Capa do livro do António Carvalho,
"Um caminho de quatro passos" (2021)
Prefácio
por Ricardo Figueiredo
Num final de tarde, do mês de Maio, recebi um telefonema do amigo e camarada de armas, António Carvalho, com um pedido específico para lhe prefaciar o seu livro. Confesso que a minha primeira atitude foi no sentido de recusar tão honroso convite mas, perante a sua insistência, não consegui argumentos para a manter.
Conheci o António Carvalho, no Grupo do Café Progresso, das Caldas à Guiné – um grupo de antigos combatentes da Guiné, de que ambos fazemos parte – que religiosamente se encontra, desde pelo menos o ano de 2007, às segundas quarta - feiras de cada mês, para uma reunião de “trabalho” gastronómico e cultural, onde o exercício da catarse é feito de forma coletiva e em que a camaradagem se aprofunda cada vez mais, sublimando a amizade construída nos campos de batalha.
Culto, de um humor provocatório, sagaz, e humilde na sua postura, o António Carvalho já nos havia comunicado que andava muito empenhado em escrever um livro que retratasse a sua Medas.
Caracterizado pelo rigor, investigou, até com alguma razão de ciência, as várias narrativas que constituem o seu livro, buscando aqui e ali a certificação das suas afirmações, ora visitando para consultaas bibliotecas ou até mesmo o cemitério e os arquivos jornalísticos da época.
Sendo uma quase biografia, não deixou de trazer, à memória das gentes das Medas, algumas das figuras mais marcantes que o tempo fez esquecer, reabilitando até o excomungado sacerdote que, um dia, atraiçoado pelo desejo do sexo oposto, quebrou o celibato, caindo nas garras de um Código Canónico impiedoso e se viu discriminado por alguns dos seus pares.
Não esqueceu as dificuldades, o glossário utilizado pelos seus habitantes, pintando, expressivamente, nos seus textos, os quadros da época com uma proximidade tal que nos envolve na leitura.
O António Carvalho, como muitos milhares de jovens nascidos entre 1940 e 1954, viram as suas vidas condicionadas durante cerca de 14 anos, pela Guerra do Ultramar, que durou entre os anos de 1961 e 1975, sujeita à mobilização para cumprimento do então Serviço Militar Obrigatório (SMO) para cumprir serviço numa das Províncias em guerra – Angola, Guiné ou Moçambique.
Acabou mobilizado para a Guiné, após uma rápida formação, na especialidade de enfermeiro. Aí chegado, para além do que por si é narrado, no capítulo que lhe dedicou, desenvolveu um trabalho não só no serviço de saúde, a sua área específica, como também na área social e psicológica.
Na área da saúde, como enfermeiro de guerra, não só acudiu à população militar, como à civil, designadamente os nativos, com todas as suas carências naturais, mas também no tratamento de ferimentos graves e até já infectados pelo desleixo ou incapacidade dos infectados. Muitas vezes substituindo-se ao médico, por ausência deste ou do seu distanciamento geográfico. Na área social e psicológica, pelo acompanhamento que dava aos seus pares e aos próprios nativos, aturando os desabafos de uns e de outros, com a paciência de Job.
Finalmente, como também aconteceu a muitos dos jovens, que viveram o 25 de Abril de 1974, fez uma incursão pela vida política, chegando a presidente da Junta de Freguesia de Medas, lugar que desempenhou com todo o saber em prol dos seus fregueses, por cerca de duas décadas.
Resta-me agradecer-te, António Carvalho, pelo esforço, dedicação e coragem em escreveres este livro, que muito honrará as gentes das Medas, estou disso certo.
Ricardo Figueiredo
Antigo Combatente da Guiné
Finalmente, como também aconteceu a muitos dos jovens, que viveram o 25 de Abril de 1974, fez uma incursão pela vida política, chegando a presidente da Junta de Freguesia de Medas, lugar que desempenhou com todo o saber em prol dos seus fregueses, por cerca de duas décadas.
Resta-me agradecer-te, António Carvalho, pelo esforço, dedicação e coragem em escreveres este livro, que muito honrará as gentes das Medas, estou disso certo.
Ricardo Figueiredo
Antigo Combatente da Guiné
Mensagem, enviada com data de ontem, às 15h50, pelo António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74; também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas, Gondomar; antigo autarca):
Caro Luis, junto te remeto a capa do meu livro, para usares como entenderes.
A venda do livro será sempre depois da apresentação que ocorrerá no dia 11 de Setembro pelas 11 horas, na Tabanca dos Melros. Não excluo a hipótese de o vender, em futuras visitas à Tabanca da Linha e à Tabanca do Centro.
Um abraço e bons progressos na tua caminhada em prol de mais saúde.
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22444: Notas de leitura (1369): “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura", por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série > 9 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22444: Notas de leitura (1369): “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura", por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (1) (Mário Beja Santos)
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