consta de um outro livro meu. 

Chamo a atenção do leitor que este livro, "Os Roncos de Farim", 5 Livros, 2021, reporta-se a um trabalho que estava concluído em 2007 e que hibernou até aos dias de hoje.

Surpreende-me a tenacidade deste nosso confrade que combateu em Farim, em 1969/1971, acompanhou o período terminal deste audacioso grupo de combate e conheceu os protagonistas, desde oficiais superiores, líderes do grupo de combate, com todos contatou para elaborar o documento, profusamente ilustrado, é uma verdadeira homenagem aos vivos e aos mortos que fizeram tremer os combatentes do PAIGC.

Carlos Silva começa por precisar a criação dos Roncos, falou com o alferes Filipe Ribeiro que postulou que foram constituídos na Operação Cigarra, que ocorreu em 10 de outubro de 1966, intervieram secções de milícias comandadas pelo 1.º Cabo Marcelino da Mata e por Cherno Sissé, Filipe Ribeiro contava com a sua colaboração e ficou satisfeito pelo valor militar demonstrado. 

O Tenente Coronel Agostinho Ferreira, comandante do BCAÇ 1887, concordou com a criação do grupo especial de tropa de choque. Filipe Ribeiro terá pensado nalguns nomes e considerou que os Roncos era a melhor designação que correspondia literalmente ao comportamento daqueles combatentes. 

Na ordem de serviço o grupo é criado formalmente em 15 de novembro de 1966, na dependência do BCAÇ 1887, sediado em Farim e com unidades militares disseminadas em Bigene, Guidaje e Binta, localizadas a Oeste, Jumbembem e Cuntima a Norte e Canjambari a Leste, bem como a zona de Bricama e Saliquinhedim-K3, a Sul, na outra margem do rio Cacheu. 

O comandante dos Roncos era o alferes Filipe Ribeiro coadjuvado por Marcelino da Mata e Cherno Sissé. Carlos Silva faz o historial de outras unidades a quem o grupo de combate esteve ligado, refere que participaram em mais de 30 operações desde a sua criação até ao final de 1967, com destaque à Operação Chibata, que decorreu em Cumbamori, já no Senegal. 

Ainda não está esclarecida a data de saída de Marcelino da Mata deste grupo de combate e o percurso percorrido por este, nos anos seguintes. O autor releva a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1887, há sempre louvores para o alferes, para Marcelino e Cherno, e descreve minuciosamente a Operação Chibata, de que, curiosamente, Luís Cabral, virá a ser primeiro dirigente da Guiné-Bissau depois da independência também relata no seu livro "Crónica da Libertação", pois nessa data ele e Chico Té estavam em Cumbamori. 

Os Roncos seguiam no primeiro dos três destacamentos da força operacional, entraram no acampamento de forma surpreendente, infligiram ao PAIGC um elevado número de mortos, capturaram armamento e documentos, mas na refrega perderam-se quatro vidas, Cherno Sissé foi ferido. Vale a pena destacar o que escreve Luís Cabral: 

“A surpresa tinha sido total. Depois de mais de quatro anos de luta armada, era a primeira vez que as forças colonialistas se aventuraram a entrar em território senegalês para, a partir daí, atacar uma base no interior deste país. Antes do romper da aurora, tinham-se aproximado cautelosamente do local onde estava instalada a nossa base. Até chegar à enfermaria, não tiveram nenhum contacto com a nossa gente. A barraca onde se encontravam os médicos e os técnicos cubanos foi a primeira a ser avisada. Um técnico cubano de artilharia deu o primeiro tiro que alertou toda a gente. Pela primeira vez eu estava presente num encontro entre as nossas Forças Armadas e o exército colonial”

Cherno Sissé contará mais tarde ao autor, chegou a haver luta corpo a corpo com recurso ao emprego da faca de mato.

Noutro capítulo, Carlos Silva destaca a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1932, estamos já em 1968, os atos valorosos sucedem-se e preparam as condecorações de Marcelino da Mata e de Cherno Sissé como Cavaleiros da Ordem Militar da Torre e Espada, para além das suas promoções. 

Nesta sequência, também o autor faz sobressair a atividade operacional dos Roncos com outra unidade militar, o BCAÇ 2879, estamos em 1969, ocorre um acontecimento histórico, numa localidade chamada Faquina foram apreendidas várias dezenas de toneladas de armamentos e munições. Os Roncos já são comandados pelo Furriel Cherno Sissé. 

A documentação oficial e as investigações apresentavam números díspares sobre a quantidade de armamento apreendido e foi neste contexto que Carlos Silva escreveu ao Major General Agostinho Ferreira para que este confirmasse o resultado da Operação Faquina, foram 24 toneladas. Mais tarde, os Roncos ficaram adstritos à Companhia de Caçadores 14, também sediada em Farim, o seu comandante, o então Capitão José Pais, irá contar no seu livro "Histórias de Guerra" o drama de Cherno que ficou, por razões de combate, sem uma perna e um olho e com um braço retorcido e mais curto, a viver em Lisboa em condições manifestamente degradantes. Foi assaltado em casa, reagiu disparando um tiro à queima-roupa, matou um dos gatunos. 

“A polícia desarmou-o e, enquanto saía à rua pedindo reforços e uma ambulância para o morto, a populaça atacou Cherno e com um varão de ferro vazou-lhe o único olho que lhe restava. Cherno Sissé ficou cego e foi preso. Lá fui à Boa-Hora e lá tentei explicar ao meritíssimo juiz o que é ter servido o Exército Português, o que é ter sido combatente operacional na Guiné durante nove anos seguidos, o que é ser ex-combatente desprezado e o que representa para um homem destes a perda da dignidade pessoal, face à vida. O meritíssimo parece ter entendido e aplicou-lhe três anos e meio”.

Carlos Silva junta anexos, referências, por exemplo, a Bodo Jau, um bravo do pelotão dos Roncos de Farim que posteriormente fez parte do grupo Os Vingadores, que foi fundado por Marcelino da Mata.

Uma obra de profundos afetos, insista-se. E dou comigo a pensar como a atividade operacional destes bravos veio de um passado que historicamente parece inexistente, lê-se a atividade operacional de 1966 a 1968, há todos estes atos de bravura que o autor aqui regista e em quase tudo quanto se tem publicado sobre a História da guerra da Guiné há um manto diáfano de silêncio sobre tudo o que foi combater com denodo e bravura até Spínola ter surgido e merecer em exclusivo as honras do heroísmo e da combatividade. Mistérios da historiografia.


Tenente Coronel Marcelino da Mata
Alferes Miliciano Filipe José Ribeiro e o 1.º Cabo Cherno Sissé (CCAÇ 1585)
________________

Notas do editor

- Este livro vai ter amanhã, dia 14 de Agosto de 2021, a sua primeira apresentação na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, durante o habitual convívo dos segundos sábados de cada mês.

[*] - Vd. poste de 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12199: Notas de leitura (528): "Os Roncos de Farim - 1966-1972", por Carlos Silva (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 10 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22445: Notas de leitura (1370): Prefácio de Ricardo Figueiredo ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21061: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VIII


Imagem recorrente após accionamento de engenho explosivo (mina anticarro) - Foto de Dálio João Gil Carvalho - https://www.facebook.com/dalio.carvalho, com a devida vénia.






O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA - PARTE VIII

 



1. – INTRODUÇÃO



Com este oitavo fragmento, retomamos a divulgação de mais alguns resultados obtidos na nossa investigação, titulada de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de “condutores auto rodas”, tendo por principal fonte de consulta e análise o universo das “Baixas em Campanha” identificadas na literatura Oficial publicada pelo Estado-Maior do Exército e elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


2. - ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

O estudo demográfico que comporta esta investigação, iniciada com o P20179, e as variáveis com ela relacionada, foi organizado segundo o competente tratamento estatístico, representado por gráficos e quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas. Cada gráfico e respectivo quadro relata os valores quantitativos de cada um dos elementos das variáveis categóricas ou quantitativas relacionadas, tendo em consideração os objectivos que cada contexto encerra.


No caso presente, recuperamos os valores globais do estudo, apresentando um primeiro quadro estruturado segundo as três variáveis categóricas. No segundo quadro, referente à variável "causas de morte em combate", os números foram agrupados nas três variáveis desta categoria. 


Quadro 1 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "combate", com 112 (58.6%) casos, seguida pela variável "acidente", com 57 (29.9%) casos e, finalmente, a variável "doença", com 22 (11.5%) casos.



Quadro 2 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte "em combate" de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "contacto", com 67 (59.8%) casos, seguida pela variável "minas", com 33 (29.5%) casos e, finalmente, a variável "ataque ao aquartelamento", com 12 (10.7%) casos.

 


De seguida, apresentam-se os quadros nominais referentes aos trinta e três casos do estudo onde se verificaram "mortes por efeito de rebentamento de explosivos" (minas). Na coluna mais à direita, referem-se os números dos postes onde estão descritos alguns detalhes de cada uma das cruéis ocorrências. 






3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM nMORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"


Neste ponto, reservado à caracterização de cada uma das ocorrências identificadas durante a realização do estudo, apresentamos mais quatro "casos" (de um total de trinta e três). Em cada um deles, recuperamos algumas memórias, consideradas relevantes, extraídas das diferentes fontes de informação consultadas, em particular o vasto espólio do nosso blogue, enquadradas pelos contextos conhecidos.



3.22 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' RAÚL FELICIANO SILVA, DACCAÇ 1497, EM 05.JUN.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM



A décima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Raúl Feliciano Silva, natural da freguesia dos Anjos, Lisboa, ocorrida no dia 05 de Junho de 1967, 2.ª feira, no itinerário entre Bula e João Landim, durante a realização de uma coluna militar.
O condutor Raúl Silva pertencia à CCAÇ 1497 [26Jan66-04Nov67; do Cap Inf Carlos Alberto Coelho de Sousa (1.º) e Cap Mil Art Carlos Alberto Morais Sarmento Ferreira (2.º), unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, tendo zarpado de Lisboa, rumo ao CTIG, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegou seis dias depois.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1497

Após a sua chegada a Bissau, onde ficou instalada e integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão (BCAÇ 1876) [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], assumiu a responsabilidade e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CART 640 [03Mar64-27Jan66; do Cap Art Carlos Alberto de Matos Gueifão (1.º) e Cap Art José Eduardo Martinho Garcia Leandro (2.º)].

Dois meses depois, a 29Mar66, iniciou o deslocamento para Fajonquito, por fracções, a fim de render, por troca, a CCAÇ 674 [13Mai64-27Abr66; do Cap Inf José Rosado Castela Rio]. Passados quinze dias, a 12Abr66, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Fajonquito, com um Gr Comb destacado em Cambajú e depois outro em Tendinto, este a partir de 02Nov66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67; do TCor Carlos de Moura Cardoso] e depois do BCAÇ 1877 [08Fev66-06Out67; do TCor Inf Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas].

No final do primeiro ano de comissão, a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Fajonquito, em 31Jan67, pela CCAÇ 1501 [02Fev66-06Out67; do Cap Inf Rui Antunes Tomaz], tendo seguido para Binar a fim de substituir a CCAV 789 [28Abr65-08Fev67; do Cap Cav Gabriel da Fonseca Dores (1.º); Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro (2.º) e Cap Cav Eurico António Sacavém da Fonseca (3.º)]. Ao segundo dia, em 02Fev67, assumiu a responsabilidade do subsector de Binar, ficando novamente integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão.

Em 17Mar67, foi substituída em Binar pela CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz (1.º); Cap Cav Miguel António Carvalho Santos de Melo e Castro (2.º) e Cap Mil Art Luís Filipe Anacoreta Soares (3.º)], a terceira unidade operacional do BCAÇ 1876, seguindo para Bissum (Naga), onde procedeu à construção do aquartelamento, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector então criado.




Bissum Naga – Março/Abril de 1967. Fase inicial da construção do aquartelamento. Foto do álbum de Carlos Gomes Ricardo, cor inf DFA (ex-alf da CCAÇ 1496 / BCAÇ 1876, Bula e Bissum Naga, 1967/68; ex-cap, CCS/QG/Bissau e Cmdt da CCAÇ 3, Guidaje, 1970/72) – P17577, com a devida vénia. 


[O aquartelamento de Bissum Naga foi desactivado, e entregue ao PAIGC, em 26Ago74, pela 3.ª CCAV [23Jun74-14Out74; do Cap Mil Grad João Pedro Melo Martins Soares] do BCAV 8320/73 [do Maj Cav Luís Manuel Lemos Alves].


Em 14Set67, a mês e meio do final da comissão e consequente regresso à "Metrópole", a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Bissum (Naga) pela CCAV 1747 [25Jul67-20Jul67; do Cap Mil Inf Manuel Carlos Dias], e recolheu seguidamente a Bissau, onde substituiu a CART 1742 [30Jul67-06Jun69; do Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen], no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área, tendo um Gr Comb permanecido em Bissum (Naga) durante mais duas semanas (até 29Set67). Em 02Nov67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAÇ 1549 [26Abr66-17Jan68; do Cap Mil Inf José Luís Adrião de Castro Brito], a fim de efectuar o embarque de regresso (Ceca; pp 76-77).

3.23     - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ÁLVARO LOUREIRO BARATA, DO PEL MORT 1211, EM 21.OUT.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM

A décima terceira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", foi a do soldado Álvaro Loureiro Barata, natural de Álvares, uma das quatro freguesias do Município de Góis, Distrito de Coimbra, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro provocado pela viatura em que se fazia transportar, durante uma coluna militar.

Essa ocorrência teve por cenário a estrada entre Bula e João Landim, quatro meses e meio depois do episódio narrado no ponto anterior.

Socorrido pelos seus camaradas, e pedida a sua evacuação para o HMB 241, em Bissau, aí viria a falecer no dia 21 de Outubro de 1967, sábado, devido aos seus ferimentos e queimaduras.

O condutor Álvaro Barata pertencia ao Pelotão de Morteiros 1211 (PMORT 1211) [25Mai67-07Jun69, do Alf Mil Inf Guilherme Cristóvão], unidade mobilizada pelo Batalhão de Caçadores 10 (BC 10), de Chaves, tendo embarcado na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, na companhia de outros três Pelotões de Morteiros (1208; 1209 e 1210), rumo ao CTIG, em 19 de Maio de 1967, 6.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegaram a 25 do mesmo mês.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO PMORT 1211

Após a sua chegada a Bissau, seguiu para Bula onde se manteve até ao fim da sua comissão, ficando integrado no dispositivo e manobra do BCAÇ 1876 [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], que abrangia os subsectores de Bissum, Bissorã, Biambe, Binar e Bula, e depois, a partir de 14Out67, do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro], composto apenas por Comando e CCS.

3.24 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' JÚLIO ANTUNES SAPO, DA CCS DO BCAÇ 1932, EM 19.DEZ.1967, ENTRE GUBIA EUGÉNIA E LALA


A décima quarta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Júlio Antunes Sapo, natural de Salvador, uma das nove freguesias do Município de Penamacor, ocorrida no dia 19 de Dezembro de 1967, 3.ª feira, no itinerário entre Gã Eugénia e Lala, durante a actividade operacional iniciada com a «Operação Quebra-Vento», em 29Nov67, envolvendo as forças terrestres destinadas à guarnição de Gubia Mancanha, S1, constituídas pela CART 1689 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Manuel de Azevedo Moreira Maia (1.º), Cap Inf Martinho de Sousa Pereira (2.º) e Cap Art Rui Manuel Viana de Andrade Cardoso (3.º), 1 Gr Comb CCAÇ 1587 [04Ago66-09Mai68; do Cap Mil Inf pedro Eurico Gaivão dos Reis Borges], PSap do BCAÇ 1932 e PMil 120, contando estas com o apoio de forças paraquedistas, apoio aéreo e naval (Ceca; p 74).


Infogravura dos itinerários utilizados pelas NT durante a «Operação Quebra-Vento»


As NT e a restante logística foram desembarcadas na Ponta Gã Eugénia, tendo-se procedido à abertura do itinerário para Gubia Mancanha e iniciado os trabalhos de instalação do destacamento, guarnecido, a partir de 24Dez67, pelo Gr Comb da CCAÇ 1587. O fatal desenlace, provocado pelo accionamento de mina anticarro, ocorreu no cruzamento das estradas de Gubia Eugénia - Lala - Gã Suleiman (infogravura acima).

O condutor Júlio Sapo pertencia à CCS do BCAÇ 1932 [02Nov67-20Ago69; do TCor Inf Narsélio Fernandes Matias], unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 15, de Tomar, tendo embarcado a 28 de Outubro de 1967, sábado, no Cais da Rocha, em Lisboa, a bordo do N/M "UÍGE", com a chegada a Bissau a ter lugar a 02 de Novembro do mesmo ano.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO BCAÇ 1932

Após a sua chegada a Bissau, o BCAÇ 1932 manteve-se aí instalado, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros Batalhões: a CCAÇ 1787 [do Cap Inf Marcelo Heitor Moreira] em Bula; a CCAÇ 1788 [do Cap Inf Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes (1.º) e Cap Inf Luís Andrade de Barros (2.º)] em Contuboel, e a CCAÇ 1789 [do Cap Mil Art Jerónimo de Almeida Rodrigues Jerónimo] em Olossato.

Em 15Jan68, rendendo o BCAÇ 1887, o BCAÇ 1932 assumiu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e abrangendo os subsectores de Binta, Farim, Bigene, Canjambari, Cuntima e Saliquinhedim, este desactivado em 07Dez68.

Em 01Set68, por criação do COP 3, o sector foi reduzido dos subsectores de Binta e Bigene. Em 07Dez68, após reformulação dos limites dos subsectores, foi ainda criado o subsector de Jumbembem, na zona de acção do subsector de Canjambari. Em 08Fe69, por troca de sectores com o COP 3, assumiu a responsabilidade do Sector O2, agora com sede em Bigene e abrangendo os subsectores de Bigene, Guidage e Barro, este transferido em 01Ago69 para o Sector do BCAV 2876 [24Jul69-04Jun71; do TCor Cav José Carlos Sirgado Maia].

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamentos, emboscadas e acções ofensivas sobre as linhas de infiltração de Lamel e Sitató, no sector de Farim e de Sambuiá e Canja, no sector de Bigene, para além de executar várias operações sobre as instalações inimigas nas regiões de Bricama e Biribão e de garantir a segurança e controlo dos itinerários e a autodefesa das populações.

Pelos resultados obtidos ou pela duração, efectivos e importância das áreas batidas, destacam-se as operações: "Amigo Bom"; "Façanha Grande"; "Agarra Bem"; "Sempre Tesos"; "Entrada Fechada" e "Segura Turra", entre outras.

Em 04Ago69, foi substituído pelo COP 3, novamente regressado à zona de acção do sector de Bigene, recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; pp 98-99).

3.25 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL GONÇALVES MARTINS DE LIMA, DO EREC FOX 2350, EM 23.OUT.1968, EM DARA, ENTRE NOVA LAMEGO E PICHE




A vigésima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Manuel Gonçalves Martins de Lima, natural da freguesia de Santa Maria Maior, Município de Viana do Castelo, ocorrida em 23 de Outubro de 1968, 4.ª feira, no sítio de Dara, no itinerário entre Nova Lamego e Piche, durante a realização de uma escolta militar, no período em que a sua unidade havia sido colocada em reforço da guarnição de Piche.

O condutor Manuel Lima pertencia ao Esquadrão de Reconhecimento "Fox" 2350 (EREC 2350) [15Jan68-23Nov69; do Cap Cav Carlos Fernando valente de Ascensão], unidade mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 8 [RC8], de Castelo Branco, tendo embarcado a 10 de Janeiro de 1968, 4.ª feira, no Cais da Rocha, em Lisboa, rumo ao CTIG, a bordo do N/M "UÍGE", com o desembarque em Bissau a ter lugar a 15 do mesmo mês.


Infogravura do itinerário Nova Lamego-Piche, onde se assinala o local da explosão.





► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO EREC FOX 2350



O EREC 2350, após o desembarque em Bissau seguiu para o Sector L3, com sede em Nova Lamego, onde substituiu, em 21Jan68, o EREC 1578 [13Mai66-25Jan68; do Cap Cav António Francisco Martins Marquilhas], ficando como subunidade de reserva móvel do Cmd Agr 1980 e depois do Cmd Agr 2957, tendo sido colocado em Bafatá, com um pelotão deslocado em Piche, este na dependência do BCAÇ 1933 [27Set67-20Ago69; do TCor Inf Armando Vasco Campos Saraiva (1.º) e TCor Renato Nunes Xavier (2.º)] e depois do BCAÇ 2835 [24Jan68-04Dez69; do TCor Inf Joaquim Esteves Correia (1.º), Maj Inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena (2.º) e TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos] e, após a criação do Sector L4, do BART 2857 [15Nov68-05Out70; do TCor Art José João Neves Cardoso (1.º) e Maj Art Rui Ferreira dos Santos].

De 22Set68 a 23Nov68, o EREC 2350 esteve colocado em reforço da guarnição de Piche, com vista a actuação prioritária naquela zona de acção. Nesta situação, realizou acções de patrulhamento, escoltas a colunas de reabastecimento, reforço de guarnições e apoio de combate a localidades atacadas, tendo actuado em reforço dos sectores de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego e Piche.

Em 24Nov69, foi substituído pelo EREC 2640 [21Nov69-03Out71; do Cap Cav Fernando da Costa Monteiro Vouga], recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; p 555).
Continua …
Fontes Consultadas:
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade… com a máxima protecção do "Covid-19".

Jorge Araújo.
19Abr2020

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